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Abubacar Manuel Mohamade


Fátima Momade Salimo
Leonel Manuel Ferraz
Nádia Hermínio Antique

Alunos com Necessidades Educativas Especiais comportamentais e intelectuais

Universidade Rovuma
Nacala-Porto
2019
Abubacar Manuel Mohamade

Fátima Momade Salimo

Leonel Manuel Ferraz

Nádia Hermínio Antique

Alunos com Necessidades Educativas Especiais comportamentais e intelectuais

Trabalho de caracter avaliativo


apresentado à Universidade Rovuma, como
requisito avaliativo na cadeira de
Necessidades Educativas Especiais do curso
de Licenciatura em Informática, Minor de
Ensino, leccionada pelo:
Docente: José Mucuna Vasco da Gama

Universidade Rovuma
Nacala-Porto
2019
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Índice
1. Introdução...............................................................................................................................4

2. Necessidades Educativas Especiais........................................................................................5

3. Alunos com Necessidades Educativas Especiais Comportamentais......................................5

3.1. Conceitos básicos.............................................................................................................6

3.2. Sinais de alerta.................................................................................................................6

3.3. Tipos de Necessidades Educativas Especiais de comportamento....................................7

3.3.1. Hiperactividade..........................................................................................................7

3.3.2. Autismo.....................................................................................................................8

3.3.3. Síndrome de Tourette ou Tiques...............................................................................9

3.4. Atenção as NEE comportamentais no contexto familiar e comunitário..........................9

3.5. Atenção às NEE comportamentais no contexto escolar.................................................10

4. Alunos com Necessidades Educativas Especiais intelectuais...............................................10

4.1. Conceitos básicos...........................................................................................................11

4.2. Sinais de alerta...............................................................................................................11

4.3. Causas da deficiência intelectual....................................................................................11

4.4. Classificação da deficiência intelectual..........................................................................12

4.5. Adaptações para atender NEE em alunos com deficiência mental/intelectual..............13

4.6. Atenção às NEE intelectuais no contexto escolar..........................................................14

5. Os superdotados como portadores de necessidades educacionais especiais (NEE).............15

5.1. Adaptações para atender necessidades especiais em alunos com altas habilidades
(superdotados).......................................................................................................................15

6. Conclusão..............................................................................................................................17

7. Referências Bibliográficas....................................................................................................18
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iv

1. Introdução

A educação das crianças e jovens com NEE implicam alterações estruturais no plano da
cultura pedagógica. É necessário que se proceda a mudanças em vários aspetos: atitudes,
adaptações curriculares, recursos humanos e materiais, de modo a que a escola esteja em
condições de respeitar a diferença e de responder às necessidades individuais de cada aluno,
especialmente, aqueles que apresentam NEE.

O presente trabalho da cadeira de Necessidades Educativas Especiais e tem como tema


“Alunos com Necessidades Educativas Especiais comportamentais e intelectuais” e objectiva
analisar o processo da inclusão de alunos com NEE comportamentais e intelectuais nas
escolas, assim como a atenção a esses alunos no contexto familiar, comunitário e escolar.

Começamos por trazer conceitos de NEE do ponto de vista de diferentes autores e


procedemos com os conceitos inerentes aos alunos com NEE comportamentais, as suas
causas, sinais de alerta e classificação das NEE comportamentais. Mais adiante fazemos uma
análise sobre a atenção as NEE comportamentais no contexto familiar e comunitário e a a
atenção as NEE comportamentais no contexto escolar.

Depois das NEE comportamentais procedemos com abordagens inerentes às NEE intelectuais,
onde trouxemos de forma resumida alguns conceitos sobre o tema, sinais de alerta, causas e
classificação das NEE intelectuais e procedemos fazendo uma analise sobre a atenção
diferenciada a estes alunos nos diferentes contextos (escolar, familiar e comunidade), onde
mostraremos algumas adaptações para atender aos alunos com NEE intelectuais.

