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FACULDADES BATISTA DO PARANÁ


PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM TEOLOGIA
CURSO DE MESTRADO PROFISSIONAL

CARLOS JOSÉ VIANA JUNIOR

GUIA BÍBLICO SOBRE A TEOLOGIA DA PROSPERIDADE: CONTROVÉRSIAS E


PRÁTICAS NO CONTEXTO DE COMUNIDADES ECLESIÁSTICAS

CURITIBA
2022
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CARLOS JOSÉ VIANA JUNIOR

GUIA BÍBLICO SOBRE A TEOLOGIA DA PROSPERIDADE: CONTROVÉRSIAS E


PRÁTICAS NO CONTEXTO DE COMUNIDADES ECLESIÁSTICAS

Projeto de pesquisa de mestrado, na linha


de pesquisa de Leitura e Ensino da Bíblia,
apresentado ao Programa de Pós-
Graduação em Teologia, da Faculdades
Batista do Paraná.
Orientador: Prof. Dr. Claiton André Kunz

CURITIBA
2022
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LISTA DE TABELAS E FIGURAS

Figura 1 – Mapa Mental: 3 pilares da Confissão Positiva...........................................10

Figura 2 – Mapa Mental: Crítica a Confissão Positiva................................................12

Figura 3 – Mapa Mental: Características gerais do Mov. N. Pensamento.................15

Figura 4 – Mapa Mental: Concepção do Amor na Ciência Cristã...............................16

Figura 5 – Mapa Mental: Mary Baker..........................................................................17

Figura 6 – Mapa Mental: Evolução da terminologia poder da mente do Mov. N.


Pensamento a Mov. Palavra de Fé............................................................18

Figura 7 – Mapa Mental: Promessas garantidas segundo Copeland.........................20

Figura 8 – Infográfico Comparativo: Presunção x Segurança Eficaz.........................22

Figura 9 – Mapa Mental: Essek Kenyon.....................................................................23

Figura 10 – Panfleto: Atualização de um panfleto do Movimento da Fé....................26

Figura 11 – Mapa Mental: Influências e atuação de Oral Roberts.............................31

Figura 12 – Mapa Mental: 4 passos da Confissão......................................................33

Figura 13 – Mapa Mental: 7 fatos sobre autoridade do crente...................................34

Figura 14 – Mapa Mental: Teologia da Prosperidade.................................................36

Figura 15 – Mapa Mental: Carismas autoral e institucional, como formas de


legitimação de domínio (Max Weber), encontrados em Macedo e na IURD
....................................................................................................................38

Figura 16 – Mapa Mental: Influências do Movimento da Fé, na gestão estratégica da


IURD...........................................................................................................39
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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO.....................................................................................5

2. A TEOLOGIA DA PROSPERIDADE: HISTORICIDADE E


PENSADORES.........................................................................................9
2.1 BASES DO MOVIMENTO DA FÉ E A CONFISSÃO POSITIVA..........................13
2.1.1 A metafísica do Movimento Novo Pensamento............................................14
2.1.2 A seita da Ciência Cristã.................................................................................15
2.2 UM NOVO MODELO TEOLÓGICO: O MOVIMENTO DA FÉ DE ESSEK
WILLIAM KENYON......................................................................................................19
2.3 UMA NOVA APLICAÇÃO PRÁTICA EXPERIMENTAL: DA CONFISSÃO
POSITIVA AO SURGIMENTO DA TEOLOGIA DA PROSPERIDADE.......................23
2.3.1 Kenneth Erwin Hagin (1917-2003): o maior discípulo de Kenyon..............24
2.3.2 Oral Roberts (1940): o expoente midiático....................................................28
2.3.3 Kenneth Copeland (1936): o mensageiro da prosperidade.........................32
2.4. A TEOLOGIA DA PROSPERIDADE NO BRASIL: EDIR MACEDO – O GRANDE
SINTETIZADOR..........................................................................................................37

3. A TEOLOGIA DA PROSPERIDADE: OS TRÊS PILARES,


CONTROVÉRSIAS E PRÁTICAS DO DISCURSO...............................43
3.1 A TEOLOGIA DA PROSPERIDADE NO BRASIL: EDIR MACEDO – O GRANDE
SINTETIZADOR..........................................................................................................43

REFERÊNCIAS......................................................................................44
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1. INTRODUÇÃO

Todos os dias, multidões de pessoas encontram-se nas milhares de igrejas


espalhadas pelo Brasil, para cultuarem a Deus. Dentro do ambiente eclesiástico,
pregações são apresentadas em variados formatos, sobre os mais distintos temas,
entre eles, a respeito da prosperidade e a teologia envolvida a respeito. A Teologia
da Prosperidade, enquanto objeto de pesquisa, tem dignidade suficiente por sua
frequência, recorrência e importância; assim, cumpre delimitar e formular
ordenadamente suas bases sociais-filosóficas, quanto sua correlação teológica em
função da pesquisa.
O tema prosperidade ganhou tamanha notoriedade que se tornou um
Movimento evangélico, englobando assuntos como: riqueza, saúde, bem-estar,
sucesso, poder e felicidade. Para John Piper (2010, p. 4), o dinheiro ganhou status
acima de Cristo, em alguns meios pentecostais tanto em solo Norte Americano como
no Brasil. Paulo Romeiro (1993, p. 7) vê com espanto e preocupação este
Movimento Teológico, pois, para ele, há uma descentralização e diminuição da glória
que somente cabe a Deus receber. Grenz e Olson (2003, p. 75) sinalizam que
visões antropocêntricas não devem ser cultivadas, mas sim combatidas
veementemente a fim de que o individualismo não perdure sobre visão coletiva e de
fraternidade, apregoada pelos apóstolos.
Virginia G-Burnett (2011, p. 179) esclarece que o ser humano tem por
interesse, intrínseco à sua natureza, ser bem-sucedido. Isto inclui ser rico, feliz,
saudável e ter poder, seja político, social e econômico. Este sucesso é mensurado
prioritariamente por meio da abundância de recursos econômicos e pelo
consumismo percebido tanto por quem adquire, quanto por terceiros que são os
chamados observadores. Trasferetti e Gonçalves (2003, p. 153) expõem que do
ponto de vista sociológico, o capitalismo fomentou o anseio pelo consumismo a
qualquer custo, o que acabou por alterar a visão que o homem tem de si mesmo,
vinculando a relação de felicidade a partir do consumismo.
Baseado na premissa de que a prosperidade possa ser pesada, como em
uma balança, por meio de elementos percetíveis aos olhos e não como um
sentimento, ou estado de espírito, pregadores desenvolveram conceitos e técnicas
como formas metodológicas para se alcançar tal objetivo. O Movimento da
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Prosperidade, para Oneide Bobsin (1995, p. 25), passa então de uma forma de
visão, para uma religião de resultados. Hank Hanegraaff (2015, 320) alerta que este
Movimento não surge do nada, mas antes é fruto de uma muito bem estruturada
doutrinação de massa, a partir do anseio por demandas de bem-estar, percebidos
por seus fundadores como Essek Kenyon, Roberts, Hagin e seus sucessores.
De lado oposto, existe um grande grupo de teólogos americanos e
brasileiros que enxergam com clareza quesitos bíblicos dentro da Teologia da
Prosperidade e do Movimento da Fé, que deram os primeiros passos a esta corrente
que desembocou em solo pentecostal, arraigando público fervoroso e muitos fiéis.
Desde o televangelismo de Kenyon nos EUA (CARPENTER, 1997, p. 27), até a
Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) no Brasil (GARRARD-BURNETT, 2011, p.
181), multidões vivenciam a fé na forma proposta por esta teologia. Pertinente,
portanto, a pesquisa sobre o tema, que o delimite e forneça material didático para
aplicação prática em sala de aula dentro do ambiente congregacional.
Por diversas maneiras a serem apresentadas e elencadas nesta pesquisa,
vislumbrar-se-á o conceito geral da Teologia da Prosperidade e das formas
propagadas pelos grandes expoentes desta, desde o seu surgimento nos Estados
Unidos da América, até os dias atuais dentro do seio cristão protestante, em solo
brasileiro. Não se pretende fechar o tema, abordando um lado em prevalência de
outro, mas apresentar os pontos e contrapontos, para que se possa prosseguir com
pesquisas futuras, dando-se continuidade ao desenvolvimento de melhores
esclarecimentos e abordagens bíblico-teóricas.
A definição de um panorama geral sobre cada momento histórico dentro de
uma cronologia é apresentada na forma de Mapas Mentais, com o intuito de facilitar
o aprendizado. Sua aplicação será prática, dentro de um guia bíblico, construído ao
final, com linguagem simples e cotidiana visando o ensino em sala de aula dentro do
ambiente da Escola Bíblica, de modo a subsidiar e capacitar alunos, por meio de
material substancial, acadêmico e de fácil memorização.
Procura-se assim difundir os conceitos práticos que esta visão teológica gera
no meio cotidiano cristão, visto que as pessoas são influenciadas e têm sua
cosmovisão bíblica moldada a partir daquilo que recebem como ensino. Para
aqueles teólogos que combatem este Movimento da Prosperidade, como
apresentados no decorrer da pesquisa, há uma significante e virtuosa
descentralização do poderio e soberania de Deus, além da redução a míngua de
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doutrinas fundamentais como a da Graça e do propósito central da fé. De outro lado,


