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Entevista Narrativa (Item 4, Parte 1)

Sandra Jovchelovitch, Martin W. Bauer

Palavra-chaves: fala conclusiva; narrativa principal; teoria propria


EigentheoryI; narrativa; questões exmanentes e imanentes; narrativa e
representação; texto indexado e não indexado; entrevista narrativa; informante;
fase de questionamento; tópico inicial; esquema autogerador; trajétorias –
individuais e coletivas.

Resumo

Nesse capitulo inicia-se entendendo a importância sobre o estudo das


entrevistas narrativas. Abordando que o estudo das narrativas conquistou uma
nova importância nos últimos anos, no despertar dessa nova consciência, as
narrativas se tornaram um método de pesquisa muito difundido nas ciências
sócias. A discussão sobre narrativas vai, contudo, muito além do seu emprego
como método de investigação. As mais diversas narrativas foram abordadas
por teóricos culturais e literários, linguistas, filósofos da história, psicólogos e
antropólogos. Então, trata do emprego de narrativas na investigação social,
discutindo alguns elementos da teoria da narrativa e apresentando a entrevista
narrativa como uma técnica especifica de coleta de dados, em particular no
formato sistemático por Schutze. Na sequência, apresentamos as questões
teóricas relacionadas às narrativas, e apresentamos a entrevista narrativa
como um método de geração de dados, discutindo em detalhe o procedimento,
indicação para seu uso e os possíveis problemas ligados a nessa técnica.

Nas questões teóricas ressalta que não há experiência humana que não
possa ser expressa na forma de uma narrativa, e é Roland Barthes que que
salienta essa teoria. Entendendo que as narrativas são infinitas em suas
infinitas variedades, e nós a encontramos em todo lugar. Pois através das
narrativas as pessoas lembram o que aconteceu, colocam a experiência em
uma sequência, encontram possíveis explicações para isso, e jogam com a
cadeia de acontecimentos que constroem a vida individual e social. Um
acontecimento pode ser traduzido tanto em termos gerais como em termos
indexados. Indexados significa que a referência é feita a acontecimentos
concretos em um lugar e em um tempo.

A estrutura de uma narração é semelhante à estrutura da orientação


para a ação: um contexto é dado; os acontecimentos são sequenciais e
terminam em um determinado ponto; a narração inclui um tipo de avaliação do
resultado. A narração reconstrói ações e contexto da maneira mais adequada:
ela mostra a lugar, o tempo, a motivação e as orientações do sistema simbólico
do ator (Schutze, 1977; Bruner, 1990). Contar história implica duas dimensões:
a dimensão cronológica, referente à narrativa como uma sequência de
episódios, e a não cronológica, referente que implica a construção de um todo
a partir de sucessivos acontecimentos, ou a configuração de um “enredo”. O
enredo é crucial para a constituição de uma estrutura narrativa.

Na entrevista narrativa tem em vista uma situação que encoraje e


estimule um entrevistado a contar a história sobre algum acontecimento
importante de sua vida e do contexto social. A ideia básica é reconstruir
acontecimentos sociais a partir da perspectiva dos informantes, tão diretamente
quanto possível. Até hoje, é usado a entrevista narrativa para reconstruir as
perspectivas do informante em dois estudos: primeiro, para reconstruir as
perspectivas dos atores em um contravertido projeto para o desenvolvimento
de um software em um contexto corporativo (Bauer, 1991; 1996; 1997); e
segundo, para investigar representações da vida pública no Brasil
(Jovchelovitch, 2000).

O contar história parece seguir regras universais que guiam o processo


de produção da história, que segue um esquema autogerador com três
principais características, como: a textura detalhada, se refere à necessidade
de dar informação detalhada a fim de dar conta, razoavelmente, da transição
entre um acontecimento e outro; fixação da relevância, o contador de história
narra aqueles aspectos do acontecimento que são relevantes, de acordo com
sua perspectiva de mundo; fechamento da Gestalt, um acontecimento central
mencionado na narrativa tem de ser contado em sua totalidade, com um
começo, meio e fim.
O esquema de narração substitui o esquema pergunta-resposta que
define a maioria das situações de entrevista. O pressuposto subjacente é que a
perspectiva do entrevistado se revela melhor nas histórias onde o informante
está usando sua própria linguagem espontânea na narração dos
acontecimentos. Uma narrativa está formalmente estruturada; a narração
segue um esquema autogerador. A avaliação da diferença de perspectivas,
que pode estar tanto entre entrevistador e o informante, quanto ente diferentes
informantes, é central à técnica. E o entrevistador é alertado para que evite
cuidadosamente impor qualquer forma de linguagem não empregada pelo
informante durante a entrevista. A história se desenvolve a partir de
acontecimentos reais, uma expectativa do público e as manipulações formais
dentro ambiente. A entrevista narrativa se processo através de quatro fases:
ela começa com a iniciação, move-se através da narração e da fase de
questionamento e termina com a fase da fala conclusiva. Para cada uma
dessas fases, é sugerido determinado número de regras.

Principais ideias

- A discussão sobre narrativas vai, contudo, muito além do seu emprego como
método de investigação;

- A entrevista narrativa foi abordada como um método de geração de dados;

- A estrutura de uma narração é semelhante à estrutura da orientação para a


ação;

- Um esquema estrutura um processo semi-autônomo, ativado por uma


situação predeterminada;

- A influência do entrevistador deve ser mínima e um ambiente deve ser


preparado para se conseguir esta minimização da influência do entrevistador.

Trechos

”O ato de contar uma história é relativamente simples. Conforme Ricoeur


(1980), alguém coloca um número de ações e experiências em uma sequência.
Essas são as ações de determinado número de personagens, e esses
personagens agem a partir de situações que mudam. As mudanças trazem à
luz elementos da situação e dos personagens que estavam previamente
implícitas. Com isso, eles exigem que se pense, ou que se aja, ou ambos. ”

Pagina 92, primeira parte do segundo paragrafo

“Como técnica de entrevista, a EN consiste em uma série de regras sobre:


como ativar o esquema da história; como provocar narrações dos informantes;
e como, uma vez começada a narrativa, conservar a narração andando através
da mobilização do esquema autogerador.”

Pagina 96, primeira parte do terceiro parágrafo

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