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Biofilmes Microbianos

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Introdução
Comportamento coletivo
Comunidades associadas às superfícies
Estrutura dos Biofilmes
Por que formar um biofilme?
Disponibilidade de nutrientes e cooperatividade metabólica
Aquisição de novas características genéticas
Papel dos biofilmes nas doenças
Genética da formação dos biofilmes

Introdução
Nossa percepção de bactérias como organismos unicelulares baseia-se
essencialmente no conceito de culturas puras, nas quais as células podem ser
diluídas e estudadas a partir de culturas líquidas. Como praticamente todos os
conceitos e conhecimentos microbiológicos foram adquiridos a partir do estudo
de organismos em culturas puras, somente há alguns anos começamos a
entender que, na realidade, a maioria das bactérias se encontra na natureza
vivendo em comunidades, de maior ou menor estruturação.
O tipo de "ecologia" que imaginávamos em relação aos procariotos, ou seja,
células individuais crescendo de maneira planctônica (livres, em suspensão),
raramente é encontrado na natureza. Sabe-se atualmente que, quando em seus
habitats naturais, via de regra as bactérias são encontradas em comunidades de
diferentes graus de complexidade, associadas a superfícies diversas, geralmente
compondo um biofilme, isto é, um ecossistema estruturado altamente dinâmico,
que atua de maneira coordenada.
Assim, embora possam ter uma existência planctônica independente, este tipo de
vida parece ser eventual.
Os biofilmes, complexos ecossistemas microbianos, podem ser formados por
populações desenvolvidas a partir de uma única, ou de múltiplas espécies,
podendo ser encontrados em uma variedade de superfícies bióticas e/ou
abióticas. Desta maneira, muitos autores definem biofilmes como associações de
microrganismos e de seus produtos extracelulares, que se encontram aderidos a
superfícies bióticas ou abióticas.
Geralmente, a dinâmica de formação de um biofilme ocorre em etapas distintas.
Inicialmente temos or organismos denominados colonizadores primários, que se
aderem a uma superfície, geralmente contendo proteínas ou outros compostos
orgânicos. As células aderidas passam a se desenvolver, originando
microcolônias que sintetizam uma matriz exopolissacarídica (EPS), que passam a

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atuar como substrato para a aderência de microrganismos denominados
colonizadores secundários. Estes colonizadores secundários podem se aderir
diretamente aos primários, ou promoverem a formação de coagregados com
outros microrganisos e então se aderirem aos primários.

Desenvolvimento de um biofilme. (a) Colonização primária de um substrato; (b) crescimento,


divisão celular e produção do exopolissacarídeo (EPS), com o desenvolvimento de microcolônias;
(c) coadesão de células individuais, de células coagregadas e grupos de células idênticas,
originando um biofilme jovem, de múltiplas espécies; (d) maturação e formação de mosaicos
clonais no biofilme maduro.
(Adaptado de Rickard et al., Trends Microbiol., 11:94-100, 2003)

Assim, o biofilme corresponde a uma "entidade" dinâmica pois, de acordo com os


microrganismos que o compõem, teremos consições físicas, químicas e biológicas
distintas. Estas alterações fazem com que cada biofilme seja único, de acordo
com os microrganismos presentes. Neste sentido, ao longo do tempo a
composição microbiana dos biofilmes geralmente sofre alterações significativas.
A figura abaixo ilustra não somente a estruturação fisico-química de um biofilme,
mas também sua evolução e amadurecimento, dependendo das relações
estabelecidas pelos microrganismos presentes.

