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Márcia Elias Ferreira

Direito Processual Civil Executivo e Recursos


Aula Teórica Dr. Maria João Monteiro
Dia 12.10.21

Sumário:

Continuação da aula anterior;


Requisitos de admissibilidade dos recursos ordinários. A
legitimidade para recorrer. A renúncia aos recursos. Efeitos dos
recursos ordinários. Regime de subida dos recursos ordinários.

Temos que nos relembrar das regras do valor da ação- importante


para saber se posso recorrer de uma determinada decisão. Temos
então que saber o valor da ação e as alçadas.
Saber determinar. Regras do valor da causa.

Tínhamos também visto as decisões que admitem recurso- todas


aquelas que não estejam fora da verificação dos pressupostos
formais para interposição de recurso. Algumas decisões não
admitem recurso independentemente de estarem verificados os
requisitos processuais.

Decaimento- perda que a parte sofre com a decisão com a qual


não concorda

Matéria da prova- decisão relativamente a um determinado meio


de prova
Não admite recurso da decisão essa decisão de promover
oficiosamente a produção de prova.
Esta decisão, seja qual for o meio de prova- uma testemunha que
o juiz quer ouvir, uma ida ao local, a junção de um documento
não admite recurso seja qual for o valor da ação.
411ºcpc
322º, nº2 do CPC.
Artigo 322.º - Dedução do chamamento

       2 - O juiz, ouvida a parte contrária, aprecia, em decisão irrecorrível, a relevância do


interesse que está na base do chamamento, deferindo-o quando a intervenção não
perturbe indevidamente o normal andamento do processo e, face às razões
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invocadas, se convença da viabilidade da ação de regresso e da sua efetiva


dependência das questões a decidir na causa principal

436º CPC, 468º, nº1, 511º, nº4, 490º, nº1, etc- exemplos

Artigo 631º- quem pode recorrer

Artigo 631.º - Quem pode recorrer

       1 - Sem prejuízo do disposto nos números seguintes, os recursos só podem ser
interpostos por quem, sendo parte principal na causa, tenha ficado vencido.
       2 - As pessoas direta e efetivamente prejudicadas pela decisão podem recorrer
dela, ainda que não sejam partes na causa ou sejam apenas partes acessórias.
       3 - O recurso previsto na alínea g) do artigo 696.º pode ser interposto por qualquer
terceiro que tenha sido prejudicado com a sentença, considerando-se como terceiro o
incapaz que interveio no processo como parte, mas por intermédio de representante
legal.

Podem intervir partes que tenham tido intervenção no processo


coligadas ou que tenham tido intervenção no processo por via de
um litisconsórcio.
311º a 341º cpc
Factos acessórios- 321º a 325º cpc.

Renúncia ao direito de recorrer

Artigo 632.º - Perda do direito de recorrer e renúncia ao recurso

       1 - É lícito às partes renunciar aos recursos; mas a renúncia antecipada só produz
efeito se provier de ambas as partes.
       2 - Não pode recorrer quem tiver aceitado a decisão depois de proferida.
       3 - A aceitação da decisão pode ser expressa ou tácita; a aceitação tácita é a que
deriva da prática de qualquer facto inequivocamente incompatível com a vontade de
recorrer.
       4 - O disposto nos números anteriores não é aplicável ao Ministério Público.
       5 - O recorrente pode, por simples requerimento, desistir do recurso interposto
até à prolação da decisão.

Ambos renunciam ao direito de recorrer- decisão transita


imediatamente em julgado.

Distinção entre o recurso independente e o recurso subordinado


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Artigo 633º
Artigo 633.º - Recurso independente e recurso subordinado

       1 - Se ambas as partes ficarem vencidas, cada uma delas pode recorrer na parte
que lhe seja desfavorável, podendo o recurso, nesse caso, ser independente ou
subordinado.
       2 - O prazo de interposição do recurso subordinado conta-se a partir da
notificação da interposição do recurso da parte contrária.
       3 - Se o primeiro recorrente desistir do recurso ou este ficar sem efeito ou o
tribunal não tomar conhecimento dele, caduca o recurso subordinado, sendo todas as
custas da responsabilidade do recorrente principal.
       4 - Salvo declaração expressa em contrário, a renúncia ao direito de recorrer ou a
aceitação, expressa ou tácita, da decisão por parte de um dos litigantes não obsta à
interposição do recurso subordinado, desde que a parte contrária recorra da decisão.
       5 - Se o recurso independente for admissível, o recurso subordinado também o
será, ainda que a decisão impugnada seja desfavorável para o respetivo recorrente em
valor igual ou inferior a metade da alçada do tribunal de que se recorre.

