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ARIELLE SAGRILLO SCARPATI

Mulheres em Situação
de Violência
Considerações Teóricas e Manejo Clínico

CAPACITAÇÃO TÉCNICA
Arielle Sagrillo Scarpati ;

Formação
Psicóloga
Mestre em Psicologia Social (UFES)
Doutora em Psicologia Forense (University of Kent, UK)
Em treinamento para atendimento EMDR

Atuação
Clínica, pesquisa, treinamento e consultoria;
Por que se preparar para o
atendimento deste público?
O que faz desta uma demanda diferenciada?
VIOLÊNCIA
CONTRA
MULHERES
art. 5º da Lei Maria da Penha
“Qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause
morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano
moral ou patrimonial”.
A MULHER EM
SITUAÇÃO DE
VIOLÊNCIA
Quem são?
Raça - Classe - Faixa etária
Sexualidade - Escolaridade - Religião
Quem são?

Atlas da Violência 2020


CICLO DA
VIOLÊNCIA
CICLO DO
ROMPIMENTO
Romper uma relação violenta é um processo que

acontece ao longo de um período de tempo. A decisão de ficar

ou partir acontece, normalmente, em etapas .


A cada estágio deste processo, é possível acompanhar as

mudanças nos motivos pelos quais elas “ainda

estão ali”. Cabe ao terapeuta, ajudá-la a trilhar esse caminho e

"ler corretamente" essas “mensagens” .

Sejam elas internas ou externas.


Términ Pré-

Abandono Pré-contemplação
o contemplação
16.7% 16.7%

CICLO DO
Manutenção Manutençã
o
ROMPIMENTO Contemplação
Contemplaçã
o
16.7% ETAPAS 16.7%

Ação Ação Decisão


Decisão
16.7 16.7%
%
The Stages of Change Model (Prochaska & Diclemente, 1984)
Pré-contemplação
nessa fase, a maioria das vítimas ainda não tem a intenção de
tomar qualquer atitude para mudar sua situação porque elas
sequer a reconhecem como problemática.
Contemplação
existe um reconhecimento de que algo está errado e a
intenção de implementar mudança, mas os sentimentos ainda
são ambivalentes;
Decisão
indivíduos reconhecem a situação como problemática e se
sentem mais preparados para tomar alguma atitude em
direção à mudança. Nesse momento, começam-se a observar
"pequenos passos" em direção a isso;
Ação
nesta fase, a transição entre a contemplação e a decisão já
aconteceu e as mudanças já foram implementadas. Aqui, o
maior desafio é expandir seu alcance (apesar de existir a
intenção de que isso aconteça);
Manutenção
aqui, prioriza-se a manutenção de ações que sustentam a
mudança implementada, de modo que elas se permaneçam a
longo prazo;
‘Abandono’
as mudanças se tornam parte da vida do indivíduo e não há
qualquer desejo ou intenção de retorno a um dos estágios
anteriores.
Términ Pré-

Abandono Pré-contemplação
o contemplação
16.7% 16.7%

Apoio e suporte; Acolhimento


construção de
estratégias

CICLO DO
Manutenção
Manutençã
o
ROMPIMENTO Contemplação
Contemplaçã
o
Alertar sobre (e
16.7% ETAPAS Encorajar sem
16.7%

apoiar durante) os pressionar


altos e baixos

Ação Ação Decisão


Celebrar as conquistas; 16.7
Decisão
Identificar os resultados
16.7%
Apoio e suporte % positivos alcançados
POR QUE ELAS
FICAM?
• Atribuição da violência à fatores externos (ex. bebida)
• "Ética da salvação"
• Crenças religiosas e conservadorismo
• Medo da repercussão (ex. boatos)
• Manutenção da estrutura familiar; filhos
• Ausência de uma rede de apoio
• Dependência financeira e/ou emocional
• Não reconhecimento da violência
• Amor
• Medo, culpa, vergonha
Importante
a frequência e intensidade do abuso/da violência afetam a
decisão de permanecer ou romper a relação: quanto maior a
frequência e a intensidade, maior a probabilidade de que elas
deixem o agressor.
Importante
mulheres que foram previamente expostas à violência têm
uma probabilidade maior de permanecerem em um
relacionamento desta natureza;
Ou seja
a decisão de romper a relação é muito
mais complexa do que se imagina; são
muitos os fatores que estão em jogo!
Como oferecer um atendimento adequado a essas mulheres
sem antes nos atentarmos para as dinâmicas internas e
externas que causam a violência e ainda, para os impactos da

exposição – única, esporádica ou


continuada – a situações de violência?
A VIOLÊNCIA
COMO UMA
FORMA DE
TRAUMA
Trauma
Pode começar como resultado de um evento estressante
agudo ou como produto final de um estresse cumulativo.

