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BIOLOGIA 1º PERÍODO

Professora: Joyce Keller

CETÁCEOS, CÂNCER E O
PARADOXO DE PETO
___

Alunos:

João Victor Costa Brant

Kamilla

Alisson

Rayssa

Lucas

Bianka Bessoni Laudino

Luiz gustavo
INTRODUÇÃO
- Nesse trabalho de biologia do 2⁰ ano A, abordaremos como o DNA dos cetáceos evoluiu ao
"ponto" de animais como as; baleias, golfinhos e orcas terem maior resistência ao câncer, "indo"
contra várias teorias científicas, entre essas, o paradoxo de peto.

Tópicos - 
1- Cetáceos 

2- A pesquisa 

3- Método utilizado 

4- Resultados da pesquisa 

5- Conclusão do trabalho 

6- Fontes da pesquisa/trabalho
Cetáceos
Inicialmente gostaríamos de explicar com um pequeno resumo o que são cetáceos.

Cetáceos são o grupo de mamíferos que compõem as baleias (misticetos) e os golfinhos


(odontocetos). São animais exclusivamente marinhos e devido sua evolução, seu DNA obteve
uma grande resistência ao câncer, sendo esse, o tema principal do nosso trabalho.
A Pesquisa

Um tópico que á muito tempo deixa vários cientistas perplexos é; "Como cetáceos e
animais maiores conseguem resistir ao câncer?" Muitos pesquisadores argumentam que
organismos com muitas células deveriam ter um risco maior de mutações cancerígenas -
um dilema conhecido como "Paradoxo de Peto".

Em 1977, um pesquisador (e epidemiologista) inglês chamado Richard Peto, observou

que animais de grande porte como elefantes e baleias, apesar de terem muito mais

células e viverem por décadas, tinham muito menos tumores que animais menores. Na
época isso causou grande curiosidade em diversos cientistas, porque estatisticamente
um animal que tenha 100 vezes mais células que um humano, deveria ter uma chance

100 vezes maior de ter câncer, o risco de desenvolver câncer deve aumentar com o

número de células. Quanto maior o número de células, maior o número de divisões


celulares e maior a probabilidade de dano ao DNA e a transformação de uma célula
normal em cancerosa.

Um estudo molecular publicado no ano passado (24 de fevereiro de 2021) na revista

Proceedings of the Royal Society B, mostra o estudo feito por uma equipe de cientistas

internacionais (do Chile, Reino Unido e Estados Unidos). O objetivo deste estudo foi

investigar como a seleção natural desenvolveu um mecanismo único nos cetáceos que
permitiu eles terem maior resistência à leucemia, câncer de mama e neoplasia de

pulmão.

Inicialmente analisaram 1077 genes supressores de tumor (TSGs) em baleias e golfinhos.


71 genes apresentaram duplicações em uma ou mais espécies de cetáceos, os mesmo
tumores que são conhecidos por estarem envolvidos em vários distúrbios humanos e
envelhecimento, sendo assim, a taxa de rotatividade de TSGs foi mais rápida em
cetáceos em relação a outros mamíferos. Essa abordagem destaca como o estudo do

papel da seleção natural nos genes associados à saúde humana pode levar a avanços em

nossa compreensão da base genética da resistência a doenças, e futuramente fazerem


um estudo semelhante ao de Joshua Schiffman, em 2015, onde mostrou que elefantes
tem maior resistência ao câncer devido à maior quantidade de P53 (gene que impedem
as células cancerígenas de se reproduzirem e as estimulam a cometer suicídio).
Schiffman diz que ele e seus colegas estão tentando determinar se podem tornar as
células humanas mais parecidas com as de elefantes, por exemplo, inserindo cópias
adicionais do gene p53 ou identificando compostos que replicam os efeitos.
Método utilizado

Para estudarem a evolução dos genes supressores de tumor (TSGs) em cetáceos implementaram
um desenho filogenético incluindo 15 espécies de mamíferos (A árvore filogenética foi obtida
através de um estudo feito em 2017 por; Pennell MW, Miller ET, Maia R e McClain), entre essas
15 espécies algumas que podemos destacar são: golfinho, orca, baleia, cachalote, vaca, porco,
cachorro, humano, rato e elefante africano.

