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TEMA

Devemos refletir sobre uma importante


questão: até quando vamos dar vazão ao
consumismo desenfreado?

ENSINO MÉDIO

INDÚSTRIA DA MODA E MEIO


AMBIENTE
A coletânea a seguir apresenta dados sobre a indústria da moda no mundo e seus im-
pactos ambientais e sociais. Além disso, é estimulada uma reflexão sobre a nossa par-
cela de responsabilidade diante desse cenário e sobre o porquê de consumirmos em
excesso, reproduzindo o já ultrapassado hábito de não nos importarmos com a proce-
dência do que compramos. O contexto em que estamos inseridos, movido pela lógica de
produtividade e dependente do consumo para se sustentar, influencia esse comporta-
mento. No entanto, já são conhecidas muitas de suas consequências ao mesmo tempo
que ganham força as campanhas por um consumo consciente e mais sustentável. As
tendências, porém, ainda não apontam para mudanças muito significativas nesses pa-
drões de consumo. Após a leitura, pense a respeito do assunto e busque elementos em
seu repertório para fazer a atividade proposta.

TEXTO 1
TEXTO 1

Lixão de roupas em Bangladesh, na Ásia. O alto consumo de roupas, que acabam sendo descartadas para que mais
consumo seja feito, traz sérios danos ao meio ambiente em todo o mundo.

TEXTO 2

[...] a indústria da moda é responsável por 8 a 10% das emissões mundiais de


carbono, de acordo com a ONU. Em 2018, a indústria da moda também consumiu mais
energia do que as indústrias de aviação e navegação juntas. Os pesquisadores estimam
que o equivalente a um caminhão de lixo de roupas é queimado e enviado a um aterro
a cada segundo.
E a velocidade com que os consumidores compram roupas não parece ter di-
minuído no século 21. De acordo com estatísticas da Ellen McArthur Foundation, uma
instituição de caridade de economia circular com sede no Reino Unido, a produção de
roupas dobrou durante 2004 a 2019.

Lixão da moda? 40 mil toneladas de roupas se acumulam no Atacama. Exame. Disponível em: https://exame.com/pop/
lixao-da-moda-40-toneladas-de-roupas-se-acumulam-no-deserto-do-atacama/. Acesso em: 21 dez. 2021.

TEXTO 3

Chile: deserto do Atacama abriga lixão tóxico da


moda descartável do 1o mundo
[...] O deserto do Atacama no Chile se transformou em um lixão clandestino de
roupas que se compram, vestem e se descartam, nos Estados Unidos, Europa e Ásia. [...]
O consumo excessivo e fugaz de roupas, com redes capazes de liberar mais de 50
temporadas de novos produtos por ano, tem feito com que o desperdício têxtil cresça
exponencialmente no mundo. Esse material leva cerca de 200 anos para se desintegrar.
[...]
Reportagens sobre a indústria têxtil expuseram o alto custo do chamado fast
fashion, com trabalhadores mal pagos, denúncias de mão de obra infantil e condições
exponencialmente no mundo. Esse material leva cerca de 200 anos para se desintegrar.
[...]
Reportagens sobre a indústria têxtil expuseram o alto custo do chamado fast
fashion, com trabalhadores mal pagos, denúncias de mão de obra infantil e condições
deploráveis — para a produção em massa das vestimentas. A isso se somam hoje ci-
fras devastadoras sobre seu imenso impacto ambiental, comparável ao da indústria do
petróleo. De acordo com estudo da ONU de 2019, a produção de roupas no mundo
dobrou entre 2000 e 2014, o que também mostra que se trata de uma indústria “res-
ponsável por 20% do total de desperdício de água globalmente”. O mesmo relatório
indica que apenas a produção de jeans necessita de 7.500 litros de água e destaca que
a fabricação de roupas e calçados gera 8%.

BOL. Disponível em: https://www.bol.uol.com.br/noticias/2021/11/08/chile-no-deserto-do-atacama-o-lixao-toxico-da-moda-descartavel-do-


-1-mundo.htm. Acesso em: 21 dez. 2021.