Por exemplo: acidentes, procedimentos médicos invasivos,


agressão sexual ou física, abuso emocional, negligência,
guerra, desastres naturais, perda, trauma de nascimento ou
conflito contínuos.
Trauma Psicológico
Ocorre quando os recursos de enfrentamento de uma pessoa
são sobrecarregados (ou existe uma percepção de ameaça)
por um evento específico.

É o significado pessoal dado ao evento - e não o próprio


evento em si - que determina se algo é traumático ou
não.
Abuso emocional
crônico e negligência
podem ser tão ou mais
devastadores -
psiquicamente - que
os abusos físico e
sexual, por exemplo.
Se uma pessoa se sente ameaçada,
faminta, ou cansada, a resposta Medo
primitiva do cérebro entra em ação
monitorando constantemente as
necessidades básicas de
sobrevivência e se comportando
como um “guarda em vigília”.

Quando esta parte está em


atividade, áreas mais avançadas do
cérebro – particularmente aquelas
que lidam com aprendizado
avançado, raciocínio e lógica – se
fecham.
IMPACTOS DO
TRAUMA
PTSD
ocorre após um evento traumático, como um desastre natural
ou um ataque violento. Também pode ocorrer em pessoas que
testemunharam experiências horríveis, mesmo que não tenha
acontecido com elas.
PTSD critérios diagnósticos (F43.1 – 309.81)

A. Exposição a um evento traumático no qual os seguintes quesitos


estiveram presentes:

1. a pessoa vivenciou, testemunhou ou foi confrontada com um ou mais


eventos que envolveram morte ou grave ferimento, reais ou
ameaçados, ou uma ameaça à integridade física, própria ou de outros;
2. a resposta da pessoa envolveu intenso medo, impotência ou horror.
PTSD critérios diagnósticos (F43.1 – 309.81)

B. O evento traumático é persistentemente revivido em uma (ou mais)


das seguintes maneiras:

1. recordações aflitivas, recorrentes e intrusivas do evento.


2. sonhos aflitivos e recorrentes com o evento.
3. agir ou sentir como se o evento traumático estivesse ocorrendo
novamente.
4. sofrimento psicológico intenso quando da exposição a indícios
internos/externos que simbolizam o evento traumático;
5. reatividade fisiológica na exposição a indícios internos ou externos que
simbolizam ou lembram o evento traumático.
PTSD critérios diagnósticos (F43.1 – 309.81)

C. Esquiva persistente de estímulos associados com o trauma e


entorpecimento da responsividade geral, indicados por três (ou mais)
dos seguintes quesitos:

1. esforços no sentido de evitar pensamentos, sentimentos ou conversas


associadas com o trauma;
2. bem como atividades, locais ou pessoas que ativem recordações do
trauma;
3. incapacidade de recordar algum aspecto importante do trauma;
PTSD critérios diagnósticos (F43.1 – 309.81)

(cont)

4. redução acentuada do interesse ou da participação em atividades


significativas;
5. sensação de distanciamento ou afastamento em relação a outras
pessoas;
6. faixa de afeto restrita
7. sentimento de um futuro abreviado (por ex., não espera ter uma
carreira profissional, casamento, ou filhos)
PTSD critérios diagnósticos (F43.1 – 309.81)

D. Sintomas persistentes de excitabilidade aumentada (não presentes


antes do trauma), indicados por dois (ou mais) dos seguintes quesitos:

1. dificuldade em conciliar ou manter o sono


2. irritabilidade ou surtos de raiva
3. dificuldade em concentrar-se
4. hipervigilância
5. resposta de sobressalto exagerada
PTSD critérios diagnósticos (F43.1 – 309.81)

E. sintomas dos Critérios B, C e D há pelo menos 1 mês.

F. a perturbação causa sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo


no funcionamento social ou ocupacional ou em outras áreas importantes
da vida do indivíduo.