As espécies foram agrupadas em dois grupos:

Grupo OMA - Contendo os conjuntos de genes ortólogos, genes de diferentes espécies que são
similares entre si por serem derivados de um ancestral comum.

Grupo HOG - Contendo os conjuntos de genes parálogos, são genes que derivam de um
ancestral comum através de um evento de duplicação e perda de genes podem ser mais
facilmente contrastados.

Os genes positivos contra o combate ao câncer foram obtidos e registrados, a seguir usaram um
modelo de ramificação para comparar a distribuição de TSGs entre cetáceos e outros mamíferos
com múltiplos testes para reduzir a chance de falsos genes positivos. Para estimar a taxa de
renovação gênica de supressores de tumor usaram o software CAFE (Análise Computacional da
Evolução da Família de Genes) (versão 4.2.1), com valor de erro estimado = 0,06875.

O CAFE usa um modelo estocástico de nascimento e morte para estimar as expansões e


contrações de genes usando, como referência, as relações de grupos irmãos que surgem entre as
espécies em relação aos tempos de divergência, resultando na descrição da probabilidade do
número observado de genes surgir, dadas as taxas médias de ganho e perda. Para testar se os
TSGs com duplicações estão envolvidos no processo de longevidade mais do que seria esperado
por acaso, realizam uma análise de sobreposição de genes, com base inicial sendo 20.183 genes
humanos de codificadores de proteínas.
Resultado da pesquisa

Como podemos analisar no gráfico acima, os genes cetáceos tiveram o melhor desempenho
entre às 15 espécies analisadas, resultando num melhor combate contra o câncer. Em resumo,
relatam assinaturas de seleção positiva surgindo em genes que estão envolvidos em vários tipos
de câncer e também em distúrbios do sistema imunológico que podem aumentar a
predisposição ao câncer. Uma vez que encontraram mais TSGs com a assinatura de seleção
positiva no ancestral das baleias de barbatanas, sugerindo que essas linhagens poderiam ter
evoluído com uma seleção para mecanismos anticancerígenos/envelhecimento adicionais,
reduzindo assim o risco de câncer e, assim, favorecendo a longevidade e maior massa corporal.
Estudar o envelhecimento com essa perspectiva comparativa oferece um caminho que pode
fornecer informações sobre o papel da seleção natural em espécies que encontraram uma
maneira de evitar doenças comumente associadas ao envelhecimento, como o câncer.

A análise da variação do número de cópias revelou que no primeiro modelo, a taxa de


rotatividade de TSGs de cetáceos, como um grupo total, é mais de duas vezes mais rápida do que
o último ancestral comum, descobriram uma taxa acelerada de evolução de TSGs (supressores
de tumor) entre cetáceos em comparação com outras espécies de mamíferos. Além disso,
relatam 71 famílias de genes com duplicações relacionadas a outros processos anticancerígenos
importantes, como reparo de DNA, metabolismo, apoptose, envelhecimento e senescência.
Curiosamente, estes também foram relatados em outras espécies de vida longa.

Os cetáceos são os mamíferos de vida mais longa e as espécies resistentes ao câncer. A análise
comparativa revelou que a linhagem de cetáceos geralmente vive mais tempo em relação à
massa corporal em comparação com outros mamíferos. Relatando sete TSGs exibindo seleção

positiva, um dentro do ancestral do grupo e seis dentro do ancestral das baleias, sugerindo que

as baleias podem ter desenvolvido mecanismos anticancerígenos adicionais. Além disso, a taxa
de renovação de ganho e perda de genes foi acelerado nos cetáceos em relação a outras espécies
de mamíferos e relataram que 71 TSGs foram duplicados em uma ou mais espécies de cetáceos.
Para entenderem melhor a evolução dos TSGs, estudaram os processos biológicos nos quais os
TSGs que exibem seleção positiva e duplicações estão envolvidos, com foco específico em
importantes vias anticancerígenas, longevidade e senescência. No ancestral de todos os
cetáceos, a assinatura de seleção positiva no gene conhecido por regular o recrutamento de
leucócitos durante processos inflamatórios. Este gene também foi descrito como um fator
crucial na disseminação de células tumorais, distúrbios do sistema imunológico, como
neutropenia congênita, e senescência. Nas espécies que desenvolveram grandes massas
corporais, a senescência replicativa é considerada um importante mecanismo supressor de
tumor.

