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INSTITUTO SUPERIOR POLITÉCNICO DE SONGO

CURSO DE LICENCIATURA EM ENGENHARIA ELÉCTRICA

PRODUÇÃO DE ENERGIA ELÉCTRICA I


9° GRUPO

Tipo e selecção de turbinas hidraúlicas

Discentes :
Azarias Gabriel Manhiça
Izilda da Ruth António
Manuel Petecâncio Jofrisse
Marcelo Amaral Amone Docentes:
Nurdino Ortígio Taimo Engo. Maxcêncio A. S. Tamele
Engo. Félix Mateus/Msc/

Songo, Janeiro de 2021


INSTITUTO SUPERIOR POLITÉCNICO DE SONGO

CURSO DE LICENCIATURA EM ENGENHARIA ELÉCTRICA

PRODUÇÃO DE ENERGIA ELÉCTRICA I


9° GRUPO

Tipo e selecção de turbinas hidraúlicas

Discentes : Docentes:
Azarias Gabriel Manhiça Engo. Maxcêncio A. S. Tamele
Izilda da Ruth António Engo. Félix Mateus /Msc/
Manuel Petecâncio Jofrisse
Marcelo Amaral Amone
Nurdino Ortígio Taimo Trabalho elaborado pelos estudantes do
Curso de Engenharia Eléctrica do
Instituto Superior Politécnico de Songo
no âmbito da disciplina de Produção de
Energia Eléctrica I para fins de
avaliação.

Songo, Janeiro de 2021


Resumo

Para produzir energia eléctrica na base de centrais hidroeléctrica é necessário integrar a vazão
do rio (a quantidade de água disponível em determinado período de tempo) e os desníveis do
relevo, sejam eles naturais, como as quedas de água, ou criados artificialmente. A estrutura da
Central é composta, basicamente, por barragem, sistema de captação e adução de água, casa de
força e vertedouro, que funcionam em conjunto e de maneira integrada. A barragem tem por
objectivo interromper o curso normal do rio e permitir a formação do reservatório. Além de
armazenar a água, esses reservatórios têm outras funções: permitem a formação do desnível
necessário para a configuração da energia hidráulica e sua posterior transformação em
energia eléctrica, assim sendo, este trabalho tem como objecto de estudo tipo e selecção de
turbinas hidráulicas que e uma das partes que copõem uma Centrais Hidroeléctricas.
Índice de figuras

Figura 1: Principais partes de uma usina hidroeléctrica (MALACARNE at al, 2013)................... 4


Figura 2: Jatos e pás de uma turbina Pelton. (júnior 2013). ........................................................... 6
Figura 3: Bico injetor da turbina Pelton. (Cardoso 2016). .............................................................. 7
Figura 4:Representação das conchas de uma turbina Pelton. ......................................................... 8
Figura 5:Turbina Francis............................................................................................................... 11
Figura 6: Elementos constituintes de uma turbina Francis. (Nunes 2017). .................................. 11
Figura 7: Funcionamento de uma turbina Francis. ....................................................................... 13
Figura 8:Visão de um corte longitudinal de um grupo bulbo. ...................................................... 15
Figura 9: Funcionamento da turbina Bulbo. ................................................................................. 16
Figura 10: Turbina de múltiplos estágios. Figura 11: Bomba de único
estagia. .......................................................................................................................................... 19
Figura 12: Curva de variação de rendimento com o caudal (queda útil constante) para diferentes
turbinas (MALACARNE at al, 2013). .......................................................................................... 20
Figura 13:Curva de variação de rendimento com a potência útil (MALACARNE at al, 2013)... 21
Figura 14: Aplicação dos principais tipos de turbinas( MALACARNE, 2013). .......................... 22
Figura 15: Esquema de uma Central Hidroeléctrica(MALACARNE at al, 2013). ...................... 23
Figura 16: Secção transversal de um descarregador de superfície a esquerda e vista frontal a
direita. ........................................................................................................................................... 26
Figura 17:Descarregador de fundo situado no reservatório de uma barragem. ............................ 27
Figura 18:Casa das Maquinas da Hidroeléctrica de Cahora Bassa. .............................................. 29
Figura 19: Tubo de sucção. ........................................................................................................... 30
Figura 20: Conduto forçado e chaminé de equilíbrio. .................................................................. 31
Figura 21: Equipamentos em uma central hidroeléctrica. ............................................................ 32
Figura 22: Processo de excitação do gerador. ............................................................................... 34
Figura 23: Sincronização do gerador usando sincroscópio........................................................... 34
Índice

1. Introdução ................................................................................................................................ 1

1.1. Objectivos......................................................................................................................... 2

1.1.1. Objectivo Geral ......................................................................................................... 2

1.1.2. Objectivos Específicos .............................................................................................. 2

1.2. Metodologia de investigação ............................................................................................ 3

2. Turbinas Hidráulicas ............................................................................................................... 4

2.1. Classificação das turbinas hidráulicas .............................................................................. 4

2.1.1. Segundo a variação da pressão estática .................................................................... 5

2.1.2. Segundo a direcção do fluxo de água através do rotor ............................................. 5

2.2. Tipos de turbinas hidráulicas............................................................................................ 6

2.2.1. Turbinas Pelton ......................................................................................................... 6

2.2.2. Turbina Francis ....................................................................................................... 10

2.2.3. Turbinas Bulbo........................................................................................................ 15

2.2.4. Turbina de bombagem ou bomba ........................................................................... 17

2.3. Aspectos de comparação entre as turbinas ..................................................................... 20

2.3.1. Curvas de variação do rendimento em função do caudal e em função da potência


útil. 20

2.3.2. Escolha das turbinas hidráulicas ............................................................................. 21

3. Centrais Hidroeléctricas ........................................................................................................ 22

3.1. Classificação das centrais hidroeléctricas ...................................................................... 24

3.2. Principais partes de uma Central hidroeléctrica ............................................................. 25

3.2.1. Reservatório ............................................................................................................ 25

3.2.2. Barragem ................................................................................................................. 26

3.2.3. Descarregadores de vazões excedentes ................................................................... 26


3.2.4. Descarregadores de superfície ou vertedouros ....................................................... 26

3.2.5. Descarregadores de fundo ou drenos de areia......................................................... 27

3.2.6. Captação e condutos de adução de água ................................................................. 27

3.2.7. Casa das máquinas .................................................................................................. 29