Especificar se:

Agudo: se a duração dos sintomas é inferior a 3 meses.


Crônico: se a duração dos sintomas é de 3 meses ou mais.
Com Início Tardio: se o início dos sintomas ocorre pelo menos 6 meses
após o estressor.
C-PTSD
• Diagnóstico recentemente (2018) incluído pela OMS na
Classificação Internacional de Doenças (CID-11).

• Necessidade de uma nova nomenclatura que abarcasse as


sequelas de traumas prolongados e repetidos, que
geralmente ocorrem quando a vítima é incapaz de fugir e se
encontra sob controle de seu agressor (Judith Herman, 1992)

• Trauma de desenvolvimento (crianças expostas à violência)


C-PTSD
Porque este trauma é relacional, tende a produzir um vínculo de
identificação entre a vítima e o agressor, o que se chama de

“ligação traumática”, (apego*).


C-PTSD
Crenças negativas sobre si envolvem autojulgamentos
negativos, com ideias como ser uma pessoa má que deixou
aquilo acontecer, ser inferior aos outros e não poder confiar nas
próprias percepções e julgamentos (Clark & Beck, 2012).

Algo ruim aconteceu


x
Eu sou uma pessoa ruim
Os sinais de alerta de CPTSD são semelhantes aos de PTSD,
mas também incluem:

• Sentimentos intensos de desconfiança


• Sentimentos frequentes de desespero e desamparado
• Dificuldade em controlar todas as emoções
• Sentimentos de não pertencimento
• Dificuldade na criação de vínculos
• Sintomas de dissociação
• Pensamentos suicidas
Memória
Traumática
Após a ocorrência do trauma, há Cognição Emoção
a formação da memória
traumática, carregada de
emoções e imagens, e que
podem gerar comprometimentos
nas seguintes áreas: cognição,
emoção, relacionamento Relacionamento
interpessoal e social com
possíveis comprometimentos
físicos.
Dissociação
• Resultado de níveis de ansiedade “insuportáveis”.
• Mecanismo de proteção psicológica para o individuo.
• Termo que descreve um estado mental onde ocorre um rompimento
de consciência.
• Em estados clínicos mais graves ocorrem sintomas de conversão,
estado de fuga e desordem de personalidade múltipla.

Exemplos: distorções de memória, afeto, percepção ou senso de


identidade, perda da noção do tempo, períodos de amnésia, irrealidade e
alterações de percepções.
O que vamos ouvir
Despersonalização :um sentimento que o seu corpo não pertence exatamente a si ou que está
desligado de si.

Comum: “Me senti estranho”, “Me senti como se estivesse flutuando”, “Me
senti desencarnado/desconectado/ longe de mim mesmo”, “separado de
tudo”, “em um lugar só meu/sozinho ”,“ como se estivesse lá mas não
estivesse ”,“ podia ver e ouvir tudo mas não conseguia responder ”.

Menos comuns: “tipo robô”, “interpretando um papel”, “não sentia dor”,


“como se fosse feito de papelão”, “senti que era apenas uma cabeça
presa em um corpo ”,“ como um espectador olhando para mim mesmo
na TV ”,“ uma experiência fora do corpo ”
O que vamos ouvir
Desrealização: um sentimento que está desligado do mundo à sua volta ou "fora da realidade".

Comum: “Meu ambiente parecia irreal/distante”, “Eu me sentia


distanciado”, “era como olhar para o mundo através de um véu ou vidro”,
“Eu me sentia cortado ou distante do ambiente imediato”, “os objetos
pareciam diminuídos em tamanho/tipo desenho animado/artificial”.

Outros sintomas dissociativos

Memória: “Dirigi o carro para casa/me vesti/jantei, mas não me lembro


de nada”, “Não sei quem sou nem como cheguei aqui” (estado de fuga),
“Lembro-me de coisas, mas isso não parece que fui eu que estava lá ”.
O que vamos ouvir
Identidade: “Eu sinto que sou duas pessoas diferentes/outra pessoa”.