E para finalizar, fazemos referência aos alunos superdotados e talentosos, onde tambem
damos mais ênfase as adaptações para atender aos alunos com altas habilidades ou
superdotados.

Os conteúdos teóricos apresentados no trabalho são baseados em recursos bibliográficos e


artigos científicos publicados e documentados. Na elaboração deste trabalho fez-se o uso dos
meios: electrónico e bibliográficos.

No que diz respeito a organização do trabalho, este encontra-se estruturado da seguinte


maneira: Introdução, Desenvolvimento, Conclusão e Referências Bibliográficas.
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2. Necessidades Educativas Especiais

Determinar que um aluno apresenta NEE supõe que, para atingir os objectivos educativos,
necessita de meios didácticos ou serviços particulares e definidos, em função das suas
características pessoais.

NIELSEN (1999) ao referir-se ao conceito de NEE, afirma que:

“Há uma necessidade educativa especial quando um problema (físico, sensorial,


intelectual, emocional, social, ou qualquer combinação destas problemáticas)
afecta a aprendizagem ao ponto de serem necessários acessos especiais ao
currículo especial ou modificado, ou a condições de aprendizagem especialmente
adaptadas para que o aluno possa receber uma educação apropriada. Tal
necessidade educativa pode classificar-se de ligeira a severa e pode ser permanente
ou manifestar-se durante uma fase do desenvolvimento do aluno”.

Segundo CORREIA (1997), alunos com NEE, são aqueles que, por exibirem determinadas
condições específicas1, podem necessitar de apoio de serviços de educação especial 2 durante
todo ou parte do seu percurso escolar, de forma a facilitar o seu desenvolvimento académico,
pessoal e sócio emocional.

Um aluno com NEE é aquele que apresenta algum problema de aprendizagem ao longo da sua
escolarização e que exige uma atenção mais específica e maiores recursos educacionais do
que os necessários para os colegas da sua idade”. Neste sentido, a ênfase consiste na
capacidade da escola oferecer uma resposta de acordo com as necessidades educativas do
aluno.

3. Alunos com Necessidades Educativas Especiais Comportamentais

Um aluno detém uma Necessidade Educativa Especial comportamental quando apresenta


algum problema de aprendizagem no decorrer da sua escolarização, necessitando de uma
atenção especifica e de mais ou diferentes recursos educativos.

3.1. Conceitos básicos


1
Às condições específicas, CORREIA refere-se ao conjunto de problemas relacionados com
dificuldades de aprendizagem, problemas de comunicação, deficiência auditiva, deficiência visual,
surdo cegueira, autismo, deficiência mental, deficiência motora, perturbações emocionais graves,
problemas de comportamento, traumatismo craniano, multideficiência e outros problemas de saúde.
2
Por serviços de educação especial, CORREIA refere-se ao conjunto de serviços de apoio
especializados destinados a responder às necessidades especiais do aluno com base nas suas
características e com o fim de maximizar o seu potencial.
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Comportamento é aquilo que se pode observar o organismo fazendo como resultado de agir
sobre ou manter intercâmbio com o mundo exterior.

De uma maneira mais simples e clara, o comportamento é a maneira de ser e de agir de um


individuo, conjunto de acções e reacções que podem ser observadas com rigor e precisão por
um observador exterior.

São acções praticadas por um individuo observáveis, são acontecimentos externos, exibidos
por uma pessoa, possíveis de serem notados, medidos, estudados e alterados.

Para KIRK & GALLAGHER (2002), deficiência comportamental refere-se a uma variedade
de comportamentos deficientes, excessivos e crónicos que variam do impulsivo e agressivo
até o depressivo e de retraimento que violam as expectativas de inadequação do observador e
que este deseja ver interrompido interferindo no PEA.

O comportamento manifestado por um individuo pode ser:

Positivo- quando combinar com o exigido no local onde se encontra e com a sua idade.

Negativo ou perturbador- quando o comportamento manifestado pelo individuo for


inadequado para o local ou para a sua idade, podendo provocar conflitos sociais, infelicidade
pessoal, aé mesmo fracasso escolar.

