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A emergência de um serviço de pronto atendimento ao enlutado

O serviço surge e se configura pelas praticas comprometidas com a promoção de saúde das
pessoas, grupos e instituições, junto com às atividades de ensino, pesquisa e extensões
desenvolvidas em dois hospitais universitários em Belém do Pará.

Foi desenvolvido o projeto do grupo Psico-educativo a pessoas com transtornos ansiosos ou


depressivos. Esses encontros aconteciam uma vez por semana, e para cada grupo, participava
um coordenador e um relator.

Em cada encontro era avaliado o número de participantes, técnicas usadas, relações


interpessoais (comunicação, liderança, sentimento de pertencer, conflitos, relação de poder),
verbalização de sentimentos e alcance dos objetivos, enfatizando a rede de apoio estabelecida
entre os próprios participantes.

Esses trabalhos são muito importantes para atender a demanda alta por atendimento
psicológico e também por possibilitar um espaço para expressar sentimentos.

A proposta de trabalho com esses grupos seguia um nível de prevenção secundaria e terciaria,
já que participavam apenas pessoas que já recebiam assistência psiquiátrica. Mesmo assim,
sabia-se que deveria intervir antes que possíveis manifestações psiquiátricas acontecessem,
como tentativa de reduzir danos e assim reformular os questionamentos inevitáveis sobre
onde e como estariam essas pessoas antes da eclosão dos ataques de pânico recorrentes, das
tentativas de suicídio ou do intenso desejo de morrer.

Outras pessoas começaram a procurar esse serviço, como por exemplo, pais de crianças com
dificuldades escolares que não recebiam atendimento medico no hospital, pacientes adultos
em tratamento de saúde, vitimas de assaltos ocorridos nas proximidades do campus ou vítimas
de desastres naturais, etc., sendo que alguns desses já estavam em níveis de ansiedade ou
depressão que exigiam avaliação psiquiátrica.

Outra questão referente aos usuários e suas demandas foi o numero significativo de perdas
envolvendo uma pessoa de vinculação importante ou outros eventos vitais específicos,
identificados como estressores em potencial, que antecediam a ocorrência do transtorno
mental e outras vezes ocorriam junto ou depois do início das manifestações ansiosas ou
depressivas.

As mortes, dores, angustias, o adoecer e a alta hospitalar faziam parte do cotidiano, exigindo
compreensão e manejo. A reflexão se desdobra sobre aqueles que, vivenciando perdas,
negavam a dor, pois socialmente era esperado que fossem fortes ou que não chorassem e
desconheciam onde e como buscar ajuda. Assim, era necessário também saber sobre a família
do paciente que foi a óbito. Como estaria agora? Que fase do luto estava?

Em resposta a isso em 2004 foi inaugurado o serviço de pronto atendimento psicológico para
as pessoas que tinham experienciado situações de perda e luto, que passou a funcionar como
projeto de extensão de pesquisa.

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