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INSTITUTO SUPERIOR POLITÉCNICO DE NACALA PORTO

DEPARTAMENTO DE ELECTRICIDADE
ENGENHARIA ELÉCTRICA
3º ANO
II Grupo

MÁQUINAS ELÉCTRICAS I

MÁQUINAS ASSÍNCRONAS

DISCENTES: DOCENTE:
Gamito Basílio Erik Silvestre
Irene Cremildo Mundlovo
Isac Nenita António
Jackson Domingos Chipande

Nacala-Porto, Março de 2023


INSTITUTO SUPERIOR POLITÉCNICO DE NACALA PORTO
DEPARTAMENTO DE ELECTRICIDADE
ENGENHARIA ELÉCTRICA
3º ANO
II Grupo

MÁQUINAS ELÉCTRICAS I

MÁQUINAS ASSÍNCRONAS

DISCENTES: Trabalho de investigação elaborado por


Gamito Basílio estudantes do 3º Ano de Engenharia Eléctrica,
Irene Cremildo Mundlovo apresentado ao Departamento de Engenharia

Isac Nenita António Eléctrica do Instituto Superior Politécnico de


Nacala-Porto, para complementar o sistema
Jackson Domingos Chipande
avaliativo da cadeira de Máquinas Eléctricas I.

Nacala-Porto, Março de 2023


MÁQUINAS ASSÍNCRONAS

RESUMO
A máquina assíncrona é a máquina eléctrica mais utilizada como motor, sendo
amplamente utilizada em diversas aplicações industriais e no transporte ferroviário,
por exemplo. No entanto, esta máquina também tem grande uso como gerador em
centrais de energia eléctrica, principalmente nas renováveis. Essas máquinas são
denominadas máquinas de indução porque a tensão do rotor (que produz a corrente
do rotor e o campo magnético do rotor) é induzida nos enrolamentos do rotor em
vez de ser fornecida por meio de uma conexão física de fios. Embora seja possível
usar uma máquina de indução como motor ou como gerador, ela apresenta muitas
desvantagens como gerador e, por isso, ela é usada como gerador somente em
aplicações especiais. Por essa razão, as máquinas de indução são usualmente
referidas como motores de indução. São amplamente utilizadas como motor por
manterem uma curva estável de velocidade em relação a diferentes cargas.

Palavras-chaves: motor, gerador, sincronismo, operação.

I
MÁQUINAS ASSÍNCRONAS

Índice

RESUMO .................................................................................................................... I

1. INTRODUÇÃO..................................................................................................... 1

1.1. Objectivos......................................................................................................... 1

1.1.1. Objectivo geral .............................................................................................. 1

1.1.2. Objectivos específicos .................................................................................. 1

1.2. Metodologia ...................................................................................................... 2

2. MÁQUINAS ASSÍNCRONAS............................................................................... 3

2.1. Construção do motor de indução ..................................................................... 3

2.2. Princípio de funcionamento .............................................................................. 5

2.3. Conceitos básicos do motor de indução ........................................................... 7

2.3.1. A obtenção de torque induzido em um motor de indução ............................. 7

2.3.2. Escorregamento do rotor .............................................................................. 9

2.3.3. A frequência eléctrica no rotor .................................................................... 10

2.4. Circuito equivalente ........................................................................................ 10

2.5. Potência e torque em motores de indução ..................................................... 12

2.5.1. Perdas e diagrama de fluxo de potência ..................................................... 12

2.6. Ensaios em vazio e com rotor bloqueado....................................................... 14

2.7. Arranque e variação da velocidade ................................................................ 18

2.8. Características de torque/conjugado versus velocidade do motor de indução19

2.9. Torque/conjugado máximo ............................................................................. 22

2.10. Especificações nominais do motor de indução ........................................... 23

2.11. Modo de operação das máquinas assíncronas ........................................... 24

3. CONCLUSÃO .................................................................................................... 26

4. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ....................................................................... 27


MÁQUINAS ASSÍNCRONAS

1. INTRODUÇÃO
Desde muito o homem tem criando mecanismos para que aplique menos força nas
suas actividades, neste processo de ideias foram criados diferentes tipos de
máquinas eleúricas. Dentre as máquinas eléctricas criadas encontram-se as
máquinas assíncronas, conhecidas também por máquina de indução. O seu
principal campo de aplicação, das máquinas assíncronas é o accionamento, isto é,
ela opera sempre como motor, apesar de electricamente ser possível a máquina de
indução funcionar como gerador, são raros os exemplos neste campo de aplicação.

Neste trabalho, com o desenvolvimento de circuitos equivalentes monofásicos, cuja


estrutura genérica é semelhança da um transformador. Esses circuitos equivalentes
são usados para estudar as características electromecânicas da máquina de
indução. Ao longo do seu desenvolvimento apresenta-se subtemas como
construção das máquinas de indução, princípio de funcionamento, métodos de
partida e aplicação das máquinas de indução entre outros, organizados de forma a
proporcionar, gradualmente, conhecimento mais sólido e prático, sobre estas
máquinas.

1.1. Objectivos
1.1.1. Objectivo geral
Abordar sobre máquinas assíncronas.

1.1.2. Objectivos específicos


• Compreender o conceito de escorregamento de rotor e sua relação com a
frequência do rotor.
• Compreender e saber usar o circuito equivalente de uma máquina
assíncrona.
• Compreender os fluxos de potência e o diagrama de fluxo de potência de
uma máquina assíncrona.
• Ser capaz de usar a equação da curva característica de conjugado versus
velocidade.
• Compreender como a curva característica de conjugado versus velocidade
varia com as diversas classes de rotor.
• Compreender as técnicas usadas para a partida dos motores de indução.