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Estágios de formação e vida de um biofilme, determinados por fatores físicos,
biológicos e ambientais
(Adaptado de Jenkinson & Lappin-Scott, Trends Microbiol., 9:9-10, 2001)

Comportamento coletivo
Há várias décadas, foi proposto que as bactérias poderiam corresponder a
organismos interativos, capazes de atuar coletivamente, facilitando sua
adaptação às alterações ambientais. Para que um biofilme de uma ou várias
espécies seja formado, é necessário o estabelecimento de um comportamento
multicelular, que se reflete em atividades coordenadas de interação e
comunicação dos vários organismos. Assim, os biofilmes não são simples
camadas viscosas contendo organismos. Estes representam sistemas biológicos
altamente organizados, onde as bactérias estabelecem comunidades funcionais
estruturadas e coordenadas.
Um dos mecanismos de comunicação interbacteriana que vem se mostrando
extremamente importante na formação e desenvolvimento de biofilmes
corresponde ao quorum sensing.

Comunidades associadas às superfícies


Os procariotos podem habitar qualquer ambiente adequado às formas de vida
superiores, assim como vários ambientes inóspitos à maioria das formas de vida.
Tal fato é decorrente de sua inigualável diversidade metabólica e plasticidade
fenotípica. Um dos importantes aspectos associados a esta ubiqüidade está
relacionado à capacidade destes organismos migrarem para diferentes nichos,
onde podem se propagar. O mecanismo mais comum que permite a migração
dos procariotos corresponde à motilidade, seja de origem flagelar, deslizante, ou
de outro tipo. No entanto, são conhecidos mecanismos que também permitem a
migração bacteriana. Por exemplo, algumas espécies podem sintetizar celulose,
originando uma película que mantém as células próximas à interface ár-água, ou

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na superfície de plantas. Bactérias fotossintetizantes podem se posicionar nas
colunas de água, em resposta à intensidade luminosa, pela produção de
vesículas de gás. Outras, apresentam magnetossomos, permitindo
movimentações ao longo dos campos magnéticos da Terra. Um importante
mecanismo na formação de comunidades corresponde à agregação ou aderência,
que otimiza tanto as interações celulares como também as taxas de
sedimentação dos organismos.
As comunidades bacterianas têm importantes papéis na natureza, seja na
produção e degradação de matéria orgânica, na degradação de poluentes, ou na
reciclagem de nitrogênio, enxofre e vários metais. A maioria destes processos
requer o esforço coletivo de organismos com diferentes capacidades metabólicas.
Assim, os biofilmes participam metabolizando esgotos e águas contaminadas
com petróleo, na nitrificação, na reciclagem de enxofre oriundo de drenados
ácidos de minas (onde o pH é 0) e em vários outros processos. Outro tipo de
biofilme está associado às partículas em suspensão, muitas vezes denominadas
neve marinha, extremamente importante nas transformações biogeoquímicas do
carbono em ambientes pelágicos, na metanogênese, fixação de nitrogênio e
produção de enxofre. Estes achados revelam que nos biofilmes podem ser
criadas condições de anaerobiose, em ambientes normalmente aeróbios.

Exemplo da ecologia de comunidades microbianas. As quatro microcolônias centrais


correspondem a organismos que geram e consomem hidrogênio. Os fermentadores utilizam
açúcares e produzem ácidos orgânicos, utilizados pelos produtores de hidrogênio. Além das
interações metabólicas, a comunicação intra e intercelular pode ser mediada por moléculas
sinalizadoras.
(Adaptado de Davey & O’Toole, Microbiol. Mol. Biol. Rev., 64:847-867, 2000)

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As interações que permitem a agregação de diferentes espécies, ou mesmo
gêneros microbianos em um biofilme geralmente envolvem a participação de
adesinas (moléculas de adesão presentes em fímbrias ou dispersar ao longo da
superfície celular), que reconhcem receptores específicos na superfície de outras
células, ou em diversos tipos de substratos. Assim, a figura abaixo esquematiza
a formação de um biofilme aquático, revelando a complexidade tanto estrutural
como temporal deste ecossistema. As horas correspondem ao tempo médio
necessário à adesão dos diferentes microrganismos, revelando a dinâmica de
formação e estruturação deste biofilme.

Esquema de coagregações envolvendo bactérias aquáticas.