3.2.8. Canal de restituição ................................................................................................. 30

3.2.9. Golpe de aríete e chaminé de equilíbrio ................................................................. 30

3.2.10. Equipamentos da Central ........................................................................................ 31

3.2.11. Subestação............................................................................................................... 32

3.3. Operação do Grupo Gerador .......................................................................................... 32

4. Conlusão ............................................................................................................................... 36

5. Bíbliografia ........................................................................................................................... 37
1. Introdução

O uso da força da água na produção da energia eléctrica é o meio mais utilizado ao nível
mundial para a produção desta forma de energia de vital importância para as actividades
praticadas pelo homem no seu dia-a-dia de tal maneira que ela tem em muito contribuído na
sua evolução ao longo dos tempos. Porém, a obtenção da energia eléctrica a partir da força das
águas está directamente relacionada com a máquina primária da qual este trabalho retrata, a
turbina hidráulica, sendo o tipo de turbina a se aplicar um aspecto determinante para o bom
aproveitamento do potencial das águas.

O presente trabalho intitulado Tipo e selecção de turbinas hidraúlicas irá debruçar-se sobre esse
tema enfatizando as classificações das turbinas hidráulicas, seus tipos e a constituição das
Centrais hidroeléctricas bem como a descrição dos seus principais componentes.

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1.1. Objectivos

1.1.1. Objectivo Geral

 Descrever as turbinas hidráulicas e as Centrais Hidroeléctricas.

1.1.2. Objectivos Específicos

 Classificar as turbinas hidráulicas;


 Apresentar os tipos de turbinas hidráulicas;
 Compreender o funcionamento de cada turbina hidráulica;
 Estudar e apresentar a constituição das Centrais Hidroeléctricas.

2
1.2.Metodologia de investigação

A elaboração do presente trabalho foi baseada em pesquisas científico-didácticas com base em


livros, artigos electrónicos e materiais digitais.

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2. Turbinas Hidráulicas

A energia primária de uma hidroeléctrica é a energia potencial gravitacional da água contida


num reservatório. Antes de se tornar energia eléctrica, a energia primária deve ser convertida
em energia cinética de rotação, sendo que o dispositivo responsável por essa transformação é
a turbina. A turbina é basicamente constituída por uma roda dotada de pás, que é posta em
rápida rotação ao receber a massa da água. O último elemento dessa cadeia de transformações
é o alternador que converte o movimento rotativo da turbina em energia eléctrica.
Entende-se também por turbina hidráulica como sendo uma máquina que transforma a energia
cinética da água em energia mecânica disponível no seu eixo sob forma de rotação.

Figura 1: Principais partes de uma usina hidroeléctrica (MALACARNE at al, 2013).

2.1. Classificação das turbinas hidráulicas

As turbinas hidráulicas podem ser classificadas em dois aspectos: segundo a variação da pressão
estática e segundo a direcção do fluxo da água através do rotor.

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2.1.1. Segundo a variação da pressão estática

Segundo a variação da pressão estática as turbinas hidráulicas são de acção (impulso) ou de


reacção.

Turbinas de acção ou de impulso: estes tipos de turbinas funcionam à pressão atmosférica,


sendo que as mesmas são impulsionadas por jatos de água que atingem as pás da turbina. A
pressão estática permanece constante entre a entrada e a saída do rotor (roda). Como exemplo
deste tipo de turbinas tem-se turbina Pelton.

Turbinas de reacção: neste tipo de turbinas o rotor encontra-se totalmente submerso na água
e enclausurado numa câmara de pressão. As pás deste tipo de turbinas são perfiladas e devido
a diferença de pressão nas superfícies das pás é originada uma força de sustentação, o que
provoca a sua rotação. A pressão estática diminui entre a entrada e a saída do rotor. As turbinas
Francis e Kaplan são exemplos desse tipo de turbina.

2.1.2. Segundo a direcção do fluxo de água através do rotor

Segundo a direcção de fluxo de água através do rotor, as turbinas hidráulicas dividem-se em


axial, radial, tangencial e diagonal.

Axial: o fluxo é aproximadamente paralelo ao eixo de rotação. Exemplos deste tipo são as
turbinas Kaplan e Bulbo.

Radial: o fluxo é aproximadamente perpendicular ao eixo de rotação (turbina Fourneyron por


exemplo).

Tangencial: o fluxo de água é lançado sob forma de jato sobre um número limitado de pás
como é o caso da turbina Pelton.

Diagonal: o fluxo muda gradativamente da direcção radial para axial, por exemplo, turbina
Francis.

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2.2.Tipos de turbinas hidráulicas

Existem diversos tipos de turbinas hidráulicas, cada uma é adequada a um certo tipo de
aproveitamento hidroenergético. A escolha adequada do tipo de turbina a ser utilizada num
determinado aproveitamento depende de vários factores que devem ser levados em
consideração, entre eles estão o caudal, a queda útil, e a velocidade de rotação.

2.2.1. Turbinas Pelton

De acordo com Cardoso 2016, a turbina Pelton foi inventada por Lester Allan Pelton na década
de 1970. Em condições ideais o rendimento dessa turbina pode chegar a 90%. As turbinas Pelton
são de ação uma vez que utilizam a velocidade do jato de água para dar rotação ao rotor.
Funciona a pressão atmosférica e geralmente são utilizadas para quedas uteis superiores a 200m
e inferiores a 1200m, sendo que por isso ela se adequa melhor em regiões montanhosas.

De acordo com Gonçalves 2007 citado por Cardoso 2016, as turbinas Pelton operam com
velocidades de rotação elevadas em comparação com as outras turbinas hidráulicas e o seu rotor
possui características bastante distintas.

As turbinas Pelton são máquinas de acção e escoamento tangencial que operam a baixos
caudais e altas quedas, podendo ser instaladas entre 100 à 1200 m. Quanto ao número de jatos
elas podem ser de um, dois até seis jatos e quanto a posição do eixo podem ser de eixo
horizontal ou vertical, sendo que o número máximo de injectores é de dois para as turbinas de
eixo horizontal e seis para as de eixo vertical. A turbina Pelton possui um rendimento alto,
podendo chegar até 94%.

Figura 2: Jatos e pás de uma turbina Pelton. (júnior 2013).

6
2.2.1.1.Constituição de uma turbina Pelton

A turbina Pelton é constituída essencialmente por 6 elementos: o distribuidor, injetor, rotor,


sistema de travagem, carcaça e câmara de descarga.