teólogos como R. R. Soares e Edir Macedo são fervorosos defensores, por
entenderem que Deus dá aquele que pede. Para Jim Bakker (1995, p. 271-272), ao
se pedir um trailer, o certo é que se diga até a cor que se deseja.
Entendendo que a igreja, enquanto comunidade cristã que está inserida na
sociedade, deve desempenhar papel de relevância a fim de combater uma visão
deturpada da bíblia, é imprescindível que sejam constantemente revisados pontos
teológicos que possam destituir o centro do cristianismo, baseado no amor, graça e
fé. Neste quesito, movimentos teológicos precisam passar pelo crivo das Escrituras
Sagradas, para que não hajam sincretismos ou deturpações, mas a solidez da
ortodoxia.
A pergunta central que norteia esta pesquisa é: faz-se possível, a partir de
uma leitura bíblica-teológica sobre a Teologia da Prosperidade, delimitar seu tema,
pressupostos e argumentos prós e contras, para assim criar um material didático-
pedagógico com panoramas e mapas mentais para ensino na escola bíblica,
enfocando a sua aplicação prática dentro da vivência experiencial cotidiana cristã?
O primeiro objetivo específico é expor e determinar o contexto e cronologia
histórica em que a Teologia da Prosperidade baseou-se e fundiu-se (sincretismo) até
a formatação atual, a partir de sua origem nos EUA. O segundo objetivo é conceituar
os três principais pilares que compõem a Teologia da Prosperidade e analisar as
práticas dela resultantes. O terceiro objetivo é apresentar um modelo prático na
forma de um guia teológico, para divulgação do material pesquisado no ambiente
escolar-eclesiástico, de forma sucinta, facilitada e didática ao público cristão, em
especial dentro da escola bíblica, por meio de panoramas e mapas mentais.
A justificação metodológica será fundamentada, conforme Marlon Fluck
(2014, p. 48), partindo de outras fontes que tratam do mesmo tema, principalmente
no Brasil e nos Estados Unidos, para reforçar os pontos de vista utilizados pelos
autores. Antônio J. Severino (2016, p. 36) explica que a pesquisa visa construir
conhecimento científico, modalidade esta de grande utilidade ao aprendizado.
Será utilizada a pesquisa bibliográfica como caminho para a produção
acadêmica do trabalho científico (FLUCK, 2014, p. 37, 43) e fonte de fundamentação
teórica válida. Objetiva-se relacionar a presente temática, sempre enfocando as três
dimensões do material pesquisado: 1 – epistêmica, na qual se conhece aquilo que é
real; 2 – pedagógica, na qual se aprende e se ensina significativamente; e, 3 –
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social, em que a aplicação prática é resultante dos conteúdos investigados e


desenvolvidos (SEVERINO, 2008, p. 23-24).
Sempre primando pelas fontes originais que fornecem guarida para o
presente estudo, busca-se como fonte bibliográfica, tanto material escrito sobre o
assunto pertencentes a correntes a favor, quanto contrárias à Teologia da
Prosperidade, partindo em especial dos materiais do século XIX até a atualidade. O
material é amplo e motivo de diversos estudos acadêmicos como artigos,
dissertações, teses e livros que se dedicam especificamente ao tema. Por isso,
pretende-se esclarecer pontos, apresentar correlações, conceituar influências e
historicidade, sempre buscando o cunho prático e didático, dentro da visão cristã.
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2. A TEOLOGIA DA PROSPERIDADE: HISTORICIDADE E


PENSADORES

A Teologia da Prosperidade, como se tem hoje, dentro do seio das igrejas


brasileiras, sejam protestantes, tradicionais, pentecostais, congregacionais e
católica, são frutos do resultado de um longo caminho desde o final do século XIX
até o XXI. Hoje, esta forma teológica invadiu e impregnou o meio eclesiástico, não
sendo possível esconder ser ela uma realidade vivenciada em muitos cultos de
domingo à noite, nas campanhas de prosperidade e em outras reuniões voltadas à
benção, à cura e ao sucesso.
Entende-se que a atualidade é consequência do desenvolvimento de ações
anteriores, impulsionada por pensadores, que geraram impacto em seus ensinos,
para a qual ofertaram meios de solucionar problemas enfrentados pelos homens nos
mais distintos locais do globo terrestre. Nos Estados Unidos da América, não foi
diferente, quando se observou a demanda por dinheiro e o aumento do capitalismo,
pensadores viram nisto a oportunidade de gerir medidas paliativas, imediatistas e
práticas, para suprimento destas necessidades, correlacionando a mente com a fé e
a religião com a metafísica.
Para Paulo Romeiro (2005, p. 75), as obras e ensinos do americano Essek
Willian Kenyon (fundador, 1867-1948) portaram-se como embrião da visão da
Confissão Positiva. Junto com Kenneth Erwin Hagin, maior difusor de Kenyon (1917-
2003) e também proclamador da Teologia da Prosperidade, estas obras são citadas
por Romeiro, no livro Supercrentes (1998), como basilares para a formatação das
ideias do homem como comandante do divino e dos ideais, riqueza e sucesso, ao
alcance de todos, como pontos chaves da confissão positiva.
A televisão e o rádio foram os principais meios de propulsão e, portanto,
ferramentas essenciais, no processo de difusão destas linhas filosóficas/teológicas,
que a frente serão melhor detalhadas. Até então não havia o costume de se
transmitir programas rádio televisionados, voltados a este tipo de propaganda
espiritual, ligada ao cotidiano cristão e secular, que envolvia a junção da metafísica
com a fé e do controle mental com religião, para se auferir realizações pessoais.
Ivan de Oliveira Silva (2015, p. 10-17) discorre sobre a relação do mercado
da comercialização de produtos “espirituais” para se chegar ao sucesso e à
movimentação de milhões de reais, por meio da venda de uma gama muito
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diversificada de produtos, que servirão, segundo seus proclamadores, como fonte de


ensino para a vitória, a riqueza e a prosperidade. Toneladas de livros, DVDs, CDs,
filmes, camisetas, capas, mantos e outras produtos, versam ser meios de acesso ao
final bem sucedido dentro desta proposta.

Figura 1 – Mapa Mental: 3 pilares da Confissão Positiva

Fonte: Autor

Para Silva (2015), a Teologia da Prosperidade, ao se utilizar da Confissão


Positiva, nada mais é do que o meio empregado para satisfazer ludibriosamente
aqueles das fileiras dos bancos das igrejas, que clamam por um consumismo
impraticável, não passando assim de pura exploração capitalista, da qual clérigos
enriquecem enquanto membros são ludibriados. Ivan ressalta que a única forma
para uma quebra deste paradigma já estabelecido, de que a riqueza e a fé estejam
interligadas através de processos místico-religiosos, seria uma nova “libertação” (p.
18), promovida por intelectuais, semelhante ao proposto dentro da Escola de
Frankfurt, com a Teoria Crítica.
A base da Teoria Crítica é versar sobre a construção de um pensamento
crítico de seus participantes, que em uma posição especial, possam produzir um
pensamento libertário, capacitando os seus agentes a estabelecerem os seus reais
interesses, seguidos da quebra de paradigmas a eles impostos por pressupostos
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inidôneos, como o de que para o sucesso seja necessário decretar ou para a


libertação se baste mentalizar a cura.
A Confissão Positiva é um dos pilares da Teologia da Prosperidade atuando,
segundo seus difusores, como um método que tema a capacidade de transformar a
realidade que cerca os homens. Pode ser entendida como uma lei espiritual que,
quando acionada, tem a capacidade de mudar a realidade. Esta metodologia
disserta que passos sejam seguidos pelos membros das igrejas, para que se
alcance as bênçãos desejadas. Nesta Confissão, o homem é visto em centralidade,
em relação ao restante das coisas criadas. Entretanto, para Ivan (2015, p. 19),
seguindo a teoria crítica, as pessoas deveriam enxergar a sua condição de
dominação e denominação que recebem frente ao contexto social. Nesta linha de
pensamento, o consumismo denominacional não difere do público secular, sendo
ambos alvos e demandantes de produtos da fé e do mercado capital.
Kenneth Copeland, em fita gravada ao programa de rádio americano (1990),
intitulada What Happened Fron the Cross to the Throne (“O que aconteceu da Cruz
ao Trono”), cita que “Deus deu a Terra aos filhos dos homens... e quando [Adão]
passou esse domínio a Satanás, veja onde Deus foi parar. Ficou do lado de fora
vendo você” (COPELAND, 1989, #01-1403). Desta forma, o homem como agente da
Confissão Positiva é promulgado ser capaz de liderar e gerar acontecimentos físicos
a partir do comando sobre o divino. A própria lógica e bom senso devem ser
descartados, segundo Copeland, tomando-se a confissão como primazia soberana
(1989, p. 10). O homem e a fé positivada, nesta ótica, quando ativados por meio da
declaração confessional, tem a capacidade de influenciar o futuro, comandar seres
angelicais e a criação, manipular a Deus (MACARTHUR, 1992, p. 285) e gerar
prosperidade por meio das Leis da fé. Para isso cabe ao homem: exigir seus
direitos, visto ter segundo a própria bíblia o espírito soprado por Deus em seu
interior COPELAND, 1974, p. 129).
Hanegraaff (2015, p. 142-145) alista as frases e palavras que muitos crentes
usam cotidianamente, como “eu profetizo”, “estou determinando sobre o céu”, “eu
reivindico”, “tomo posse”, “ordeno minha bênção”, “resgato e exijo meus direitos”. O
“eu” se torna o eixo, de modo que o antropocentrismo toma a liderança e entrona-se
sobre tudo e todos. Isto, segundo Hank, ocorre dentro da Palavra de Fé de Kenyon,
do Evangelho da Saúde e da Prosperidade de Copeland (COPELAND, 1974, p. 65)
e da Confissão Positiva de modo geral. Por isso, Hanegraaff aponta a deificação do
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homem, por meio de quatro atos falhos, as quais sejam: (1) deificação do homem
(COPELAND, 1989, áudio #01-1403, lado 1); (2) destronação de Deus (CAPPS,
1982, p. 50-1) e (3) endeusamento satânico (COPELAND, 1990, áudio #02-0017).