Outro: “Eu senti que o tempo estava passando incrivelmente devagar /


rápido”, “Eu fico tão absorto em fantasia/um programa de TV que parece
real”, “Eu senti um vazio na minha cabeça como se eu não estivesse
pensando em nada ”
A questão é:
Mesmo que as mentes conscientes
continuem "como se nada tivesse
acontecido“, e que as vítimas possam
aprender a ignorar as mensagens do
cérebro emocional, os sinais de alarme
não param. Seus corpos já registraram
a ameaça,
Remédios, drogas e álcool podem
temporariamente entorpecer ou obliterar
sensações e sentimentos, mas o corpo
continuará sinalizando que algo está
errado até que se possa “fazer algo”
com ele.
Efeitos do trauma e dos constantes níveis elevados de
hormônios do estresse:

• problemas memória (especialmente memória de curto prazo)


• problemas de atenção
• irritabilidade
• distúrbios do sono
• transtornos alimentares (ex. anorexia e compulsão)
• abuso de substâncias lícitas e ilícitas
• automutilação
• adoecimentos de ordem física
Assim como “animais assustados”
que voltam para casa quando
estão com medo, muitas vítimas
simplesmente desistem de arriscar
a experimentar novas opções
(mesmo que seu lar não seja, de
fato, um lugar seguro);
Elas ficam
presas no
medo que
conhecem.
O corpo aprende a se ajustar a todos os tipos de estímulos. Isso
significa que o novo equilíbrio químico estabelecido pelo trauma
dentro do corpo pode fazer com que o medo e, de alguma
forma perversa, a dor se transformem em prazer.

Isso significa que, para muitas


pessoas traumatizadas, a
reexposição ao estresse pode
proporcionar algum tipo de alívio do
trauma.
Impactos do trauma na
dinâmica familiar
• Relação mãe - criança
• Relação pai - criança
• Filhos como uma marca da violência
• Filhos resultantes da violência
• Filhos como "alternativa" para a violência
• Filhos como instrumento de negociação
• Trauma geracional
MANEJO CLÍNICO
O que aconteceu não pode ser desfeito, mas as marcas do
trauma podem ser cuidadas!

O trauma “rouba” a sensação de que o sujeito está no comando


de si mesmo. O desafio da recuperação é restabelecer a
propriedade do próprio corpo e mente, e sobre as relações
estabelecidas.

Para a maioria das vítimas, isso envolve:


Encontrar uma maneira de se tornar
calmo e focado;
Por isso, ajude o paciente a
identificar as sensações associadas
ao relaxamento e prazer, e a tomar
consciência da respiração, gestos e
movimentos;
Encontrar uma nova maneira de ser
totalmente vivo no presente e
envolvido com as pessoas ao seu
redor;
Por isso, ajude a fortalecer relações
saudáveis pré-existentes e/ou a
criar novas redes de relações.
O trauma complexo é relacional;
a cura também

**Isolamento como estratégia


Aprender a manter a calma em
resposta a imagens, pensamentos,
sons ou sensações físicas que o
lembram do passado;
Por isso, ajude o paciente a perceber e
descrever os sentimentos em seus
corpos (não emoções, mas
sensações físicas. Ex.: tensão
muscular, calor, pressão,
formigamento) e a desenvolver
técnicas de autocuidado.
Tudo pode ser autocuidado, a
depender da intenção!
Ter medo significa viver em um
corpo que está sempre em alerta.

Pessoas com raiva vivem em corpos


com raiva. Por isso, vítimas de
trauma não podem se recuperar até
que se familiarizem e façam
amizade com as sensações em
seus corpos.
Falar não é suficiente.
O corpo precisa saber que o
perigo já passou.
Três caminhos pra ajudar
sobreviventes
Top-down Out-in Bottom-up
Pessoas traumatizadas ao mesmo
tempo" se lembram de muito
pouco" e "se lembram de muito".
Por isso,
não tente desafiar o pensamento da sua paciente/cliente para
ajudá-los a ver o mundo de uma forma mais "positiva e
flexível".

Evite indicar como ela deve se sentir (como é “certo”). Sua


responsabilidade é muito mais profunda: você deve ajudá-la a

reconstruir o seu “mapa interno”.