(Adaptado de Rickard et al., Trends Microbiol., 11:94-100, 2003)

Estrutura dos Biofilmes


A maioria dos biofilmes exibe uma certa heterogeneidade, existindo conjuntos de
agregados celulares distribuídos ao longo da matriz exopolissacarídica, que
exibem densidades variáveis, originando aberturas e canais por onde a água
pode trafegar.

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Corte lateral, revelando a estrutura de um biofilme artificial de V. cholerae. A
intensidade da cor está associada à densidade celular.
(Adaptado de Davey & O’Toole, Microbiol. Mol. Biol. Rev., 64:847-867, 2000)

As microcolônias que compõem um biofilme podem ser de uma ou várias


espécies, dependendo das condições ambientais. Por exemplo, em locais de
grande stress mecanico, tais como a superfície dental, o biofilme é bastante
compactado e estratificado. Os espaços intersticiais (canais) também são parte
importante dos biofilme, pois permitem a circulação de nutrientes e a troca de
metabólitos.

Por que formar um biofilme?


Acredita-se que a formação de biofilmes esteja associada, por exemplo, à
proteção contra o ambiente, ou seja, bactérias em um biofilme encontram-se
abrigadas e em relativa homeostase, graças à presença da matriz
exopolissacarídica. A matriz contém vários componentes: exopolissacarídeo,
proteínas, ácidos nucléicos, entre outros. O exopolissacarídeo é secretado para o
meio externo, sendo de diferentes composições. Ao que parece, o EPS tem
diferentes estruturas e funções, dependendo das comunidades e/ou condições
ambientais. Este polímero pode impedir fisicamente a penetração de agentes
antimicrobianos no biofilme, principalmente aqueles hidrofílicos e carregados
positivamente. Em alguns casos o EPS é capaz de sequestrar cátions, metais e
toxinas. Por estas razões, os biofilmes podem corresponder a excelentes
mecanismos de transferência de metais nos ecossistemas, pois vários
organismos marinhos pastadores se alimentam de biofilmes. Foi também descrito
que o EPS teria papel de proteção contra radiações UV, alterações de pH,
choques osmóticos e dessecação.

Disponibilidade de nutrientes e cooperatividade metabólica


Os canais aquosos dos biofilmes podem ser comparados a um sistema
circulatório primitivo, permitindo a troca de nutrientes e metabólitos, assim como
a remoção de metabótilos potencialmente tóxicos. Em um biofilme, torna-se
possível a cooperação metabólica. Por exemplo, a degradação de compostos
orgânicos complexos, originando metano e CO2 durante uma digestão anaeróbia,
requer pelo menos três grupos de organismos. As bactérias fermentativas
iniciam o processo, gerando ácidos e álcoois, que são utilizados por bactérias
acetogênicas. Finalmente, as metanogênicas convertem o acetato, CO 2 e
hidrogênio, produzindo metano.
Os biofilmes são ambientes ideais para o desenvolvimento de relaçoes
sintróficas, que é um tipo de simbiose onde dois tipos de organismos
metabolicamente distintos dependem um do outro para utilizarem certos
substratos, na produção de energia.

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Sintrofia em um grânulo de lodo de um reator metanogênico. Corantes fluorescentes
revelam organismos metanogênicos (em verde) e bactérias que oxidam propionato (em
vermelho). A cor amarela resulta da combinação verde e vermelho, revelando microcolônias
sintróficas interligadas a cadeias de metanogênicos.
(Adaptado de Davey & O’Toole, Microbiol. Mol. Biol. Rev., 64:847-867, 2000)