Distribuidor
O distribuidor tem a missão de regular e orientar o jato cilíndrico e de secção constante que vai
para o impulsor. O distribuidor é composto por um injetor e este é composto por um bocal, uma
agulha, um defletor e um regulador de velocidade.

Injetor
O injetor é responsável pela transformação da energia de pressão em cinética, através do seu
formato convergente cônico. Caso se pretenda aumentar a potencia de uma determinada turbina
Pelton para um determinado salto hidráulico devem ser colocados mais injetores na periferia, o
número de injetores varia de acordo com a potência desejada. Os injetores são colocados na
circunferência ao redor do impulsor e com igual ângulo e espaçamento entre eles para garantir
um balanço dinâmico do rotor.

Figura 3: Bico injetor da turbina Pelton. (Cardoso 2016).

Rotor
Rotor é a componente chave da turbina Pelton visto que ele é responsável por transformar a
energia cinética do fluido em trabalho sob forma de rotação. O rotor é composto pela roda e

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pelas conchas. A roda é em forma de disco contendo várias conchas. O eixo do jato de água que
sai do bocal é tangente à circunferência. As conchas recebem o impulso direto do jato de água e
têm um formato peculiar de conchas simétricas para compensar o efeito dos impulsos axiais. O
eixo da turbina esta fixado rigidamente na roda de forma que a rotação da roda seja transmitida
ao eixo do alternador. A um mesmo eixo podem estar acopladas varias turbines e um gerador.

Figura 4:Representação das conchas de uma turbina Pelton.

Sistema de travagem
O sistema de travagem pé composto por “contra-jatos” que embatem na superfície convexas
conchas e dão uma rotação contraria à de funcionamento normal. Além disso, e tal como já foi
citado anteriormente, o defletor pode desviar a água em caso de necessidade de paragem.

Carcaça
Carcaça é uma envoltura metálica que protege o distribuidor e o impulsor e evita que a agua
salpique para o exterior depois de o jato embater nas conchas;

Câmera de descarga
A câmera de descarga é a zona onde a agua cai livremente após o choque com o impulsor e é
através dela que a agua é recolocada no sistema ou então é expulsa para o exterior do conjunto.

8
2.2.1.2. Principio de funcionamento

De acordo com Sotelo e Maia 2015 citado por Cardoso 20016, a turbina Pelton tem um
funcionamento um pouco diferente das outras turbinas hidráulicas pois a pressão é primeiro
transformada em energia cinética, no bocal, onde o escoamento de água é acelerado até uma alta
velocidade, e em seguida choca com as pás da turbina imprimindo-lhe rotação e binário.

De acordo com Goncalves 2007, na turbina Pelton toda a energia cedida ao seu eixo deve-se à
energia cinética da agua havendo uma componente energética dissipada sob a forma de atrito e
outra dissipada sob a forma de energia cinética residual. Esta rotação é concedida fazendo
embater tangencialmente o jato de agua nas conchas fixas na extremidade da roda. Maximizando
deste modo a potencia de impulsão para uma determinada velocidade de escoamento.

Segundo Costa 2003 citado por Cardoso 2016, a potencia disponível fornecida pela turbine
Pelton é regulada pela deslocação longitudinal da válvula de agulha no bico injetor, a fim de
variar a abertura do injetor. Contudo, este controle de escoamento não abrange grandes variações
súbitas de caudal uma vez que provocaria o fenômeno conhecido como golpe de aríete. Este
acontecimento reside no fato de uma onda de pressão viajante percorrer o conduto forçado com a
possibilidade de danificá-lo.

2.2.1.3. Analise de Performance da turbina Pelton

Nos casos em que o comportamento dentro do bocal seja ideal, a velocidade de descarga da agua
é dada pela expressão abaixo, onde considerando a fricção no bocal se aplica o coeficiente .

√ √

O trabalho por unidade de massa é dado pela equação de Euler, onde é levada em consideração o
coeficiente de fricção no rotor . Expressão onde u é a velocidade das pás.

Eficiência máxima, obtida quando ⁄ .

9
Potência de saída é dada por;

2.2.1.4. Vantagens e desvantagens do uso da turbine Pelton

De acordo com Marchegiani 2004, uma desvantagem na utilização das turbinas Pelton reside na
erosão provocada pelo efeito abrasivo da areia misturada com água, devido a alta velocidade
com que o jato de agua choca com o rotor. Deste modo, o tempo de vida útil deste equipamento é
reduzido. E como vantagens temos:

 Eficiência muito alta, capaz ate de chegar aos 90-92% em condições ideais;
 Possui uma curva de eficiência plana, sobretudo se usados múltiplos injetores;
 É compacta e de baixo custo;
 Possui uma versão simplificada de muito baixo custo com eficiência ente 80 e 90% oque
é ideal para microgeração de energia.

2.2.2. Turbina Francis

De acordo com Nunes 2017, a turbina Francis deve a sua designação a James B. Francis,
engenheiro inglês que, 1947, foi incumbido de estudar uma turbina o aproveitamento energético
do desnível de um rio. A sua atenção recaiu sobre uma maquina centrípeta. Os aperfeiçoamentos
introduzidos foram tais que esse tipo de turbine passou a merecer o seu nome. A turbina Francis
é uma turbina de reação atendendo ao facto de o escoamento sofrer variação de pressão no seu
interior, dado que ao longo do seu percurso ocorrem transformações da energia de pressão em
energia cinética.

A função de uma turbina Francis bem como todas outras turbinas hidráulicas é a de gerar
eletricidade com a ajuda de um gerador, elas possuem uma alta capacidade de utilização de mais

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de 90% e uma ampla gama de atividades em comparação com a altura do fluido que flui através
da turbina. Isto é enfatizado na água, onde alcança um desempenho ótimo em uma queda de
construção de 20m a 700m e a potencia de saída varia de alguns quilowatts a 750MW. A turbina
Francis é o tipo mais comum de turbina usada em centrais hidroelétricas que operam com base
no fluxo de massa de agua através de uma planta de produção.

Figura 5:Turbina Francis.

2.2.2.1. Constituição de uma turbina Francis

A turbine Francis é caracterizada por possuir 4 elementos fundamentais, nomeadamente: evoluta,


distribuidor, roda e difusor.

