Você está na página 1de 12

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA

Química Orgânica Experimental I - EXA 453 – 2022.1


Curso: Licenciatura em Química
Prof.ª: Carla C. Mendes
Discente: Ana Paula da Silva Barreto
Elizabeth Araújo

Extração e separação cromatográfica de produtos naturais de


folhas verdes

✔ Objetivos
- Aprender os fundamentos teóricos dos métodos cromatográficos em laboratório
de Química Orgânica;
- Conhecer métodos cromatográficos clássicos, baseados em adsorção, para
separação e isolamento de produtos naturais presentes em folhas verdes;
- Avaliar o poder de eluição e o poder de resolução de diferentes fases móveis
para separação de pigmentos de folhas verdes através da cromatografia por
adsorção;
- Separar pigmentos de folhas verdes por cromatografia em camada delgada;
- Separar e isolar pigmentos de folhas verdes por cromatografia em coluna
clássica por adsorção.

✔ Introdução
Segundo Ribeiro e Nunes (2008), a cromatografia é uma técnica de
separação bastante adequada para ilustrar os conceitos de interações
intermoleculares, polaridade e propriedades de funções orgânicas, com uma
abordagem ilustrativa e relevante. A cromatografia pode ser utilizada tanto para
a identificação de compostos por comparação com padrões previamente
existentes, para a purificação de compostos, separando-se as substâncias
indesejáveis, como para a separação dos componentes de uma mistura (Degani
et al., 1998).

A utilização de substâncias naturais tem sido empregada como uma


importante alternativa metodológica para o ensino de química, principalmente,
aquelas relacionadas ao emprego dos conceitos e técnicas utilizadas na química
orgânica, como a cromatografia e extração de óleos essenciais (Fonseca e
Gonçalves, 2004).
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA
Química Orgânica Experimental I - EXA 453 – 2022.1
Curso: Licenciatura em Química
Prof.ª: Carla C. Mendes
Discente: Ana Paula da Silva Barreto
Elizabeth Araújo

✔ Propriedades físicas e toxicidade das substâncias


PONTO DE FÓRMULA ESTRUTURA DO TOXICIDADE
COMPOSTO
FUSÃO (°C) MOLECULAR COMPOSTO AGUDA

Gel de Silica 1600-1725 °C SiO₂ Não tóxico

DL50 Ratazana: > 2.000


Diclorometano -96.7 °C CH2Cl2 mg/kg Diretriz de Teste
de OECD 401

Sulfato de sódio DL50 (Oral,


884 ºC Na2SO4 camundongos): > 5000
anidro
mg/kg

DL50 (oral, rato): 2500


mg/kg / CL50 (inalação,
Hexano -96 a -94 ºC C6H14 rato): 171,6 mg/ l / 4h. /
DL50 (cutânea, coelho): >
2000 mg/kg
Dose letal (DL50):
Homem DLLO= 2.857
mg/kg : camundongo-oral
Acetona -95 °C C3H6O = 3.000 mg/kg : coelho-
dermal = 20.000 mg/kg
Limite de odor: 20 – 300
ppm IDHL: 20.000 ppm

✔ Materiais
Vidrarias Soluções
- Placa de vidro _ 5
- Béquer _ 50mL - 2 - Água destilada _ 7mL
- Bastão de vidro
- Diclorometano
- Almofariz
- Pistilo - Sulfato de sódio anidro
- Pipeta tipo Pasteur _ 2
- Algodão
- Béquer _ 100mL
- Balança analítica
- Béquer _ 250mL - 4
- Capilar de vidro
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA
Química Orgânica Experimental I - EXA 453 – 2022.1
Curso: Licenciatura em Química
Prof.ª: Carla C. Mendes
Discente: Ana Paula da Silva Barreto
Elizabeth Araújo

✔ Metodologia (fluxograma)
Parte I - Experimentação de cromatografia em camada delgada

IA) Preparo das placas cromatográficas

Lavar, desengordurar e secar 5 placas de vidro

Preparar uma suspensão uniforme e livre de bolhas com cerca de 3g de gel sílica

Adicionar levemente 7mL de água destilada e agitar com o bastão de vidro

Se necessário, adicionar cuidadosamente mais água ou sílica para atingir a


consistência adequada

Agitar a suspensão com um bastão de vidro até que esteja livre de bolhas, com
aparência uniforme

Adicionar sobre uma das extremidades da placa uma pequena quantidade da


suspensão

Espalhar a suspensão cuidadosamente e de maneira uniforme sobre a placa com


o auxílio de um bastão de vidro mantendo-a na posição horizontal
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA
Química Orgânica Experimental I - EXA 453 – 2022.1
Curso: Licenciatura em Química
Prof.ª: Carla C. Mendes
Discente: Ana Paula da Silva Barreto
Elizabeth Araújo