Figura 2 – Mapa Mental: Crítica a Confissão Positiva

Fonte: Autor

A Bíblia é vista nos movimentos da Fé e da Saúde, como um livro do


sucesso do Deus no universo. Nele, Jesus e seus discípulos eram endinheirados
(HANEGRAAFF, 2015, p. 202-203). Para os mestres da fé, como popularmente são
chamados aqueles que se autodenominam Coach Espirituais, a Bíblia deve ser
interpretada sob a hermenêutica do Movimento da Fé. O homem, nesta saga, torna-
se como sendo um deus em potencial, enquanto para Copeland (1987, p. 9), Jesus
não seria Deus.
John Avanzini (s/d), em programa de rádio, desenvolve o raciocínio de que o
homem é possuidor de características notáveis, devidamente outorgadas pelo
Criador em Adão, de modo que quando compreende esta premissa, torna-se senhor
também de todas as coisas – um deus, por meio da fé, na qual o homem “viverá em
prosperidade (PRICE, 1992, p. 152), e os seus descendentes herdarão a terra” (Sl
25.13).
A Confissão Positiva é a metodologia aplicada dentro da visão da Teologia
da Prosperidade. Para estes teólogos seria a fórmula pela qual o crente teria
13

condições de vencer todo sofrimento que assola a vida e que impõe, portanto,
dificuldades. Uma vez, porém, determinada a vitória, nada poderá, impedi-lo. Uma
vez entendido de forma sintética como é a cosmovisão contemporânea desta
vertente, cumpre melhor detalhar, cronologicamente e didaticamente, quais
pensadores e premissas, formularam suas bases, a começar pelos mestres do
Movimento da Fé e o nascimento da Confissão Positiva.

2.1 BASES DO MOVIMENTO DA FÉ E A CONFISSÃO POSITIVA

A Teologia da Prosperidade, hoje é apresentada, em sua forma romantizada.


Nela, o homem é peça chave do grande teatro da vida, lutando contra pensamentos
negativos, em busca do grande triunfo, que é a riqueza e o sucesso. Há muito, este
tipo de enredo vem sendo escrito e desenvolvido até chegar à forma atual. É
possível portanto criar uma correlação e desenvolvimento cronológico a partir de
outras fontes de movimentos: filosóficos, metafísicos e teológicos.
Inicialmente, pode-se afirmar que as seitas da Ciência da Religião, da
Ciência Cristã e da Unidade do Cristianismo, assim como a metafísica e os ensinos
do Novo Pensamento, já contêm traços do que hoje se intitula e aplica, como bases
da Confissão da Fé ou Positiva. A sua forma atual e mais completa, denominada de
Teologia da Prosperidade, segue, portanto, um escalonamento em que a cada novo
grande expoente (preletor), novos princípios são inseridos.
Para Hanegraaff (2015, p. 31), há uma crescente até que se chegue à forma
teológica aplicada pelo Movimento da Fé e sua prática da Confissão Positiva. Os
ensinos da sectários desta corrente teológica, por ele apresentados, descendem de
seus predecessores, dentre os quais o sectarismo da metafísica do Novo
Pensamento.
As ligações entre a fé, a metafísica e a ciência parecem se fundirem em
alguns pontos dentre estas vertentes sectárias e teológicas. Gera-se em certo grau
uma dificuldade de se circundar até qual ponto é válida parte ou a totalidade destes
movimentos, que se miscigenaram entre o real e o fictício, a verdade e a mentira.
Cumpre apresentar de modo rápido as principais bases que vieram ao longo da
trajetória do século XIX até a atualidade, fundindo-se e indexando novas ideias, para
melhor compreender o Novo Pensamento, a Ciência Cristã e o Movimento da Fé, e
a sua forma mais ampla: a Teologia da Prosperidade.
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2.1.1 A metafísica do Movimento Novo Pensamento

Warren Felt Evans, escritor e praticante de cura mental dentro do chamado


Novo Pensamento ou também de Movimento Novo Pensamento (versão americana),
enfatiza que a fé é a forma mais intensa de ação mental (EVANS, 1980, p. 14).
Julius A. Dresser (1899, p. 20-21), outro renomado membro deste Movimento,
registra que pela mente o homem é capaz de alterar a realidade pessoal e a de
outros, pois tudo que existe assim o é por força da percepção da mente.
Em seu livro “A ciência para ficar rico”, de 1910, Wallace Delois Wattles
(2019, p. 22) enfatiza que Deus quer dar aos homens o seu reino e inclusive as
riquezas deste mundo, porém cumpre para sua realização que as pessoas
“coloquem em movimento pelo desejo e pela fé e agindo de uma certa maneira”. Há
um caminho e uma metodologia para se auferir o objetivo, portanto, para isto,
depende-se objetivamente da capacidade mental humana e não de uma
dependência da vontade soberana de Deus.
Wattles também versou sobre os temas do bem-estar e a forma para se
alcançar a realização pessoal nas áreas material e espiritual, com certa semelhança
ao conceito judaico de Shalom (paz completa), e desse mesmo modo, discursava
sobre a forma e o meio para se conseguir alcançar aquilo que se almeja, nos livros
intitulados “Ciência do Bem-Estar” (2020), “A Ciência de ser Grande” (2020) e
“Como conseguir o que você deseja” (2020), respectivamente.
O professor espiritual americano Phineas Parkhurst Quimby, o chamado Pai
do Movimento Novo Pensamento, no final do século XIX, ensinou (vols. I, II, III,
1988) que a doença se desenvolve na mente humana a partir de uma falsa crença;
assim, cabe acreditar em Deus e confessar, para ser curado. A mente seria o mais
potente agente de uma densa relação de Deus para com sua criação. Como o Pai é
amor, seus filhos também, por meio do amor, conseguiriam realizar grandes coisas.
Eddy estudou com Quimby por um tempo, vindo, mais tarde, inspirar o surgimento
da seita da Ciência Cristã.
Donald Curtis (Deixe o Céu Acontecer) que é ligado à Igreja da Unidade,
também ligada ao Novo Pensamento, trabalha parte do Cristianismo prático, voltada
aos três princípios básicos destes movimentos, que são a fé (metafísica), a cura
(pela força mental) e oração (como fonte de amor), para garantia de uma vida
próspera (imediatismo realístico pela força da mente).
15

De modo genérico, o Novo Pensamento utiliza-se de um mix de pensamento


com determinação mental envolto em espiritualismo do qual Deus é agente
proponente das mais variadas realizações. Todas as pessoas que de modo
contundente determinem e mentalmente fortes permaneçam crendo, teriam,
segundo tais líderes deste Pensamento, a capacidade plena de fazerem prevalecer
as suas vontades, para assim realizarem grandes feitos e prodígios, incluindo
milagres, curas de doenças e sucesso.

Figura 3 – Mapa Mental: Características gerais do Mov. N. Pensamento

Fonte: Autor

2.1.2 A seita da Ciência Cristã

Mary Baker Eddy, fundadora da seita da Ciência Cristã, explica que o amor
seria a lei central que permitiu a Cristo realizar a cura de doenças e o perdão de
pecados. O princípio infinito e amor imutável é encontrado em Deus Criador, que
disponibiliza àqueles que nele creem, em amor, semelhante poder para a realização
do mesmo gênero de curas. Para Eddy (2001, p. 22), a Ciência Cristã decorre do
poder do amor, assim como a cura e perdão de pecados foram resultantes da ação
prática do amor nos tempos de Cristo, sendo este o princípio divino possibilitador de
tais mudanças. A doença e o pecado como fatores casuais, desaparecem antes na
16

mente e na consciência, para depois deixarem de existirem na realidade física


(2010, p. 8).

Figura 4 – Mapa Mental: Concepção do Amor na Ciência Cristã

Fonte: Autor

Segundo Hanegraaff (2015, p. 17), a seita da Ciência Cristã contém falsos


ensinos, que sintetizam parte das ideias do Movimento da Fé, em especial a questão
da Confissão Positiva. Para Hanegraaff, esta seita não se formou sem uma base
sólida ou ao acaso. No livro “Ciência e Saúde” (2001, p. 24) é informado que Eddy
fundou a primeira escola de cura pela mente mediante a Ciência Cristã em Lynn,
Massachusetts, em 1867. Em 1881, ela fundou a Faculdade de Metafísica em
Boston (EUA), instituição com finalidades médicas. Publicou muitos livros científicos
e presidiu a Associação de Cientistas Cristãos durante anos, até encerrar a
faculdade em 29 de outubro de 1889.
Para Hanegraaff (2015, p. 30), a escolaridade elevada de seus difusores e
pensadores agregava conhecimento com espiritualidade, nos ensinos desta
vertente. Porém, para Hanegraaff, tais ensinos não podem ser classificados como
bíblico-dogmáticos, como E. W. Kenyon e Copeland e Hagin apontavam. A frase “a
sua palavra é uma ordem divina”, citada por Copeland (1971, p. 32), ou a nominação
igualitária entendida na frase “o crente é tanto uma encarnação quanto o foi Jesus
17

de Nazaré” (1980, p. 14), não condizem com a hermenêutica sadia, baseada nas
Escrituras, pondera o crítico em seu livro (p. 32).