TEXTO 4

O custo por trás da indústria da moda é maior do


que você pensa
O mundo consumista em que vivemos hoje nos cegou. Aquilo que não vemos
ou não sabemos, não sentimos. Não queremos saber de onde veio ou como foi feito,
queremos apenas saber qual é o preço. Todo processo produtivo consome recursos
naturais e humanos de maneira extraordinária. [...]
Quem não quer estar “na moda”, bem-vestido, chique e por um preço acessível?
O baixo custo para o consumidor tem um grande impacto sobre a sustentabilidade, tem
impacto em mudanças climáticas, efeitos adversos sobre a água e seus ciclos, poluição
química, perda de biodiversidade, uso excessivo ou inadequado de recursos não reno-
váveis, geração de resíduos, efeitos negativos sobre a saúde humana, efeitos nocivos
para comunidades produtoras.
O conceito de fast fashion surgiu na década de 90, visando suprir a necessidade
de um consumidor impaciente, ágil e conectado. Em uma economia em expansão, im-
pulsionada pelo consumo excessivo e individual, o modelo fast fashion reproduz cole-
ções de grandes marcas de forma rápida, constante e com baixo custo.
Segundo a Forbes, em média, peças fast fashion são utilizadas menos de cinco
vezes e geram 400% mais emissões de carbono do que roupas de marcas slow fashion,
usadas aproximadamente cinquenta vezes.
De acordo com o report da Ellen MacArthur Foundation, além do carbono emitido
no processo de produção, o descarte da indústria, dado o ciclo de vida curto das cole-
ções, é imenso e anualmente em torno de US$ 500 bilhões são perdidos com o descarte
de roupas nos aterros. Para se ter uma ideia, na criação de peças, 25% de tudo que é
produzido vira lixo, isso sem falar no seu descarte, onde praticamente nada tem sido
reaproveitado. [...]
Segundo a Associação Brasileira de Indústria Têxtil (ABIT), no Brasil a indústria
da moda gera 175 mil toneladas de resíduos têxteis por ano. Em 2020, 178 mulheres
foram resgatadas de oficinas em São Paulo exercendo trabalho escravo. Há uma grande
concentração de imigrantes e refugiados, principalmente latino-americanas nesta etapa
da produção.
O impacto negativo do setor da moda não atinge apenas o meio ambiente, sendo
concentração de imigrantes e refugiados, principalmente latino-americanas nesta etapa
da produção.
O impacto negativo do setor da moda não atinge apenas o meio ambiente, sendo
profundo na esfera social. Grande parte das empresas terceirizam sua produção e as
terceirizadas também “quarteirizam” o trabalho, buscando minimizar os custos de mão
de obra. Segundo a World Trade Statistical Review, a Ásia é a principal exportadora e
produtora do mercado têxtil, com destaque à China, Índia, Taiwan e Paquistão. [...] Um
estudo conduzido pela Boston Consulting Group chamado Pulse of the Fashion Indus-
try, de 2019, mostra que até 2030 a indústria global de vestuário e calçados terá cresci-
do 81%, chegando a 102 milhões de toneladas de roupas e acessórios, exercendo uma
pressão sem precedentes sobre os recursos do planeta. [...]

CAMARGO, Fernanda. E-Investidor/Estadão. Disponível em: https://einvestidor.estadao.com.br/colunas/fernanda-camargo/impacto-ambiental-


-industria-moda. Acesso em: 21 dez. 2021.

TEXTO 5

De quantos pares de sapato você precisa para viver? Sem dúvidas, essa é uma
questão subjetiva. Para respondê-la, talvez você analise suas combinações de roupa, o
código de vestimenta da empresa onde você trabalha ou as atividades esportivas que
você pratica. Seja qual for sua resposta, é fundamental refletir sobre o consumo exces-
sivo.
Temos uma população mundial de mais de 7 bilhões de pessoas, que já consome
60% de recursos naturais a mais do que a Terra consegue regenerar. A estimativa é que
cheguemos a 9,7 bilhões de habitantes no planeta até o ano de 2050. Globalmente a
extração de matérias-primas aumentou de 22 bilhões de toneladas em 1970 para cerca
de 70 bilhões em 2019.
Uma parcela pequena da população mundial (16%) é responsável por 78% do
consumo total. Se todos consumissem como os habitantes mais ricos do mundo, seriam
necessários quase cinco planetas para suprir esse consumo. Os países mais ricos con-
somem cerca de 10 vezes mais recursos que os países mais pobres, e o dobro da média
global. E, a cada ano, entram no mercado consumidor mais 150 milhões de pessoas –
isto é, serão 3 bilhões de novos consumidores nos próximos 20 anos. [...]

Saiba por que é importante consumir o suficiente, sem excessos. Akatu. Disponível em: https://akatu.org.br/saiba-por-que-e-importante-con-
sumir-o-suficiente-sem-excessos/. Acesso em: 21 dez. 2021.

PROPOSTA DE REDAÇÃO

Após a leitura e análise da coletânea, redija uma dissertação argumentativa sobre o


tema as responsabilidades individuais frente aos impactos da indústria da moda.
Nela, delimite um ponto de vista claro e procure sustentá-lo por meio de raciocínios
lógicos consistentes, além de exemplos a eles conectados de modo coeso e coerente.
Lembre-se de cumprir os seguintes critérios:
• Dê um título a seu texto.
• Utilize a norma-padrão da língua portuguesa.
• Estruture seu texto em introdução, desenvolvimento e conclusão divididos entre
lógicos consistentes, além de exemplos a eles conectados de modo coeso e coerente.
Lembre-se de cumprir os seguintes critérios:
• Dê um título a seu texto.
• Utilize a norma-padrão da língua portuguesa.
• Estruture seu texto em introdução, desenvolvimento e conclusão divididos entre
três e cinco parágrafos.
• Na introdução, contextualize o tema por meio de um percurso histórico que a ele se
associe e delimite o seu ponto de vista para nortear os demais parágrafos.
• Evite restringir-se a cópias e paráfrases da coletânea, procurando expandi-la.
• Faça um rascunho anterior à versão final.
• Respeite o mínimo de 22 e o máximo de 30 linhas.

Boa produção!
Professora Andressa Tiossi

IMAGEM 1: NTL studio/Shutterstock.com


IMAGEM 2: studiovin/Shutterstock.com

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