Você está na página 1de 3

POP Nº: Página 1 de 3

Elaborado em: 15/02/2018


Setor: Pediatria Revisão nº: 02
Última Revisão: 08/09/2021
Título: ACIDENTE POR ESCORPIÃO
Próxima Revisão: 08/09/2022

ACIDENTE POR ESCORPIÃO

1. CONCEITO

O envenenamento é causado pela inoculação de toxinas, através do aparelho inoculador (ferrão) de


escorpiões, podendo determinar alterações locais (na região da picada) e sistêmicas.
No estado de São Paulo existem duas espécies de escorpiões: o Tityus serrulatus, ou escorpião amarelo, o
mais prevalente, que causa o maior número de acidentes e os de maior gravidade e o Titys bahiensis, ou escorpião
marrom, também com potencialidade de causar acidentes graves, porém em menor frequência.
A inoculação do veneno pode provocar dor local e efeitos complexos nos canais de sódio (diminuindo sua
inativação ou impedindo sua ativação), produzindo despolarização das terminações nervosas pós-ganglionares,
causando liberação, principalmente, de acetilcolina e catecolaminas. Estes mediadores determinam o aparecimento
de manifestações clínicas em praticamente todos os sistemas do organismo, que dependerão do predomínio dos
efeitos simpáticos ou parassimpáticos.
Como consequência da liberação de acetilcolina, ocorre aumento das secreções lacrimal, nasal, salivar,
brônquica, sudorípara e gástrica, piloereção, tremores, espasmos musculares, bradicardia e miose. A acetilcolina é
responsável pelo aumento da amilase.
A liberação de adrenalina leva ao aparecimento de midríase, taquicardia, aumento da pressão arterial,
arritmias cardíacas, vasoconstrição periférica, podendo ocorrer choque, insuficiência cardíaca e edema agudo de
pulmão, que pode ser cardiogênico ou não cardiogênico, secundário a ação do veneno no endotélio. A descarga
adrenérgica leva à hiperglicemia, leucocitose e hipopotassemia.
As principais causas de procura ao atendimento médico é a dor, que pode ser intensa e provocar inclusive
vômitos.
O vômito é um sinal premonitório de intoxicação pelo veneno do escorpião, quanto mais precoce ele ocorrer
após a picada do escorpião, maior a chance de intoxicação grave na criança. Maior a descarga secretória, maior
chance de edema agudo de pulmão. Em nossa região, que é área endêmica, edema agudo de pulmão, súbito,
principalmente na madrugada, suspeitar de escorpionismo.

2. OBJETIVO

Manejo da criança vítima de escorpionismo, padronizar o atendimento, visando o bem-estar e recuperação


da criança. O diagnóstico precoce, o tempo decorrido entre o acidente, a aplicação do soro específico e a
manutenção das funções vitais influem na evolução e prognóstico do paciente.

3. AGENTE

Residentes e preceptores do departamento de pediatria do Hospital Regional de Presidente Prudente e dos


45 municípios pertencentes a nossa Divisão Regional de Saúde.

4. QUANDO

Sempre que estiver frente ao paciente vítima de escorpionismo, classificando a gravidade do caso e
iniciando o tratamento o mais breve possível.

5. CONDIÇÕES NECESSÁRIAS

- Soro antiescorpiônico
- Medicamentos: analgésicos, hipnóticos e drogas vasoativas
- Oxigênio
- Monitores (cardíacos e oximetria de pulso)
- Materiais para ventilação com pressão positiva e intubação orotraqueal

6. DESCRIÇÃO DO PROCEDIMENTO

A criança vítima de picada de escorpião deve ser avaliada no prazo máximo de 15 minutos em sala de
emergência, a gravidade do caso pode se manifestar entre as duas primeiras horas, sendo que os mais graves se
manifestam geralmente até a primeira hora após o acidente.
POP Nº: Página 2 de 3
Elaborado em: 15/02/2018
Setor: Pediatria Revisão nº: 02
Última Revisão: 08/09/2021
Título: ACIDENTE POR ESCORPIÃO
Próxima Revisão: 08/09/2022

Classificar o acidente como LEVE, MODERADO OU GRAVE de acordo com as manifestações clínicas:

LEVE: Dor local, podendo ocorrer discreta taquicardia e agitação, mais relacionadas à dor e à ansiedade,
eventualmente um episódio de vômito.

MODERADO: Além do quadro doloroso, estão presentes algumas manifestações sistêmicas de pequena
intensidade como náusea e/ou alguns episódios de vômitos, sudorese discreta, taquicardia, taquipneia e
hipertensão leve.