Temos que estudar aqui também os pressupostos processuais-


legitimidade.
Artigo 629.º - Decisões que admitem recurso

       1 - O recurso ordinário só é admissível quando a causa tenha valor superior à


alçada do tribunal de que se recorre e a decisão impugnada seja desfavorável ao
recorrente em valor superior a metade da alçada desse tribunal, atendendo-se, em
caso de fundada dúvida acerca do valor da sucumbência, somente ao valor da causa.
       2 - Independentemente do valor da causa e da sucumbência, é sempre admissível
recurso:

              a) Com fundamento na violação das regras de competência internacional, das


regras de competência em razão da matéria ou da hierarquia, ou na ofensa de caso
julgado;
              b) Das decisões respeitantes ao valor da causa ou dos incidentes, com o
fundamento de que o seu valor excede a alçada do tribunal de que se recorre;
              c) Das decisões proferidas, no domínio da mesma legislação e sobre a mesma
questão fundamental de direito, contra jurisprudência uniformizada do Supremo
Tribunal de Justiça;
              d) Do acórdão da Relação que esteja em contradição com outro, dessa ou de
diferente Relação, no domínio da mesma legislação e sobre a mesma questão
fundamental de direito, e do qual não caiba recurso ordinário por motivo estranho à
alçada do tribunal, salvo se tiver sido proferido acórdão de uniformização de
jurisprudência com ele conforme.

       3 - Independentemente do valor da causa e da sucumbência, é sempre admissível


recurso para a Relação:
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              a) Nas ações em que se aprecie a validade, a subsistência ou a cessação de


contratos de arrendamento, com exceção dos arrendamentos para habitação não
permanente ou para fins especiais transitórios;
              b) Das decisões respeitantes ao valor da causa nos procedimentos cautelares,
com o fundamento de que o seu valor excede a alçada do tribunal de que se recorre;
              c) Das decisões de indeferimento liminar da petição de ação ou do
requerimento inicial de procedimento cautelar.

Temos que saber qual é o valor da causa- se se estiver a falar de


uma ação de divórcio, 30.000 e 1 cêntimos.
Outra coisa que temos que saber é de que tribunal é que estamos a
pensar recorrer. Se for uma decisão proferida no tribunal de
trabalho- 1º instância, se for uma ação de divórcio- 1º instância. O
patamar de decisão que eu vou obter é na 1º instância. Para saber
se posso recorrer, tenho que ter um valor superior a 5.000 euros.

decisão impugnada seja desfavorável ao recorrente em valor superior a metade da


alçada desse tribunal
Se eu tiver uma ação de 7.000 euros e decair em 2.000 podia
recorrer?
Não podia da decisão.
Se eu decair numa ação de 40.000 euros, se houver uma
condenação em 30.000. Quero agora recorrer para o supremo.
Nestes exemplos, se a questão for do lado do réu a questão já não
se coloca porque o réu foi condenado a pagar 30.000.
Discordando ele da decisão, a decisão para ele ultrapassa a
metade da alçada do tribunal da qual ele quer recorrer para o
supremo. Tem que ser superior a 15.000.
Temos que ver na perspetiva do réu e na do autor.
Quando se pergunta: é possível recorrer desta decisão? Não se
pergunta da parte de quem. Temos que falar nos dois.
Pode o réu recorrer da relação para o supremo?
Imaginando que o réu recorre, o autor pode recorrer
subordinadamente? Nos subordinados posso deixar cair um dos
requisitos- o decaimento.

Recurso independente e recurso subordinado

Recurso independente
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Quando eu tenho uma decisão


Ação-20.000 euros- só vai condenado a pagar 15.000 euros e
absolvido a apagar o resto. E agora? Que atitudes podem ser
tomadas.
Recurso do autor
Réu também tem direito a recorrer
Os prazos começam-se a contar desde que são notificados
Princípio do contraditório
Alegações de recurso em anexo- prazo
Notificada à parte contrária- tem prazo para responder as
alegações da parte contrária

Deixa passar o prazo para recorrer, mas é notificado que o autor


recorre. Vai ser tudo revisto e agora? 633º do CPC
Ambas as partes têm que estar vencidas, cada uma delas pode
recorrer da parte que lhe seja desfavorável.
Nós temos o autor, e temos o réu.
O réu quando for notificado do recurso, tem direito a responder
sobre as alegações. Por sua vez, o réu recorre dos 15.000 euros e
depois o autor vai responder sobre os 20.000 euros- direito à
resposta.
O recurso do réu vai ser sobre os 15.000- o autor vai responder
aos 15.000. Responder às alegações do outro não é o mesmo que
a interposição do recurso.
Recursos independentes- cada um recorre da parte que decaiu
Mas outra coisa, são os recursos subordinados. A tem direito a
recorrer nos 30 dias sobre o que o outro alegou.
Se as duas interpuserem recursos independentes, não se pode
interpor nenhum recurso subordinado a seguir- as duas recorrem
logo, as duas.
Se uma delas decidir que não recorre independente, se vir que o
outro interpõe recurso, pode requerer o recurso subordinado.