-Baleias Barbatanas

O fato das baleias de barbatana terem TSGs selecionados mais positivamente e uma taxa de
renovação genética mais rápida pode ser interpretado como se tivessem mecanismos de
proteção anti-câncer e envelhecimento mais fortes que podem ter favorecido a evolução do
gigantismo e longevidade entre os cetáceos. O envelhecimento é o maior fator de risco para o
desenvolvimento de câncer e é caracterizado pelo acúmulo progressivo de danos celulares, mas
os mecanismos que ligam o envelhecimento e o câncer permanecem obscuros. Relatam que a
taxa de renovação de TSGs em cetáceos é quase 2,4 vezes mais rápida do que em outros
mamíferos. Essa aceleração está associada a várias duplicações nas células, dentre as quais 11
genes são conhecidos por estarem associados à longevidade e ao processo de envelhecimento.
Tal estudo poderia eventualmente levar a uma compreensão de novos caminhos que servem
para melhorar os mecanismos celulares que protegem contra danos no DNA, câncer e
envelhecimento, embora este estudo tenha como foco principal os papéis dos genes no câncer e
no envelhecimento, é importante destacar que eles também podem desempenhar funções
relacionadas, por exemplo; câncer colorretal, câncer de mama e distúrbios de perda de cabelo (A
perda de cabelo em cetáceos foi relacionada à sua adaptação hidrodinâmica em um ambiente
aquático).
Conclusão do trabalho

O principal objetivo deste estudo foi esclarecer a evolução dos TSGs em cetáceos. Conseguimos
entender os sinais de seleção positiva em 7 TSGs e uma taxa de renovação genética acelerada
em comparação com outros mamíferos, com duplicações surgindo em 71 genes em uma ou mais
espécies de cetáceos, esses genes com a assinatura característica de seleção positiva estão
implicados em várias doenças, incluindo câncer de bexiga, câncer de mama, leucemia, câncer
colorretal, distúrbios do sistema imunológico e perda de cabelo. A taxa de rotatividade de TSGs
foi quase 2,4 vezes maior em cetáceos quando comparada com outros mamíferos. Notavelmente,
a maioria dos genes exibindo evidências de seleção positiva e duplicação foi encontrada entre as
baleias de barbatana, podemos dizer que elas são o mamífero atualmente com o melhor
combate ao câncer. Este estudo fornece evidências evolutivas de que a seleção natural entre os
TSGs (supressores de tumor) podem atuar favoravelmente para as espécies com tamanhos
corporais maiores e expectativa de vida muito estendida, fornecendo a compreensão sobre a
base genética associada à evolução da resistência a doenças. Também destacamos a importância
dos cetáceos como modelo evolutivo para entender a gênese dos distúrbios do envelhecimento
em humanos e outros animais.
Fonte da pesquisa/trabalho

Todos os dados usados e analisados ​durante este trabalho estão a seguir:

https://royalsocietypublishing.org/doi/10.1098/rspb.2020.2592

https://cosmosmagazine.com/health/why-dont-whales-get-cancer/?amp=1

https://socientifica.com.br/paradoxo-de-peto-pode-fornecer-a-chave-para-a-cura-do-cancer/

http://www.ensembl.org/index.html

https://edition.cnn.com/2021/03/05/us/whales-dolphins-cancer-resistance-study-scn-trnd/inde
x.html

https://www.accamargo.org.br/sobre-o-cancer/noticias/misterios-insoluveis-por-que-temos-m
ais-cancer-com-o-envelhecimento

https://www.science.org/content/article/how-elephants-crush-cancer

http://www.bowhead-whale.org/
(Nota: Existem diversos assuntos fantásticos que podemos abordar em trabalhos de
biologia, mas acredito que por uma influência da própria escola, o "gado" escolar só
consegue viver na caixinha de desmatamento, poluição e escassez de água, não me
entenda mal, esses assuntos são sim importantes, porém, os professores também
poderiam ajudar os alunos a pensarem um pouco além, os próprios colegas de turma
não aguentam mais pesquisar e ouvir os outros falarem sobre a mesma coisa todos os
anos!

- João Victor Costa Brant)

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