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Uso dos dados

Estamos agora na última etapa do ciclo


de monitoramento. É hora de usar os
dados que foram coletados, responder às
perguntas de interesse mapeadas na fase
de planejamento e dar visibilidade a todo o
trabalho desenvolvido.

Isso porque o monitoramento pode ser


planejado e conduzido com excelente
rigor técnico, mas de nada valerá se as
informações ficarem engavetadas. Por isso,
é fundamental que, ao final do processo, os
resultados sejam compartilhados.

A comunicação de resultados para os


públicos interno e externo é uma boa prática
de transparência. Por meio de informes,
relatórios e encontros para discussão de dados,
podemos conferir credibilidade às ações
e contribuir para preservar a memória da
organização e disseminar conhecimentos.
A organização ainda pode utilizar os dados para atrair recursos financeiros,
aproximar pessoas que compartilham dos mesmos valores e interesses e, a
depender do contexto, fomentar políticas públicas.

Atenção:
Quando falamos em uso das informações, devemos considerar o
conjunto de possíveis vitórias e tropeços, colocando luz sobre
ambos e encarando-os como oportunidades de aprendizado,
aprimoramento e celebração.

Iniciaremos este bloco explorando as estratégias para compartilhar os dados e


promover reflexões com a equipe a fim de contribuir para a gestão dos projetos.

Em seguida, falaremos brevemente sobre como usar dados de monitoramento


para dialogar com nossos principais públicos.

Reflita sobre os dados com a equipe


A razão principal do monitoramento é
contribuir para a gestão dos projetos e
da organização. Para que ele tenha êxito,
precisa do envolvimento de toda a equipe
no processo.

Compartilhar e refletir sobre os dados


com a equipe é essencial e contribuirá
para que o fluxo de monitoramento
continue acontecendo e seja cada vez
mais qualificado.
A etapa de consolidação e análise dos dados evidenciou alguns fatos,
levantou dúvidas e suscitou reflexões que não podem ficar restritas à pessoa
responsável pelo monitoramento e que merecem ser compartilhadas com
outras pessoas da equipe.

Atenção:
Nem tudo precisa ser compartilhado com todo mundo!

Identifique, junto com a coordenação da organização, grupos de


interesse dentro da equipe e selecione o que é mais estratégico
para cada um.

Para compartilhar esses dados, realize uma reunião com a equipe.


As dicas abaixo podem ajudar nessa atividade:

Agradeça a todas e Ressalte a importância Retome as perguntas de


todos pelo trabalho ao do momento, destacando interesse definidas na
longo do processo. que o objetivo final etapa de planejamento.
do monitoramento
é contribuir para
o aprimoramento
das atividades da OSC.
Valorize e incentive a Apresente os dados de Tenha, em mãos,
participação ativa das forma compreensível e pontos-chave para
pessoas presentes seguindo uma linha de reflexão e utilize-os
na reunião. raciocínio — os dados cuidadosamente,
não podem parecer instigando a equipe a
soltos e desconectados.  comentar e trazer outras
visões e interpretações
aos dados.

Procure usar de sensibilidade para Reserve um momento da


mediar a discussão, pois, algumas reunião para conhecer a
vezes, os dados evidenciam opinião da equipe sobre o
situações negativas, como uma processo de monitoramento e
atividade mal avaliada ou com baixa para buscarem, em conjunto,
taxa de participação. Porém, apesar formas de melhorá-lo.
de delicados, esses pontos não
podem ser ignorados. Não se trata
de responsabilizar pessoas, mas de
promover discussões importantes
para que sejam identificadas
oportunidades de melhorias.

É importante saber que nem todos os encaminhamentos serão definidos


durante a reunião. Muitas vezes, as reflexões serão amadurecidas no dia a dia
da organização.

Além disso, considerando que o monitoramento é um processo contínuo, o


momento de compartilhamento e discussão coletiva não é o ponto final, mas
um ponto no meio do ciclo.
Portanto, essas reuniões se tornarão parte do dia a dia da organização.
Identifique o público com quem vai dialogar
Para além da equipe, identifique outros públicos que podem acessar, discutir
e conhecer os dados. Isso pode fazer com que a OSC se beneficie ainda mais
com o processo de monitoramento:

Sabemos dos desafios que envolvem a participação das


famílias no processo educativo das crianças. Compartilhar
dados com elas é uma forma de mostrar o valor das
atividades realizadas pela OSC e o seu impacto no
desenvolvimento de cada criança. 
Famílias

Quão rico pode ser o compartilhamento de dados com as


crianças! Além de compartilhar as conquistas, certamente
elas acrescentarão muito na hora de comentar os dados. 
Crianças

É importante que a comunidade do entorno reconheça


a importância da OSC, afinal, ela se beneficia das
atividades desenvolvidas a favor da garantia de direitos
e da transformação da vida da população local. Os dados
podem gerar conhecimento e contribuir para o aumento da
Comunidade visibilidade e a conquista de novas parcerias.

