Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
APRESENTAÇÃO E TRADUÇÃO DO
ELOGIO DE HELENA DE GÓRGIAS
DE LEONTINOS
Aldo Dinucci
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, LET RAS E CIÊNCIAS HUMANAS DEP…
Eduardo Ura
Gorgias. "Encomio de Helena". Est udio preliminar y t raducción bilingüe. Ediciones UNL. Sant a Fe, 2013. …
Ivana S . Chialva
APRESENTAÇÃO E
TRADUÇÃO DO ELOGIO DE
HELENA DE GÓRGIAS DE LEONTINOS1
ALDO DINUCCI*
RESUMO
Apresento neste trabalho minha tradução a partir do grego clássico
do Elogio de Helena de Górgias de Leontinos. Nessa obra, o sofista
Górgias busca inocentar a personagem Helena de Tróia da acusação
de traição, com o auxilio de sua célebre doutrina de caráter trágico
sobre o enorme poder do discurso poético sobre a alma humana.
PALAVRAS-CHAVE: sofística, Górgias, Filosofia Clássica, trágico.
ABSTRACT
In this paper, I present my translation from the classical greek of “The
Encomium of Helen” by Gorgias of Leontini. In this work, the sophist
Gorgias attempts to liberate Helen from the charge of treason. Gorgias
accomplishes this with the help of his influential tragic doctrine on
the enormous power poetic discourse has on the human soul.
KEYWORDS: Sophistry, Gorgias, Classical Philosophy, tragic.
1
Recebido para publicação em 01 abril de 2009 e aprovado em junho de 2009
*
Doutorado em Filosofia Clássica pela PUC-RJ. Professor Adjunto do Departamento
de Filosofia da Universidade Federal de Sergipe. Coordenador do Viva Vox, Grupo
de Pesquisa em Filosofia Clássica e Helenística, empreendendo pesquisas em três
campos específicos: Éticas Socráticas, Retórica Gorgiana e Lógica e Ontologia
em Aristóteles. E-mail: aldodinucci@yahoo.com.br.
201
ETHICA | RIO DE JANEIRO, V.16, N.2, P.201-212, 2009
202
RIO DE JANEIRO, V.16, N.2, P.201-212, 2009 | ETHICA
2
Ordem traduz aqui kosmos.
3
Akosmia
203
ETHICA | RIO DE JANEIRO, V.16, N.2, P.201-212, 2009
204
RIO DE JANEIRO, V.16, N.2, P.201-212, 2009 | ETHICA
4
Górgias se refere aqui a Peitho, a deusa da persuasão.
5
Esta repetição é proposital no texto gorgiano: logos gar psychen ho peisas hen
epeisen.
205
ETHICA | RIO DE JANEIRO, V.16, N.2, P.201-212, 2009
206
RIO DE JANEIRO, V.16, N.2, P.201-212, 2009 | ETHICA
visão grava [na alma] as imagens das coisas vistas. E muitas coisas
apavorantes são omitidas [desse discurso], mas as coisas omitidas
têm o mesmo valor que as coisas ditas.
(18) Por um lado, quando os pintores produzem à perfeição
um corpo e uma figura a partir de numerosos corpos e cores, encantam
a visão. Por outro lado, a criação de estátuas de homens e a produção
de imagens dos deuses oferecem uma doce contemplação aos olhos.
De modo que, por natureza, umas coisas inquietam, outras apaixonam
a visão. Numerosos corpos (entre numerosos corpos e coisas) fazem
nascer desejos sensuais e paixão em numerosos homens.
(19) Se, com efeito, o olhar de Helena foi atingido pelo desejo
do corpo de Alexandre e transmitiu o combate de Éros à alma, que há
de extraordinário? Se ele, sendo um deus, tem o poder divino dos
Deuses, como seria possível o mais fraco afastá-lo de si? Se for uma
doença humana e um erro cometido por um falso saber da alma, não
deve como erro ser criticado, mas como infortúnio: foi, pois, como
foi pelas ciladas da Fortuna, não pelos anseios do pensamento; e pelos
constrangimentos de Éros, não pelos ardis da arte.