3.2. Sinais de alerta

 Incapacidade inexplicável para a aprendizagem, que não pode ser explicada por
factores intelectuais, sensoriais e de saúde;
 Incapacidade para manter relações interpessoais felizes com os seus pares e
professores;
 Comportamentos inapropriados de algumas crianças em circunstâncias normais agindo
constantemente perturbando, desagradando e interrompendo as outras. Tais acções
podem não ser desejadas pela criança mas talvez ela não seja capaz de evitá-las;
 Tendência para desenvolver sinais físicos ou medos associados ao pessoal, aos
objectos, a situações ou aos problemas da escola;
 Numerosas crianças que estão nas nossas salas de aulas manifestam-se com muita
ansiedade, interferindo mesmo na sua aprendizagem.
 Quando exigimos muito de certos alunos na sala de aulas perdem o controlo do
comportamento porque eles associam ou relacionam o stress que têm com a decisão
que têm que tomar.
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3.3. Tipos de Necessidades Educativas Especiais de comportamento

Existem alguns tipos de necessidades educativas especiais de comportamento que são:


hiperactividade, autismo e síndrome de tourette ou tiques.

3.3.1. Hiperactividade

A perturbação por défice de atenção e hiperactividade, é um dos problemas psicológicos mais


frequentes nas crianças.

O problema é normalmente detectado quando a criança começa a frequentar a escola, já que


os sintomas de que se faz acompanhar (actividade motora excessiva, comportamento
impulsivo e problemas de atenção) podem constituir um sério obstáculo à aprendizagem.

3.3.1.1 Sinais de alerta de Hiperactividade

Para LOPES (1994), existem alguns comportamentos mais verificados na hiperactividade:

i. Problemas de atenção

As crianças hiperactivas têm dificuldade em concentrar-se numa só coisa e aborrecem-se ao


fim de alguns minutos à volta de uma só tarefa. Podem até prestar atenção a actividades e
coisas do seu agrado. Mas quando se trata de organizar, estar atentas a uma tarefa ou aprender
algo de novo, manifestam uma grande dificuldade, distraindo-se facilmente com qualquer
estímulo exterior.

ii. Actividade motora excessiva

As crianças hiperactivas não param quietas e, frequentemente, falam demasiado. Não


conseguem manter-se sentadas calmamente: estão constantemente a mexer ruidosamente nas
canetas ou a abanar os pés. Muitas vezes, passam o tempo a saltar impacientemente de
actividade em actividade.

iii. Comportamento impulsivo

As crianças impulsivas mostram-se, frequentemente, incapazes de controlar as suas reacções


ou pensamentos antes de agir. Consequentemente fazem comentários pouco adequados ou
respondem a questões antes mesmo de estas serem completadas. A impulsividade faz com que
a espera por algo que anseiam ou pela sua vez se torne insustentável. As crianças hiperactivas
podem intrometer-se nas actividades das outras ou perturbar as suas brincadeiras.

3.3.1.2. Causas da hiperactividade


8

Para VASQUEZ (1997), as causas que conduzem à Hiperactividade são muito variadas e,
provavelmente, dependentes de factores diversificados, sendo difícil na maioria dos casos
determinar uma etiologia precisa, já que também não é detectável nenhum dano cerebral
como acontece noutras perturbações mentais.

Factores pré-natais, como o uso de álcool e drogas durante a gravidez ou complicações intra-
uterinas, e péri-natais, como traumatismos crânio encefálicos e anóxia, são também
considerados responsáveis por mudanças estruturais e funcionais do cérebro. Para além de
provocarem perturbações específicas, estas disfunções cerebrais interferem no
desenvolvimento global da criança.

3.3.2. Autismo

Autismo é uma condição crónica, caracterizado pela presença de importantes prejuízos em


áreas do desenvolvimento, desde a sua interacção social, competências de comunicação
pobres, comportamentos compulsivos e na maior parte dos casos, claro défice intelectual,
problemas de conduta.