Na tentativa de controlar esses processos, passam a responder
a qualquer mudança sensorial de maneira extrema ou, ao
contrário, fechando-se ou entrando em pânico - elas

desenvolvem o medo do próprio


medo .
A terapia
É uma oportunidade

1. de modelar novas formas de relacionamento;


2. De aprender novos “apegos”;
3. De entrar em contato com as emoções e sentimentos em
um espaço que é seguro e acolhedor;
4. De aprender a estabelecer e a lidar com limites saudáveis
(muito importante!!*)
instinto de sobrevivência Corregulação emocional: A
necessidade de conexão
social é um imperativo
biológico. É através dessa
interação que o sistema
nervoso autônomo é
a necessidade de se conectar "modelado" e "regulado".
conexão Nosso sistema neural está sempre
em busca destes elementos.
quando eles estão presentes, a
sensação de segurança permite
que este sistema se autorregule

contexto escolha
conexão Quando as escolhas são limitadas
ou inexistentes, o sistema
autônomo lê a realidade como
perigosa e ativa o "modo
sobrevivência"

contexto escolha
segurança > perigo = bem-estar

segurança < perigo = sensação de


aprisionamento no passado/no trauma, de
impossibilidade de mudança;
Atenção
vítimas de trauma já estão "presas" (sistema límbico) no
trauma. A terapia não deve, portanto, fazê-las voltar e reviver o
trauma, mas permitir que elas vivam uma nova experiência.
Mais importante: que elas se reestruturem interna e
externamente.
Visitar o passado na terapia deve ser feito
enquanto as pessoas estão, biologicamente
falando, firmemente enraizadas no presente
e se sentindo tão calmas, seguras e
“presentes” o quanto possível.

Grounding
O desafio do tratamento do
trauma não é apenas lidar
com o passado, mas
principalmente,
aprimorar a qualidade
das experiências do
dia a dia
Um bom atendimento:
• Não envolve necessariamente uma
discussão detalhada sobre o
evento que causou o sofrimento;
Um bom atendimento:
• Não solicita que as pessoas
analisem o que aconteceu ou que
relatem os eventos ocorridos em
ordem cronológica;
Um bom atendimento:
• Não pressiona as pessoas a
falarem sobre sentimentos e
reações que tiveram em relação a
um evento;
Um bom atendimento:
• Não concentra o atendimento em
orientações jurídicas;
Um bom atendimento:
• Não pede que a paciente/cliente
“confie em sua intuição”;
Um bom atendimento:
• Não coloca paciente/cliente em
um lugar de coitadismo ou de
heroína “por ter sobrevivido”;
Um bom atendimento:
• Reconhece que sensações
corporais são informações, não
sintomas!
Um bom atendimento:
• Não promete o que não pode ser
oferecido/alcançado;
Por isso,
• Não faça falsas promessas ou dê falsas garantias;
• Não indique a denúncia do agressor é condição para o
atendimento;
• Não pense ou aja como se você devesse resolver todos os
problemas da pessoa no lugar dela;
• Não menospreze os esforços das pessoas e seu senso de
capacidade de cuidar delas mesmas.
Outros pontos:
• Interrupções da narrativa e indicativos não verbais de
desatenção (por exemplo, olhar no relógio);
• Toque (no atendimento presencial);
• Uso de termos muito técnicos.
• Exemplos pessoais ou de outros/as pacientes;
• Uso de expressões pejorativas(por exemplo, histérica).
• Psi clínico vs psi do sistema de saúde ou rede
• Avaliação de risco
Vínculo
• Seguro
• Estável
• Com limites claros

Técnicas
• Exercício Físico
• Escrita terapêutica
• EMDR
• Meditação e respiração
CUIDAR DE QUEM
CUIDA
Alguns pontos:
• A raiva do agressor

• O sentimento de frustração pela "estagnação"

• Frustração pelo “não engajamento” da paciente

• Cansaço (“histórias repetidas”)


Autocuidado
Supervisão
Terapia
Encaminhamento
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E-mail: arielle.psicologia@gmail.com
Telefone: 027 99757 9727
Instagram: @pesquisapsi_

Obrigada
SETEMBRO/2020
SÃO PAULO, SP

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