(20) De fato, como é necessário crer justa a repreensão de
Helena, a qual fez as coisas que fez seja apaixonada, seja persuadida
pelo discurso e pela força tomada, seja constrangida sob a influência
da divina Necessidade? Subtrai-se [dela] completamente a
responsabilidade.
(21) Afastei pelo discurso a ignomínia da mulher, e permaneci
fiel à regra que estabeleci no princípio do discurso: tentei, com
palavras, destruir a injustiça da ignomínia e a ignorância da opinião;
desejei apresentar por escrito o discurso de Helena como um elogio
e, no que me concerne, como um jogo.
ΟΡ Ο Η Ω Ο
(1) ὲ , ὲ , ῆ ὲ ,
ὲ , ὲ · ὰ ὲ . ὲ
ὶ ῖ ὶ ὶ ὶ ὶ ᾶ ὴ ὸ ὲ
ᾶ , ῶ ὲ ῶ · ὰ ὶ
ὰ ὰ ὶ ῖ ὰ .
(2) ῦ ' ῦ ὸ ὸ ῶ ὶ *** ὺ
Ἑ , ῖ ὶ ὶ ῶ
207
ETHICA | RIO DE JANEIRO, V.16, N.2, P.201-212, 2009
ῶ ῦ , ῶ ῶ
. ὼ ὲ ῶ ὺ ὴ ὲ ῶ
ῦ ῆ , ὺ ὲ ὶ
ὲ [ ] ῦ ῆ .
(3) ὲ ὶ ὰ ῶ ῶ ῶ ὶ
ῶ ὴ ὶ , ὲ . ῆ ὰ
ὸ ὲ , ὸ ὲ ῦ ὲ ῦ, ὲ ῦ,
ὶ ,ὧ ὲ ὰ ὸ , ὲ ὰ ὸ , ὶ
ὲ ῶ ὲ .
(4) ὲ ὸ , ῦ ὶ
ῦ · ὲ , ὶ ὲ
ὰ ῶ ὶ ,ὧ
ὲ , ὲ ᾶ , ὲ ῆ ,
ὲ · ὶ '
.
(5) ὲ ὶ ' ὶ ὸ ὴ Ἑ
, · ὸ ὰ ῖ ὲ , ὲ
. ὸ ὲ ῶ ὸ ῦ ὰ ὶ ὴ ὴ ῦ
, ὶ ὰ , ' ὸ
ὸ ῆ Ἑ ὴ .
(6) ὰ ὶ ῶ ὶἈ
, ῖ , ῖ ,< ῦ >.
ὲ ὰ ὸ ῶ , ᾶ · ῦ ὰ
. ὰ ὸ ῖ ὸ ῦ
, ὰ ὸ ὸ ῦ ὶ ,
ὶ ὸ ὲ ῖ ῖ , ὸ ὲ . ὸ ' ῖ ὶ
ὶ ὶ ῖ . ῆ ὶ ῶ ῶ ὴ
,[ ] ὴ Ἑ ῆ .
(7) ὲ ὶ ὶ , ῆ
< ὲ > , ὲ ῖ ῖ
. ὲ ὶ
ὶ ὶ ὲ , ὲ , ὲ
ῖ · ὲ ῖ ὶ ῆ ῖ ὶ ῶ ῖ
ῶ ᾶ ; ὲ ὰ , ὲ
· ὴ ὲ ῖ , ὸ ὲ ῆ .
208
RIO DE JANEIRO, V.16, N.2, P.201-212, 2009 | ETHICA
(8) ὲ ὶ ὴ ὴ , ὲ ὸ ῦ
ὸ ὶ ὴ ὧ .
, ὶ ῖ·
ὰ ὶ ῦ ὶ ῖ ὶ ὰ ὶ
ῆ . ῦ ὲ ·
(9) ῖ ὲ ὶ ῖ ῖ · ὴ ὶ ὶ
· ὺ ῆ ὶ
ὶ ὶ , ' ὶ
ὶ ὰ ῶ
. ὴ ὸ ' ῶ .
