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LUIZ DE CARVALHO 0/
DIREITO DAS SUCESSÕES 202
SOLICITADORIA IPCA 1

CASO PRÁTICO N.º 2

AVELINO faleceu em 2020, no estado de casado com OLÍVIA no regime da comunhão de


adquiridos, deixando sobrevivos, para além da viúva, seu filho CARLOS, seu neto FREDERICO, filho
de CARLOS e seus netos DIONÍSIO e EDUARDO, filhos de seu filho BERNARDO, falecido em 2017.
AVELINO fez testamento em 2012, através do qual deixou a GISELA, sua irmã, o seu trator
agrícola, no valor de € 10.000,00, a seu irmão JOÃO o usufruto vitalício da sua casa de praia, em
Vilamoura, no valor de € 15.000,00 e ainda, por conta da sua quota disponível, € 4.000,00 em
dinheiro a favor de sua esposa, OLÍVIA.
À data da morte de AVELINO, GISELA e JOÃO já haviam falecido, em 2016 e 2017,
respetivamente, ela casada com PEDRO, ainda hoje vivo, e ele, JOÃO, no estado de viúvo de
VIRGOLINA.
GISELA deixou ainda seus filhos HEITOR e IRMA, hoje também vivos e JOÃO deixou vivos
seus filhos LÍVIA, MÁRIO E NUNO.
À data da sua morte, AVELINO, que não tinha bens próprios, deixou bens comuns do seu casal
com OLÍVIA no valor global de € 200.000,00, tendo igualmente o casal dívidas no montante de €
8.000,00. Não fez doações.
1. Faça a partilha da herança de AVELINO, no pressuposto de que os valores acima
indicados foram obtidos à data da abertura da sucessão e, à exceção dos casos
indicados no enunciado, todos os que foram chamados à herança ou a legado
exerceram o seu direito no sentido da aceitação.
2. Imagine agora que IRMA repudiou a herança da mãe. Haveria diferença relativamente à
resposta anterior?

RESPOSTA À QUESTÃO UM

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Por morte de uma pessoa dá-se o chamamento de uma ou mais pessoas à titularidade das relações
jurídicas (essencialmente) patrimoniais do falecido com vista à consequente devolução dos seus bens (2024.º do
Código Civil, diploma a que pertencerão os normativos adiante mencionados sem indicação de proveniência).
Para que tal chamamento se processe, três pressupostos devem encontrar-se verificados à data da abertura
da sucessão: a) a sobrevivência do chamado ao autor da sucessão b) a titularidade da designação sucessória
prevalente; e c) a capacidade sucessória do chamado (2031.º e 2032.º n.º 1).
O chamamento realiza-se ope legis ou por vontade do próprio autor da sucessão (2026.º), pelo que teremos
a sucessão legal (legitimária e legítima, artigos 2156.º e 2131.º, respetivamente) e a sucessão voluntária (pactícia e
testamentária, 2028.º e 1700.º, a primeira, e 2179.º a segunda).
No ordenamento jurídico português, a sucessão legitimária é prevalente na hierarquia dos títulos
designativos sucessórios, por ser imperativa, preenchidos que estejam os requisitos da sua abertura (2027.º, 2156.º
e 2157.º).
Abre-se a sucessão legitimária com a existência e o chamamento de herdeiros legitimários, havendo-os,
sendo certo que herdeiros legitimários do autor da sucessão são apenas o cônjuge, os descendentes e os
ascendentes dele (2157.º).
Tais herdeiros dividirão entre si a legítima, ou seja, a porção de bens de que o testador não pode dispor pelo
facto de a mesma encontrar-se destinada por lei aos seus herdeiros legitimários, tudo de acordo com as regras e
segundo a ordem da sucessão legítima (2156.º, 2157.º, 2133.º e seguintes).
Neste presente caso, abrir-se-á de pronto a sucessão legitimária, por imperativa, já que de entre as
pessoas que sobreviveram a A contam-se o seu cônjuge O, o seu filho C, os seus netos D e E, filhos do filho pré-
falecido B e seu neto F, filho de seu filho C. Tendo sobrevivido a A cônjuge com relevo sucessório (2133.º n.º 1 a),
n.º 2 e n.º 3, a contrario sensu, todos ex vi 2157.º), os descendentes concorrem entre si e com aquele no
chamamento prevalente (2133.º n.º 1 a) e 2134.º, ex vi 2157.º).
Existindo descendentes do primeiro e do segundo grau, há que apurar quem dos mesmos terá a designação
prevalente.
Por ter falecido antes de A, o seu filho B, por não cumprir o pressuposto da sobrevivência nem, logicamente,
o da capacidade sucessória, não pôde aceitar a herança de seu pai A. Por estarmos no âmbito de sucessão legal, a
nossa lei, todavia, prevê o chamamento dos descendentes dos filhos que não puderam ou não quiseram aceitar a
herança, chamando-os em representação do seu ascendente, a ocupar a posição de B na herança de A (2140.º,
2039.º e 2042.º).
Para que tal chamamento opere, isto é, para que exista esse direito de representação de D e E na sucessão
legal de A, é necessário: que o seu ascendente B não tivesse podido ou querido aceitar a herança (o que se
verificou por premoriência de B relativamente a A); que aquele que não pôde ou não quis aceitar a herança ou
legado tivesse descendentes, quer seus diretamente quer de um seu irmão, este no caso de sucessão na linha
colateral, que preenchessem os pressupostos da vocação sucessória relativamente a A (o que igualmente se
verifica, uma vez que D e E são filhos de B).
Ora, dá-se a representação quando a lei chama os descendentes daquele que não pode ou não quis aceitar
a herança ou o legado (2039.º). Para que haja representação, necessário se torna que haja uma quota vaga por