Figura 6: Elementos constituintes de uma turbina Francis. (Nunes 2017).

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Evoluta

A evoluta é uma câmara com um formato em espiral, de secção progressivamente decrescente,


concebida para manter constante a velocidade tangencial do escoamento e distribuir
uniformemente a água no distribuidor.

Distribuidor

O distribuidor é constituído por alhetas fixas ou moveis que têm como finalidade regular o
caudal, mantendo-o com uma velocidade constante, e orientar o escoamento de maneira a que o
mesmo entre no interior da roda adaptando o seu ângulo de ataques às pás da roda.

Roda

A roda é constituída por uma coroa de pás que constituem uma série de canais hidráulicos que
recebem a agua radialmente e a orienta para a saída da roda numa direção axial. Ao longo do
percurso, a roda transforma a energia hidráulica em energia mecânica encaminhando a água para
o difusor. A forma e as dimensões das rodas variam de acordo com a queda. Para grandes
quedas, o diâmetro de entrada da roda é bastante superior ao diâmetro de ainda, sendo reduzida a
componente axial da velocidade da água. Há medida que a altura de queda útil diminui, a
componente axial vai aumentando, diminuindo o diâmetro de entrada em relação ao de saída.

Difusor

O difusor tem como objetivo recuperar parte da energia cinética que permanece na saída da roda.
Dado que a energia cinética é proporcional ao quadrado da velocidade, deve procurar-se reduzir
a velocidade de saída da turbina. Assim, o difusor devera ter um formato cônico crescente,
todavia o ângulo não deverá ser demasiado grande a fim de evitar o risco de descolamento do
escoamento.

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2.2.2.2. Principio de funcionamento

O principio de funcionamento da turbina Francis é básico como o das outras turbinas hidráulicas.
A turbina Francis é aquela em que o fluxo de água se desenvolve no rotor da turbina, na maior
parte de sua trajetória, em um fluxo normal ao seu eixo como é ilustrado na figura abaixo.

Figura 7: Funcionamento de uma turbina Francis.

As turbinas Francis podem ser distinguidas em três tipos:

 Turbina Francis com Caixa Espiral


Possui óptimas características de desempenho sob cargas parciais de até 70% da carga nominal,
funcionando ainda adequadamente entre 70 e 50 % da carga, embora com perda progressiva
do rendimento.

 Turbina Francis Caixa Aberta

A turbina Francis Caixa Aberta é viável para baixas quedas até 10 m e potências de 500 a 1800
kW. No entanto, deve ser utilizada com reservas, em virtude do baixo rendimento alcançado.

 Turbina Francis Dupla

A Francis Dupla tem por característica o rotor duplo, ou seja, uma peça com uma única coroa,
duas cintas e dois conjuntos de pás, dividindo a vazão afluente em duas partes,
consequentemente são necessários dois tubos de sucção separados.
O rendimento das turbinas Francis varia muito em função do caudal da água de tal modo que

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quanto menor for o caudal da água, menor será o rendimento da turbina, portanto até certo nível
de caudal não é viável o uso da turbina Francis pelo seu baixo e até inexistente rendimento,
pois ela apresenta bons rendimentos em níveis médios a altos de caudal e ainda de quedas.

As turbinas Francis tem como principais características as seguintes:

 Quedas entre 20 e 700 m;


 A potência de produção chega a ultrapassar os 750 MW;
 Eixo vertical ou horizontal;
 As directrizes do distribuidor são comandadas pelo regulador automático da velocidade
de rotação do grupo turbina-alternador.

2.2.2.3.Vantagens e desvantagens do uso da turbine Francis

Vantagens

 É possível continuar uma geração eficiente de energia mesmo com 15% do fluxo de agua
normal;
 Consegue operar com estabilidade mesmo com fluxo de agua baixo;
 Menor risco de desgaste, cavitação e formação de vórtices no tubo de sucção;
 A instalação é relativamente fácil e rápida.

Desvantagens

 Devido a sua construção ela esta susceptível a um desgaste rápido no caso de estar a
operar com alta pressão;
 A manutenção preventiva bem como a corretiva são relativamente mais difíceis;
 A cavitação é um perigo sempre presente.

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2.2.3. Turbinas Bulbo

A turbina Bulbo é considerada uma evolução das turbinas tubulares, inventadas na década de
30 e aplicadas na década de 60 na França, na qual o rotor possui pás orientáveis como as
turbinas Kaplan e existe uma espécie de bulbo colocado dentro do tubo adutor de água. No
interior do bulbo que é uma câmara blindada, pode existir simplesmente um sistema de
engrenagem para transmitir o movimento do eixo ao alternador. Em outros tipos mais
aperfeiçoados, no interior do bulbo fica o próprio gerador elétrico. A turbina bulbo não possui
a caixa em caracol e o trecho vertical do tubo de sucção.
Operam em quedas abaixo de 20 metros e com eficiência entre 85% a 99% dependendo da
vazão da água e a potência gerada. As turbinas bulbo podem funcionar como turbinas ou como
bombas e são empregadas em centrais mare-motrizes. Esse tipo de turbina pode ser instalada
em eixo horizontal ou inclinado

Um ponto a considerar na instalação deste tipo de turbina, é que a limitação do diâmetro do


rotor e do bulbo para a redução dos custos, obriga à construção de alternador de pequeno
diâmetro mas muito alongado axialmente, o que, por sua vez, acarreta problemas de
resfriamento para o gerador e de custo para o eixo e mancais, bem como processos de
fabricação aplicáveis em termos de ajustes e vedações.

Figura 8:Visão de um corte longitudinal de um grupo bulbo.

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2.2.3.1. Estrututra da turbina Bulbo

1. Cápsula ou bulbo;
2. Tubo de acesso ao gerador;
3. Camara de adução;
4. Sistema de óleo do rotor;
5. Gerador síncrono;
6. Estruturas de sustentação e pré-distribuição, tubo de acesso à turbina;
7. Mancais;
8. Estruturas de sustentação pré-distribuição;
9. Mancais;
10. Distribuidor;
11. Pás do rotor;
12. Cone ou ogiva;
13. Cubo;
14. Tubo de descarga.

2.2.3.2.Funcionamento da turbina Bulbo

Figura 9: Funcionamento da turbina Bulbo.

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Os passos abaixo descrevem o funcionamento da turbina Bulbo:

1. A água entra pela câmara de adução e é levada através de uma conduta forçada percorrendo
o perfil da turbina paralelamente ao seu eixo até o distribuidor.