Considerando a escassez dos recursos, é fundamental


mostrar a parceiros financiadores que o investimento
realizado é feito em uma organização séria, competente e
que se preocupa com resultados para a transformação da
sociedade.
Financiadores
A relação entre OSCs e poder público é delicada e precisa
ter limites muito bem definidos. A partir de dados e
evidências, a OSC pode mostrar a efetividade de suas
ações, estabelecer parcerias e, ainda, contribuir no
desenho de políticas públicas efetivas.
Poder público

Delimite o que deseja


compartilhar
Nem todos os dados interessam a todos
os públicos. Algumas informações, por
exemplo, interessam às famílias; outras, aos
financiadores. Conheça algumas questões
que podem ajudar você a refletir antes de
fazer suas escolhas:

Quais dados são mais relevantes e estratégicos para compartilhar


com cada público?

Para o financiador que apoia as Para as famílias das crianças,


oficinas de música e capoeira, é é importante saber o que as
relevante saber se as atividades crianças fazem e como se
aconteceram como planejadas. envolvem nas oficinas.

Exemplos: Exemplos:
número de crianças frequência das crianças nas
participantes; atividades;

carga horária das atividades; relatos dos(as) educadores(as);

índice de satisfação com as carga horária das atividades,


atividades, entre outros. entre outros.
Conheça as pessoas com quem você dialoga,
compreenda seus interesses e busque
aprender com a experiência de outras
organizações. Assim, você terá mais chances
de levar informações relevantes e adequadas
para os públicos com os quais se relaciona.

Defina o melhor formato e a estratégia de divulgação

Comunicar tudo o que fazemos não é simples. Quantos relatórios você já leu e
pensou “Que coisa mais chata!”?
O desafio é pensar qual a quantidade
de informações, quais são as
informações mais relevantes para
cada público e qual é o melhor
formato para que as principais
mensagens sejam transmitidas.

Conversar com um investidor


e conversar com as famílias da
comunidade são coisas diferentes, e
cada uma requer atenção especial.
Por isso, é preciso ter cuidado para
que todas as pessoas consigam
compreender os dados e se sentir
mais próximas à OSC.

Não iremos nos aprofundar no assunto aqui, mas algumas dicas podem ser
valiosas para o momento de divulgação dos dados de monitoramento:
Textos na medida certa
Relatórios muito extensos podem ser pouco atrativos em algumas situações.
Valem como registro e memória, mas será que interessam a todos os públicos?
O desafio aqui não é falar pouco, mas falar o que importa!

Atenção à linguagem
Formalismo demais ou utilização de termos técnicos podem dificultar
a transmissão da mensagem para alguns públicos. Outros fóruns, no
entanto, requerem o uso de termos formais. Para fazer essa escolha, é
preciso conhecer o público a quem está se dirigindo.
Formatos criativos
Dados não precisam ser compartilhados apenas por meio de relatórios.
Vídeos, apresentações e infográficos podem ser utilizados e geralmente
são muito bem-aceitos, capturam a atenção e conseguem comunicar bem
diferentes informações, ou seja, são atrativos.

Além de números e textos, você pode aproximar as pessoas do trabalho


realizado utilizando fotografias, vídeos e relatos dos atores envolvidos,
desde que você tenha a autorização do uso de imagem, voz e conteúdo
para torná-los públicos.

O depoimento a seguir confirma o quanto pode ser desafiador selecionar e


apresentar os dados:

“A gente sempre teve dificuldade em


sintetizar essas coisas. A gente sempre
trazia documentos e relatórios enormes
que tenho dúvidas se, de fato, eram lidos.”
José Sandro dos Santos — coordenador executivo do Instituto
Girassol de Desenvolvimento Social, de Boca da Mata - AL

Agora é com você!

Fica o convite para exercer a criatividade e definir com a equipe como os


dados de monitoramento serão compartilhados!

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