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alguém não querer ou não poder aceitar e que tal pessoa tenha descendentes. Na linha reta, a representação opera
a favor dos descendentes de filho do autor da sucessão (2042.º).
Na sucessão legal, o direito de representação prevalece sobre o direito de acrescer (2138.º), pelo que,
existindo representação, desnecessário será o tratamento do acrescer.
Ora, neste caso B não pôde aceitar a sucessão de A por que faleceu antes deste. Assim, e porque deixou
sobrevivos descendentes (filhos), D e E serão chamados à sucessão e representarão B na herança de A, cabendo
aos mesmos, em conjunto, aquilo em que B sucederia se vivo fosse (2044.º), dividindo entre si, em partes iguais, a
herança que caberia a B (2139.º).
Dito isto, conclui-se que titulares da designação prevalente são, para além de O, D, E (estes dois, como
vimos, por direito de representação de seu pai B, descendente do primeiro grau de A) e C, aquele cônjuge e estes
descendente do primeiro grau de A, eliminando assim F da sucessão, por força das regras previstas nos artigos
2133.º n.º 1 a), 2134.º e 2135.º, todos ex vi artigo 2157.º.
Dito isto, e pelo facto de o cônjuge concorrer neste caso com os descendentes do autor da sucessão,
conclui-se que a legítima dos herdeiros legitimários de A é de 2/3 da herança (2159.º n.º 1).
Para se calcular tal legítima é antes necessário apurar o valor total da herança, o que deverá ser feito no
respeito pelo preceituado no artigo 2162.º. Não são indicadas despesas sujeitas à colação nem doações efetuadas
pelo autor da sucessão, pelo que ao valor dos bens que o falecido deixou no seu património à data do seu óbito
deverá diminuir-se o valor das dívidas da herança.
Dever-se-á, neste caso, todavia, ter em conta que AVELINO era casado com OLÍVIA no regime da
comunhão de bens adquiridos e ainda que o valor que se dá para o património refere-se ao património comum do
casal. Assim, importa antes separar a meação de OLÍVIA, já que apenas da meação de AVELINO constará a
herança. Dessa forma, os relicta de AVELINO (neste caso, a sua meação) será de € 100.000,00 (€ 200.000,00 ÷ 2).
Por outro lado, as dívidas indicadas são dívidas do casal, pelo que igualmente a responsabilidade da herança de
AVELINO é apenas de metade do valor indicado, ou seja, € 4.000,00 (€ 8.000,00 ÷ 2). Apure-se então o valor total
da herança de AVELINO para efeito do cálculo da legítima, no respeito pelo 2162.º CCivil.:
VTH: € 100.000,00 - € 4.000,00 = € 96.000,00
Desta forma, a legítima corresponderá a 2/3 de € 96.000,00, ou seja, € 64.000,00 (2159.º n.º 1).
Tal legítima dividir-se-á, de acordo com as regras dos artigos 2157.º, 2133.º n.º 1 a), 2134.º, 2135.º, 2136.º,
2139.º n.º 1, 2140.º, 2042.º e 2044.º n.º 1, em três partes iguais, cabendo uma a O, uma a C e a outra a D e E, estes
dois últimos pela estirpe de B, adjudicando-se a cada um destes metade do terço que caberia a seu pai B, por
direito de representação. Assim, o valor da legítima será distribuído
 a OLÍVIA, € 21.333,33 (1/3);
 a CARLOS, € 21.333,33 (1/3);
 a DIONÍSIO, € 10.666,67 (1/6); e
 a EDUARDO, € 10.666,67 (1/6).
Distribuída a legítima, sobra de quota disponível o montante de € 32.000,00. A quota disponível é a porção
da herança do autor da sucessão de que este pode dispor livremente para depois da sua morte.