2. No distribuidor a água passa por um sistema de palhetas guia móveis que controlam o caudal
volumétrico fornecido à turbina.

3. Para se aumentar a potência as palhetas são abertas (aumentando o caudal), para diminuir a
potência elas se fecham. Após passar por este mecanismo a água chega ao rotor da turbina.

4. Por transferência de quantidade de movimento parte da energia potencial da água é


transferida para o rotor na forma de torque, que adquire uma velocidade de rotação. Devido a
isto a água na saída da turbina está a uma pressão pouco menor que a atmosférica, e bem menor
do que a inicial.

5. Após passar pelo rotor a água é conduzida pelo tubo de descarga até ao rio.

6. O movimento de rotação da turbina é transmitido pelo eixo até o gerador.

7. A energia mecânica contida na rotação do eixo é transmitida ao alternador e por meio de


processos electromagnéticos é obtida a energia eléctrica.

2.2.4. Turbina de bombagem ou bomba

As turbinas de bombagem são geralmente usadas nas centrais de bombagem para transferir a
água para reservatórios maiores nas horas de pico bem como para o reaproveitamento da agua.

Em centrais de bombagem essas turbinas são usadas para suavizar a diferença entre a demanda e
o fornecimento de energia. Elas podem armazenar favoravelmente a energia produzida por uma
central de base fora do período de pico, ao mesmo tempo em que disponibilizam essa energia
para a rede suprir necessidades de pico e regulação do sistema.

As turbinas de bomba são usadas em diversas situações, geralmente para quedas uteis de menos
que 50m a mais de 800m, e potência unitária de 10MW a mais de 500MW.

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As turbinas de bombagem são tipos especiais de bombas centrifugas que usam impulsores tipo
turbina com pás orientadas radialmente para mover o fluido. Elas são também chamadas de
bombas de vórtice, periferia ou regenerativa. Essas bombas combinam as altas pressões de
descarga das bombas centrifugas de deslocamento positivo ou de múltiplos estágios com a
operação flexível das bombas centrifugas. Além disso, a taxa de fluxo das bombas de turbina não
é extremamente variável, com grandes mudanças na pressão, como na maioria das bombas
centrifugas. Elas são preferencia em aplicações onde é necessária uma elevada queda, fluxo
baixo e design compacto, como em bombeamento de poços profundos.

2.2.4.1. Principio de funcionamento

As turbinas de bomba são dinâmicas, oque significa que utilizam o momento e a velocidade do
fluido para geram pressão na bomba. Especificamente são bombas centrifugas que geram essa
velocidade usando um impulsor para aplicar força centrifuga ao liquido em movimento.

A turbina de bomba tem impulsores de diâmetro menor que os de uma bomba centrifuga e possui
fileiras de numerosas palhetas pequenas. Essas palhetas fazem com que o fluido circule à medida
que ele se desloca da extremidade de sucção para a saída. Especificamente, o fluido entra na
borda de uma lamina do impulsor e é acelerado não apenas tangencialmente na direção de
rotação, mas também radialmente para fora do canal de revestimento por força centrifuga. À
medida que o fluido atinge a parede do revestimento, ele é redirecionado de volta para uma
lamina adjacente onde a energia adicional é transmitida.

2.2.4.2. Bomba de fase unitária e multifásica

Devida a relativa simplicidade de design, as turbinas de bomba são caracterizadas em bombas de


um ou vários estágios. Ambas com seus usos, oque é importante entender é onde e qual deve ser
selecionada, oque em ultima analise se resume em seu principio de funcionamento e a aplicação
em questão.

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A principal diferença entre a bomba de um estágio e a de múltiplos estágios reside nos seus
impulsores e como isso afeta e sua operação. Enquanto que a bomba de estagio único possui
apenas um impulsor girando em torno do eixo, as bombas de múltiplos estágios possuem dois ou
mais impulsores. Essa característica tem varias implicações para o desempenho da bomba,
nomeadamente:

 Capacidades de pressão, os múltiplos impulsores de uma bomba de múltiplos estágios são


todos instalados e girados no mesmo eixo e, essencialmente, atuam como bombas
separadas. Isto significa que, conforme o fluxo progride de um estagio para o próximo, a
altura manométrica aumenta aproximadamente na mesma quantidade, resultando em
capacidades de pressão muito mais elevadas do que um único impulsor é capaz de fazer
sozinho;
 Eficiência, como as bombas de múltiplos impulsores são usados para transmitir energia
ao fluido sendo distribuído, cada impulsor pode ser menor em diâmetro do que seria
sozinho e pode operar em folgas mais estreitas entre o impulsor e a voluta. Essas
tolerâncias menores significam que cada impulsor opera próximo à sua melhor eficiência
hidráulica. O resultado disso é que as bombas de múltiplos estágios conseguem alcançar
um desempenho superior com um motor de tamanho menor e usando menos energia.

Figura 10: Turbina de múltiplos estágios. Figura 11: Bomba de único estagia.

19
2.3. Aspectos de comparação entre as turbinas

2.3.1. Curvas de variação do rendimento em função do caudal e em função da potência


útil.

As figuras c e d mostram a variação do rendimento de algumas turbinas em função do caudal


e potência útil respectivamente e expresso em porção dos mesmos, supondo constante a queda
útil (igual a do ponto óptimo) e a velocidade de rotação. Verifica-se que as turbinas Francis
rápida e a turbinas Hélice são inadequadas para funcionar com potências variáveis. Uma
turbina Kaplan, por ter pás orientáveis, comporta-se como uma infinidade de turbinas hélice
(de pás fixas) e, assim, a respectiva curva de variação do rendimento com o caudal constitui a
envolvente das curvas respeitantes as várias turbinas hélice, pelo que apresenta um patamar
análogo ao da curva duma turbina Pelton.

Figura 12: Curva de variação de rendimento com o caudal (queda útil constante) para diferentes turbinas
(MALACARNE at al, 2013).

20
Figura 13:Curva de variação de rendimento com a potência útil (MALACARNE at al, 2013).

2.3.2. Escolha das turbinas hidráulicas

As turbinas hidráulicas são equipamentos cujos rendimentos dependem das condições de


operação, ou seja, o equipamento terá bom rendimento se operar em condições para as quais foi
projectado. De um modo geral, as turbinas Pelton são mais indicadas para altas quedas e
baixos caudais, as turbinas Kaplan e de Hélice são usadas em baixas quedas e elevados caudais
e as turbinas Francis operam em quedas e caudais médios.