3.3.2.1 Sinais de alerta de autismo

De acordo com SERRANO (2000), existem alguns sinais de problemas sensórios que podem
incluir:

Movimentos repetitivos: agitar as mãos; avistamento (movendo-se com os olhos fixos é um


objecto ou olhar as coisas muito de perto); lamber objectos; balançar para frente e para trás;
bater os objectos.

Reacções: reacção aparentemente extrema a benigna entrada sensorial; a falta de resposta a


estímulos sensoriais aparentemente significativas.

Atenção: Os alunos com autismo tendem a focar a sua atenção nos pequenos detalhes e
apresentam grandes dificuldades em perceber a globalidade da tarefa.

Sequencialização: Os alunos apresentam grandes dificuldades em seguir padrões, sequências


ou regras.

Motivação: Demonstram dificuldades significativas na compreensão da finalidade e do


objectivo da tarefa.

3.3.2.2. Causas de autismo


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As causas do autismo ainda são desconhecidas, mas a pesquisa na área é cada vez mais
intensa. Provalmente, ha uma combinação de factores que levam ao autismo. O que se sabe è
que o autismo è uma desordem neurológica que afecta o modo como o cérebro recebe,
processa, usa e /ou transmite informação.

3.3.3. Síndrome de Tourette ou Tiques

Síndrome de Tourette é um distúrbio neuropsiquiátrico caracterizado por tiques múltiplos,


motores ou vocais, que persistem por mais de um ano e geralmente se instalam na infância.

Na maioria das vezes, os tiques são de tipos diferentes e variam no decorrer de uma semana
ou de um mês para outro. Em geral, eles ocorrem em ondas, com frequência e intensidades
variáveis, pioram com o estresse, são independentes dos problemas emocionais e podem estar
associados a sintomas obsessivo-compulsivos e ao distúrbio de atenção e hiperatividade. É
possível que existam fatores hereditários comuns a essas três condições. A causa do
transtorno ainda é desconhecida (SERRANO, 2008).

Segundo VASQUEZ (1997), tique é um movimento curto que se repete a intervalos


irregulares (por exemplo, sob a forma de caretas, ranger dos dentes, respiração ofegante).
Ocorre de forma não voluntária.

3.3.3.1. Sinais de alerta de Síndrome de Tourette ou Tiques

Muitas vezes podemos adivinhar que seja a expressão de um impulso emocional específico,
como por exemplo, negação intensa (sacudir a cabeça), não saber o que fazer (dar de ombros),
evitar uma bofetada imaginária, afastar-se de algo nojento.

Os tiques podem ser acompanhados de grunhidos, latidos e da enunciação de palavras


obscenas (a doença de Gilles de La Tourette). Muitas vezes os tiques são sintomas de uma
doença cerebral e em outros casos são provavelmente expressão de uma tensão emocional que
tem causas psíquicas”.

3.4. Atenção as NEE comportamentais no contexto familiar e comunitário

A forma como os pais interagem e educam seus filhos é crucial à promoção de


comportamentos socialmente adequados ou de comportamentos considerados, pelos pais e/ou
professores, como inadequados, os quais são entendidos como “déficits ou excedentes
comportamentais que prejudicam a interacção da criança com pares e adultos de sua
convivência”.
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Segundo SILVA (2000), é possível identificar muitos determinantes para problemas de


comportamento. Este autor aponta para a existência de uma ligação entre práticas educativas e
comportamento anti-social dos filhos, à medida que as famílias estimulam estes
comportamentos por meio de disciplina inconsistente, pouca interacção positiva, pouco
monitoramento e supervisão insuficiente das actividades da criança.

Esses pais de crianças com NEE de comportamento sentem-se muitas vezes, impotentes,
desanimados, sem saber o que fazer. Os métodos de disciplina normalmente empregues, tais
como a argumentação, os castigos ou a repreensão não funcionam com estas crianças.
Frustrados, por vezes, recorrem a métodos mais desesperados, como bater ou gritar, mesmo
sabendo que tais comportamentos são pouco adequados e não resolvem nada. Resultado:
acabam por manifestar um sentimento de culpa que em nada contribui para o bem-estar da
criança.