Figura 5 – Mapa Mental: Mary Baker

Fonte: Autor

De acordo com Hank (p. 30), as afirmações dos mestres do Movimento da


Fé e seus sucessores da Confissão Positiva, descendem dos ensinos de difusores
anteriores, bebendo assim do conhecimento e ensinos constados no sectarismo da
metafísica do Novo Pensamento e na seita da Ciência Cristã. Aparentemente houve
uma substituição dos termos “poder da mente e energia” que são conceitos da
metafísica, como apresentados originalmente por Phineas Parkhurst Quimby (2015,
p. 32), para “força da fé”, em Cady. Dentro da Escola da Unidade do Cristianismo,
Harriet Emilie Cady (1934) instruía que a afirmação pessoal, amparada na fé, é o elo
que conecta as necessidades do consciente, com seu Deus em poder e suprimento.
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Figura 6 – Mapa Mental: Evolução da terminologia poder da mente do Mov. N.


Pensamento a Mov. Palavra de Fé

Fonte: Autor

Como visto, o Movimento Novo Pensamento, seguido pelos ensinos da


Ciência Cristã e a Escola do Unidade do Cristianismo (1888), possuem
diametralmente uma abordagem humana, dentro de uma visão filosófica, metafísica
e espiritualizada, que se volta a fé, a oração, a cura e a propagação de uma vida em
amor.
No Brasil, livros são ofertados ao público em geral como os de Catherine
Ponder (Os milionários do Gênesis; O milionário José; O Segredo da Prosperidade
Ilimitada; As Leis Dinâmicas da Cura, etc.), voltados à prosperidade por meio da
confissão e firmeza mental. Eric Butterworth (Descobrindo o seu poder interior; O
chamado do Universo) trabalha o lado mental como poder modificador da realidade.
Atualmente, as publicações da Associação Unidade de Cristianismo (Como
deixar que Deus o ajude; Tende Bom ânimo; Como sei a verdade; Lições sobre a
Verdade, etc.) trazem os escritos da fundadora da Ciência Cristã, Cady, sobre o
tema cura, fé e prosperidade.
A Teologia da Prosperidade, que toma o centro da presente análise, tem ao
que se demonstra fundamentação teórica-filosófica em movimentos anteriores. Com
base no exposto, pode-se dar seguimento cronológico a sistematização do
19

Movimento da Fé com a Confissão Positiva, assim delimitando suas bases,


influências e resultantes, como se faz a seguir.

2.2 UM NOVO MODELO TEOLÓGICO: O MOVIMENTO DA FÉ DE ESSEK


WILLIAM KENYON

O Movimento Pentecostal da Fé é visto como o pai de uma nova geração de


doutrinas, inicialmente focada em curas milagrosas e prodígios. Num segundo
instante incorporou também, no rol de suas muitas criações, a doutrina ou
ensinamento bíblico sobre a prosperidade. Nela, Deus já teria liberado todas as
bênçãos ao seu povo, como saúde, alegria, prosperidade e bem-estar. Neste
Movimento, estes desejos pessoais serão todos realizados numa vinculação de fé
com o poder da mente, porém agora apresentado de forma mais desenvolvida,
como será apresentado a seguir.
A fé, segundo Essek William Kenyon (1867-1948; fundador do Movimento
Pentecostal da Fé – Movimento Palavra da Fé, ou somente, Movimento da Fé), é o
agente que ligaria o homem a Deus, trazendo a realidade aquilo que lhe já
garantido. Como filho e herdeiro de Deus, basta que este filho determine a
existência, ou seja, crie por seu poder uma nova realidade material e visível. A fé é
vista por Kenyon, como sendo a filha do amor eterno de Deus. Neste sentido a base
também desta Teologia está voltada ao amor de Deus para com o homem, de modo
que deu a este, uma fé criativa, de domínio, de salvação (1970, p. 29), que quando
corretamente utilizada tem a capacidade de trazer a existência: saúde, sucesso,
realizações, abastança, poder e por conseguinte – felicidade.
20

Figura 7 – Mapa Mental: Promessas garantidas segundo Copeland

Fonte: Autor

Earl Paulk (1984, p. 96) e Paul Crouch (7 jul. 1986, TBN) ensinam que o
homem é também a encarnação de Jesus e filho de Deus. Em suas palavras “Cães
têm cachorrinhos e gatos têm gatinhos: assim, Deus tem pequenos deuses”,
portanto, é possível trazer à existência tudo aquilo que for de seu interesse, seja
riqueza ou saúde ou outras necessidades, tanto físicas, quanto psicológicas,
emocionais ou espirituais.
A fé destes “pequenos deuses”, por sua vez, é demonstrada na semeadura
de proventos financeiros do povo naquela denominação a qual pertence, pela qual,
quanto maior a semeadura, maior será a colheita. Abraão, Davi, Salomão e até
Jesus e os apóstolos são citados como homens ricos (financeiramente), por conta
da fé que possuíam.
Inicialmente, as curas milagrosas eram o carro chefe de difusão do
Movimento da Fé, quando Kenyon, em suas campanhas (convenções e palestras),
determinava e pessoas aparentemente eram saradas de suas doenças, milhares de
novos adeptos juntavam-se ao movimento. Assim multidões se juntavam em suas
palestras e uma legião de novos seguidores, religiosamente assistiam-no nos
programas rádio televisivos.
Como se verá melhor detalhadamente a frente, o neopentecostalismo
brasileiro, apresenta muitos dos sofrimentos da vida, como sendo indicadores de
21

falta de: propósito (força mental); de vida em pecado (falta de mentalidade


espiritual); ou ainda, de uma insuficiência de fé (falta de declaração positivada –
Confissão Positiva). Tais fraquezas permitiriam a atuação do diabo na vida do
crente, por meio de: maldições e encostos (atuação espiritual), prisões mentais e
depressão (atuação mental), doenças (atuação corporal) e pobreza (atuação
sociocultural).
David L. Larsen (1988, p. 211-220) critica o Movimento da Fé, que não tão
distintamente do que já havia sido formulado pela Ciência Cristã, acredita que a
mente humana e as palavras têm a capacidade de alterar qualquer realidade. A
língua seria o meio pelo qual a fé interior atuaria como agente transformador,
trazendo à existência tudo aquilo que for comandado. Para Larsen, isto reflete uma
cultura obcecada pelos crescimentos social e econômico, que nada tem a ver com o
evangelho segundo Cristo. Em suas palavras, o “entrego tudo” tornou-se “trago tudo
à existência pela fórmula da fé”.
A crítica feita ao Movimento da Fé gira em torno da premissa de que
confessar ou decretar uma cura, ainda que a bênção de Deus se torne realidade na
vida humana, não significa que o agente proclamador esteja, de fato, alicerçado na
palavra de Deus, ou seja, tendo a plena segurança daquilo que proclama, podendo
estar presumindo e declarando algo que de fato e de direito não lhe pertence ou que
não esteja sob seu domínio, mas sim de Deus.
O Movimento da Fé desenvolveu novos conceitos, tomando grande volume
e alta adesão dentro da sociedade capitalista americana e brasileira. De outro lado,
teólogos como Hank Hanegraaff, Paulo Romeiro, Paul Washer, Paulo Junior
(sermão online), Augustus Nicodemus (2014c), Hernandes Dias Lopes (2009),
Alairde Rodrigues (2016) e C. S. Lewis (2017), têm apresentado pontos críticos a
este Movimento da Fé. Para eles, não há Cristo como chave-hermenêutica nesta
cosmovisão. O homem não pode e não é capaz, por suas próprias forças e poder,
conduzir a realidade espiritual, conforme seu bel prazer.
O Movimento de Kenyon, distingue-se, portanto, dos movimentos anteriores,
ao incluir: (1) Deus subordinado à vontade humana e, assim gerar uma metodologia
para a conquista daquilo que se busca, um tipo de “fórmula mágica”, que deve ser
empregada para a conquista do desejo humano. Embora haja controvérsias sobre a
sua empregabilidade em consonância aos Escritos Sagrados, cabe melhor detalhar
e sistematizar a sua aplicabilidade. Agora que já é conhecida a sua origem na
22

metafísica do Novo Pensamento, pode-se prosseguir até sua utilização dentro da


forma aplicada na Confissão Positiva.
Antes de continuar com o desenvolvimento do pensamento a respeito do
tema proposto, apresenta-se um infográfico comparativo, para aplicação prática em
sala de aula, da qual se pode visualizar a distinção entre as cosmovisões bíblica e
do Movimento da Fé, como segue:

Figura 8 – Infográfico Comparativo: Presunção x Segurança Eficaz

Fonte: Autor
23

2.3 UMA NOVA APLICAÇÃO PRÁTICA EXPERIMENTAL: DA CONFISSÃO


POSITIVA AO SURGIMENTO DA TEOLOGIA DA PROSPERIDADE

O marco inicial da Confissão Positiva é vinculado historicamente ao nome do


pastor norte americano Essek William Kenyon (1867-1948). Pastoreou Igrejas
Batistas de Nova Aliança, Independente Figueroa e Pasadena. Atuou dentro das
áreas da escrita, evangelismo e ideológica, inspirando as evoluções teológicas, que
culminaram em muitas das filosofias neopentecostais atuais no Brasil e Estados
Unidos da América.