Para Cordeiro (2010) citado por Malacarne at al (2013), para o dimensionamento de uma
turbina hidráulica é imperioso conhecer:

 As características físicas e químicas do fluido de trabalho;


 As características locais, no que se refere ao ambiente e ao local de instalação;
 As características operacionais.

De um modo mais específico deve-se conhecer:

 A queda (H);
 caudal (Q);
 Características do sistema que será accionado.

21
A figura a seguir apresenta o campo de aplicação das turbinas Pelton, Francis, Kaplan e Bulbo

Figura 14: Aplicação dos principais tipos de turbinas( MALACARNE, 2013).

3. Centrais Hidroeléctricas
Uma central hidroeléctrica pode ser definida como um conjunto de obras
(barragem, captação e condutos de adução de água [condutos forçados, trecho final inferior
do conduto forçado, tubo de sucção], casa de máquinas e restituição de água ao leito do rio
canal de fuga) e equipamentos (caixa espiral, pré-distribuidor, anel inferior, distribuidor,
roda da turbina, eixo inferior da roda da turbina, tampa da turbina, servomotores, aro de
operação, cruzeta inferior, bloco de escora, gerador (estator, rotor, enrolamento de
amortecimento, cruzeta superior e eixo superior), cuja finalidade é a geração de energia
eléctrica, utilizando o potencial hidráulico existente num rio, conforme mostra a figura
abaixo.

22
Figura 15: Esquema de uma Central Hidroeléctrica(MALACARNE at al, 2013).

A geração hidroeléctrica está associada à vazão do rio, isto é, à quantidade de água disponível
em um determinado período de tempo e à altura de sua queda. A vazão é calculada dividindose o
volume de água que passa pelas turbinas por unidade de tempo. Quanto maiores são os
volumes de sua queda, maior é seu potencial de aproveitamento na geração de electricidade.
A vazão de um rio depende de suas condições geológicas, como largura, inclinação, tipo de
solo, obstáculos e quedas. A vazão de um rio é determinada, ainda, pela quantidade de chuvas
que o alimentam, o que faz com que sua capacidade de produção de energia varie bastante ao
longo do ano. O potencial hidráulico é proporcionado pela vazão hidráulica e pela
concentração dos desníveis existentes ao longo do curso de um rio. Isso pode acontecer de uma
forma natural, quando o desnível está concentrado numa cachoeira; através de uma
barragem, quando pequenos desníveis são concentrados na altura da barragem; ou através de
desvio do rio de seu leito natural, concentrando-se os pequenos desníveis nesses desvios.

23
3.1. Classificação das centrais hidroeléctricas

Há diversos critérios de se classificar as centrais hidroeléctricas. São considerados os


seguintes:

 Quanto a sua potência:


a. Micro - Centrais – potências menores ou iguais a 100 kW;
b. Mini - Centrais – potências entre 100 kW e 1.000 kW;
c. Pequenas Centrais – potências entre 1 MW e 10 MW;
d. Médias Centrais – potências entre 10 MW e 100 MW;
e. Grandes Centrais – potências maiores do que 100 MW.

 Quanto a sua queda:


a. Centrais de baixíssima queda – alturas menores ou iguais a 10 m;
b. Centrais de baixa queda – alturas entre 10 m e 50 m;
c. Centrais de média queda – alturas entre 50 m e 250 m;
d. Centrais de alta queda – alturas maiores do que 250 m.

 Quanto à forma de captação de água:

Centrais de desvio e em derivação – pode-se dizer que as centrais em desvio, com


quedas médias e altas, são as que apresentam o maior número de componentes. Elas
se caracterizam pelo fato de a parcela principal do desnível utilizado decorrer da
própria declividade do rio. A captação é feita em um ponto de cota bem mais elevada
do que a da restituição, conduzindo-se a água para a central através de condutos, com
superfície livre ou em pressão, que por motivos económicos devem ter o menor
desenvolvimento possível

24
 Quanto à forma de utilização das vazões naturais

Centrais a fio de água – são centrais hidroeléctricas que não dispõem de uma bacia
de acumulação significativa, assim sua produção é inconstante, dependendo das
oscilações da vazão do rio.

Centrais com regularização: diária, semanal, anual e plurianual – estas centrais


possuem grandes reservatórios de água que, além de suprirem as necessidades das
turbinas, podem regularizar a vazão de um rio, fornecer água à irrigação e servir para o
desenvolvimento e criação de peixes.

3.2. Principais partes de uma Central hidroeléctrica

As principais partes de uma central hidroeléctrica são:

 Reservatório;
 Barragem;
 Descarregador de superfície ou vertedouro;
 Descarregador de fundo ou dreno de areia;
 Captação e condutos de adução de água;
 Casa de máquinas;
 Restituição de água ao leito do rio;
 Equipamentos;
 Subestação.

3.2.1. Reservatório

O reservatório é formado por uma represa contendo as águas do rio por meio da construção
de uma barragem.

25
3.2.2. Barragem

Constitui uma obra transversal aos álveos dos rios, bloqueando a passagem da água.
Funcionalmente, destinam-se a:

 Armazenar as águas do rio para permitir sua captação e desvio;


 Elevar o nível das águas, a fim de proporcionar um desnível adequado a um
aproveitamento hidroeléctrico desejado ou ainda condições de navegabilidade ao rio;

3.2.3. Descarregadores de vazões excedentes

Em toda barragem deve haver descarregadores de vazões excedentes decorrentes das cheias
dos rios depois que sua capacidade de armazenamento for completada, evitando assim que a
água transborde em locais impróprios. Os descarregadores são basicamente de dois tipos: de
superfície e de fundo.

3.2.4. Descarregadores de superfície ou vertedouros

Localizam-se na parte superior do corpo da barragem. Basicamente existem dois tipos de


vertedouros: vertedouros de descarga livre, que são os que não possuem comportas capazes
de controlar a vazão vertida, e vertedouros de descarga controlada, que possuem comportas.

Figura 16: Secção transversal de um descarregador de superfície a esquerda e vista frontal a direita.