As famílias que lidam com crianças que sofrem de hiperactividade, tal como acontece com as
famílias que cuidam de crianças com doenças crónicas (por exemplo, paralisia cerebral ou
autismo) manifestam, frequentemente, maiores níveis de frustração e problemas conjugais.
Além de que as despesas com os tratamentos destas crianças podem representar um fardo
pesado para muitas famílias.

3.5. Atenção às NEE comportamentais no contexto escolar

Desde o momento em que se introduz a Inclusão escolar, submete-se a um desafio de incluir


os alunos com algumas dificuldades de aprendizagem, tratando-se de Comportamento, o
professor encontra-se num desafio de saber assim como entender a forma de incluir estes
alunos no ensino, dando-lhes mais atenção e acompanhamento.

4. Alunos com Necessidades Educativas Especiais intelectuais

Segundo CORREIA (1999), enquadram-se neste grupo alunos com deficiência mental, que
manifestam problemas globais de aprendizagem, bem como os indivíduos dotados e
superdotados, cujo potencial de aprendizagem é superior à média.
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De acordo com TÉDDE (2012), a deficiência intelectual não é considerada uma doença ou um
transtorno psiquiátrico, e sim um ou mais factores que causam prejuízo das funções cognitivas
que acompanham o desenvolvimento diferente do cérebro.

4.1. Conceitos básicos

Deficiência

Deficiência vem da palavra deficientia do latim e sugere algo que possua falhas,
imperfeições, não é completo. É o termo usado para definir a ausência ou a disfunção de uma
estrutura psíquica, fisiológica ou anatômica. Diz respeito à biologia da pessoa. (TÉDDE).

De acordo com TÉDDE (2012), deficiência intelectual, é uma das deficiências mais
encontrada em crianças e adolescentes, atingindo 1% da população jovem caracterizada pela
redução no desenvolvimento cognitivo, isto é, com um Q.I 3, normalmente abaixo do esperado
para a idade cronológica da criança ou adulto.

4.2. Sinais de alerta

De acordo com BAUTISTA (1997), são sinais de alerta para a deficiência mental os
seguintes:

Ansiedade; Tendência para evitar situações de fracasso mais do que para procurar o êxito;
Possível existência de perturbações da personalidade; Fraco controlo interna; Atraso evolutivo
em situações de lazer; Atraso evolutivo em situações de actividade sexual.

4.3. Causas da deficiência intelectual

As causas da D.I4. são desconhecidas de 30 a 50% dos casos. Estas podem ser genéticas,
congênitas ou adquiridas. Dentre as quais as mais conhecidas são: Síndrome de Down,
Síndrome alcoólica fetal, Intoxicação por chumbo, Síndromes neurocutâneas, Síndrome de
Rett, Síndrome do X-frágil, Malformações cerebrais e Desnutrição proteico-calórica.

Algumas causas que podem ocorrer antes ou durante a concepção incluem:

 Distúrbios hereditários (como fenilcetonúria, doença de Tay-Sachs, neurofibromatose,


hipotireoidismo e síndrome de X frágil);
 Anomalias cromossómicas (como a síndrome de Down);

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Refere-se ao Quociente de Inteligência,
4
Deficiência Intelectual
12

Algumas causas que podem ocorrer durante a gravidez incluem:

 Desnutrição materna grave;


 Infecções pelos vírus de imunodeficiência humana, citomegalovírus, vírus do herpes
simples, toxoplasmose, rubéola);
 Toxinas (como álcool, chumbo e metilmercúrio);
 Medicamentos (como fenitoina, valproato, isotretinoina e quimioterápicos contra
câncer);
 Desenvolvimento anormal do cérebro (como cisto porencefálico, heteropia da
substancia cinzenta e encefalocete);
 Pré-eclâmpsia e nascimentos múltiplos (por exemplo gêmeos ou trigêmeos);

Algumas causas que podem ocorrer durante o nascimento incluem:

 Falta de oxigênio (hipóxia);


 Prematuridade extrema.
 Algumas causas que podem ocorrer após o nascimento incluem:
 Infecções no cérebro (como a meningite e a encefalite);
 Traumatismo craniano grave;
 Desnutrição da criança;
 Tumores cerebrais e seus tratamentos;
 Toxinas (como chumbo e mercúrio).

