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Aula 1

Introdução

Nesta aula, ao realizar a revisão do anteprojeto elaborado na disciplina Prática de Pesquisa


em Segurança Pública, a preocupação está, inicialmente, em dar-se conta de que o problema
de pesquisa, configurado na questão norteadora do estudo que se pretende desenvolver,
trata-se, ainda, de um questionamento atual que mereça ser pesquisado a contribuir com a
área e com as atividades do profissional Segurança Pública.

Revisando o anteprojeto do TCC.


Você já sabe que o seu anteprojeto de TCC foi elaborado constando de fases previstas que com
o apoio da metodologia apropriada ao seu tema vai desencadear o processo de pesquisa.

Nesse anteprojeto, você elaborou textos encadeados entre:

. o tema;

. a formulação do problema por meio de uma questão norteadora;

. os objetivos do estudo;

. a justificativa da pretensão de se estudar esse referido tema;

. a metodologia configurada em procedimentos operacionais, com a preocupação em


conceituar e estabelecer entendimento técnico fundamentado.

Dessa maneira, entendida como uma produção elaborada com lógica e segundo os padrões
estabelecidos pela metodologia científica.

Apesar dessa preocupação e dependendo do tempo em que o anteprojeto foi elaborado, o


problema formulado para ser pesquisado pode já ter sido estudado por outro pesquisador e,
nesse caso, haver a necessidade de ser reformulado, buscando mudança de objetivo ou, ainda,
algum direcionamento que seja possível se manter no mesmo campo de estudo.

Vale lembrar que o tema de pesquisa precisa ser refletido em função do que o autor do estudo
formulou como “o problema de pesquisa”.

Deve, nessa reflexão, admitir se o que propõe como indagação científica está pertinente às
características de originalidade, ou seja, se pode oferecer algo novo à comunidade acadêmica
que vem se debruçando ao estudo da área pertinente, se está acompanhado da importância
necessária que a área de estudo possa carecer enquanto incremento de novas e
fundamentadas informações, e se constitui em algo que deva ser pesquisado segundo as
condições de viabilidade, considerando as variáveis: tempo, recursos e acessos às informações
que se precisa, lançando mão dos participantes aos quais se pretende obter os dados julgados
imprescindíveis ao processo de sua análise, discussão e conclusão.  

Nesse contexto, uma leitura detalhada e atenta de todo o anteprojeto do TCC que você
elaborou precisa ser realizada para rever suas indagações iniciais, se os objetivos que se
pretende serão alcançados pela pesquisa a ser desenvolvida, a permanência da questão
norteadora ainda como um “problema” válido de ser pesquisado, bem como se o método de
pesquisa eleito ainda se constitui no mais adequado ao estudo proposto.

Diante das confirmações sobre as pretensões originais contidas no seu anteprojeto de TCC, os
passos seguintes devem dar conta da realização das fases previamente programadas e
concretizar o anteprojeto transformando-o, aos poucos no seu TCC.

Assim, propõe-se que cada uma das fases do anteprojeto seja realizada.

Inicialmente, vamos nos deter na condição de que o problema formulado para ser respondido
por meio do TCC ainda esteja em aberto e mereça, sim, ser pesquisado.

 Também vamos rever os instrumentos de coleta de dados pretendidos e de acordo com suas
características técnicas poderem ser elaborados adequadamente.

O que fazer então?

O contexto atualizado e a manutenção do objeto do estudo

Levantamento bibliográfico
Antes de iniciar qualquer pesquisa, depois de ter um problema ainda idealizado de
investigação, a primeira tarefa a ser realizada é a revisão da literatura que visa uma
melhor configuração da realidade a qual o objeto do estudo é parte integrante.  

O levantamento bibliográfico deve identificar artigos publicados em periódicos


indexados, preferencialmente com avaliação “A” e “B” da Plataforma Qualis, Capes,
MEC, considerando, para obtenção de dados atualizados, os 5 últimos anos.

Isso tem o propósito de além de situar a atual realidade na qual o problema esteja se
manifestando, também poder identificar alguma contribuição ou novidade que possa
melhorar a abordagem pretendida, modificá-la em função de já contemplar as
intenções previstas no anteprojeto, necessidade de aprofundar o estudo sobre o
referido tema, e evidenciar lacunas nos estudos analisados que precisam ser
preenchidas.