1
MÁQUINAS ASSÍNCRONAS

• Compreender como a velocidade dos motores de indução pode ser


controlada.
• Compreender como medir os parâmetros do modelo de circuito do motor de
indução.
• Compreender como a máquina de indução é usada como gerador e outras
operações.
• Compreender as especificações nominais do motor de indução.

1.2. Metodologia
A elaboração do presente trabalho foi baseada em pesquisas científico-didácticas
com base em livros, artigos electrónicos, bem como materiais digitais.

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MÁQUINAS ASSÍNCRONAS

2. MÁQUINAS ASSÍNCRONAS
As máquinas assíncronas são máquinas rotativas que funcionam a partir da
diferença entre a velocidade do campo induzido e do indutor. Essas máquinas são
denominadas máquinas de indução porque a tensão do rotor (que produz a corrente
do rotor e o campo magnético do rotor) é induzida nos enrolamentos do rotor em
vez de ser fornecida por meio de uma conexão física de fios.

Embora seja possível usar uma máquina de indução como motor ou como gerador,
ela apresenta muitas desvantagens como gerador e, por isso, ela é usada como
gerador somente em aplicações especiais. Por essa razão, as máquinas de indução
são usualmente referidas como motores de indução.

2.1. Construção do motor de indução


A máquina de indução é basicamente constituída por:

A carcaça – feita de ferro fundido, sendo dotada de aletas que melhoram a


dissipação de calor, e serve de suporte mecânico para o estator, rotor e terminais
dos enrolamentos.

O estator – a parte fixa da máquina, colocado no interior da carcaça, é formado por


um núcleo de chapas de ferro-silício laminado magnéticas com ranhuras
uniformemente espaçadas onde estão alojados os condutores do estator podem ser
monofásicos ou polifásicos (trifásicos, mais usualmente). Em máquinas normais,
esta parte é fixa, podendo ser livre para girar em algumas máquinas especiais.

O rotor – igualmente composto de um núcleo de chapas de ferro-silício


magnéticas, dotadas de ranhuras axiais onde o enrolamento do rotor é alojado, fixas
a um veio de aço que roda no interior de rolamentos fixos às tampas. Há dois tipos
diferentes de rotores de motor de indução, que podem ser colocados no interior do
estator. Um deles é denominado rotor gaiola de esquilo e o outro é denominado
rotor bobinado. No veio é instalada uma ventoinha (turbina) para ventilação
forçada da máquina.

Rotor em curto-circuito (ou rotor em gaiola de esquilo) - que é formado por


barras de alumínio unidas por anéis em ambas as extremidades. Este enrolamento
forma uma espécie de gaiola de esquilo que não é acessível do exterior. Os anéis
nas extremidades garantem a rigidez mecânica do conjunto e possuem

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MÁQUINAS ASSÍNCRONAS

normalmente aletas para ventilação forçada. A forma das barras de alumínio tem
influência sobre as características de binário.

Rotor bobinado, constituído por enrolamentos de fio de cobre isolado semelhantes


aos do estator. Os seus terminais são ligados a anéis colectores e escovas, sendo
acessíveis do exterior. Através dos anéis e escovas, podem-se ligar resistências
variáveis externas para regularem a corrente no rotor, principalmente na fase de
arranque do motor. Em funcionamento normal as resistências são curto-circuitadas
e a máquina funciona com o rotor em curto-circuito.

Os motores de rotor bobinado são mais caros, necessitam de maior manutenção e


são menos robustos. Todavia, permitem controlar as correntes do rotor e as
características de binário e de velocidade da máquina. Eles exigem muito mais
manutenção devido ao desgaste associado a suas escovas e anéis deslizantes.
Como resultado, os motores de indução de enrolamento bobinado raramente são
usados.

Figura 1: Constituição de máquinas de indução


Fonte: CHAPMAN, 2000

O motor de indução monofásico é o motor mais utilizado nas aplicações domésticas


(frigoríficos, máquinas de lavar, bombas). Nos motores de indução monofásicos o
arranque pode ser realizado através de um enrolamento auxiliar de uso intermitente,
por um enrolamento auxiliar associado em série com um condensador, ou por um
enrolamento sombra. A Figura 2 representa um motor monofásico com condensador
de arranque em série com um enrolamento auxiliar comandado por um interruptor
centrífugo. Os dois enrolamentos são percorridos por correntes desfasadas (cerca
de 75º) que criam um bom binário de arranque. Quando o motor atinge a velocidade
nominal, o enrolamento auxiliar é desligado (pelo interruptor). Note-se que o

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MÁQUINAS ASSÍNCRONAS

condensador é normalmente de tipo electrolítico e que não suporta correntes


alternadas durante muito tempo.

Figura 2: Motor monofásico com condensador.


Fonte: SILVA, 2007.

2.2. Princípio de funcionamento


As máquinas assíncronas podem funcionar como motor ou como gerador,
geralmente são utlizados como motor, e é este modo de funcionamento que será
explicado, neste trabalho. Na Figura 3, um estator de uma máquina assíncrona, com
seis ranhuras uniformemente espaçadas, onde estão alojadas 3 bobinas com o
mesmo número de espiras, conectadas em ligação estrela. O rotor, nesta etapa do
estudo, pode ser suposto como sendo um cilindro ferromagnético laminado
desprovido de qualquer enrolamento. Suponhamos que as bobinas deste
enrolamento sejam percorridas por correntes trifásicas equilibradas, isto é, correntes
que tenham as mesmas amplitudes e defasadas de 120º uma da outra. Este
enrolamento, quando percorrido por estas correntes, produz uma distribuição de
campo magnético (aproximadamente) senoidal no entreferro. Esta distribuição de
campo gira ao redor do estator com uma rotação denominada de rotação síncrona
(𝑛sinc ). A distribuição de campo magnético, no instante (t=0) em que a corrente pela
fase A é máxima, está mostrada na Figura 4, note-se que nos instantes seguintes
esta mesma distribuição de campo se repete em posições diferentes do estator.
Suponhamos agora que um enrolamento trifásico, semelhante ao do estator, seja
alojado nas ranhuras da superfície do rotor, como mostra a Figura 5.