4.4. Classificação da deficiência intelectual

De acordo com BAUTISTA (1997) o resultado do teste de Q.I. traduz-se em cinco graus de
deficiência mental e distribuem-se em grupos:

QI-68-85: Limite ou bordeline; crianças que se enquadrem neste nível, não se pode dizer,
que apresentem deficiências mentais porque são crianças com muitas possibilidades,
revelando apenas um ligeiro atraso nas aprendizagens ou algumas dificuldades concretas.

QI - 52-67: Ligeiro; apresentam um atraso mínimo nas áreas perceptivo-motoras. Na escola


detectam-se com mais facilidade as suas limitações intelectuais, podendo contudo, alcançar
um nível escolar equivalente ao 1º Ciclo do Ensino Básico. Geralmente não apresentam
problemas de adaptação ao ambiente familiar.

QI - 36-51: Moderado ou médio; neste nível estão considerados os deficientes que podem
adquirir hábitos de autonomia pessoal e social, tendo maiores dificuldades que os anteriores.
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Podem aprender a comunicar pela linguagem verbal, mas apresentam, por vezes, dificuldades
na expressão oral e na compreensão dos convencionalismos sociais.

QI - 20-35: Severo ou grave; os indivíduos com este nível necessitam geralmente de


protecção ou de ajuda, pois o seu nível de autonomia pessoal e social é muito pobre. Por vezes
têm problemas psicomotores significativos.

QI - Inferior a 20: Profundo; estes indivíduos apresentam grandes problemas sensório-


motoras e de comunicação com o meio. São dependentes de outros em quase todas as funções
e actividades, pois os seus handicaps físicos e intelectuais são gravíssimos. Excepcionalmente
terão autonomia para se deslocar e responder a treinos simples de auto-ajuda.

Quanto ao PEA podem ser:

Educável- Capaz de aprender matérias académicas (leitura, escrita e matemática);

Treinável- Capaz de aprender as tarefas necessárias na vida diária (comer sozinho, vestir-se,
cuidar da sua higiene pessoal);

Grave e profunda- Não é capaz de valer-se por si mesmo, inclusive na comunicação a nível
funcional.

4.5. Adaptações para atender NEE em alunos com deficiência mental/intelectual

Na identificação de crianças com deficiência mental/intelectual deve-se dar atenção a duas


áreas:

 Funcionamento intelectual – está relacionado com as áreas acadêmicas, a capacidade


de um indivíduo resolver problemas e acumular conhecimentos e que pode ser medido
pelos testes de inteligência
 Comportamento adaptativo – refere-se às capacidades necessárias para um
indivíduo se adaptar e interagir no seu ambiente de acordo com o seu grupo etário e
cultural.

Áreas do comportamento adaptativo:

 Comunicação;
 Cuidados pessoais;
 Habilidades sociais;
 Desempenho na família e comunidade;
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 Independência na locomoção;
 Saúde e segurança;
 Desempenho escolar;
 Lazer e trabalho

Limitações nessas habilidades podem prejudicar a pessoa nas relações com o ambiente e
dificultar o convívio no dia-a-dia. Indica-se a avaliação objetiva do comportamento adaptativo
por meio da utilização de instrumentos objetivos de mensuração.

Para considerar o diagnóstico da D.I, é necessário haver falhas tanto na questão cognitiva do
individuo e na questão adaptativa, pois se houver incapacidades em apenas em uma das
questões não se considera como D.I.

