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ESTUDO DIRIGIDO I - ROTEIRO PARA DISCUSSÃO

Identificação do P: 1 /2 /3
Discentes: Ana Maria Lima Gonçalves Coelho

1. Diferencie:
 Mortalidade; Morbidade; Causas Externas; Causas Violentas
A morbidade refere-se a eventos onde há doença, internação ou agravos em saúde. Nesses
casos, não há morte. Já a morbidade, diz respeitos aos casos em que essas enfermidades não
evoluíram positivamente e resultaram em morte do paciente.
As causas, por sua vez, tratam das motivações primárias dessas mortes/doenças. Podem se
apresentar como causas externas, que diz respeito a todos os eventos externos aos indivíduos
que possar interferir negativamente em seu estado de saúde. Como exemplo, é possível citar
os acidentes em trânsito, homicídios e suicídios.
Já as causas violentes se caracterizam por lesões infligidas por terceiros, podendo ser
realizadas por meio de armas de fogo ou violência física. Aqui, cabe citar, os homicídios por
arma de fogo e os casos de feminicídio.

2. Com base na Tabela 3 do artigo da autoria de Gawryszewski et al. (2004) e nas fichas
de Declaração de Óbito (DO) e de Autorização de Internamento Hospitalar (AIH),
discutam “natureza da lesão” e “causas externas”.
As causas externas, como já foi citado, podem ser definidas como as causas primárias, ou
seja, como o fato que desencadeia as lesões. Essas, por sua vez, são o efeito direto das
primeiras. Por exemplo, se alguém sofre um acidente de carro e morre devido a traumatismo
na medula, o acidente é a causa externa e deve ser anexada a Declaração de Óbito (DO) como
causa básica. Já a lesão, será identificada na DO como causa intermediária.
Para a análise de dados epidemiológicos, além de uma DO que atenda aos critérios acima
descritos, é necessário, para a contabilização dos índices de morbidade que a Autorização de
Internamento Hospitalar (AIH), seja preenchida também considerando a hirarquia entre
causas externas e natureza da lesão.

3. As causas externas vêm se tornando um significante ônus para as populações de todo


o mundo e diminuir sua morbimortalidade é um dos principais desafios para a saúde
pública neste século que se inicia (GAWRYSZEWSKI et al., 2004). Os danos, as lesões,
os traumas e as mortes causados por acidentes e violência correspondem a altos custos
emocionais, sociais e com aparatos de segurança pública [...]. Para se ter idéia do
significado da cifra estimada para os custos diretos da violência no país (3,3% do PIB),
ela é três vezes mais elevada do que o valor investido no Brasil, atualmente, em Ciências
e Tecnologia (MINAYO, 2007). Por que as causas externas constituem problema de
saúde pública? Reflitam e discutam estratégias para a superação da problemática.
As causas externas constituem problema de saúde pública porque são afetam diretamente a
situação de saúde da população e devem ser preocupação do Estado por estarem diretamente
ligadas a constituição do espaço urbano e as relações socioeconômicas.
Para a superação da problemática, uma série de obstáculos precisam ser superados. De início,
deve haver uma reestruturação do espaço urbano de modo que ele se torne mais seguro e
acessível. As políticas de combate às drogas e ao tráfico precisam ser repensadas, levando em
consideração, prioritariamente, a proteção da sociedade civil e a preservação de seus direitos.
Por último, um fortalecimento das políticas de acolhimento a mulheres agredidas, poderia
evitar que estas permanecessem tanto tempo a mercê de seus algozes.

4. Segundo Sousa (2007), o Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) é um


importante instrumento de monitoramento dos óbitos e o Sistema de Informações
Hospitalares do Sistema Único de Saúde (SIH-SUS) disponibiliza dados sobre as
internações. Qual a importância dos registros adequados? Como obter coeficientes de
mortalidade e de morbidade por causas externas mais fidedignos?
Os registros, quando feitos adequadamente permitem uma análise da realidade mais fidedigna
e, consequentemente, a implantação de medidas de prevenção e contenção que façam sentido
para aquela realidade, aumento a produtividade e reduzindo os custos do Estado no processo.
Para tanto, não só um registro adequado e segundo as diretrizes deve ser feita pelo sistema de
saúde, mas também a criação de um sistema onde a rede pública e privada fosse obrigada a
registrar dados referentes a morbi-mortalidade, geraria dados mais coerentes com a realidade.

5. Os homicídios lideram a mortalidade: 45.343 vítimas no Brasil em 2000,


correspondendo a 38,3% do total. Esse número correspondeu a 124 pessoas
assassinadas a cada dia no país (GAWRYSZEWSKI et al., 2004). No entanto, o receio
de represália, ou seja, de que as agressões se intensificam é um dos motivos para a não
denúncia, o que interfere no dimensionamento da problemática. Façam uma análise
crítica acerca da violência no âmbito doméstico.
A violência no âmbito doméstico é multifacetada e por isso necessita de múltiplas medias que
possam reduzi-la. Em primeiro lugar, é necessário um fortalecimento das políticas de
acolhimento a mulheres agredidas, poderia evitar que estas permanecessem tanto tempo a
mercê de seus algozes. A forma como os criminosos são tratados também precisa ser revista,
isso porque, eles não são presos imediatamente e continuam oferecendo risco as vítimas
durante um longo tempo que, muitas vezes é fatal. Por último, imagino que se houvesse um
programa de proteção para essas mulheres, ainda que fossem feitas visitas diárias ou
regulares, para certificar-se de sua segurança, poderia inibir os criminoso.
6. Estudos mostram aumento expressivo da morbimortalidade por homicídios e
acidentes de trânsito quase que exclusivamente nos homens. Segundo Waiselfisz (2007),
as vítimas de homicídios são preferencialmente homens, negros, jovens (15 aos 24 anos).
Com relação à mortalidade no transporte, os homens também são as vítimas
preferenciais. Com base em Sousa (2007), em 2004, as causas externas representaram a
segunda causa de morte para os homens e a quinta para as mulheres. Moraes et al.
(2003) afirmam que o coeficiente de mortalidade por causas externas para os homens foi
cerca de 4,5 vezes superior ao das mulheres. Reflitam e discutam o porquê de tal
situação. Como transformar essa realidade?
Os homens, devido ao contexto social do Brasil, ainda representam a maior parte da força de
trabalho em atividades que são, historicamente, masculinas, seja por exigirem força bruta ou
por assim terem se estabelecido. Um dos maiores exemplos disso são os motoristas, esse
mercado ainda é dominado por homens, seja no transporte público, de passeio ou aplicativos.
Esse, pode ser um dos motivos para essa disparidade na mortalidade entre homes e mulheres.
O crime organizado e o racismo, podem ser a razão para que homens também sejam as
maiores vítimas de homicídio. Isso porque, a maior parte das pessoas que moram em área de
risco são negras e, dentre elas, a parcela que é mais facilmente cooptada pelo tráfico de
drogas são meninos jovens. Além disso, na “guerra às drogas” promovida pelo Estado, esses
garotos encontram-se desprotegidos e suas vidas tem valor inferior ao de garotos de mesma
idade, porém brancos, por exemplo.
Além disso, por serem mais desamparados socialmente, homens negros tendem a frequentar e
residir em locais de baixa segurança, onde são alvos de diversas agressões.

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