IB) Preparo do Extrato orgânico de folhas verdes

Transferir as folhas para um almofariz e triturar

Adicionar pequenas porções de diclorometano

Pressionar as folhas com cuidado Fase orgânica, coloração


verde escura

Com pipeta, transferir a fase orgânica para um béquer Se formar duas fases, mas
coletar a fase aquosa

Secar fase orgânica com sulfato de sódio anidro

Rotular e pesar em balança analítica

Cobrir com papel filtro e levar a capela

Reservar para parte IC e II experimento


UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA
Química Orgânica Experimental I - EXA 453 – 2022.1
Curso: Licenciatura em Química
Prof.ª: Carla C. Mendes
Discente: Ana Paula da Silva Barreto
Elizabeth Araújo

IC) Separação dos pigmentos por cromatografia em camada delgada


a) Tomada de alíquotas dos extratos orgânicos

Pesar o extrato de folhas

Adicionar pequenas porções de diclorometano para dissolver o extrato e


obter solução concentrada

Tomar 2mL de extrato orgânico

Transferir para capsula de porcelana, deixar secar para contração

Após evaporação, cobrir e reservar

b) Preparo da cuba cromatográfica e das fases móveis

Hexano puro

Hexano-acetona (8:2)
Preparar 10mL de cada fase
Hexano-acetona (1:1)

Acetona pura

Adicionar cada fase móvel em um béquer de 250mL,


contendo um papel de filtro na parede interna

Certificar que o solvente não ultrapassou 1,0cm de altura

Tampar imediatamente com placa de petri

Deixar em repouso por 20 min


UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA
Química Orgânica Experimental I - EXA 453 – 2022.1
Curso: Licenciatura em Química
Prof.ª: Carla C. Mendes
Discente: Ana Paula da Silva Barreto
Elizabeth Araújo

c) Aplicação do extrato de folhas na placa cromatográfica e desenvolvimento


dos cromatogramas

Utilizar placa cromatográfica (IA)

Com placa quente, marcar as bordas 0,5cm da borda superior


1,0cm da borda inferior

Aplicar o extrato

Com capilar de vidro aplicar uma gota do extrator contratado na parte


inferior a uma distância de um 1cm da borda

d) Revelação das placas

Revelar a placa cromatográfica utilizada no sistema hexano-acetona


(8:2) em uma câmara de luz ultravioleta a 365mm

Observar se há o aparecimento de bandas fluorescentes

Anotar o número de bandas

Colocar a placa em um recipiente contendo cristais de Iodo

Fechar o recipiente e deixar a placa em repouso por 10 min


UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA
Química Orgânica Experimental I - EXA 453 – 2022.1
Curso: Licenciatura em Química
Prof.ª: Carla C. Mendes
Discente: Ana Paula da Silva Barreto
Elizabeth Araújo

✔ Resultados e discussão
A separação das bandas é uma competição entre as moléculas da
amostra e da fase móvel pelos sítios ativos da fase estacionária. Os
componentes da mistura absorvem-se com as partículas de sólido devido a
interação de diversas forças intermoleculares, assim o composto terá uma maior
ou menor adsorção.
Tendo-se que a fase estacionária utilizada foi a sílica gel, que é polar,
pensou-se então, para a seleção dos solventes, uma vez que em caso de fases
estacionárias polares, é normal utilizar solventes de baixa ou média polaridade.
Segue a sequência crescente de polaridade de eluentes: hexano puro, mistura
de hexano-acetona (1:1), hexano-acetona (8:2) e acetona pura.
Pode-se então fazer análise do comportamento da banda para cada
solvente a partir do estudo das interações entre a fase móvel e a fase
estacionária e entre essas, com componentes da amostra, obtendo-se os
seguintes resultados:
● Na placa 1, onde utilizou-se o hexano (apolar), o componente menos polar
(caroteno), interagiu melhor com a fase móvel e pouco com a fase
estacionária (polar), sendo facilmente deslocado. Já o grupo clorofila,
interagiu mais com a mistura de solventes.
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA
Química Orgânica Experimental I - EXA 453 – 2022.1
Curso: Licenciatura em Química
Prof.ª: Carla C. Mendes
Discente: Ana Paula da Silva Barreto
Elizabeth Araújo

● Na placa 2, a revelação foi satisfatória, eluindo o grupo dos carotenos e


das clorofilas, porém, não ocorreu muita separação entre eles. Os
componentes apolares eluiram primeiro, por causa do aumento da
concentração de hexano no solvente e devido a fraca interação dos
componentes da amostra com P.E. e o alto poder de eluição da fase
móvel. Para que o componente de uma amostra possa ser separado
eficientemente por CCD, o RF naquele sistema cromatográfico deve ser
um número situado entre 0,4 e 0,6.

● Na placa 3, usou- se a mistura de dois solventes hexano-acetona (8:2).


