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V MOSTRA DE SAÚDE COLETIVA

TRATAMENTOS PARA ANOSMIA PÓS COVID-19: REVISÃO DE LITERATURA


FACULDADE CIÊNCIAS MÉDICAS DE MINAS GERAIS- FCMMG
FUNDAÇÃO EDUCACIONAL LUCAS MACHADO- FELUMA

José Lucas Soares Lima1, Mariana Camargos da Costa1, Milena Vilela Cangussu Araújo1, Emília Vilela Araújo2

Introdução Esquema 1- Fisioterapia olfativa


A anosmia, definida como perda completa do olfato, é uma das
manifestações clínicas mais comuns da COVID-19. Um estudo com
foco em alterações neurológicas realizado na Europa, mostrou
que 85,6% dos pacientes infectados pelo coronavírus tiveram uma
mudança súbita no olfato, com 79,6% de anosmia e 20,4% de
hiposmia 1. Por reduzir as informações olfativas que o doente obtêm do
meio circundante, a anosmia pode conduzir a uma série de problemas
de saúde. Os doentes com anosmia podem apresentar diminuição do
apetite, dificuldades em cozinhar e até mesmo perda de peso 2. Por
essa razão se dá a importância do tratamento dessa afecção para
acelerar o processo de recuperação da função olfativa. A fisioterapia
olfativa é a principal e mais simples terapêutica a ser adotada em caso
de anosmia, existindo também, a terapêutica medicamentosa, porém,
tem custo mais elevado e potencial risco para o paciente.
Esquema contendo a sequência de exercícios usados na fisioterapia olfativa para
melhora da anosmia.
Objetivo
Descrever os métodos utilizados no tratamento de pacientes com Essa sequência de exercícios olfativos é a única intervenção específica
anosmia pós COVID-19. para o tratamento da anosmia com eficácia demonstrada. Acredita-se
que a estimulação repetida dos neurônios olfativos por odores já
Métodos definidos aumenta a capacidade de regeneração e o potencial
Revisão literária de artigos das bases de dados Scielo e PubMed, neuroplástico deste sistema 5.
publicados nos anos de 2020 e 2021. Foram utilizados como
descritores as palavras COVID-19, Anosmia, Fisioterapia, Olfato. A outra opção de tratamento consiste na terapia medicamentosa, e até
o momento apenas três se mostraram promissores:
Resultados
Essa patologia acontece devido a danos no epitélio nasal, envolvendo - Citrato de sódio intranasal, que pode modular as cascatas de
células de sustentação e células-tronco. As primeiras, são responsáveis transdução do receptor olfativo;
por manter um equilíbrio iônico no muco necessário para os neurônios - Vitamina A intranasal, promove a neurogênese olfativa;
enviarem os sinais para o cérebro, além de dar apoio físico e - Ômega-3 sistêmica, que pode agir através de meios
metabólico para os cílios do neurônio olfativo, o qual aloja os receptores neurorregenerativos ou anti-inflamatórios.
detectores de odores. Dessa forma, uma lesão nessas células acarreta
na interrupção da sinalização neuronal, e consequentemente, o olfato Estes dois últimos podem servir como terapias adjuvantes na
1. fisioterapia olfativa. Entretanto, até o momento, não há evidências de
Uma parcela de 56,2% dos pacientes Covid-19 positivo tem que essas terapias, usadas individualmente, sejam eficazes em
recuperação total da perda súbita do olfato, sendo o tempo médio para pacientes com a anosmia relacionada à COVID-19 4.
se atingir essa recuperação, 15 dias. A outra parcela de 43,8% é O uso de corticosteróides na perda do olfato ainda é questionado. Não
composta por casos de recuperação parcial e casos sem recuperação, é recomendado oferecer esteróides orais aos pacientes nas duas
esses podem levar até 6 meses para que haja remissão completa da primeiras semanas após o diagnóstico ou suspeita de COVID-19 pela
anosmia 3. probabilidade de recuperação espontânea, risco de efeitos colaterais e
atraso na depuração viral. Após duas semanas, o uso de
corticosteróides tópicos em gotas é considerado, e no caso de
Gráfico 1- Porcentagem em relação à recuperação olfativa obstrução nasal associada, os sprays de corticosteróides podem ser
oferecidos 6.

Conclusão
Por ser um assunto muito recente, ainda há necessidade de estudos e
pesquisas relacionadas à melhora da anosmia pós COVID-19
proporcionada por esses tratamentos. Entretanto é uma alternativa que
deve ser explorada, principalmente a fisioterapia olfativa já que
apresenta baixo custo, fácil acesso e efetividade comprovada na
recuperação de pacientes com disfunção olfativa. As outras terapias
podem ser praticadas, porém deve haver uma cautela maior, devido a
carência de evidências sobre o risco-benefício dessas.

Referências

1. Lechien JR, Chiesa-Estomba CM, De Siati DR, et al. Olfactory and gustatory
dysfunctions as a clinical presentation of mild-to-moderate forms of the
coronavirus disease (COVID-19): a multicenter European study. Eur Arch
Gráfico contendo informações sobre a porcentagem de pacientes em um estudo Otorhinolaryngol. 2020.
com recuperação total, parcial ou sem recuperação da anosmia. 2. Sutherland S. Mysteries of COVID-19 smell loss finally yield some answers.
Scientific American, 18 de novembro de 2020.
3. Kosugi EM, Lavinsky J, Romano FR, Fornazieri MA, Luz-Matsumoto GR,
Para tratar a anosmia deve-se levar em conta o tempo de resolução do
Lessa MM, et al. Incomplete and late recovery of sudden olfactory dysfunction
quadro, além do grau de perda olfativa. Caso a anosmia tenha in COVID-19. Braz J Otorhinolaryngol. 2020.
recuperação espontânea, o tratamento pode não ser necessário, 4. Whitcroft KL, Hummel T. Olfactory Dysfunction in COVID-19: Diagnosis and
exceto, para aqueles pacientes com sintoma persistente durante 2 Management. JAMA. 2020.
semanas. A fisioterapia olfativa é a primeira linha de abordagem 5. Levy JM. Treatment Recommendations for Persistent Smell and Taste
recomendada na perda do olfato com duração de até duas semanas. Dysfunction Following COVID-19-The Coming Deluge. JAMA Otolaryngol
Este consiste em uma estratégia que envolve um programa regular de Head Neck Surg. 2020.
6. Walker A, Pottinger G, Scott A, Hopkins C. Anosmia and loss of smell in the era
utilização de odores ou óleos essenciais, visando a recuperação do
of covid-19. BMJ. 2020.
sistema olfativo 4.

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