Figura 9 – Mapa Mental: Essek Kenyon

Fonte: Autor

Kenyon recebeu influências em sua criação dos conceitos Metodistas,


trabalhou como vendedor de instrumentos musicais e graduou-se na Faculdade de
Oratório de Emerson, em Boston (EUA). Casou-se duas vezes e, por fim, ao
divorciar-se de sua segunda esposa, já no período final de sua vida, morou com sua
filha e ex-esposa Alice Whitney.
Paulo Romeiro (2005, p. 56-59) correlaciona os ensinos de Kenyon e as
bases contidas na seita da Ciência Cristã, em especial aquelas, vinculadas à cura.
Ele vincula e sintetiza o Movimento da Fé, as construções filosóficas, místicas e
sectárias, dos ensinos dos fundadores a seguir citados:
24

Tabela 1. Bases: sectárias, filosóficas e místicas, empregadas como fontes


de subsídio ideológico-apologético na sistematização do Movimento Palavra
de Fé (Movimento da Fé), encontradas de modo geral na literatura a partir
dos autores citados no referencial bibliográfico da presente pesquisa.

Nomes Fundadores Fontes


Movimento Novo Transcendentalismo /
Phineas P. Quimby
Pensamento Misticismo
Ciência Cristã Mary B. Eddy Phineas P. Quimby
Fonte: Autor

Romeiro constrói sua tese seguindo a linha histórica, conforme a Tabela 1,


de modo que, para ele, Kenyon utilizou-se de subsídio ideológico-apologético
anterior, na diagramação básica dos conceitos presentes no Movimento Palavra de
Fé. A Teologia da Prosperidade, como melhor será apresentada à frente, segue em
suas linhas gerais os mesmos princípios dos ensinos de Kenyon e seu maior difusor
Hagin. Porém, modificações fizeram-se necessárias por conta da demanda do
público e a sua aplicabilidade ao período moderno.
David Allen Bledsoe (2012, p. 55) escreve em seu livro “Movimento
Pentecostal Brasileiro: um estudo de caso” que o pentecostalismo brasileiro em sua
terceira onda, iniciada em meados da década de 1970 (p. 41), denominada de
“período neopentecostal”, colheu dos ensinos do Movimento da Fé, em especial de
Kenyon e Hagin e depois de Oral Roberts, Copeland e de Benny Hinn.
A Confissão Positiva de Kenyon sofreu alterações e remodelagens com o
passar do tempo, baseadas na cultura e regionalidade em que foi empregada. A. H.
Anderson (2002, p. 2001b) considera não haver uma “supraculturalidade”, não
havendo que se falar numa igualdade atual dentro das visões pentecostais norte-
americana e africana, assim como africana e brasileira, mesmo tendo a duas últimas
bebido dos ensinos basilares do Movimento Palavra de Fé que teve em Hagin, seu
maior discípulo, como a seguir se passa a citar.

2.3.1 Kenneth Erwin Hagin (1917-2003): o maior discípulo de Kenyon

Falecido em 2003, Kenneth Erwin Hagin é considerado o pai do Movimento


Palavra de Fé. Ele é considerado como o grande discípulo dos ensinamentos de
Kenyon; segundo Luiz Alberto T. Sayão (1999, p. 83-94), ele foi um dos
idealizadores do Movimento Carismático, conhecido pela chamada: (1) unção do
25

riso; (2) dom da cura; e, (3) da prosperidade (todos por meio da Confissão Positiva),
sempre com muita eloquência e aparato homilético, o que lhe era característica
própria.
Para Ricardo Mariano (2003a, p. 54-75), ferrenho crítico das bases
neopentecostalistas, existe historicamente entre a Igreja Universal do Reino de Deus
(IURD) e a teologia do Movimento da Fé, uma ligação em Hagin. Para ele, Hagin
errou em muitas de suas afirmações, as quais chama de controversas, como por
exemplo quando Hagin afirma que “Jesus é a primeira pessoa que já nasceu de
novo. Por que o seu espírito precisava nascer de novo? Porque ficou alienado de
Deus. Lembra-se como ele exclamou na cruz: ‘Deus meu, Deus meu, por que me
desamparaste?’”
Ainda neste livro, Hagin (2014, p. 25) afirma que Jesus teria experimentado
a morte espiritual por todos os homens de forma que “seu espírito, seu homem
interior, foi para o inferno em nosso lugar”. No entendimento de Hagin, a morte física
somente não seria suficientemente qualificada a remover os pecados dos homens,
por isto Jesus teria sofrido além da morte humana a “morte espiritual”.
Em “Zoe: a própria vida de Deus”, Hagin declara que “nem o próprio Senhor
Jesus tem uma posição melhor diante de Deus do que você e eu temos” e continua
dizendo: “Talvez alguém suponha que eu esteja usurpando algo de Cristo. Não! Ele
continua a desfrutar da mesma glória junto ao Pai. Estou apenas falando dos direitos
que nós temos” (HAGIN, 1992, p. 79). Ao tratar da natureza de Jesus, Hagin declara
que Jesus, ao morrer espiritualmente adquiriu a “natureza de Satanás” e em outro
ponto refere-se a esta natureza como sendo de “ódio e mentiras” (HAGIN, 2014, p.
26-27)
Sobre a primeira pessoa da Trindade, Hagin é visto novamente por muitos
teólogos como reducionista dos atributos de Deus, ao afirmar que “o Senhor é um
Deus de Fé. Tudo o que ele tinha a fazer, fê-lo pela Sua Palavra” (1992, p. 62-63). O
questionamento gira em torno da expressão fé visto que se Deus necessita ter fé ou
tem fé, esta fé seria em quem? Ou no quê? Como pode ao criador de tudo ter fé ou
ser necessário que o mesmo tenha fé? Na carta aos Hebreus 11.3, o autor declara
que “pela fé entendemos que o universo foi formado pela palavra de Deus, de modo
que aquilo que se vê não foi feito do que é visível” (BÍBLIA, Hb 11.3).
26

Figura 10 – Panfleto: Atualização de um panfleto do Movimento da Fé

Fonte: Autor

Sobre seu ponto de vista teontológico, Hagin (1992, p. 50-51) cita que “Deus
nos fez tão semelhante a si mesmo, quanto lhe foi possível. Fez-nos para pertencer
à sua própria categoria”, de modo que o “Senhor fez o homem como seu substituto
aqui na terra. Ele constitui-o como rei para governar tudo o que tinha vida”; neste
raciocínio, Hagin coloca o homem em termos de igualdade com o Criador.
O homem é visto por Hagin como sendo um ser que em sua essência
espiritual é igual a Deus, que “comunicando toda a sua natureza, substância e ser
aos nossos espíritos” torna realidade a vida eterna (HAGIN, 1992, p. 10,29).
27

Entretanto, para Mariano (2003), a visão neopentecostal da IURD, em consonância


com muito daquilo que é entendido por Hagin e Copeland, contrapõem-se ao
entendimento de protestantes ortodoxos, a exemplo dos Batistas.
Dentro do entendimento ortodoxo, o comentarista da Bíblia de Estudo
Esquematizada (2012) relaciona que, quando o apóstolo Pedro trata (2Pe 1) a
respeito dos atributos comunicados por Deus, refere-se evidentemente a respeito da
parte comunicável de Deus para com o homem. Não há que se falar na
comunicação daqueles atributos que lhe são exclusivos, como a eternidade,
soberania, autossuficiência, onipotência e onipresença.
Em Hagin, há um maior enfoque de que as palavras têm poder em si, tanto
para o mal quanto para o bem. Na atualidade, segundo Mariano (2005, p. 72-75), a
IURD continua com o mesmo preceito, assim como outras igrejas da terceira onda
do movimento pentecostal, o que acaba por agregar público e multiplicar o quadro
de membros. Que para ele, é fruto de uma estratégia de marketing, dos chamados
novos conquistadores da fé.
No livro “Pensamento Certo ou Errado” de Kenneth Hagin (1986, p. 6),
baseado em Romanos 10.8-10, o autor disserta a respeito da importância da
confissão como forma de realizar aquilo que já foi dado ao homem por meio dos
pensamentos de Deus e que vem do nosso interior. A boca, segundo Hagin, é
detentora do instrumento de Deus: a palavra (poder). Nisto se tem o princípio de não
utilizar a boca para proferir fraquezas que o diabo venha a colocar (confissão
negativa). Hagin define CONFISSÃO como sendo: (1) a afirmação de algo que se
crê; (2) testificação de algo que se conhece; (3) testemunho de uma verdade que se
aceita (1986, p. 7).
Segundo ele, tudo aquilo que o Senhor legalmente comprou, realizou e
proveu para nós, torna-se nosso, experimentalmente, quando cremos na Palavra de
Deus em nosso coração e confessamos com a boca que isso é verdadeiro. Continua
dizendo que “é a confissão que cria a realidade. Então, ela se torna real em nossa
vida” (HAGIN, 1986, p. 9).
A confissão, no entendimento de Hagin, é o agente da fé, ou seja, é o meio
pela qual a fé é colocada em prática, sendo capaz de mudar o enredo humano, de
forma que “não se pode receber algo de Deus sem fé e confissão corretas” (HAGIN,
1986, p. 14). Pela confissão, pode ser o homem aprisionado e derrotado por ter uma
28