26
3.2.5. Descarregadores de fundo ou drenos de areia

Situam-se na parte inferior da barragem, sendo o escoamento em pressão. A vazão é


controlada por meio de comportas. Mesmo em barragens com vertedouros pode haver um ou
mais descarregadores de fundo destinados a descarregar, periodicamente, o material
assoreado no pé das mesmas, como mostra a figura:

Figura 17:Descarregador de fundo situado no reservatório de uma barragem.

3.2.6. Captação e condutos de adução de água

Tomada de água é o ponto onde se inicia a condução de água para as turbinas. Pode estar
encorporada à barragem ou pode constituir uma estrutura independente. Pode operar em pressão
ou também com superfície livre, dependendo de se tratar de barragem de reserva ou barragem de
simples captação, respectivamente. Assim, elas podem ser classificadas de
acordo com sua posição em relação ao nível da água no reservatório em dois tipos: tomadas
de água em pequena profundidade e tomadas de água em grande profundidade. As primeiras
são mais expostas ao fluxo de corpos flutuantes, tais como plantas aquáticas, folhas e galhos.
Nas tomadas de água de grande profundidade, a pressão exercida pela água é maior e por isso
as comportas são mais pesadas.

Sua constituição é a seguinte:

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 Grades de protecção

Tem a finalidade de interceptar material carregado pelo rio e que possa danificar ou travar as
turbinas (pedras, galhos, árvores etc.). São constituídas normalmente por painéis de barras de
seção rectangular, cujo espaçamento depende da dimensão mínima do material que se deseja
reter. São limpas através de um dispositivo chamado máquina limpa grades.

 Comportas

As comportas destinam-se a abrir ou fechar a admissão da água nos condutos. Equipadas, em


geral, com sistemas de fechamento rápido para casos de emergência.

Além das comportas, existe, em geral, um sistema de vigas de vedação (comportas de


emergência ou stop-logs, que permitem o fechamento da tomada de água para fins de
manutenção das comportas com o reservatório cheio. Os pórticos rolantes são usados para a
colocação e retirada dos stop-logs dos tubos de sucção).Podem igualmente ser equipadas com
comportas auxiliares para o enchimento dos condutos, proporcionando equilíbrio hidrostático
em ambos os lados das comportas principais, reduzindo os esforços necessários à sua
abertura.

 Tubos de aeração

Nas tomadas de água em pressão, imediatamente a jusante das comportas, deve haver um
tubo ou galeria vertical aberto em sua parte superior para permitir a entrada de ar na
tubulação após um fechamento rápido das comportas, para evitar a formação de depressões
no interior das tubulações de adução que poderiam levar a seu esmagamento.

 Condutos de adução de água

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Destinam-se à condução de água da barragem às turbinas. Podem ser considerados dois
grupos: condutos de baixa pressão e condutos forçados. Uns como os outros podem ser
executados em forma de galerias ou túneis escavados na rocha, solução preferida
actualmente, como também a céu aberto. Os condutos de baixa pressão caracterizam-se por
apresentar, normalmente, baixas declividades e, consequentemente, baixas velocidades de
escoamento, o que permite a dispensa do revestimento. Os condutos forçados são condutos
fechados, em que o escoamento se dá a pressões crescentes de montante para jusante, estando
sua parte inferior submetida à pressão máxima do aproveitamento. Podem ser executados tanto
em galeria como a céu aberto. No primeiro caso, serão sempre revestidos para se reduzir o
coeficiente de atrito causador de perdas dinâmicas. Os condutos a céu aberto são constituídos por
tubulações armadas no terreno. Para médias e altas pressões, empregam-se os tubos de aço
soldados, cinturados ou não.

3.2.7. Casa das máquinas

As casas de máquinas têm a finalidade de alojar as máquinas e os equipamentos,


possibilitando sua montagem, ou eventual desmontagem, e a sua operação e manutenção .

Figura 18:Casa das Maquinas da Hidroeléctrica de Cahora Bassa.

A casa de força pode ser a céu aberto com superestruturas que suportem o teto e as vigas para
os trilhos das pontes rolantes (tipo fechado) ou sem superestruturas e com guindaste-pórtico
em lugar das pontes rolantes (tipo semiaberto), ou subterrâneo, em caverna ou aterrada. Em

29
todos esses casos, as dimensões das salas de máquinas são determinadas pelo tamanho destas
e dos demais equipamentos.

3.2.8. Canal de restituição

Uma vez turbinada, a água deve ser restituída ao leito do rio. Nesse ponto, a energia é
mínima, pois se pressupõe que o máximo foi retirado.A restituição se inicia à saída dos tubos de
sucção (Figura j) nas máquinas a reacção ou à saída das pás nas máquinas a acção. Por isso
mesmo deve estar o mais próximo dos leitos naturais dos rios.

Figura 19: Tubo de sucção.

Quando isso não for possível, canais ou galerias de restituição serão construídos. Quando
estas últimas estiverem associadas a máquinas a reacção, cuja instalação exija que fiquem
abaixo do nível do rio no local da restituição, essa se fará em pressão e, se seu comprimento
for razoável, o fenómeno do golpe de aríete e o das oscilações de massa podem ocorrer
também nessas galerias. Isso exige a instalação de chaminés de equilíbrio a jusante das
turbinas no início da galeria.

3.2.9. Golpe de aríete e chaminé de equilíbrio

Um dos problemas mais sérios associados ao projecto de condutos forçados é o fenómeno do


golpe de aríete. Este é definido como a variação em pressão, acima ou abaixo da pressão

30
normal, causada por súbitas variações na vazão no conduto forçado. Em consequência, as
paredes do conduto forçado devem ser bem reforçadas não apenas próximo à turbina, mas em
toda sua extensão. O fenómeno do golpe de aríete pode causar violentas oscilações de pressão
que podem interferir na operação da turbina.

O regulador de pressão auxilia no controle do golpe de aríete positivo (onda viajando no


sentido distribuidor-reservatório), mas não alivia o golpe de aríete negativo (em sentido
contrário). Para condutos forçados longos, costuma-se utilizar um dispositivo chamado
chaminé de equilíbrio para aliviar tanto o golpe de aríete positivo quanto o negativo. Trata-se
de uma espécie de tanque localizado em um dado ponto do conduto forçado. Para a máxima
eficiência, a chaminé de equilíbrio deveria estar o mais próximo possível da turbina. Porém,
como deve ser suficientemente alta para resistir a golpes de aríete positivos sem transbordar,
ela é geralmente instalada no início da descida mais inclinada do conduto forçado. A chaminé
de equilíbrio deve ser alta o suficiente para evitar que o ar seja sugado para dentro do conduto
forçado.