4.6. Atenção às NEE intelectuais no contexto escolar

As barreiras da deficiência mental/intelectual diferem das barreiras encontradas nas demais


deficiências. Trata-se de barreiras referentes à maneira de lidar com o saber em geral, fato que
reflete preponderantemente na construção do conhecimento escolar.

 É necessário que se estimule o aluno com deficiência mental/intelectual, a avançar na


sua compreensão, criando-lhe conflitos cognitivos, ou melhor, desafiando-o a
enfrentá-los.
 O professor deve privilegiar o desenvolvimento e a superação dos limites intelectuais
desses alunos, exatamente como acontece com as demais deficiências, como por
exemplo: para o cego, a possibilidade de ler pelo braile, para o surdo a comunicação
em Libras, etc.

Além disso, para a promoção do acesso do aluno ao conteúdo curricular, há outras mais
específicas sugeridas a seguir:

 Posicionar o aluno de forma que possa obter a atenção do professor;


 Estimular o desenvolvimento de habilidades de comunicação interpessoal;
 Encorajar a ocorrência de interações e o estabelecimento de relações com
 o ambiente físico e de relações sociais estáveis;
 Estimular o desenvolvimento de habilidades de autocuidado;
 Estimular a atenção do aluno para as atividades escolares;
 Estimular a construção de crescente autonomia do aluno, ensinando-o a pedir as
informações de que necessita, a solicitar ajuda, enfim, a se comunicar com as demais
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pessoas de forma que estas sejam informadas de sua necessidade e do que esteja
necessitando;
 Oferecer um ambiente emocionalmente acolhedor para todos os alunos;

5. Os superdotados como portadores de necessidades educacionais especiais (NEE)

As crianças superdotadas, também definidas como portadoras de altas habilidades ou talentos,


constituem um segmento do grupo maior de crianças que, por serem detentores de traços
individuais específicos, são definidos como portadores de necessidades (educacionais)
especiais.

O superdotado/talentoso/portador de altas habilidades é aquele indivíduo que, quando


comparado à população geral, apresenta uma habilidade significativamente superior em
alguma área do conhecimento, podendo se destacar em uma ou várias áreas:

 Acadêmica: tira boas notas em algumas matérias na escola – não necessariamente em


todas – tem facilidade com as abstrações, compreensão rápida das coisas, demonstra
facilidade em memorizar etc.
 Criativa: é curioso, imaginativo, gosta de brincar com idéias, tem respostas bem
humoradas e diferentes do usual.
 Liderança: é cooperativo, gosta de liderar os que estão a seu redor, é sociável e
prefere não estar só.
 Artística: habilidade em expressar sentimentos, pensamentos e humores através da
arte, dança, teatro ou música.
 Psicomotora: Habilidade em esportes e atividades que requeiram o uso do corpo ou
parte dele; boa coordenação psicomotora.
 Motivação: torna-se totalmente envolvido pela atividade do seu interesse, resiste à
interrupção, facilmente se chateia com tarefas de rotina, se esforça para atingir a
perfeição, e necessita pequena motivação externa para completar um trabalho
percebido como estimulante.

5.1. Adaptações para atender necessidades especiais em alunos com altas habilidades
(superdotados)

 Estimular a independência do aluno;


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 Estimular o aluno a ler, a pesquisar, a buscar novas informações em materiais


extraclasse, de forma que ele aprenda a estudar pesquisando, e assim, possa extrapolar
os conteúdos regulares, seguindo seu próprio ritmo;
 Estimular a utilização de processos cognitivos complexos, como o pensamento
criativo, a análise crítica, etc;
 Estimular discussões amplas sobre fatos, questões, idéias, buscando o aprofundamento
do nível de complexidade de análise, comunicação, tomada de decisão, organização do
pensamento e raciocínio lógico, planeamento, entre outros;
 O fato de ter altas habilidades pode dificultar a convivência entre pares, por isso é de
grande importância que a interação e as habilidades de comunicação interpessoal
constituam objetivos de ensino, de igual importância aos demais conteúdos
curriculares.
 Estimular o envolvimento em atividades cooperativas;
 Estimular o desenvolvimento do respeito pelos demais seres humanos,
independentemente de suas características, talentos e competências. O aluno com altas
habilidades pode se tornar alguém impaciente com pessoas que possuem um ritmo
diferente do seu, desta forma, é importante tratar do desenvolvimento e da prática do
respeito humano enquanto conteúdo curricular.