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Existindo legítima e liberalidades, importa proceder primeiramente à imputação das liberalidades válidas e
eficazes.1
Antes, porém, de procedermos propriamente às imputações, importa refletir sobre a validade e eficácia das
liberalidades efetuadas, já que apenas estas deverão ser imputadas.
AVELINO deixou a sua irmã GISELA o seu trator agrícola no valor de € 10.000,00. Trata-se, pois, de um
legado (2030.º n.º 2, 2.ª parte). GISELA, todavia, pré-faleceu a AVELINO, tendo deixado descendentes – seus filhos
HEITOR e IRMA. Estes ocuparão a posição de sua mãe GISELA, por direito de representação na sucessão
testamentária (2039.º, 2040.º, 2041.º, não se verificando nenhuma das situações descritas no seu n.º 2).
Com efeito, os pressupostos do direito de representação na sucessão testamentária encontram-se aqui
preenchidos, a saber: o sucessível designado no testamento (GISELA) não pôde ou não quis aceitar a herança ou
legado (no caso concreto, não pôde aceitar o legado); que haja descendentes vivos desse sucessível testamentário
(neste caso, seus filhos HEITOR e IRMA); que a razão da não aceitação da herança ou legado, por parte do
sucessível testamentário, seja a pré-morte (ou, pelo menos, a não sobrevivência) ou o repúdio (neste caso a pré-
morte de GISELA) e, finalmente, que não se verifique nenhuma das situações previstas no n.º 2 do artigo 2041.º ou
outra causa de caducidade da vocação sucessória, incluindo as previstas nas alíneas b), c) e d) do artigo 2137.º.
Sendo assim, e por direito de representação na sucessão testamentária, caberá a HEITOR e IRMA, que preenchem
os pressupostos da vocação sucessória relativamente a A, representarem a sua mãe na sucessão testamentária de
AVELINO, mais precisamente no legado que foi deixado a GISELA. Pelo que, dos € 10.000,00 do legado a GISELA
(valor do trator), caberá € 5.000,00 a HEITOR e € 5.000,00 a IRMA.
AVELINO deixou igualmente o usufruto da sua casa de praia em Vilamoura, no valor de € 15.000,00, a seu
irmão JOÃO. Este faleceu antes do autor da sucessão, deixando descendentes vivos, a saber, LÍVIA, MÁRIO e
NUNO.
No âmbito da sucessão testamentária, as soluções para o caso de alguém não poder ou não querer aceitar
a herança ou o legado encontram-se elencadas no artigo 2304.º. Não existindo vontade do testador a prever e
solucionar aquelas eventualidades, e não se tratando, neste caso, de um legado puramente pessoal, importa
verificar se os pressupostos do direito de representação na sucessão testamentária se encontram preenchidos.
Dessa aplicação verifica-se que a representação, neste caso, não terá lugar, por força do artigo 2041.º n.º 2 c).
Daqui resulta que o legado desse usufruto fica sem efeito, já que, pelo usufruto ser um legado (2030.º n.º 4),
também não se verificam os pressupostos do acrescer na sucessão testamentária neste caso (2305.º e 2302.º) —
portanto, a disposição do legado do usufruto caduca (2317.º).