Pesquisa:
Relembrando, de acordo com Marina Marconi e Eva Maria Lakatos (2003, p. 220), a
formulação do problema esclarece a dificuldade específica com a qual se defronta e
que se pretende resolver por intermédio da pesquisa.

Nesse sentido, pode tratar-se de uma dificuldade, dúvida ou qualquer evento


(fato/fenômeno), nos contextos teórico ou prático, que se empreendem esforços na
tentativa de melhor compreendê-la e/ou buscar uma resposta sustentada.
Problema de pesquisa
De acordo com Franz Victor Rudio (1978, 75), a formulação do problema de pesquisa
tem que explicitar de maneira clara, compreensível e operacional, a dificuldade com a
qual se defronta e que se pretende resolver, limitando seu campo e apresentando suas
características, de tal maneira a tornar o problema individualizado, específico e
inconfundível. 

Dessa forma, faz-se necessário, neste momento, concordar se o problema antes


formulado ainda se reveste de alguma coisa que não possui respostas e que só serão
possíveis de serem encontradas por intermédio do presente estudo.

Essas respostas podem assumir a natureza de explicação, solução ou descrição de


determinado procedimento ou comportamento profissional ou social.

Caráter de originalidade
O problema, de acordo com a dimensão geral de sua manifestação, pode ser
configurado segundo diversas situações que precisam ser inicialmente conhecidas pela
análise de seus componentes ou descrição de seu desenvolvimento em determinado
contexto para, em seguida, ser otimizadas ou modificadas por meio de correções ou
que a intenção a intensificação dos padrões de qualidade.

 Uma das características do problema que precisa ser preservada é o seu caráter de
originalidade.

Deve traduzir-se como algo novo ou que traga uma abordagem ainda não realizada ou,
ainda, um tratamento inovador que cause interesse por sua forma como fora
empregado.

Não pode ser considerado como algo já conhecido que não enseja uma novidade
científica ou social.   

Objeto de estudo
Assim, sua preocupação, depois de considerar essas condições, é possuir a necessária
garantia de que seu objeto de estudo se traduz em um problema de pesquisa,
contemplando essas características divulgadas.

Desse problema se desdobrarão as variáveis que estão se manifestando ou que já se


manifestaram no evento objeto do estudo.

Dessas variáveis surgem os objetivos que tecnicamente vão orientar os procedimentos


da pesquisa.
Reanalisando os objetivos do estudo
Nessa etapa de revisão do anteprojeto, a tarefa se constitui em averiguar até que
ponto os objetivos se desdobram do problema a fim de sugerir procedimentos que
efetivamente vão conduzir a obtenção de dados sustentáveis para o seu atingimento.

1Quando você elaborou os objetivos do seu TCC no anteprojeto, tinha em mente dar
conta da execução das ações descritas pelos objetivos por meio da pesquisa.

2Caso o problema ainda se mantenha consagrado como o objeto do estudo original


e os objetivos estejam de acordo com as variáveis que se desdobraram do problema e
os procedimentos também consoantes aos objetivos, o próximo passo é a preparação
dos instrumentos de coleta dos dados.

3Nesse momento, você precisa fazer uma verificação para avaliar em que medida os
procedimentos programados, a partir dos objetivos formulados, foram
adequadamente selecionados para a necessária e suficiente coleta dos dados.

Revendo e preparando os instrumentos de coleta dos dados


Essa tarefa é essencialmente prática. Você terá de rever o tipo de instrumento de
coleta de dados que fora determinado em função das informações que servirão como
sustentadoras do alcance dos objetivos formulados.

 Se os instrumentos confirmarem os procedimentos metodológicos o momento é de


elaborá-los.

 Dos objetivos vão se desdobrar outras variáveis que servirão de orientadoras das
perguntas das entrevistas, dos questionários e dos procedimentos de uma observação
programada (observação sistemática) ou observação participante.

 Se a pesquisa for bibliográfica, realize os procedimentos de seleção e consulta dos


textos e obras pertinentes e comece a registrar as ideias e os posicionamentos dos
respectivos autores, realizando as técnicas de fichamento de acordo com os propósitos
do estudo.

Cuidado permanente
Um cuidado permanente que se deve ter é com os 3 elementos que aumentam as
condições de qualidade dos instrumento de coleta dos dados. São eles:

. A fidedignidade cobra do instrumento sempre o mesmo resultado


independentemente de quem o aplica.