Suponhamos que os terminais do rotor estejam em aberto e que o rotor esteja


parado alimentando-se o enrolamento do estator com correntes trifásicas, o campo
magnético produzido pelo estator será “visto” pelos condutores do rotor como um

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MÁQUINAS ASSÍNCRONAS

campo magnético rotativo girando a uma velocidade igual à rotação síncrona. Por
esta razão, um condutor do rotor observa um máximo da onda de campo magnético
passando por ele em uma frequência idêntica à do estator, provocando o
aparecimento de uma tensão induzida na mesma frequência do estator.

Figura 3: Secção transversal de uma maquia assíncrona.

Suponhamos agora que os terminais do rotor sejam colocados em curto-circuito.


Neste instante, correntes induzidas trifásicas aparecem no rotor. Face as diferenças
construtivas existentes entre os dois enrolamentos (materiais, número de espiras,
etc), as correntes do rotor estarão defasadas (no tempo, e por conseguinte, também
no espaço - de um ângulo) das correntes do estator, como é indicado na Figura 6.

Figura 4: Distribuição de campo magnético.

Na Figura 7 mostra a distribuição de correntes no estator e no rotor de uma máquina


assíncrona com o rotor em curto-circuito. Nesta condição, a máquina assíncrona
pode ser analisada como constituída de duas bobinas (rotativas) cujos eixos
magnéticos estão desalinhados de um ângulo α.

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MÁQUINAS ASSÍNCRONAS

Figura 5: Corte do motor mostrando Figura 6: Enrolamentos do estator e rotor.


de modo esquemáticos os
enrolamentos do estator e rotor.

Figura 7: Esquerda: distribuição de correntes no estator e rotor (correntes induzidas).


Direita: representação na forma de bobinas equivalentes deslocadas de ângulo α.

Pelo princípio do conjugado de mútua indutância, é desenvolvido um conjugado


entre essas bobinas no sentido do alinhamento entre elas, de modo que o rotor
começa a girar no sentido do campo girante. Desta forma, a máquina assíncrona se
comporta como motor com conjugado de partida diferente de zero. Este conjugado
de partida actua no sentido de levar o rotor a girar no mesmo sentido do campo
girante estabelecido pelo estator.

2.3. Conceitos básicos do motor de indução


2.3.1. A obtenção de torque induzido em um motor de indução
A Figura 8 mostra um motor de indução de rotor do tipo gaiola de esquilo. Um
conjunto trifásico de tensões foi aplicado ao estator resultando em um conjunto
trifásico de correntes circulando no estator. Essas correntes produzem um campo
magnético BS, que está girando em sentido anti-horário. A velocidade de rotação do
campo magnético é dada por

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MÁQUINAS ASSÍNCRONAS

120𝑓𝑠𝑒 𝑓𝑠𝑒
𝑛sinc = = (𝑒𝑞. 1)
𝑃 𝑝

Onde: 𝑓𝑠𝑒 é a frequência do sistema aplicada ao estator em hertz, p é o número de


pares de polo do enrolamento e P é o número de polos da máquina. Esse campo
magnético girante 𝐁𝑆 passa pelas barras do rotor e induz uma tensão nelas.

A tensão induzida em uma dada barra do rotor é dada pela equação

𝑒ind = (𝐯 × 𝐁) ∗ 𝐥 (𝑒𝑞. 2)

Onde: v – velocidade da barra em relação ao campo magnético; B – vector


densidade de fluxo magnético e l – comprimento do condutor dentro do campo
magnético.

É o movimento relativo do rotor em relação ao campo magnético do estator que


produz uma tensão induzida em uma barra do rotor. A velocidade das barras
superiores do rotor em relação ao campo magnético é para a direita, desse modo, a
tensão induzida nas barras superiores é para fora da página, ao passo que a tensão
induzida nas barras inferiores é para dentro da página. Isso resulta em um fluxo de
corrente para fora das barras superiores e para dentro das barras inferiores.
Entretanto, como a estrutura do rotor é indutiva, a corrente de pico do rotor está
atrasada em relação à tensão de pico do rotor (Figura 8b). O fluxo de corrente do
rotor produz um campo magnético de rotor 𝐁𝑅 . Finalmente, como o torque induzido
na máquina é dado por:

𝜏ind = 𝒌𝐁𝑅 × 𝐁𝑆 (𝑒𝑞. 3)

o torque resultante é anti-horário. Como o torque induzido do rotor é anti-horário, o


rotor acelera nesse sentido.

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MÁQUINAS ASSÍNCRONAS

Figura 8: A produção de torque induzido em um motor de indução. (a) O campo girante de estator 𝑩𝑆 induz uma
tensão nas barras do rotor; (b) a tensão no rotor produz um fluxo de corrente no rotor, que está atrasado em
relação à tensão devido à indutância do rotor; (c) a corrente do rotor produz um campo magnético girante 𝑩𝑅
que está atrasado 90° em relação a ela própria. O campo 𝑩𝑅 interage com 𝑩𝑙í𝑞 produzindo um torque anti-
horário na máquina.
Fonte: CHAPMAN, 2000.

Há um limite superior finito para a velocidade do motor. Se o rotor do motor de


indução estivesse girando na velocidade síncrona, as barras do rotor estariam
estacionárias em relação ao campo magnético e não haveria tensão induzida.