7. O papel dos pais na educação das crianças com Necessidades Educativas Especiais

A Educação é uma tarefa de todos, não apenas dos professores, uma vez que, os primeiros
intervenientes e responsáveis pela educação dos filhos são os pais. A cooperação entre a
família e a escola é hoje indispensável. Assim, um bom relacionamento e uma comunicação
eficiente entre pais e profissionais irá beneficiar não só o rendimento dos alunos, como realçar
o importante papel dos pais e facilitar o trabalho dos professores.

Em relação ao envolvimento dos pais na educação da criança com NEE, CORREIA (1997),
baseando-se em estudos realizados sobre esta temática, considera que os pais são elementos
fundamentais no que respeita à planificação, execução e avaliação de programas de
intervenção. Como estes são, em princípio, as pessoas que mais tempo passam com a criança,
é natural que estes sejam envolvidos nas intervenções educacionais, apresentadas por os seus
filhos na medida em que poderão dar continuidade ao trabalho desenvolvido pelos
profissionais.
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6. Conclusão

De acordo com as pesquisas feitas, foi possível saber se a família é a responsável pelos
cuidados físicos, pelo desenvolvimento psicológico, emocional, moral e cultural da criança na
sociedade, desde o seu nascimento. Concluímos, também, que é na família, onde a criança
supera as suas necessidades e inicia a construção dos seus esquemas perceptuais, motores,
cognitivos, linguísticos e afectivos.

Sabemos que a educação é o alicerce para o desenvolvimento de qualquer cidadão, e que


incluir o aluno com necessidades educacionais especiais, é também, uma forma de respeitá-lo
e garantir a possibilidade de seu crescimento. No entanto, percebemos que as dificuldades
existem, não são poucas e ficam bem claras quando se pára para observar de forma mais
crítica. Afinal, colocar o aluno em sala regular e não atender o que realmente ele necessita,
não é inclusão.

As escolas não estão preparadas para trabalhar com crianças com NEE, dado que precisam de
um apoio especializado, sendo que os professores não são formados para trabalhar com
crianças com NEE.

É preciso referir que o envolvimento activo da família na educação dos filhos levará os
professores a se preocuparem cada vez mais pela aprendizagem dos alunos, criando condições
para que a escola desenvolva uma filosofia comum, em que envolva as famílias, os
professores e toda a comunidade escolar.
18

7. Referências Bibliográficas

1. CORREIA, Luis de Miranda. Inclusão e Necessidades Educativas Especiais: Uma


guia para educadores e professores; 2ª Edição, Porto Editora, Lisboa, 2008;
2. KIRK, S. e GALLAGHER, J.: Educação da Criança Excepcional, 3ª edição, MARX
FONTES. São Paulo, 2002.
3. LOPES, Robert. Problemas de Comportamento na sala de aula, Identificação,
Avaliação e Modificação – Porto Editora. 1994.
4. NIELSEN, Lee Brattland. Necessidades Educativas Especiais na Sala de Aula: Um
guia para professor; Porto Editora, Lisboa, 1999;
5. SERRANO, A. M.: Apontamentos das aulas de Dificuldades de aprendizagem
específicas: Perspectivas cognitivas, motoras, socio-emocionais e da linguagem.
Universidade do Minho, Braga. 2008.
6. SILVA, A. T. B. Problemas de comportamento e comportamentos social-mente
adequados. Universidade Federal de São Carlos. 2000.
7. TÉDDE, Samantha. Crianças com deficiência intelectual: a aprendizagem e a inclusão.
São Paulo, 2012
8. VÁSQUEZ, I. Hiperactividade: Avaliação e Tratamento. Necessidades Educativas
Especiais. Lisboa. 1997.

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