. A validade diz respeito à obtenção dos dados necessários ao alcance dos objetivos da
pesquisa, sem permitir que qualquer informação importante seja ignorada.
. E a operatividade está relacionada à acessibilidade do instrumento no que se refere
ao vocabulário empregado e ao significado das questões formuladas. (Marconi;
Lakatos, 2003)

Entrevista estruturada
Se for a elaboração de entrevistas, inicialmente, deve decidir sobre qual tipo vai
oferecer a coleta adequada dos dados pretendidos com esse instrumento.
Relembrando, dentre as disponíveis, no caso dos estudos na área de segurança
pública, de acordo com Marina Marconi e Eva Maria Lakatos (2003), têm-se a
estruturada ou não estruturada, a focalizada, a clínica, a não dirigida e a do tipo painel.

 Segundo essas mesmas autoras, na entrevista estruturada:

. O entrevistador segue um roteiro previamente estabelecido e as perguntas


formuladas são predeterminadas.

. Realiza-se por meio de um formulário preferencialmente com respondentes


selecionados de acordo com um plano.

. O entrevistador obtém respostas às mesmas perguntas, permitindo comparações


com o mesmo conjunto de perguntas refletindo diferentes respostas e não respostas
diferentes a perguntas diferentes.

. Uma vez definidas as perguntas ao entrevistador não lhe é permitido alterá-las.

Entrevista não estruturada


Nas entrevistas não estruturadas, para essas autoras:

. O entrevistador pode explorar a pergunta da forma como melhor lhe convier para a
obtenção qualitativa dos dados.

. Esse procedimento pode se desenvolver num clima de informalidade.

Segundo Ander-Egg (1978) citado por Marina Marconi e Eva Maria Lakatos (2003), a
entrevista não estruturada apresenta 3 modalidades:

. A focalizada diante de um roteiro com tópicos relacionados ao problema, o


entrevistador vai fazendo as perguntas, sondando razões e motivos, esclarecendo o
que for necessário, sem que seja obrigado a obedecer a uma estrutura formal.

. A entrevista clínica busca com perguntas específicas apurar motivos, sentimentos e


conduta dos respondentes.

. Por meio da entrevista não dirigida o entrevistado tem liberdade de expressar


opiniões e sentimentos sendo, para isso, estimulado pelo entrevistador.
Entrevista painel
Essas autoras ainda apresentam a entrevista do tipo painel:

. Consiste na repetição de perguntas, em diferentes espaços de tempo, cujo propósito


é o de estudar a evolução das opiniões em períodos curtos.

. A preocupação com esse tipo de entrevista está na diversificação das perguntas para
impedir que o entrevistado não distorça as respostas por conta das repetições.

Questionário
Quanto ao questionário, segundo essas mesmas autoras:

. Trata-se de um instrumento composto de uma série ordenada de perguntas que


devem ser respondidas por escrito dispensando-se a presença do pesquisador.

. É enviado, normalmente, pelo correio, portador ou, atualmente, por e-mail e depois
de preenchido é devolvido.

. É acompanhado de uma carta explicando a natureza da pesquisa, a importância e


necessidade de obtenção das respostas esperadas, ao mesmo tempo que intenciona
despertar o interesse do respondente em responder e devolver no prazo informado.

Observações
Com relação à observação, essas mesmas autoras afirmam que:

. É considerada uma técnica que utiliza os sentidos para a obtenção dos dados julgados
importantes de serem levantados em uma pesquisa de campo.

. Auxilia o pesquisador na identificação e apuração de informações sobre as quais os


observados não têm consciência, mas que orientam seu comportamento.

. É o ponto de partida da pesquisa social e obriga o investigador a ter contato direto


com a realidade que está pesquisando.

Vários são os tipos de observação à disposição dos estudos científicos, clique aqui  e
vamos conhece-las.
. O entrevistador segue um roteiro previamente estabelecido e as perguntas
formuladas são predeterminadas.

. Realiza-se por meio de um formulário preferencialmente com respondentes


selecionados de acordo com um plano.

. O entrevistador obtém respostas às mesmas perguntas, permitindo comparações


com o mesmo conjunto de perguntas refletindo diferentes respostas e não respostas
diferentes a perguntas diferentes.

. Uma vez definidas as perguntas ao entrevistador não lhe é permitido alterá-las.

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