2.3.2. Escorregamento do rotor


Dois termos são comumente utilizados para definir o movimento relativo do rotor e
dos campos magnéticos. Um é a velocidade de escorregamento, definida como a
diferença entre a velocidade síncrona e a velocidade do rotor, é expressa por:
𝑛𝑒𝑠𝑐 = 𝑛𝐬𝐢𝐧𝐜 − 𝑛𝑚 (𝑒𝑞. 4)

Onde: 𝑛𝑒𝑠𝑐 – velocidade de escorregamento; 𝑛sinc – velocidade dos campos


magnéticos e 𝑛𝑚 – velocidade mecânica do eixo do motor.

O outro termo usado para descrever o movimento relativo é o escorregamento, que


é a velocidade relativa expressa em uma base por unidade ou percentagem. Isto é,
o escorregamento é definido como:
𝑛𝑒𝑠𝑐 𝑛𝐬𝐢𝐧𝐜 − 𝑛𝑚
𝑠= 100% = 100% (𝑒𝑞. 5)
𝑛𝐬𝐢𝐧𝐜 𝑛𝐬𝐢𝐧𝐜

A velocidade do rotor em rpm pode ser expressa em termos do escorregamento s e


da velocidade síncrona como
𝑛𝑚 = (1 − 𝑠)𝑛sinc (𝑒𝑞. 6)

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MÁQUINAS ASSÍNCRONAS

De modo semelhante, a velocidade angular mecânica pode ser expressa em termos


da velocidade síncrona angular e do escorregamento através da expressão
seguinte:
𝜔𝑚 = (1 − 𝑠)𝜔sinc (𝑒𝑞. 7)

2.3.3. A frequência eléctrica no rotor


Se o rotor de um motor for bloqueado ou travado de modo que ele não possa se
mover, o rotor terá a mesma frequência do estator. Por outro lado, se o rotor girar na
velocidade síncrona, então a frequência do rotor será zero. Qual será a frequência
do rotor para uma velocidade qualquer de rotação do rotor?

Para 𝑛𝑚 = 0 rpm, a frequência do rotor é 𝑓𝑟𝑒 = 𝑓𝑠𝑒 e o escorregamento é s = 1.

Para 𝑛𝑚 = 𝑛sinc , a frequência do rotor é 𝑓𝑟𝑒 = 0 𝐻𝑧 e o escorregamento é s = 0. Para


qualquer velocidade intermediária, a frequência do rotor é directamente proporcional
à diferença entre a velocidade do campo magnético 𝑛sinc e a velocidade do rotor 𝑛m .
Assim, permite que a frequência do rotor seja expressa como:
𝑛𝐬𝐢𝐧𝐜 − 𝑛𝑚 𝑃
𝑓𝑟𝑒 = 𝑠𝑓𝑠𝑒 = 𝑓𝑠𝑒 100% = (𝑛𝐬𝐢𝐧𝐜 − 𝑛𝑚 ) (𝑒𝑞. 8)
𝑛𝐬𝐢𝐧𝐜 120

2.4. Circuito equivalente


A troca de energia entre o estator e o rotor de uma máquina assíncrona realiza-se
através do entreferro. O campo magnético girante criado no estator induz um campo
girante no rotor que se opõe ao primeiro. Esta situação é em tudo semelhante ao
que acontece num transformador.

Primeiro, considera-se as condições no estator. A tensão de terminal do estator


difere da FCEM (força contra-electromotriz) pela queda de tensão na impedância de
dispersão do estator 𝑍1 = 𝑅1 + 𝐽𝑋1 . Assim,

𝑉̂1 = 𝐸̂2 + 𝐼̂1 (𝑅1 + 𝐽𝑋1 ) (𝑒𝑞. 9)

Onde: 𝑉̂1 – tensão de fase do terminal do estator; 𝐸̂2 – FCEM (de fase) gerada pelo
fluxo de entreferro resultante; 𝐼̂1 – corrente do estator; 𝑅1 – resistência efectiva do
estator; 𝑋1 – reactância de dispersão do estator.

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MÁQUINAS ASSÍNCRONAS

Figura 9: Circuito equivalente do estator de um motor de indução polifásico.


Fonte: FITZGERALD ,2014

Do ponto de vista do circuito equivalente do estator da Figura 4, o rotor pode ser


representado por uma impedância equivalente 𝑍2 :
𝐸̂2
𝑍2 = (𝑒𝑞. 10)
𝐼̂2

A expressão que fornece a relação entre a impedância de dispersão 𝑍2𝑠 do rotor


equivalente, na frequência de escorregamento, e a impedância de dispersão 𝑍𝑟𝑜𝑡𝑜𝑟
na frequência de escorregamento, do rotor real deve ser:
𝐸̂2𝑠 2
𝐸̂𝑟𝑜𝑡𝑜𝑟 2
𝑍2𝑠 = = 𝑁𝑒𝑓 = 𝑁𝑒𝑓 𝑍𝑟𝑜𝑡𝑜𝑟 (𝑒𝑞. 11)
𝐼̂2𝑠 𝐼̂𝑟𝑜𝑡𝑜𝑟

Onde: 𝑁𝑒𝑓 é relação de espiras efectiva entre o enrolamento do estator e o


enrolamento do rotor real. Aqui, o índice 𝟐𝒔 refere-se às grandezas associadas ao
rotor referido. Assim, 𝐸̂2𝑠 é a tensão induzida pelo fluxo de entreferro resultante no
rotor equivalente e 𝐼̂2𝑠 é a respectiva corrente induzida. Considera-se primeiro a
impedância de dispersão do rotor referido, na frequência de escorregamento.
𝐸̂2𝑠
𝑍2𝑠 = = 𝑅2 + 𝐽𝑠𝑋2 (𝑒𝑞. 12)
𝐼̂2𝑠

𝑅2 - resistência do rotor referido.

𝑠𝑋2 – reactância de dispersão do rotor referido, na frequência de escorregamento O


circuito equivalente de uma fase do rotor referido, na frequência de escorregamento,
está na Figura a seguir onde (𝐼2𝑠 = 𝐼2 ).