Figura 20: Conduto forçado e chaminé de equilíbrio.

3.2.10. Equipamentos da Central

Os equipamentos eléctricos de uma central hidroeléctrica (da caixa espiral até o eixo superior
do gerador) aparecem na seguinte ordem ascendente a partir da caixa espiral, como mostrado
na figura 20.

31
Figura 21: Equipamentos em uma central hidroeléctrica.

3.2.11. Subestação

A subestação possui, geralmente, os seguintes equipamentos: transformadores elevadores,


reactores, disjuntores, pára-raios, chaves seccionadores, transformadores de
potencial,transformadores de corrente, relés, medidores, chaves de aterramento e barramentos.

3.3. Operação do Grupo Gerador

A operação de uma central hidroeléctrica compreende: execução de manobras para colocar e


retirar os geradores em paralelo; ligação e desligamento de circuitos eléctricos, hidráulicos e
pneumáticos; operação do grupo gerador-turbina para atender à carga; inspecção de máquinas
e equipamentos; transmissão e recepção de dados e mensagens relativos à operação da

32
central; registro e anormalidades observadas nos equipamentos; operação de disjuntores e chaves
secionadoras da subestação da central e operação de reservatórios através das
comportas. A operação do grupo gerador é feita seguindo a sequência seguinte:

 Abertura de comportas de sucção;


 Normalização do regulador de velocidade;
 Abertura de comportas de adução;
 Normalização do sistema de resfriamento da unidade geradora;
 Normalização do sistema de lubrificação do mancal escora.

Para a partida da unidade geradora, certos procedimentos devem ser executados e dependem
do tipo de regulador de velocidade usado do grupo gerador. De maneira geral, os procedimentos
são os seguintes:

a. Verificar se todos os equipamentos auxiliares do grupo estão devidamente activados


e supridos por suas fontes de alimentação e verificar os disjuntores, controlo e
sinalização.
b. Fazer inspecção visual da não existência de objectos estranhos do gerador.
c. Desbloquear os dispositivos de fechamento rápido do distribuidor da turbina, que o
mantém travado na posição de fechamento.
d. Verificar o circuito de frenagem com relação ao sistema pneumático a ar
comprimido, verificando a pressão normal de trabalho. Em seguida, é realizada a
excitação do grupo gerador, que é feita através do disjuntor de campo do gerador. O
processo de excitação do gerador pode ser feito no modo manual ou automático: no
modo manual, logo após ser fechado o disjuntor de campo do gerador. Um circuito de
corrente contínua vindo dos serviços auxiliares faz o nível de tensão atingir um valor
correspondente ao nível mínimo de excitação. Quando a tensão nos terminais da
máquina estiver acima de 70 %, o disjuntor de excitação inicial é desligado e a
máquina passa a fornecer sua própria corrente de excitação, como mostrado na Figura
m. Então, a partir do valor anterior, o nível de tensão é ajustado ao valor nominal,
através da chave de controlo de tensão do regulador, no modo manual. No modo
automático, após o fechamento do disjuntor de campo, a unidade deverá apresentar o

33
valor de tensão correspondente à referência de tensão do regulador, quando a máquina
estava em operação.

Figura 22: Processo de excitação do gerador.

A última etapa é a sincronização e acoplamento do grupo gerador ao sistema de


potência. Os pré-requisitos necessários ao paralelismo de geradores são: mesma sequência de
fases, mesma frequência e mesma tensão em módulo e ângulo. Nessa etapa, é usado um
sincroscópio, como mostrado na figura 22.

Figura 23: Sincronização do gerador usando sincroscópio.

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Um sincronoscópio é um dispositivo que mostra o instante correto de fechamento do
interruptor de sincronização. O sincronoscópio tem um ponteiro que gira no mostrador. O
ponteiro gira no sentido anti-horário se a máquina estiver funcionando mais devagar ou gira
no sentido horário se a máquina estiver funcionando rapidamente. O interruptor de
sincronização de sincronismo correto é quando o ponteiro estiver na posição vertical.

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4. Conlusão

As turbinas hidráulicas são máquinas que transformam a energia cinética da água em energia
mecânica disponível no seu eixo sob forma de rotação, cujo rendimento depende das condições
de operação, ou seja, o equipamento terá bom rendimento se operar em condições para as quais
foi projectado sendo que para o seu dimensionamento e escolha é imperioso conhecer as
características físicas e químicas do fluido de trabalho, as características do local no que se
refere ao ambiente e ao local de instalação, as condições operacionais e de uma forma mais
específica conhecer a queda (H), o caudal (Q),e as características do sistema que será acionado.
Cada tipo de turbina apresenta um bom desempenho quando é aplicada nas condições para a
qual foi projectada, mas é possível fazer uma comparação entre os diversos tipos de turbina
assumindo como referência um mesmo padrão, a potência da turbina. Com base neste padrão
fazendo a comparação ficou claro que é difícil dizer qual turbina teoricamente é melhor que a
outra, o que se pode referir é que há umas que são mais usuais que as outras porque as suas
condições de aplicação são as mais favoráveis e comuns de se encontrar que as das outras.

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5. Bíbliografia

1- JÚNIOR, Ricardo Luiz Soares. Projecto conceitual de Uma Turbina Hidráulica. Rio de
Janeiro: S/ed; 2013.
2- QUINTELA, António de Carvalho. Hidráulica. 11.a Edição. Lisboa: FUNDAÇÃO
CALOUSTE GULBENKIAN, 2009.

3- Cardoso, G. O. (2016). Caracterização meteorológica de modelo de turbina Pelton para


laboratório didático. Minas Ferais: S.Ed.

4- Goncalves, B. H. (2007). Estudo comparativo da resistência a erosão por cavitação do


metal de solda por um arame tubular. Minas Gerais: S.Ed.

5- Cardoso, G. O. (2016). Caracterização meteorológica de modelo de turbina Pelton para


laboratório didático. Minas Ferais: S.Ed.

6- MACINTYRE, A. J., Máquinas Motrizes Hidráulicas. Rio de Janeiro, Guanabara Dois,


1983.

7- Marchegiani, A. (2001). Trabalho para a Universidade Nacional del Comahue. Buenos


Aires: S.Ed.

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