1
Com efeito, existindo herdeiros legitimários o património hereditário divide-se em duas quotas — uma, que caberá aos
herdeiros legitimários, denominada legítima (2156.º) ou quota indisponível; e outra, constituída pelos restantes bens do autor
da sucessão, da qual este pode dispor livremente e que, por isso, se denomina quota disponível. Existindo liberalidades feitas
pelo autor da sucessão — doações em vida ou por morte, despesas sujeitas a colação ou deixas testamentárias a título de
herança ou legado — necessário se torna apurar de que quota cada uma dessas liberalidades irá sair. Com efeito, não é
indiferente a imputação dessas liberalidades numa ou noutra quota, como está bom de ver, já que releva para efeitos de
preenchimento da quota hereditária do herdeiro, para efeitos de colação e para eventual redução de inoficiosidades.

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Finalmente, AVELINO deixou ainda, por conta da sua quota disponível, € 4.000,00 por legado em dinheiro
(2030.º n.º 2) a sua esposa OLÍVIA. OLÍVIA receberá, assim, estes € 4.000,00 se os legados couberem, como
cabem, dentro da quota disponível.
Tendo as disposições testamentárias feitas aos irmãos sido feitas a terceiros à herança, manifesto resulta
que nenhum deles tem legítima subjetiva, pelo que nada nesta pode ser imputado, por inexistência dessa quota na
sucessão dos beneficiados com o testamento — tais liberalidades — rectius, a liberalidade a GISELA, uma vez que
a efetuada a JOÃO caducou, não havendo que ser imputada — serão imputadas, assim, na quota disponível do
autor da sucessão. Por outro lado, o legado feito à esposa OLÍVIA, conquanto tenha sido feita a herdeira legitimária,
deve imputar-se na quota disponível por tal ter sido a vontade expressa do autor da sucessão no seu testamento.
Vejamos o quadro das imputações:

IMPUTAÇÃO DE LIBERALIDADES

BENEFICIÁRIO LIBERALIDADE QUOTA justificação da


LEGÍTIMA
DISPONÍVEL imputação

G 10 10 terceiro
O 4 4 terceiro
J —

total 14 não viola a


legítima

Somadas as disposições testamentárias válidas imputadas na quota disponível de AVELINO, montam as


mesmas a € 14.000,00, montante esse que cabe dentro da quota disponível (€ 32.000,00), pelo que não ofendem a
legítima.
O autor da sucessão outorgou testamento, instrumento este que constitui um ato unilateral (2179.º) e
revogável (2179.º, 2311.º e seguintes), através do qual, neste caso, nomeou GISELA, JOÃO E OLÍVIA seus
legatários (2030.º n.º 2, 2.ª parte e 2030.º n.º 4).
Inexistindo sucessão pactícia, abre-se, pois, a sucessão testamentária, tendo-se já verificado se as
disposições válidas ofendem ou não a legítima dos herdeiros legitimários. Como não ofenderam, respeitar-se-á a
vontade do testador.
Resulta, pois, que por força da sucessão testamentária serão atribuídos
 a OLÍVIA, € 4.000,00;
 a HEITOR, € 5.000,00; e
 a IRMA, € 5.000,00;
Já vimos que, pelo facto de AVELINO não ter disposto testamentariamente ou pacticiamente dos restantes €
3.000,00 da quota disponível e de ter ficado sem efeito a deixa usufrutuária a seu irmão JOÃO, no valor de €
15.000,00, existem € 18.000,00 que não foram dispostos válida e eficazmente pelo autor da sucessão para depois
da sua morte, podendo o mesmo tê-lo feito validamente, se quisesse, por não ofender a legítima.