(10) ὰ ὰ ὶ ὶ ῆ, ὶ
· ὰ ῆ ῆ ῆ ῆ ῆ ὶ
ὶ ὴ . ὲ ὶ ὶ
, ῆ ὶ .
(11) ὲ ὶ ὶ ὶ ὲ ῆ
. ὲ ὰ ὶ ῶ < >
ῶ < > ῶ ,
, ὰ ῦ ῆ ὸ
ὸ ὸ ὸ ·ὥ ὶ ῶ
ῖ ὴ ῆ ῆ . ὲ ὰ ὶ
ῖ ὶ ὺ ῆ
.
(12) † ὶ ὴ Ἑ
ὥ . ὸ ὰ ῆ ῦ ῆ ὲ ῦ
ὼ ὲ , ὴ ὲ ὴ ὴ . ὰ ὴ
, , ὶ ῖ ὶ ῖ
. ὲ ῖ, ὲ ῖ
ῖ ῶ ῶ.
(13) ' ὼ ῦ ῶ ὶ ὴ ὴ
, ὴ ῖ ῶ ὲ ὺ ῶ ,
ὶ ὴ ὲ ὴ ' ὰ ὶ
ῖ ῆ · ὲ ὺ ὰ
ῶ , ὺ ὶ ,
· < ὲ> , ὶ
ῦ ὴ ῆ .
209
ETHICA | RIO DE JANEIRO, V.16, N.2, P.201-212, 2009
(14) ὸ ὸ ὲ ῦ ὸ ὴ ῆ ῆ
ῶ ὸ ὴ ῶ .ὥ ὰ ῶ
ὺ ῦ , ὶ ὰ ὲ ὰ ὲ
, ὶ ῶ ὲ , ὲ , ὲ ,
ὲ ὺ , ὲ ῖ ῆ ὴ ὴ
ὶ .
(15) ὶ , , ' , · ὴ
ὲ ῶ . ὰ ῦ
, ῶ ὴ ῆ .
ὰ ῶ , ῖ , ' · ὰ ὲ ῆ
ὴ ῖ ῦ .
(16) ὰ [ ὶ] ὶ
ῦ ὶ , ῦ ὲ ῦ ὲ† ,
, ὶ ὴ ,ὥ ῦ
< > . ὰ ὰ ῦ
ὰ ὸ ὸ ὸ ῆ , ῦ ῆ ὶ
ῦ ῦ ῦ ὰ ὸ ὶ ῦ ῦ ῦ ὰ ὴ
.
(17) ὰ ὶ ῦ ῶ
· ὶ ὸ . ὶ
ὲ ὶ ῖ ὶ ·
ῶ ῶ . ὶ ὰ
ὲ ῦ ὰ ὲ , ' ὶ ὰ
< ὰ> .
(18) ὰ ὴ ῖ ῶ ὶ
ῶ ὶ ῆ , ὴ · ὲ ῶ
ὶ ῶ ῖ ῖ
. ὰ ὲ ῖ ὰ ὲ ῖ ὴ . ὰ ὲ ῖ
ῶ ὶ ὶ .
(19) ῶ ῦ Ἀ ὸ ῆ Ἑ ὲ
ὶ ῆ ῆ , ; ὲ ὸ
< > ῶ , ῶ ῦ ὶ
; ' ὶ ὶ ῆ ,
' · , ,
, , ὶ ,
ῖ .
210
RIO DE JANEIRO, V.16, N.2, P.201-212, 2009 | ETHICA
(20) ῶ ὴ ὸ ῆ Ἑ ῶ , '
ῖ ῖ ῖ ὸ
ῖ , ὴ ;
(21) ῖ ῶ , ῶ
ῆ ῦ · ῦ ὶ ,
ὸ Ἑ ὲ , ὸ ὲ .
Referências Bibliográficas:
211
ETHICA | RIO DE JANEIRO, V.16, N.2, P.201-212, 2009
212