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MÁQUINAS ASSÍNCRONAS

Figura 10: Circuito equivalente de um rotor de motor de indução polifásico na frequência de escorregamento.
Fonte: FITZGERALD ,2014

𝑍2 é a impedância de rotor equivalente estacionário que aparece nos terminais de


carga do circuito equivalente do estator mostrado na Figura 11.
𝐸̂2 𝑅2
𝑍2 = = + 𝐽𝑋2 (𝑒𝑞. 13)
𝐼̂2 𝑠

Figura 11: Circuito equivalente monofásico de um motor de indução polifásico.


Fonte: FITZGERALD ,2014

2.5. Potência e torque em motores de indução


2.5.1. Perdas e diagrama de fluxo de potência
Em um motor de indução comum, os enrolamentos do secundário (rotor) estão em
curto-circuito, de modo que não há saída eléctrica. Em vez disso, a saída é
mecânica. A relação entre a potência eléctrica de entreferro e a potência mecânica
de saída desse motor está mostrada no diagrama de fluxo de potência da Figura 12.

A potência de entrada de um motor de indução Pentrada é na forma de tensões e


correntes trifásicas. As primeiras perdas encontradas na máquina são perdas 𝐼2 R
nos enrolamentos do estator (as perdas no cobre do estator PPCE). Então, certa
quantidade de potência é perdida como histerese e corrente parasita no estator
(Pnúcleo). A potência restante nesse ponto é transferida ao rotor da máquina através
do entreferro entre o estator e o rotor. Essa potência é denominada potência de

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MÁQUINAS ASSÍNCRONAS

entreferro (PEF) da máquina. Após a potência ser transferida ao rotor, uma parte dela
é perdida como perdas 𝐼2 R (as perdas no cobre do rotor PPCR) e o restante é
convertido da forma eléctrica para a forma mecânica (Pconv). Finalmente, as perdas
por atrito e ventilação PAeV e as perdas suplementares Psuplem. são subtraídas. A
potência restante é a saída do motor Psaída.

Figura 12: O diagrama do fluxo de potência de um motor de indução.


Fonte: CHAPMAN, 2000

As perdas por atrito, ventilação e suplementares algumas vezes são combinadas


e denominadas perdas rotacionais. As perdas rotacionais totais de um motor são
frequentemente consideradas constantes com a velocidade variável, porque as
diversas perdas variam em sentidos opostos com mudança de velocidade.

Figura 13: O circuito equivalente por fase, com as perdas do rotor e a P núcleo separadas.
Fonte: CHAPMAN, 2000

Portanto, as perdas no cobre do estator, as perdas no núcleo e as perdas no cobre


do rotor podem ser obtidas. As perdas no cobre do estator nas três fases são dadas
por
𝑃PCE = 3𝐼12 𝑅1 (𝑒𝑞. 13)

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MÁQUINAS ASSÍNCRONAS

As perdas no núcleo são dadas por

𝑃núcleo = 3𝐸12 𝐺𝐶 (𝑒𝑞. 14)

de modo que a potência de entreferro pode ser encontrada como

𝑅2
𝑃EF = 𝑃entrada − 𝑃PCE − 𝑃núcleo = 3𝐼22 (𝑒𝑞. 15)
𝑠

As perdas resistivas reais do circuito do rotor são dadas pela equação

𝑃PCR = 3𝐼𝑅2 𝑅𝑅 = 3𝐼22 𝑅2 (𝑒𝑞. 16)

Depois que as perdas no cobre do estator, no núcleo e no cobre do rotor são


subtraídas da potência de entrada do motor, a potência restante é convertida da
forma eléctrica para a mecânica. Essa potência convertida, algumas vezes
denominada potência mecânica desenvolvida, é dada por

1−𝑠
𝑃conv = 𝑃EF − 𝑃PCR = 3𝐼22 𝑅2 ( ) (𝑒𝑞. 17)
𝑠

Finalmente, se as perdas por atrito e ventilação e as perdas suplementares forem


conhecidas, a potência de saída poderá ser obtida por

𝑃saída = 𝑃conv − 𝑃AeV − 𝑃suplem. (𝑒𝑞. 18)

O torque induzido 𝜏𝑖𝑛𝑑 de uma máquina foi definido como o torque gerado pela
conversão interna de potência eléctrica em mecânica. Esse torque difere do torque
realmente disponível nos terminais do motor em um valor igual aos torques de atrito
e ventilação da máquina. O torque induzido é dado pela equação:
𝑃conv
𝜏ind = (𝑒𝑞. 19)
𝜔m

Esse torque é também denominado torque desenvolvido da máquina.

2.6. Ensaios em vazio e com rotor bloqueado


Os parâmetros de circuito equivalente, necessários para o cálculo do desempenho
de um motor de indução polifásico submetido a uma carga, podem ser obtidos dos
resultados de um ensaio a vazio, de um ensaio de rotor bloqueado e das medidas
das resistências CC dos enrolamentos do estator.