GRAVE: Ocorrem náuseas e vômitos profusos, sialorréia, sudorese profunda, secreção gástrica e
pulmonar , edema agudo de pulmão, hipotermia, tremores, agitação alternada com sonolência, hipertensão
artéria gravel, taqui ou bradicardia, extrassístoles, taquipneia e tremores.

MANEJO CLÍNICO

TODOS:

 Avaliação em até 15 minutos, preferencialmente em sala de emergência, identificar os sintomas e classificar


quanto a gravidade do caso;
 Alívio da dor com administração de analgésicos, podendo ser inclusive via oral, dependendo do estado geral
da criança.
 Notificação no SINAN (HRPP – Ramal 1434 ou 1541).

MODERADO OU GRAVE: (CUIDADO COM VOLUME!!!)

 Monitorização, obrigatoriamente em sala de emergência;


 Dexametasona 0,5 mg/kg/dose EV 20 a 30 minutos antes da soroterapia;
 Soro antiescorpiônico 3 ampolas em casos moderados e 6 ampolas em casos graves, independente do
peso e idade, EV SEM DILUIÇÃO, EM 60 MINUTOS;
 Ondansetrona 0,15 mg/kg/dose (máximo 4 mg/dose) EV em casos de vômitos profusos;
 Correção de distúrbio hidroeletrolítico conforme necessidade do paciente.

GRAVE:

 Ventilação mecânica conforme necessidade do paciente;


 Dobutamina e Noradrenalina em casos de insuficiência cardíaca e choque nas doses habituais conforme
necessidade do paciente;
 Furosemida 0,5 a 1 mg/kg/dose (máximo 100 mg/dose) EV em casos de edema agudo de pulmão;
 Atropina 0,01 mg/kg EV até de 4/4h em casos de bradicardia sinusal ou bloqueio AV total;

7. CUIDADOS ESPECIAIS / EVENTOS ADVERSOS / INTERCORRÊNCIAS E AÇÕES CORRETIVAS

 Todo paciente vítima de escorpionismo deve permanecer em observação, mesmo os casos leves,
recomendando-se pelo menos durante as 4 primeiras horas após a picada. Os casos moderados e graves
devem ser observados em ambiente hospitalar, podendo ser de 24 a 48h nos casos moderados e após
48h da estabilidade clínica nos casos graves, sendo as primeiras horas do acidente grave
preferencialmente em unidade de terapia intensiva.
 Recomendamos que toda criança que tenha recebido o soro antiescorpiônico, permaneça no mínimo 24
horas após encontrar-se assintomático em ambiente hospitalar.
 Todo paciente classificado como moderado ou grave devem realizar: HMG, glicemia, eletrólitos, amilase,
CK e CK-MB, Raio-X de tórax e ECG. Nos acidentes graves acrescentar troponina e ecocardiograma.

 IMPORTANTE: na maioria dos casos após o soro antiescorpiônico há melhora da hipertensão arterial, não
sendo necessário tratamento com anti-hipertensivos.
POP Nº: Página 3 de 3
Elaborado em: 15/02/2018
Setor: Pediatria Revisão nº: 02
Última Revisão: 08/09/2021
Título: ACIDENTE POR ESCORPIÃO
Próxima Revisão: 08/09/2022

 O tempo entre acidente e o início das manifestações sistêmicas graves é curto: minutos até 2-3 horas.

8. HISTÓRICO DA REVISÃO

Revisão nº ALTERAÇÕES Última Revisão


01 Alteração do número de ampolas do soro anti-escorpiônico nos casos 17/09/2019
moderados e graves.
02 Todo conteúdo alterado. 08/09/2021

9. REFERÊNCIAS

CVE- Centro de Vigilância Epidemiológica “Prof. Alexandre Vranjac”. https:www.saude.sp.gov.br >agravos.

10. PREENCHIMENTO DA PLANILHA: ELABORADOR(ES), REVISOR(ES), APROVADOR(ES)

Elaborado por: Categoria Profissional Serviço/Setor


Anelise Gomes Ricci Molinari Médico Pronto Socorro
Revisado por: Assinatura/Carimbo Categoria Profissional Serviço/Setor
UTI Ped. /
Samara Bertin Suguitani Santello Médico
Pronto Socorro
Aprovado por: Assinatura/Carimbo Categoria Profissional Serviço/Setor

Elza Akiko Natsumeda Utino Médico Pediatria

Priscila Buosi Rodrigues Rigolin Diretora Técnica Diretoria Técnica

Data Aprovação: 17/09/2021

Validado pelo SIQS em: 21/09/2021

Você também pode gostar