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1º ato Lembranças

Madu-
- Quem diria te conhecer naquele dia…naquela festa de aniversário..
- Lembro quando você ia me ver, todos os dias depois da faculdade.
- Era engraçado e bonito, como sempre estava disposto a fazer reparos no apartamento que
dividia como minha amiga. Realmente um faz tudo.

Dimas-
-lembra quando almoçávamos naquele restaurante ali em pinheiros, era o nosso preferido!
- Você promete me amar?
- Lembra quando você ficava me ensinando palavras novas ( “te quiero mucho, Chica”. “juro
que te amo” “I swear I love you” )

2º ato violência

-Madu -Nada satisfazia Março, nada o agradava. Eu vivia tensa, procurando evitar que as
criançada quebrassem algum brinquedo, fizessem alguma traquinagem ou descumprissem
alguma ordem do pai. Ele não suportava o choro das filhas e usava de violência quando isso
acontecia. Era comum, a sua aproximação, elas “engolirem” o choro. Um simples olhas dele já
as intimidavam.

- “Papai está chegando! Quem esquecer de dar o beijo não ganha caramelo!”. Se não houvesse
esse cumprimento, palmadas eram dadas. E, sem que ele percebesse, eu as presenteava com
caramelos, “premiando-as” por cumprirem essa obrigação.

Nas poucas oportunidades que era possível falar sobre nós. Eu falava em separação. Como
sempre um silêncio absoluto, como resposta, ou um “deixe de bobagem”.
- Mas sabe qual era meu maior desejo? Era ser livre e livrar minhas filhas daquele inferno.

Em suas voltas de viagens de trabalho, tudo em casa tinha que estar perfeito, nada fora do
lugar, nenhum brinquedo se quer em seu caminho, se não já era motivo para gritar e quebrar
as coisas.
Certa vez, ao jogar uns copos ao chão, irritado porque a refeição que lhe havia sido servida não
estava ao seu gosto, os estilhaços feriram a minha segunda filha que , aterrorizada, arregalou
os olhinhos, observando o sangue que escorria da sua perna. Por medo, ela conteve o choro.

A violência doméstica contra mulher obedece a um ciclo devidamente comprovado, que se


caracteriza pelo “pedido de perdão” que se o agressor faz a vítima, prometendo que nunca
mais aquilo vai acontecer. Nessa fase, a mulher é mimoseada pelo companheiro e passa a
acreditar que violências não irão mais acontecer. Foi num desses instantes de esperança que
engravidei, mais uma vez.

3º ato tentativa de homicídio

Madu- Acordei de repente com um forte estampido dentro do quarto. Abri os olhos. Não vi
ninguém. Tentei mexer-me, mas não consegui. Imediatamente fechei os olhos e um só
pensamento me ocorreu: “Meu Deus, o Marco me matou com um tiro”. Um gosto estranho de
metal se fez sentir, forte , na minha boca, enquanto um borbulhando nas minhas costas me
deixou ainda mais assustada. Isso me fez permanecer com os olhos fechados, fingindo-me de
morta, pois temia que Marco me desse um segundo tiro.
Dimas- Todos estávamos dormindo em casa, era mais ou menos 04:15 04:30 eu escutei a
cachorra latindo na lavanderia, então eu ouvi um barulho estranho no forro da casa
Então eu peguei um revólver que eu tinha pra cuidar e proteger a família andei pela casa,
passei pelos quartos das meninas
Fui até a lavanderia e acalmei a cachorra e fui pro meu quarto foi quando ouvi o barulho
novamente no forro mirei pra atirar e nesse exato momento fui atacado por as costas por um
dos assaltantes e colocou uma corda no meu pescoço ele tentou tirar a arma da minha mão e
então foi dado o disparo pra o forro que ele me puxou, eu gritei
Mas eu naquele momento eu escutei sem saber de que lugar eu escutei um tiro muito mais
forte
Escutei a voz de uma mulher dizendo “vamos embora, sujou “ daí ele soltou a corda e me
empurrou
Quando ele me jogou em cima do outro que já tinha conseguido pegar minha arma foi que ele
disparou
Corri para o escritório e procurei um facão, paguei-o e voltei fiquei encostado na parede e vi
minha Filha Viviane parada na porta da cozinha olhando pra mim toda assustada
Ouvi às empregadas abrindo o cadeado e entrando pela porta da Lavanderia
Enfim
Mas pra que descobrir quem foram os assaltantes se não vai adiantar em nada, a vida tem que
continuar e as crianças tem que enfrentar a realidade.

Madu- Naquele dia ao chegar ao hospital eu realmente achei que tinha sido um assalto, até
tomar consciências dos fatos, das justificativas falhas, não batia com o tempo que calculei de
tudo ocorrerá. Nossas empregadas tinham a mesma desconfiança, no tempo que fiquei fora a
me tratar, ao chegar em casa, elas me disseram como a violência as minhas filhas tinhas
aumentado.
Naquele cárcere em que vivia, dependendo de ajuda, só conseguia pensar “estou dormindo ao
lado de um criminoso”. Marco, sempre recusava me ajudar a tomar, até que em um belo dia,
ele se dispôs. Ao colocar a mão na água para verificar a temperatura, senti um choque.
Imediatamente empurrei a cadeira de rodas para trás, gritando “Tomei um choque! Tire-me
daqui! Não uso mais este chuveiro.” Marco, retrucava para que eu deixasse de besteira, pois
aquele “choquezinho de nada não dá para matar ninguém!”.
Então entendi o motivo pelo qual depois da minha chegada de Brasília, Marco tomava seu
banho somente no banheiro das crianças. Como não perceber esse episódio como uma
segunda tentativa de homicídio contra minha pessoa?”

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