Ex: Réu- 5.000 euros- da relação para o supremo pode o réu


recorrer? Porque decaiu em mais de metade da alçada do tribunal
da relação
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Imaginando que o réu recorre, pode o autor recorrer


subordinadamente?
O autor pode recorrer desde que seja desfavorável para ele…
Nos subordinados eu posso deixar cair um dos requisitos-
decaimento- sucumbência.
No subordinado eu posso esperar 30, e ter 30 dias. Vejo que o
outro recorrer e recorro passados 30 dias.

SECÇÃO II - Julgamento do recurso


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Artigo 652.º - Função do relator

       1 - Ao relator incumbe deferir todos os termos do recurso até final,


designadamente:

              a) Corrigir o efeito atribuído ao recurso e o respetivo modo de subida, ou


convidar as partes a aperfeiçoar as conclusões das respetivas alegações, nos termos
do n.º 3 do artigo 639.º;
              b) Verificar se alguma circunstância obsta ao conhecimento do recurso;
              c) Julgar sumariamente o objeto do recurso, nos termos previstos no artigo
656.º;
              d) Ordenar as diligências que considere necessárias;
              e) Autorizar ou recusar a junção de documentos e pareceres;
              f) Julgar os incidentes suscitados;
              g) Declarar a suspensão da instância;
              h) Julgar extinta a instância por causa diversa do julgamento ou julgar findo o
recurso, por não haver que conhecer do seu objeto.

       2 - Na decisão do objeto do recurso e das questões a apreciar em conferência


intervêm, pela ordem de antiguidade no tribunal, os juízes seguintes ao relator.
       3 - Salvo o disposto no n.º 6 do artigo 641.º, quando a parte se considere
prejudicada por qualquer despacho do relator, que não seja de mero expediente,
pode requerer que sobre a matéria do despacho recaia um acórdão; o relator deve
submeter o caso à conferência, depois de ouvida a parte contrária.
       4 - A reclamação deduzida é decidida no acórdão que julga o recurso, salvo
quando a natureza das questões suscitadas impuser decisão imediata, sendo, neste
caso, aplicável, com as necessárias adaptações, o disposto nos n.ºs 2 a 4 do artigo
657.º.
       5 - Do acórdão da conferência pode a parte que se considere prejudicada:

              a) Reclamar, com efeito suspensivo, da decisão proferida sobre a competência


relativa da Relação para o Presidente do Supremo Tribunal de Justiça, o qual decide
definitivamente a questão;
              b) Recorrer nos termos gerais.
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Despacho que não admite o recurso

Artigo 643.º - Reclamação contra o indeferimento- importante

       1 - Do despacho que não admita o recurso pode o recorrente reclamar para o
tribunal que seria competente para dele conhecer no prazo de 10 dias contados da
notificação da decisão.
       2 - O recorrido pode responder à reclamação apresentada pelo recorrente, em
prazo idêntico ao referido no número anterior.
       3 - A reclamação, dirigida ao tribunal superior, é apresentada na secretaria do
tribunal recorrido, autuada por apenso aos autos principais e é sempre instruída com
o requerimento de interposição de recurso e as alegações, a decisão recorrida e o
despacho objeto de reclamação.
       4 - A reclamação, logo que distribuída, é apresentada ao relator, que, em 10 dias,
profere decisão que admita o recurso ou o mande subir ou mantenha o despacho
reclamado, a qual é suscetível de impugnação, nos termos previstos no n.º 3 do artigo
652.º.
       5 - Se o relator não se julgar suficientemente elucidado com os documentos
referidos no n.º 3, pode requisitar ao tribunal recorrido os esclarecimentos ou as
certidões que entenda necessários.
       6 - Se a reclamação for deferida, o relator requisita o processo principal ao tribunal
recorrido, que o fará subir no prazo de 10 dias.
Omissão do pagamento da taxa de justiça- importante
Artigo 642.º - Omissão do pagamento das taxas de justiça- importante

       1 - Quando o documento comprovativo do pagamento da taxa de justiça devida ou


da concessão do benefício do apoio judiciário não tiver sido junto ao processo no
momento definido para esse efeito, a secretaria notifica o interessado para, em 10
dias, efetuar o pagamento omitido, acrescido de multa de igual montante, mas não
inferior a 1 UC nem superior a 5 UC.
       2 - Quando, no termo do prazo de 10 dias referido no número anterior, não tiver
sido junto ao processo o documento comprovativo do pagamento da taxa de justiça
devida e da multa ou da concessão do benefício do apoio judiciário, o tribunal
determina o desentranhamento da alegação, do requerimento ou da resposta
apresentado pela parte em falta.
       3 - A parte que aguarde decisão sobre a concessão do apoio judiciário deve, em
alternativa, comprovar a apresentação do respetivo requerimento.

Ver o resto no livro porque esta gravação estava péssima.

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