confissão errada (polo negativo da mente) ou liberto e vencedor, quando confessa


positivamente (polo positivo da mente) – (HAGIN, 1986, p. 17).
Para Hanegraaff (2015, p. 228-229), o Movimento da Fé e a Confissão
Positiva são nada mais do que movimentos sectários e devem, portanto, ser
colocados junto ao rol de seitas, ao alocar Deus à parte de sua soberania e senhorio
sobre todas as coisas (soberania ontológica). A expressão “façamos um acordo”,
para os teólogos da prosperidade, segundo Hanegraaff, impõe um comprometimento
de Deus para com o homem. Além disto, subordina-o ao cumprimento de
determinados aspectos (Movimento da Fé). Conclui, que a confissão certa ou errada
não pode subjugar o agir imperante e autônomo de Deus.

2.3.2 Oral Roberts (1940): o expoente midiático

Oral Roberts, um dos grandes nomes deste movimento de origem no


Movimento Palavra de Fé (Movimento Fé), recebeu influências dos ensinos de
Kenyon. Segundo Farah, Daniel Ray McConnell e Hanegraaf, é possível ligar uma
linha direta entre os ensinos do professor Kenyon e as teses de Oral Roberts e
Kenneth Hagin, que são seus sucessores. Do mesmo modo, Hanegraaff (2015, p.
32) e Dale H. Simmons (1997, p. 84) alegam ter sido Kenyon influenciado pelos
ensinos não ortodoxos, mas místicos da metafísica, presentes no Movimento Novo
Pensamento de Quimby, que eclodiu nos EUA no final do século XIX.
Como grande televangelista, Roberts começou a pregar nos EUA sobre as
Leis da Fé, ainda na década de 1940, dizendo que Deus retornaria sete vezes mais
do que aquilo que lhe foi doado. Roberts afirmou que, ao se doar $ 100,00, se
receberia $ 700,00, por conta das Leis da Fé (1956, p. 13,30-31).
Segundo Roberts (1975, p. 102), Jesus teria dito a ele que Deus o havia
escolhido para ser o descobridor da cura para o câncer e, diante disto, era para
pedir doações em nome do próprio Deus. Queria com isto que fosse construído um
prédio de no mínimo vinte andares. A construção de fato veio a se tornar realidade,
porém, após sua conclusão, foi vendida a um grupo de investidores. A cura do
câncer não foi, porém, descoberta por Roberts à época, o que de fato parece não ter
afetado a confiança de Roberts, que continuou seu ministério em grande escala.
À época da campanha para a construção do hospital, Roberts disse: “Deus
claramente me falou do que precisa aqui na Terra. E aqui está o porquê – de todos
29

os ministérios, este é o único que Deus tem sobre a Terra a possuir uma escola de
medicina”; precisava de um total de oito milhões de dólares para a construção, pela
qual afirmou em sua campanha de arrecadação que ele teria até aquele mês de
março de 1987, para conseguir a quantia e caso não obtivesse êxito, morreria e
Satanás seria o grande vitorioso.
A estratégia de Roberts em tentar demonstrar ser o “grande enviado de
Deus”, fazia-o dizer coisas que, para Hanegraaff (2015, p. 213), são absurdas
quando vistas sob a ótica das escrituras. No ano de 1985, Roberts mandou um e-
mail aos seus “associados” ou “membros”, como costumava chamar aqueles que
lhes seguiam, de modo que o teor da carta refletia a ideia de que aquele ano de
1985 seria de grandes preocupações e ataques do Diabo, que, por conta disto,
muitos ficariam sem esperança e desanimados. Mas, que Deus já o advertira sobre
os fatos futuros por meio de trinta e três predições proféticas, que seriam
repassadas por ele aos seus seguidores, garantindo-lhes a vitória, e recebendo
ainda de retorno até cem por um.
Muitos livros foram escritos por Roberts e outros tantos mais sobre sua vida,
linha filosófica, testemunha de vida, sectarismo, falácias e demais temas, a exemplo
de “Ainda fazendo o impossível” (2019), que relaciona a Confissão Positiva ao
milagre; “O milagre da semente da fé” (2019), em que vincula a Confissão Positiva à
oferta e prosperidade; e, “Se você precisa de cura faça estas coisas” (2019), ligando
a Confissão Positiva à cura.
Como já visto anteriormente, tem-se até o presente momento, o surgimento
do Movimento da Fé por Essek Kenyon e a criação junto ao meio Protestante
americano da Confissão Positiva. A segunda fase deste movimento desenvolve-se
com a “unção do riso” de Kenneth Hagin e a utilização da Confissão Positiva nas
áreas de libertação e curas. Por último, será visto a atuação de Kenneth Copeland,
firmemente relacionada a questão financeira em uma nova teologia, a Teologia da
Prosperidade. Por meio dela, Copeland desenvolve o modo de ser bem sucedido
financeiramente, “este é o milagre da prosperidade”.
Com Roberts, contemporâneo de Copeland, o enfoque dá-se quase que
exclusivamente para com o material, o mundo físico, sensorial e palpável, o universo
de experiências e possibilidades. O espiritual, futuro e eterno é deixado quase que
totalmente à parte do enredo da vida humana, colocando o homem como
30

protagonista de sua história. Egocentrismo e sua busca pela fama, sucesso e bem-
estar, são os enfoques direcionadores de Roberts (HANEGRAAF, 2015, p. 364).
Segundo declara Patti Roberts (1983, p. 92), então nora de Oral Roberts,
Tetzel, que mercadejou o evangelho para a implantação de projetos papais com a
venda de indulgências, agora tinha “um filho”, um “espelho”; seu nome é Oral
Roberts: “[tenho] muita dificuldade para distinguir entre a venda das indulgências e o
conceito da semente de fé, no grau a que fora elevado”. Patti completa o panorama
demonstrando que a distinção entre Oral Roberts e Tetzel está na medida que
enquanto o primeiro oferecia a salvação e o porvir (celestial), o segundo oferecia o
agora – sempre em troca de uma “semente da fé” que nada mais é que doações,
sempre apelando à ganância ou ao medo de seus ouvintes.
Para Romeiro (2005, p. 50), uma das grandes criações de Roberts, foi o
chamado “ponto de contato”, que teria sido “a maior descoberta que jamais fizera”.
Mas o que era o “ponto de contato”? Caracteriza-se pela sugestão aos seguidores
de que o produto ou objeto que lhe é entregue pelo “sacerdote” ou “enviado de
Deus”, possui a capacidade de realizar modificações no mundo material, por conta
da unção ou poder nele depositado por obra do Espirito Santo ou de Deus. É o
conhecido “lenço ungido, copo de água da cura, rosa do amor” e outros tantos
objetos utilizados nas igrejas neopentecostais brasileira, que já na década de 1980
fora criado por Roberts.
Sobre o “ponto de contato” é importante conhecer a história de A. A. Allen,
que em 1953 lançou o livro “The Secret to Scriptural Financial Sucess” (Segredo do
Sucesso Financeiro nas Escrituras), no qual relata uma experiência milagrosa, em
que Deus teria transformado notas de um dólar em notas de vinte dólares, para que
este pagasse dívidas.
31

Figura 11 – Mapa Mental: Influências e atuação de Oral Roberts

Fonte: Autor

Na década de 1960, Allen ficou conhecido por conduzir a seus seguidores, a


adquirir “roupas ungidas” com “óleo santo” ou “milagroso”. Hanegraaff (2015, p. 165)
contrapõe a vida testemunhal de Roberts, citando que Oral chegou a ser preso por
embriaguez quando dirigia, sendo expulso, posteriormente do pastorado das
Assembleias de Deus, falecendo em 11 de junho de 1970, por cirrose hepática.
Para Hanegraaff (2015, p. 25), tanto A. A. Allen como Oral Roberts utilizaram
de práticas semelhantes ao que a Igreja Católica Romana já havia feito entre os
séculos III e XVI, deturpando o evangelho da graça. Oral seria o precursor da
Teologia da Prosperidade em especial na inclusão do chamado Ponto de Contato,
que é feito pelo elemento material que se liga ao espiritual, por meio da fé e da
Confissão Positiva. A resultante de tudo isto, foi o aumento da sectarização ao meio
protestante, que como discípulos de Movimento iniciado em Kenyon, lideraram a
criação e implantação de novas ondas de heresias 1 e distorções da Palavra de
Deus.