Aquisição de novas características genéticas


Várias bactérias possuem plasmídeos, conferindo as mais diversas
características. Estes podem ser transferidos horizontalmente por conjugação,
para diferentes espécies presentes em um bioflme. Estudo foram realizados com
placas dentais artificiais, formadas inicialmente por bactérias do gênero
Streptococcus. Uma linhagem de Bacillus, contendo um transposon conjugativo
albergando genes de resistência à tetraciclina, foi inserida no sistema e transferiu
este transposon para células de Streptococcus.
A transdução pode, teoricamente, ser responsável pela transferência horizontal
de genes em biofilmes. Tal hipótese baseia-se no fato de sistemas marinhos e de
água doce contêm uma enorme abundância de bacteriófagos (cerca de 10 8/ml),
sendo responsáveis pela lise de um grande número de bactérias. Diariamente, de
10 a 20% da população bacteriana é lisada por fagos, os quais têm relevante
impacto na cadeia alimentar microbiana uma vez que podem aumentar as taxas
de mortalidade e/ou reduzir as taxas de crescimento em todos os níveis tróficos.
Estudos recentes revelam que os fagos podem estruturar ou restruturar
comunidades microbianas. Em uma análise, onde uma população de
cianobactérias foi praticamente exterminada pelos fagos, observou-se a presença
de novas espécies capazes de degradas os compostos orgânicos que surgiram.

Papel dos biofilmes nas doenças


Até o momento, a vasta maioria das doenças infecciosas vem sendo tratada
eficientemente com antibióticos entretanto, de acordo com as pesquisas mais
recentes, sabemos que tal tipo de estratégia pode ser ineficaz em duas
situações: 1) com organismos exibindo resistência inata à droga e 2) em
bactérias presentes em biofilmes. Em um biofilme, as bactérias podem ser 1000

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vezes mais resistente a um antibiótico, quando comparadas às mesmas células
planctônicas, embora os mecanismos envolvidos nesta resistência sejam ainda
pouco conhecidos. Dentre os possíveis mecanismos, acredita-se que possa haver
a inativação da droga por polímeros ou enzimas extracelulares, ou a ineficiência
da droga em decorrência de taxas de crescimento muito lentas no interior dos
biofilmes.
Infecções assciadas a biofilmes geralmente são de natureza recorrente, visto que
as terapias antimicrobianas convencionais eliminam predominantemente as
formas planctônicas, deixando as células sésseis livres para se reproduzir e
propagar no biofilme após o tratamento. Para tornar o quadro ainda mais grave,
as bactérias presentes nos biofilmes encontram-se mais protegidas contra o
sistema imune do hospedeiro.
Exemplos típicos de doenças associadas a biofilmes incluem as infecções de
implantes tais como válvulas cardíacas, catéteres, lentes de contato, etc.
Os biofilmes podem ainda promover doenças se formados em tecidos, tais como
nas infecções pulmonares provocadas por Pseudomonas aeruginosa, em
pacientes com fibrose cística, que são suscetíveis a infecções crônicas por esta
bactéria. A periodontite é outro exemplo de doença provocada por biofilmes. O
principal microrganismo associado a esta doença, Porphyromonas gingivalis,
coloniza uma grande de superfícies orais direta ou indiretamente, sendo então
capaz de invadir as células das mucosas e liberar toxinas.

Biofilmes e resistência às drogas, devido à densidade e tipos celulares, exclusão física da


droga, expressão de genes de resistência, quorum sensing e alterações da superfície celular
(Adaptado de Mah & O’Toole, Trends Microbiol., 9:34-39, 2001)

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Esquema do desenvolvimento temporal de uma placa dental.
(Adaptado de Rickard et al., Trends Microbiol., 11:94-100, 2003)

Genética da formação dos biofilmes


Quatro organismos, P. aeruginosa, P. fluorescens, E. coli e V. cholerae, vêm
sendo intensamente estudados, como modelos na formação de biofilmes de
espécies únicas. Este processo pode ser subdivido em etapas: a) Aderência inicial
à superfície, b) Formação das microcolônias, c) maturação das microcolônias em
um biofilme contendo a matriz de EPS.