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MÁQUINAS ASSÍNCRONAS

a) Ensaio em vazio (s≈0)


Com este ensaio pretende-se determinar: a resistência equivalente às perdas no
ferro e reactância de magnetização. O motor roda em vazio (s≈0) alimentado à
tensão nominal. Porque a corrente no estator é pequena, as perdas no cobre são
desprezáveis porque a corrente I2 é extremamente pequena [devido à elevada
resistência de carga R2(1 – s)/s, e a potência em vazio equilibra praticamente as
perdas do ferro. Estas perdas variam com a tensão de entrada, mas permanecem
praticamente constantes com a tensão constante. Nesse motor em condições a
vazio, a potência de entrada medida pelos instrumentos deve ser igual às perdas do
motor. A potência de entrada deve ser igual a:

𝑃entrada = 𝑃PCE + 𝑃núcleo + 𝑃AeV + 𝑃diversas = 𝑃PCE + 𝑃rot = 3𝐼12 𝑅1 + 𝑃rot (𝑒𝑞. 20)

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MÁQUINAS ASSÍNCRONAS

Figura 14: O ensaio a vazio de um motor de indução: (a) circuito de teste; (b) circuito equivalente resultante do
motor. Observe que, a vazio, a impedância do motor é basicamente a combinação em série de R 1, X1 e XM.
Fonte: CHAPMAN, 2000

A impedância de entrada equivalente é aproximadamente

𝑉∅
|𝑍eq | = ≈ 𝑋1 + 𝑋M (𝑒𝑞. 21)
𝐼1,VZ

Considerando que toda a corrente flua pelo ramo central, pode-se determinar 𝑋𝑀 e
𝑅𝑀 pelas equações a seguir:

𝑉∅2
𝑅M ≈ (𝑒𝑞. 22)
𝑃o

𝑉∅2
𝑋M ≈ (𝑒𝑞. 23)
𝑄o

Onde: 𝑃o é a potência em vazio activa e a 𝑄o é a potência em vazio reactiva.

Para essas condições de ensaio podemos considerar que 𝑅M inclui todas as perdas
no ferro e mecânicas (atrito e ventilação) e 𝑋M todo efeito de magnetização.

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MÁQUINAS ASSÍNCRONAS

b) Ensaio com o rotor bloqueado (curto-circuito, s=1)


Este ensaio é semelhante ao ensaio de curto-circuito do transformador porque com
o rotor bloqueado o escorregamento é s=1 e a resistência de carga do circuito
equivalente é zero. Deste modo, com o veio do motor bloqueado, o motor tem que
ser alimentado com uma tensão reduzida. Pode-se usar um autotransformador
(trifásico), cuja tensão é aumentada progressivamente, a partir de zero, até que a
corrente nos enrolamentos do estator atinja o valor nominal, 𝐼1 = 𝐼N . Nesta situação,
registam rapidamente os valores das grandezas à entrada tais como o valor eficaz
da tensão, o valor eficaz da corrente, a potência activa e o factor de potência.

Figura 15: O ensaio de rotor bloqueado para um motor de indução: (a) circuito de teste; (b) circuito equivalente
do motor.
Fonte: CHAPMAN, 2000.

Em decorrência da baixa tensão, as perdas no ferro e a magnetização são


desprezíveis e não existem perdas rotacionais (motor bloqueado).

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MÁQUINAS ASSÍNCRONAS

A potência de entrada do motor é dada por:

𝑃 = √3𝑉𝑇 𝐼𝐿 cos 𝜃 (𝑒𝑞. 24)

A reactância de dispersão global (X) e a resistência ôhmica global (R) são


determinadas por:

𝑃cc
𝑅1 ≈ 𝑅 = (𝑒𝑞. 25)
𝐼12

𝑃cc
𝑋1 ≈ 𝑋 = (𝑒𝑞. 26)
𝐼12

2.7. Arranque e variação da velocidade


O arranque e a variação da velocidade dos motores de indução com o rotor em
curto-circuito pode ser feita a partir da variação da amplitude da tensão de
alimentação, da frequência da tensão de alimentação, ou ambos os casos, ou por
comutação dos pólos. Alguns dos métodos mais usuais são:
• Variação do número de pólos (do estator): neste método, os enrolamentos
do estator são projectados para que, alterando as ligações, se possa alterar o
número de pólos. Normalmente a relação do número de pólos é 2:1 ou 4:1.
• Variação da frequência: a velocidade de sincronismo é proporcional à
frequência da tensão de alimentação. Com a utilização de conversores
electrónicos é possível variar a amplitude da tensão e a sua frequência.
• Variação da tensão de alimentação: a variação da tensão de alimentação
poderá ser feita por um autotransformador ou por um conversor electrónico
de potência. Como o binário mecânico é proporcional ao quadrado da tensão
aplicada, ao variar-se o valor eficaz da tensão varia-se o binário mecânico
útil.
• Resistências rotóricas: como se referiu, o arranque de um motor com rotor
bobinado por ser realizado através da variação sequencial das resistências
rotóricas.

Os modernos arrancadores electrónicos são programáveis e permitem o ajuste


simultâneo da amplitude da tensão e da frequência de forma a manter o binário de
arranque num intervalo previamente definido. Em termos convencionais, ainda se

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MÁQUINAS ASSÍNCRONAS

utiliza frequentemente a comutação estrela-triângulo para arrancar os motores de


rotor em gaiola.

2.8. Características de torque/conjugado versus velocidade do motor de


indução
A curva característica do torque/conjugado versus velocidade de um motor de
indução, Figuras 17 e 18, fornece diversas peças importantes de informação sobre o
funcionamento dos motores de indução. Essa informação pode ser resumida como
segue:

Figura 16: Uma curva característica de conjugado versus velocidade de um motor de indução típico.
Fonte: CHAPMAN, 2000

1. O conjugado induzido do motor é zero na velocidade síncrona.


2. A curva de conjugado versus velocidade é aproximadamente linear entre
carga a vazio e plena carga. Nessa faixa, a resistência do rotor é muito maior
do que sua reactância. Desse modo, a corrente do rotor, o campo magnético
do rotor e o conjugado induzido aumentam linearmente com o
escorregamento crescente.
3. Há um conjugado máximo possível que não pode ser excedido. Esse
conjugado, denominado conjugado máximo, é 2 a 3 vezes o conjugado

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MÁQUINAS ASSÍNCRONAS

nominal de plena carga do motor. A próxima seção deste capítulo contém um


método de cálculo do conjugado máximo.
4. O conjugado de partida do motor é ligeiramente superior a seu conjugado de
plena carga, de modo que esse motor colocará em movimento qualquer
carga que ele puder accionar a plena potência.