1
Ataques de Paul Crouch, Benny Hinn, contra os críticos de suas palavras, eram veementemente
combatidos por estes líderes, que se utilizavam de seus programas de grande audiência na
televisão e rádio para desferirem palavras de revolta. Ver: “Praise the Lord” in TBN, em 2 de abril
de 1991 e “Praise-a-Thon”, da TBN em novembro de 1990, em que Crouch diz que sobre seus
críticos ele não vê a possibilidade de redenção e diz: “Vão para o inferno! Saiam da minha vida!
Saiam do meu caminho!”
32

Hanegraaff (2015, p. 32) conclui que as fórmulas milagrosas eram


comercializadas com o objetivo exploratório da fé, daqueles que por
desconhecimento, ganância ou medo, terminam por perder-se nas artimanhas de
líderes do Movimento da Fé, vinculados à metodologia aplicada na Confissão
Positiva. Leonildo S. Campos (2005, p. 100-115) finaliza, observando em seu artigo
que aquilo que iniciou no sectarismo, metafísica e seita, desenvolveu-se nos
Movimentos Novo Pensamento e Palavra da Fé, que se caracteriza na fase moderna
em sua forma evoluída, como sendo a Teologia da Prosperidade.
A evolução sociológica e teológica a despeito da fisionomia latino-
americana, Romana (Papal), miscigenada pela ritualidade presente nos cultos afro-
brasileiros (CAMPOS, 1997, p. 41, 421), serão vistos a frente quando se tratar
diretamente da Teologia da Prosperidade, em seu teatro, templo e mercado
neopentecostal. Por hora, convém por meio de Copeland continuar o linear histórico
da evolução da Confissão Positiva, ainda em solo norte-americano.

2.3.3 Kenneth Copeland (1936): o mensageiro da prosperidade

Para Copeland (1985, fita de áudio # 01-4404, lado 1), a disponibilidade das
bênçãos celestiais e materiais não significa necessariamente que todos as terão e,
desta forma, poderão acessá-las. Nisto entra o conceito do “tomar posse da
bênção”, por meio de Cristo, em fé, de forma que quanto mais fé o crente possuir,
maior proporcionalmente serão suas conquistas em todas as áreas, inclusive a
material e financeira. Ele estabelece uma metodologia que seria necessária para
obtenção do resultado, por meio dos seguintes passos: (1) focar aquilo que se
deseja; (2) basear sua reivindicação na Palavra de Deus; e, (3)
declarando/confessando, para assim, trazer a existência.
Autor da frase “a pobreza é um espírito maligno, pois é impossível que Jesus
fosse pobre” (9/90 – “Charisma”, 15/02/1993), Copeland destacou-se no Movimento
da Fé, com a Teologia da Prosperidade em sua forma originária no cenário
americano. Para Copeland, a pobreza é resultado da falta de fé, bem como um não
posicionamento correto acerca da realidade espiritual e do lugar de exaltação
ocupado pelo homem.
Os ensinamentos de Copeland foram rapidamente difundidos pelos meios de
comunicação, entre eles na sua revista mensal “Believer’s Voice of Victory” e na
33

revista bimestral para crianças “Shout”. No meio televisivo, seu programa Trinity
Broadcasting Network (TBN) reunia milhões de espectadores. Tornou-se líder de um
grande movimento gospel nos EUA. Sempre foi visto por seus seguidores como um
grande líder, contudo certa parte via em seus ensinos dualidades, como na frase: “O
temor, ativa Satanás à mesma maneira que a fé ativa Deus”. Charles Capps (1982,
p. 50-51), neste diapasão continua: “Jó ativou Satanás pelo medo quando disse: ‘Por
que o que temia me veio, e o que receava me aconteceu?’ (Jó 3.25). A fé ativa na
Palavra traz Deus à cena. O temor introduz Satanás no cenário”.

Figura 12 – Mapa Mental: 4 passos da Confissão

Fonte: Autor

Neste movimento da Teologia da Prosperidade, todos quantos entenderem


as suas reais capacidades e os princípios que regem as leis espirituais poderão ser
e ter tudo aquilo que quiserem e confessarem. Para MacArthur (1992, p. 285), isto
coloca o Senhor de todas as coisas em posição de subordinação, inclusive na esfera
– especialmente enfatizada – econômica-social, o que seria antibíblico e heresia.
Segundo a interpretação dos teólogos da prosperidade, em posição
subserviente (passiva?) está o Criador. Ao passo que aquilo que for confessado -
por qualquer homem – crendo, deverá obrigatoriamente ser realizado por Deus.
Ensinamento este anteriormente abrangido por Hagin em seu livro Having Faith in
34

Your Faith (Tendo Fé em Sua Fé – 1980), em que declara que a fé em suas


palavras é suficientemente poderosa para mudar realidades.
A fé para Copeland é uma força tangível, dotada de poder, capaz de
conduzir a realidade e de colocar Deus sob o comando do homem quando ordenado
e confessado por este em nome de Jesus. O homem para Copeland é um deus, pois
segundo ele “cachorros geram cachorros, gatos geram gatos e Deus gera deuses”;
segue dizendo: “Você não tem um deus em seu interior, você é um deus” (1987,
cassete sonoro n. 02-0028).

Figura 13 – Mapa Mental: 7 fatos sobre autoridade do crente

Fonte: Autor

O homem passa de ser criado e filho de Deus, para um semideus, com


poderes sobrenaturais e capaz, portanto, de ter tudo aquilo que inspirar crendo e
confessando. Pelo poder que há na boca (fala), riquezas, bênçãos e saúde tornam-
se existentes, pois, este homem já recebeu a concessão divina.
A Teologia da Prosperidade dissipada por Hagin, Copeland e seus muitos
sucessores, nas mais variadas formas e ramificações, possuí inúmeras falhas
35

segundo teólogos como MacArthur (1992, p. 358-59), em especial em sua


Teontologia, em que, segundo Copeland, o Criador e Supremo Ser, perde (1) sua
onipresença por conta do pecado de Adão, ao que afirma “Deus não tinha nenhuma
avenida de fé duradoura para mover-se na Terra” e, continua dizendo, “Ele
precisava dum acordo com alguém... Noutras palavras se não fosse convidado, ele
não poderia vir”2; (2) é o “maior fracasso de todos os tempos (...) quero dizer que ele
perdeu seu anjo de maior valia (TBN, abril de 1988), o mais ungido; o primeiro
homem que criou; a primeira mulher; a Terra e toda sua plenitude, e a terça parte
dos anjos, pelo menos”.
Hanegraaff sinaliza preocupação sobre a sistemática de Copeland, em que a
onisciência e a soberania de Deus são diminuídas por Copeland, ao passo que
Aquele que viria a ser o Redentor de todos quantos crerem, é pensado pelo Criador
somente após a queda e por conta do pacto com Abraão (Pacto Abraâmico). No
calvário, Jesus, tornou-se um símbolo de Satanás, enquanto padecia na cruz. Ali o
Redentor teria aceitado a natureza pecaminosa de Satanás em Seu espírito (1990,
#02-017, lado 2).
Ao tratar a respeito da Cristologia, Copeland é apontado como sendo
inconsistente por entender que Satanás teria levado o Cristo ao “inferno ilegalmente
e tendo-o feito sofrer” (COPELAND, 1973, p. 73), caindo assim numa armadilha
arquitetada por Deus e por Cristo, fazendo com que o Diabo apesar de ter feito o
“Cristo sofrer (...), e ter seu espírito exaurido, apequenado e verminoso” (de forma
que “fora Dele não há sofrimento que reste) 3”, a palavra de Deus, entrando no
abismo [pelo fato de Cristo não ter pecado] ressuscitou o espírito de Cristo,
“distorcido e maculado pela morte” [material e espiritual], na frente do Diabo e em
seu território, “derrotando o diabo em seu próprio quintal – tomando dele tudo quanto
tinha” (1991, p. 4).
O conceito de divindade apregoado por Copeland (1987) e pelos grupos
ligados à metafísica, como os que até aqui foram citados, Novo Pensamento,
Ciência Cristã, Escola da Unidade do Cristianismo e o Movimento da Fé, possuem
uma conotação diferente da mesma expressão quando usada dentro da visão cristã
ortodoxa. Esta igreja tradicional, como assim também é chamada, relaciona a
expressão “pequenos deuses” ao sentido de adotados por Deus em Cristo Jesus,
2
K. Copeland. God’s Covenant With Men, II, 1985, fita de audio # 01-4404, lado 1.
3
K. Copeland. Programa Believer’s Voice of Victory, 21/04/91. Esta mensagem fora originalmente
entregue na Full Gospel Motorcycle Rally Association, 1990, em Eagle Mountain Lake, Texas.
36

habitados, assim, pelo Espírito Santo. Não havendo uma duplicação de Deus ou sua
reprodução em sentido estrito (HANEGRAAFF, 2015, p. 119).
Com base no exposto até o presente, é possível sintetizar em forma de
mapas mentais as principais linhas desenvolvidas até o momento, relacionando os
principais pensadores dentro de cada movimento e sistema de desenvolvimento, de
forma cronológica até chegar-se à Teologia da Prosperidade, que se inicia de forma
objetiva e completa em Copeland. A aplicação prática em sala de aula é melhor
desenvolvida pedagogicamente, quando se tem a vinculação da escrita entrelaçada
ao panorama visual, o que se passa a desenvolver, para então seguir com a
Teologia da Prosperidade, já em solo brasileiro, o que será desenvolvido a partir do
segundo capítulo.