Essa placa apresentou uma maior resolução, obtendo quatro bandas
cromatográficas. O grupo dos carotenos eluiram primeiro, devido a
concentração de hexano que era maior no solvente.
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA
Química Orgânica Experimental I - EXA 453 – 2022.1
Curso: Licenciatura em Química
Prof.ª: Carla C. Mendes
Discente: Ana Paula da Silva Barreto
Elizabeth Araújo

● Na placa 4, utilizou-se acetona pura, houve eluição, mas não teve


separação sendo assim, observou-se a formação de cauda. Isso acontece
porque a acetona é polar que interage com o silanol que também é polar,
por isso ocorre o aparecimento de cauda, indicando uma forte interação
da amostra com a fase estacionária. Pois, para ocorrer a separação, os
dois têm que ter pouca afinidade, portanto a acetona separou apenas a
clorofila que é apolar.

A seguir mostra o resultado, ao final do processo como se deu a


cromatografia de cada solvente.
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA
Química Orgânica Experimental I - EXA 453 – 2022.1
Curso: Licenciatura em Química
Prof.ª: Carla C. Mendes
Discente: Ana Paula da Silva Barreto
Elizabeth Araújo

A maioria dos compostos orgânicos são incolores. Com base nisto, um


processo de revelação deve ser realizado, para que se possa identificar as
manchas correspondentes aos compostos presentes na(s) amostra(s). O
revelador mais utilizado é a luz UV. Para realizar esse procedimento, foi colocada
a placa cromatográfica, da fase móvel hexano-acetona (8:2), no interior do
equipamento, e logo após desligaram-se as luzes do laboratório para uma
melhor visualização das placas.

Realizou-se também uma revelação com iodo, onde foi colocado em um


recipiente vedado, introduziu- se a placa utilizada no DCM com fase móvel uma
mistura de hexano-acetona (8:2). Os vapores de iodo apresentam insaturações
na molécula, pois o iodo forma complexos com ligações duplas, de modo que as
bandas são reveladas com uma coloração marrom.
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA
Química Orgânica Experimental I - EXA 453 – 2022.1
Curso: Licenciatura em Química
Prof.ª: Carla C. Mendes
Discente: Ana Paula da Silva Barreto
Elizabeth Araújo

 Cálculo do IR
Os únicos que permitiu uma visualização eficiente das camadas cromatográficas
foi o Hexano-acetona (8:2) e o Hexano puro, logo os únicos que será possível
realizar o cálculo de Rf através da formula Rf=dc/ds.

Hexano-Acetona (8:2) Hexano puro


RfA= 6,1/7,0  0,87 RfA= 1,4/7,0  0,2
RfB= 1,8/7,0  0,26
RfC= 1,4/7,0  0,2
RfD= 1,3/7,0  0,18
RfE= 1,1/7,0  0,16
RfF= 0,6/7,0  0,086

✔ Conclusões
A separação dos grupos de carotenos e clorofilas ocorreu dentro do esperado,
pois houve isolamento das substâncias. Conseguiu- se determinar a polaridade das
substâncias. Em relação ao grupo de clorofila, a mistura de solventes possui
desvantagem na competição pelo sítio de ativação na superfície do adsorvente, ou seja,
os componentes do grupo interagiram mais com a fase estacionária que o eluente,
sendo consequentemente pouco deslocado pelo mesmo.

✔ Referência Bibliográfica
COLLINS, C. H.; BRAGA, G. L.;BONATO, P. S. Introdução a métodos
cromatográficos, 6. ed, Campinas, Editora da UNICAMP, 1995.
BOBBLIO, F. O.; BOBBLIO, P.A. Introdução à química de alimentos. 2ª ed.
São Paulo: Livraria Varela. 1992.
Degani, A. L .G.; Cass, Q. B.;Vieira, P. C. Cromatografia um breve ensaio.
Química Nova na Escola, São Paulo, n. 7, p. 21-25, 1998.
FICHA DE INFORMAÇÕES DE SEGURANÇA DE PRODUTOS QUÍMICOS -
QUIMESP QUÍMICA. Em conformidade com NBR 14725 - 2021.
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA
Química Orgânica Experimental I - EXA 453 – 2022.1
Curso: Licenciatura em Química
Prof.ª: Carla C. Mendes
Discente: Ana Paula da Silva Barreto
Elizabeth Araújo

Fonseca, S. F.;Gonçalves, C .C. S. Extração de pigmentos do espinafre e


separação em coluna de açúcar comercial. Química Nova na Escola, São
Paulo, n. 20, p. 55-58, 2004.
Ribeiro, N. M.; Nunes, C. R. Análise de Pigmentos de Pimentões por
Cromatografia em Papel. Química Nova na Escola, São Paulo, n. 29, p. 34-37,
2008.

Você também pode gostar