Figura 17: Uma curva característica de conjugado versus velocidade de um motor de indução, mostrando as
faixas estendidas de operação (região de frenagem e região como gerador).
Fonte: CHAPMAN, 2000

5. Observe que o conjugado do motor para um dado escorregamento varia com


o quadrado da tensão aplicada. Esse fato é útil em uma das formas de
controle de velocidade dos motores de indução, que será descrita mais
adiante.
6. Se o rotor do motor de indução for accionado mais rapidamente do que a
velocidade síncrona, então o sentido do conjugado induzido inverte-se e a
máquina torna-se um gerador, convertendo potência mecânica em eléctrica.
O uso das máquinas de indução como geradores será descrito
posteriormente.
7. Se o motor estiver girando para trás em relação ao sentido dos campos
magnéticos, então o conjugado induzido na máquina freará a máquina muito
rapidamente e tentará fazer com que ela gire no sentido oposto. Como a
inversão do sentido de rotação do campo magnético é simplesmente uma

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MÁQUINAS ASSÍNCRONAS

questão de chaveamento de duas fases quaisquer do estator, esse fato pode


ser usado para frear muito rapidamente um motor de indução. O acto de
permutar duas fases por chaveamento, para frear o motor muito rapidamente,
é denominado frenagem por inversão de fases.

A potência convertida para a forma mecânica em um motor de indução é igual a


𝑃conv = 𝜏𝑖𝑛𝑑 𝜔m
Observe, na Figura 19 que a potência de pico fornecida pelo motor de indução
ocorre em uma velocidade diferente da de conjugado máximo. Naturalmente,
nenhuma potência é convertida para a forma mecânica quando o rotor está com
velocidade zero.

Figura 18: Conjugado induzido e potência convertida versus velocidade do motor em rotações por minuto para
um exemplo de motor de indução de quatro polos.
Fonte: CHAPMAN, 2000

Conforme as características de conjugado em relação à velocidade e corrente de


partida, os motores de indução trifásicos são classificados em categorias que visam
atender a um determinado tipo de carga. A norma IEEC 7094 define essas
categorias da seguinte forma:
• Categoria N – conjugado de partida normal, corrente de partida normal e
baixo escorregamento. Constitui a maioria dos motores encontrados no

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MÁQUINAS ASSÍNCRONAS

mercado, utilizados no accionamento de cargas normais, com baixo


conjugado de partida, tais como bombas, ventiladores e máquinas
operatrizes;
• Categoria NY – o mesmo que a categoria N, porém é prevista para partida
Y/Δ;
• Categoria H – conjugado de partida alto, corrente de partida normal e baixo
escorregamento. Usando para cargas que exigem maior conjugado de
partida, tais como peneiras, transportadores carregados e moinhos;
• Categoria HY – o mesmo que a categoria H, porém prevista para partida
Y/Δ;
• Categoria D – conjugado de partida alto, corrente de partida normal e alto
escorregamento (s > 5%).

São usados em prensas excêntricas e máquinas semelhantes, em que a cargas


apresenta picos periódicos. Também são usados em cargas que exigem alto
conjugado de partida e corrente limitada, como os elevadores.

Figura 19: Curvas Conjugados x Velocidade das Diferentes Categorias.

2.9. Torque/conjugado máximo


O conjugado máximo é o maior conjugado desenvolvido pelo motor, sob tensão e
frequência nominais, sem queda brusca de velocidade, deve ser o maior possível
para que o motor possa vencer eventuais picos de carga.

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MÁQUINAS ASSÍNCRONAS

Numa máquina de indução polifásica a produção de torque médio útil é originada


pela componente de corrente que está em fase com fluxo do rotor como indica a
figura abaixo. O torque máximo é obtido quando o escorregamento corresponde ao
quociente entre a resistência do rotor (𝑅𝑟 ) e reactância do rotor bloqueado𝑅𝑏1 .
𝑅𝑟
𝑆𝑇𝑚á𝑥 = (𝐸𝑞. 27)
𝑅𝑏1
A expressão de torque máximo que pode ser desenvolvido por qualquer motor de
indução:
𝑘𝑉𝑓2
𝑇𝑚á𝑥 = , (𝑒𝑞. 28)
2(𝑆𝑇𝑚á𝑥 𝑋𝑏1 )2

2.10. Especificações nominais do motor de indução


A Figura 20 mostra uma placa de
identificação de um motor de indução
típico de pequeno a médio porte e
eficiência elevada. As especificações
nominais mais importantes presentes na
placa são:
• Potência de saída (essa potência
será em HP (HorsePower) nos
Estados Unidos e em quilowatts no
restante do mundo.)
• Tensão
• Corrente
• Factor de potência
• Velocidade
• Eficiência nominal
• Classe de projecto NEMA
Figura 20: Placa de identificação de um motor de
• Código de partida indução típico de eficiência elevada