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Para partilha dessa parte disponível restante, ou seja, desses € 18.000,00, abre-se a sucessão legítima – a
sucessão relativa aos bens de que o testador não dispôs válida e eficazmente para depois da sua morte (2131.º).
São herdeiros legítimos do autor da sucessão o cônjuge, os parentes e o Estado, pela ordem e segundo as
regras previstas no artigo 2133.º a 2155.º.
Aplicando-se as já mencionadas regras da preferência de classes, preferência de graus de parentesco e de
sucessão por cabeça (2133.º, 2134.º, 2135.º e 2136.º), resulta que os sucessíveis legítimos de AVELINO são sua
esposa OLÍVIA, o seu filho CARLOS, os seus netos DIONÍSIO e EDUARDO, filhos do filho pré-falecido BERNARDO
e seu neto FREDERICO, filho de seu filho CARLOS. Existindo cônjuge com relevo sucessório (2132.º, 2133.º n.º 1 a
e n.º 3, este a contrario sensu), tais descendentes concorrem entre si no chamamento prevalente (2133.º n.º 1 a) e
2134.º).
Existindo descendentes do primeiro e do segundo grau, há que apurar quem dos mesmos terá a designação
prevalente. Tal caberá a D, E e B, os dois primeiros por direito de representação de seu pai BERNARDO,
descendente do primeiro grau de AVELINO, e a CARLOS, igualmente descendente do primeiro grau de AVELINO,
eliminando assim, por força da regra prevista no artigo 2135.º, a sucessão de FREDERICO.
Por ter falecido antes de AVELINO, o seu filho BERNARDO não pôde, por falta de capacidade sucessória e
existência, aceitar a herança de seu pai AVELINO. A nossa lei, todavia, prevê o chamamento dos descendentes dos
filhos que não puderam ou não quiseram aceitar a herança, chamando-os em representação do seu ascendente, a
ocupar a posição de BERNARDO na herança de AVELINO (2140.º, 2039.º e 2042.º).
Para que tal chamamento opere, isto é, para que exista esse direito de representação de DIONÍSIO e
EDUARDO na sucessão legal, é necessário: que o seu ascendente, BERNARDO, não tivesse podido ou querido
aceitar a herança (o que se verificou por premoriência de BERNARDO relativamente a AVELINO); que aquele que
não pôde ou não quis aceitar a herança ou legado tivesse descendentes, quer seus diretamente quer de um seu
irmão, no caso da linha colateral, que preenchessem os pressupostos da vocação sucessória relativamente a
AVELINO (o que igualmente se verifica, uma vez que DIONÍSIO e EDUARDO são filhos de B).
Ora, neste caso B não pôde aceitar a sucessão de AVELINO por que faleceu antes deste. Assim, e porque
deixou sobrevivos descendentes (filhos), DIONÍSIO e EDUARDO representarão BERNARDO na herança de
AVELINO, cabendo aos mesmos, em conjunto, aquilo em que BERNARDO sucederia se vivo fosse (2044.º).
Dito isto, conclui-se que o montante de € 18.000,00 acima aludido será dividido em três partes iguais (2139.º
n.º 1, 1.ª parte), cabendo uma parte a OLÍVIA, uma parte a CARLOS e a outra a DIONÍSIO e EDUARDO,
adjudicando-se a cada um destes dois últimos metade do terço que caberia a seu pai BERNARDO, por direito de
representação. Assim, o valor da quota disponível na parte dividida em sucessão legítima será distribuído
 a OLÍVIA, € 6.000,00 (1/3);
 a CARLOS, € 6.000,00 (1/3);
 a DIONÍSIO, € 3.000,00 (1/6); e
 a EDUARDO, € 3.000,00 (1/6).
Toda a partilha teve como pressuposto a aceitação, por parte dos sucessores indicados que puderam
aceitar, da herança ou legado que lhes coube.

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De igual forma, pressupôs-se a verificação em todos os sucessíveis dos pressupostos da vocação


sucessória inicialmente expendidos, já que do enunciado não resulta existir a falta de qualquer desses
pressupostos.

Ficará assim, pois, o mapa de partilha da herança de AVELINO:

SUCESSÍVEIS SUC. LEGITIMÁRIASUC. TESTAMENTÁRIA


SUCESSÃO LEGÍTIMATOTAL A RECEBER

OLÍVIA € 21.333,33 € 4.000,00 € 6.000,00 € 31.333,33


BERNARDO
CARLOS € 21.333,33 € 6.000,00 € 27.333,33
DIONÍSIO € 10.666,67 € 3.000,00 € 13.666,67
EDUARDO € 10.666,67 € 3.000,00 € 13.666,67
FREDERICO
GISELA
HEITOR € 5.000,00 € 5.000,00
IRMA € 5.000,00 € 5.000,00
JOÃO
LÍVIA
MÁRIO
NUNO
TOTAL € 96.000,00

RESPOSTA À QUESTÃO DOIS

Se IRMA houvesse repudiado a herança de sua mãe GISELA, tal facto não impediria o direito de
representação de IRMA, juntamente com seu irmão HEITOR, no lugar de GISELA no legado que lhe fora feito por
AVELINO, por força do disposto no artigo 2043.º, pelo que, no pressuposto de que IRMA exercerá a representação,
a solução é exatamente igual.

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