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Estudo microscópico da formação de um
biofilme por V. cholerae
(Adaptado de Watnick & Kolter, J. Bacteriol., 182:2675– Etapas que uma nova espécie
2679, 2000) bacteriana realiza, durante sua
incorporação em um biofilme
(Adaptado de Watnick & Kolter, J. Bacteriol.,
182:2675–2679, 2000)

Ao que parece, o processo se inicia quando as bactérias percebem determinadas


condições ambientais, que disparam o fenômeno de transição de células
planctônicas em sésseis. Assim, Pseudomonas aeruginosa e P. fluorescens
parecem ser capazes de formar bioflmes sob quase todas as condições, enquanto
E. coli somente os forma se estiver em meios mínimos suplementados com
aminoácidos, ou em meios pobres em nutrientes.
Diferentes vias genéticas podem ser utilizadas na formação de biofilmes. Por
exemplo, V. cholerae parece ter diferentes vias para realizar a aderência inicial,
dependendo da superfície. Assim, quando no intestino, este organismo utiliza a
fímbria Tcp para realizar a colonização, embora tal estrutura não tenha papel na
etapa inicial de formação de biofilmes em superfícies abióticas, sendo o processo
mediado por um outro tipo de fímbria, denominada Msh.

Início de formação do biofilme


A partir de estudos com linhagens mutantes de P. aeruginosa, foi relatado que,
quando as células não sintetizam flagelos, são incapazes de realizar as interações
iniciais com as superfícies. Mutantes que não produzem a fímbria tipo IV
(associada à movimentação das células em uma superfície) são capazes de se

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aderir formando uma monocamada, ao invés de microcolônias. Existem uma
proteína, denominada Crc que, além de atuar regulando o metabolismo das
células, também regula a expressão de dois genes que codificam proteínas
importantes na montagem da fímbria tipo IV. O LPS da membrana externa
também tem papel na adesão inicial. Em E. coli, os flagelos também são
importantes nesta primeira etapa de formação do biofilme. Há ainda a
participação de fímbrias do tipo I, uma proteína de membrana externa, Ag43 e
do LPS. Em V. chloreae acredita-se que o processo seja bastante similar ao de E.
coli.

Maturação do biofilme
Após a etapa de interações iniciais, começa a haver a formação das
microcolônias, normalmente associada à produção de EPS. Outra etapa
importante corresponde à organização da arquitetura do biofilme que, em P.
aeruginosa parece ter a participação do "quorum sensing".

Estágios iniciais na formação de biofilmes de Gram negativos (P. aeruginosa, E. coli, e


V. cholerae).
(A) Em P. aeruginosa, os flagelos são necessários para aproximar a bactéria da superfície,
enquanto o LPS media as primeiras interações, havendo talvez a participação de proteínas da
membrana externa. Quando formam monocamadas, fímbrias tipo IV mediam o movimento
pulsante, necessário à formação de microcolônias. A produção destas fímbrias é regulada, em
parte, por sinais nutricionais (Crc), havendo ainda a ativação de genes envolvidos na síntese de
alginato e repressão de genes flagelares. A formação do biofilme maduro envolve a participação
de homoserina lactonas sinalizadoras. (B) Em E. coli, os flagelos aproximam as células do
substrato, enquanto as primeiras interações são mediadas por fímbris tipo I e a proteína de
membrana externa Ag43. O EPS, ácido colânico é resonsável pela arquitetura do biofilme. (C) V.
cholerae, também usa os flagelos na aproximação, sendo a ligação mediada por fímbrias MshA e
talvez outras proteínas.
(Adaptado de Davey & O’Toole, Microbiol. Mol. Biol. Rev., 64:847-867, 2000)

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Dispersão
Em determinados momentos, os biofilmes sofrem dispersão, liberando
microrganismos que podem vir a colonizar novos ambientes. Ós mecanismos
genéticos associados à dispersão não são ainda bem conhecidos.
Existem três tipos de processos de dispersão: expansiva, quando parte das
células de uma microcolônia sofrem lise e outras retomam a motilidade, sendo
então liberadas da estrutura. Outro tipo de dispersão envolve a fragmentação
do biofilme, onde porções de matriz extracelular associadas a microrganismos
são liberadas. Finalmente, o terceiro tipo de dispersão, denominada superficial,
ocorre pelo crescimento do próprio biofilme como um todo.

Cynthia M. Kyaw

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