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MÁQUINAS ASSÍNCRONAS

2.11. Modo de operação das máquinas assíncronas


Em definição as máquinas assíncronas podem funcionar de diferentes formas em
função dos valores da velocidade e do escorregamento.
• Ponto de partida ou ponto de curto-circuito: é o modo de operação em
que a velocidade é zero, ou seja, no momento da conexão à rede. Para 𝑛m =
0, 𝑠 = 1 a resistência de carga, Rc, é zero, ou seja, a secundário está em
curto. A máquina, absorvendo uma corrente máxima, pois a impedância total
(associação em série de Zcc e Rc) é mínimo. Recebe o nome de "intensidade
de partida", I1a. A impedância do motor tem uma parte real positiva e uma
parte imaginária positivo e, portanto, absorverá potência activa e absorverá
potência reactiva. É ou seja, S1 = P + j Q. Este ponto de operação não deve
ser confundido com o teste de curto-circuito.
• Ponto operacional nominal. um valor de 𝑛𝑚 entre 0 e 1. O motor funciona
em carga absorvendo uma certa corrente. A impedância do motor segue
tendo uma parte real positiva e uma parte imaginária positiva e, portanto, irá
absorver energia activa e absorverá energia reactiva. Ou seja, S1 = P + j Q. O
motor funcionará a uma certa velocidade imposta pela carga mecânica.
Enquanto as condições não mudarem, essa velocidade será mantida
constante. O motor deve desenvolver gradativamente um torque
electromagnético maior que o torque resistente à carga. Desta forma, um
torque de aceleração será produzido (consequência da diferença dos pares
anteriores) até que ambos os pares se tornem iguais e a velocidade nominal
é atingida.
• Ponto de vazio ou sincronismo. Para 𝑛m = 𝑛sinc , 𝑠 = 0, o motor funciona
em marcha lenta. Não absorve intensidade, apenas, se for o caso, o da
excitação. Agora a impedância é infinita. Não absorve nem potência activa e
nem potência reactiva. Ele só absorve a potência correspondente às perdas.
• Funcionamento como gerador. Se de alguma forma conseguirmos
"empurrar" ao rotor em velocidades acima da velocidade síncrona, o "motor"
funcionará com um escorregamento negativo. Para valores de
escorregamento negativos, a impedância tem uma parte real negativa e parte
imaginária positiva. Embora um resistor negativo não faça sentido físico, o
sinal negativo da parte real da impedância significa que este é "motor".

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MÁQUINAS ASSÍNCRONAS

Distribui potência activa e absorve potência reactiva. Neste caso, S1 = - P + j


Q. A inversão de sentido também implicará em uma mudança de sinal no par
determinado pela acção do campo do estator sobre as correntes induzidas no
rotor. Isso significa que ao invés de um torque do motor teremos agora um
torque resistente, oposto ao torque do motor principal, que mantém a
velocidade do rotor acima da sincronização. Nessas condições, a máquina de
indução ao invés de levar energia eléctrica da rede primária, o que ela faz é
transferir para essa rede a energia correspondente ao par resistivo, ou seja,
passa a funcionar como gerador. A operação como gerador da máquina
assíncrona requer que a rede primária, ao qual o estator está conectado, é
alimentado por outras fontes de energia.
• Funcionamento como freio electromagnético: Se agora, e em
determinado momento fizermos que o motor comece a girar com a mesma
velocidade, mas na sentido oposta, ou seja, na velocidade (-n) resultará que
s > 1. A máquina funciona como um freio, o Rc se torna negativo e, portanto,
a potência dissipada no referido resistor se torna negativo. Esta potência
dissipada coincide com a potência mecânica interna. Se a referida potência
for negativa, significa que absorve potência mecânica no eixo. A máquina de
indução nessas condições actua como um freio electromagnético,
aproveitando-o em determinadas aplicações, como exemplo no abaixamento
de cargas em guindastes, cujo mecanismo de elevação é accionado por
motores de indução, e principalmente em casos de emergência, quando você
deseja frear uma máquina abruptamente, o que é conseguido invertendo a
sentido do campo magnético do motor pela simples mudança de ordem da
sucessão das fases.

Tabela 1: Funcionamento da máquina assíncrona em função do escorregamento e da velocidade

Velocidade Escorregamento Funciomento da máquina


𝑛𝑚 = 0 𝑠=1 Motor em arranque
0 < 𝑛𝑚 < 1 1>𝑠>0 Motor em carga
𝑛𝑚 = 𝑛sinc 𝑠=0 Motor em vazio
𝑛𝑚 > 𝑛sinc 𝑠<0 Gerador
−𝑛𝑚 𝑠>1 Freio electromagnético

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3. CONCLUSÃO
Pode-se concluir que:

As máquinas assíncronas são máquinas que apresentam uma diferença de


velocidade entre os campos do estator e do rotor. Essa diferença é conhecida por
escorregamento. Os valores do escorregamento e da velocidade da máquina, ditam
o funcionamento da máquina. Essas máquinas podem funcionar como motor e
como gerador. As máquinas assíncronas apresentam dois tipos de rotor pode ser
bobinado ou em gaiola de esquilo.

As máquinas assíncronas, apresentam um circuito equivalente semelhante a dos


transformadores, onde os seu parâmetros podem serem encontrados por meio dos
ensaios em vazios e com o rotor bloqueado.

Em função da forma de partida das máquinas, elas apresentam uma curva de


partida distinta para cada partida, representadas por conjugado versus a velocidade
da máquina. E para que a máquina esteja no seu conjugado máximo e mantendo a
sua velocidade, são usados mecanismos de controlo de velocidade que são a maior
parte exteriores

Devido a simplicidade de sua construção e operação as máquinas assíncronas são


largamente aplicadas, principalmente em accionamentos; elas são a melhor opção
para casos em que se deseja uma máquina que não trabalhe a frequência e
velocidades constantes.

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4. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

KOSOV, Irving L. Máquinas Eléctricas e transformadores, 4ª. ed. São Paulo, Globo,
1982.

UMANS, Stephen D. Máquinas eléctricas de Fitzgerald e Kingsley, 7ª. ed. Porto


Alegre, 2014.

CHAPMAN, Stephen J. Fundamentos de máquinas elétricas, 5. ed. Porto Alegre:


AMGH, 2013.

SILVA, Marcelo Eurípedes da. Curso de automação industrial, 1a ed. Piracicaba,


2007.

CHAPMAN, Stephen J. Máquinas Eléctricas, 3a ed. Sl: Mc Graw Hill. 2000.

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