Figura 14 – Mapa Mental: Teologia da Prosperidade

Fo
nte: Autor
37

2.4. A TEOLOGIA DA PROSPERIDADE NO BRASIL: EDIR MACEDO – O GRANDE


SINTETIZADOR

A IURD (Igreja Universal do Reino de Deus) foi fundada em 1977, por Edir
Macedo, e hoje tem gigantesca relevância nos cenários econômico, político,
religioso, intelectual, cultural e social (MARIANO, 2003, p. 56). A exemplo de sua
relevância política, em 1998, segundo Fonseca (1998, p. 20), elegeu 26 deputados
estaduais e 17 federais. Em 2002 (Folha de S. Paulo, 10/10/2001), foram ao menos
22 parlamentares, sendo 4 destes apoiados pela instituição e 18 membros efetivos
da IURD. Marcelo Crivella tornou-se Senador pelo Estado do Rio de Janeiro de 2003
a 2017 e prefeito da Capital Fluminense de 2017 a 2022, derrotando Marcelo Freixo
(PSOL).
É fato para Ricardo Mariano (2003, p. 49-64) que o poderio da IURD não se
deu ao acaso e muito menos do dia para a noite, antes é resultante de um longo
percurso, alinhada a uma estratégia de governo institucional muito bem organizada,
por seu líder e assessores eclesiásticos, dentre eles o carisma. Ari Pedro Oro,
professor de Antropologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul
(CIVITAS, Porto Alegre, v. 3, nº 1, jun. 2003), traça um paralelo entre a organização
eclesial e a eficiência estrutural no caso da IURD, baseada em dois principais
pilares: Carisma Pessoal e Institucional.
O carisma pessoal, segundo Max Weber (1971, p. 72), é a qualidade de
caráter cotidiano reconhecida por um grupo social em que o autor e agente
carismático se correlaciona social-economicamente. Para Weber (1971, p. 249), este
tipo de carisma é o encontrado no contexto bíblico, pelos profetas dentro do domínio
religioso e também pode ser aplicado ao campo da política no chamado carisma
demagogo. O carisma pessoal pode, segundo Jean Séguy (1988, p. 14-15), ser
muito claramente visto pelos líderes de guerra, em tempos de grandes batalhas,
como o encontrado nos Césares da Roma antiga, em Josué, Moisés e Davi na
vertente bíblica, em Leônidas na luta inenarrável em Termópilas (480 aC), em
Alexandre, o Grande conquistador do mundo conhecido de sua época (336-323
a.C.), e muitos outros.
Na IURD, é possível notar o carisma institucional, também chamado de
carisma de função, que é uma derivação do carisma pessoal (BOURDIEU, 1987, p.
95), em que a organização religiosa conduz seus “funcionários, servos, fiéis” a uma
38

obrigação relativa a esta graça institucional sob pena de condenação em caso de


descumprimento (SÉGUY, 1982, p. 33).

Figura 15 – Mapa Mental: Carismas autoral e institucional, como formas de


legitimação de domínio (Max Weber), encontrados em Macedo e na IURD

Fonte: Autor

O objetivo de se teorizar a respeito destas duas formas de legitimação do


poder que podem ser encontradas na IURD na pessoa de seus líderes, em especial
no Bispo Edir Macedo (carisma pessoal), quanto na organização religiosa (graça
carismática) como instituição estabelecida. É o estabelecimento de uma
incontestável condição simbólica de domínio da IURD sobre seus fiéis. Para Freston
(2000, p. 299), assim como ocorre no campo político, em que o apoio de candidatos
está condicionado ao domínio de pastoreio e não em sua condição qualitativa para o
emprego da função política (p. 300), igualmente acontece nas ações cotidianas e
religiosas dos fiéis da IURD, que acabam por fazerem aquilo do qual são
massivamente instigados.
Para Leandro P. Carneiro (1998, p. 187), esta forma organizacional iurdiana
de legitimação de domínio sobre as massas, acarreta prejuízos a participação
individual dos fiéis, ao ponto de não poderem expressar pensamentos que venham a
bater de frente com os ensinos, com a organização e com o poder institucional.
Semán (2001, p. 96) escreve que a IURD atua na mobilização de defesa de seus
39

valores, organização e crenças, por meio da criação de um universo de simbolismo


cósmico em que aquele que eventualmente venha a contestar algo é tido, dentro
desta lógica, como sendo um “oponente religioso, dentro da perspectiva da guerra
santa”.
Dentro da esfera religiosa, a IURD surge desde a conversão de Edir Macedo
aos 19 anos (TAVAROLO, 2007, p. 59-62, 77, 81-82), passando pelo ministério de
Roberto McAlister (MATOS, 2002, p. 63-64), juntamente com seu cunhado, Romildo
Ribeiro Soares (R. R. Soares). Macedo sempre teve uma afinidade ministerial para
os segmentos sociais mais deficitários (KRAMER, 2001, p. 49). Embora Soares
(2201a, p. 26) e Macedo tenham como denominação neopentecostal, característica
doutrinárias semelhantes, a IURD, para Fernandes e Stefano (2001, p. 24-25),
parece dispor de melhor dinâmica e criatividade no estabelecimento de mudanças
necessárias à continuidade da fidelização de seguidores dessas classes, bem como
na ampliação de seu capital econômico e organizacional.
Para Mariano (2005, p. 52), a IURD implantou em sua estratégia de gestão
muitos dos aspectos neopentecostais iniciados na Igreja Nova Vida onde o Bispo
McAlister atuava, entre elas: 1. A estruturação episcopal centralizada de governo; 2.
Classificação pastoral baseada na capacidade deste em aportar e levantar recursos
financeiros de seus fiéis; 3. Investimento em divulgação por meio de rádio e
televisão como estratégias de comunicação; 4. Realce das temáticas voltadas a
batalha espiritual (descarrego) e prosperidade (campanhas da prosperidade).

Figura 16 – Mapa Mental: Influências do Movimento da Fé, na gestão


estratégica da IURD
40

Fonte: Autor

B. Furre (2006, p. 45) acrescenta a absorção e implantação das


características na IURD, encontradas no Movimento da Fé (Faith Movement) de
Hagin, como: 1. Confissão Positiva; 2. Argumentos similares de convencimento no
discurso pastoral; 3. Teologia voltada ao campo da cura, exorcismo e finanças. Em
todos os casos, Satanás é colocado em posição adversativa aos propósitos divinos,
como se houvesse uma batalha de poderes iguais/similares em força e poder.
Leonildo Campos (1999, p. 337) cita que dentro de IURD é como se houvesse a
necessidade de que os fiéis seguissem certas estratégias para o enfrentamento do
plano impeditivo de crescimento físico, espiritual e financeiro, elaborado pelo diabo,
(MACEDO, 2005a, p. 99).
A vida em santidade segundo Macedo (2006, p. 35) é manifesta dentro da
visão prescrita pela IURD (STALSETT, 2006b, p. 199), como sinônimo de sacrifício e
confiança. É percebida de modo geral pela capacidade de doação em campanhas,
dízimos, ofertas e votos dos fiéis, segundo apontam A. Barros e L. Capriglione
(1997, p. 86-93). Para Leonildo Campos (2005, p. 75-80), este “doar, contribuir, voto
de fé, sacrifício” e outras expressões comumente encontradas na IURD, apesar de
41

apoiados por Macedo (1997, p. 35), são elementos originários da America do Norte,
propagados embrionariamente por E. Kenyon, Hagin Roberts, Copeland e Benny
Hinn, criador e difusores desta visão sectarista e miscigenada. O próprio Macedo
(2000, p. 35) reconheceu brevemente ter tido correlação com tais ensinos.
O neopentecostalismo brasileiro, que pode ser sintetizado dentro do
encontrado na IURD, é visto por Donald E. Miller (2007, p. 175-76) como não
exatamente uma absorção pura e simples das características do Movimento da Fé,
como fonte e base. Deve ser comunicada e entendida como um “remodelar” que
resume a forma com que é adaptada a cultura brasileira, não sendo, portanto, uma
importação direta e estrita, mas um remodelamento em conjunto com as condutas
pragmáticas de outras ondas pentecostais brasileiras. Desta forma, as práticas e
condutas são ressignificadas constantemente (VANHOZER, 2006, p. 99) para a
prática local, o que pode ser entendido genericamente como a globalização da visão
neopentecostal ante a fluidez dos significados e significantes.
Paul Freston (1995, p. 131) vê na liderança do Bispo Macedo, um paralelo
ao papa e ao colégio do alto clero da Igreja Católica Romana, em que Macedo
reteria em seu controle o monopólio teológico e ideológico de sua denominação.
Assim, caberia a seus subordinados diretos imitá-lo em sua pregação, dizeres,
gestos e até mesmo sotaque. Paulo Mattos (2002, p. 1) observa que outros grupos
neopentecostais tem sido influenciados pela forma governamental eclesiástica da
IURD, incluindo seu modelo de marketing direto. De fato, a IURD investe
massivamente na promoção de ações visando a aproximação da instituição e
público de fiéis e simpatizantes. Não à toa, possui atualmente duas editoras (Gráfica
Universal e Unipro) além da Rede Record, que segundo Marcelo Marthe (2007, p.
89) estava avaliada naquele ano em cerca de quatro bilhões de reais.
A IURD aderiu, como visto, aos ensinos propagados pelos teólogos do
Movimento da Fé e da Confissão Positiva, com fortes influências sectaristas,
conturbadas com religiões afro-brasileiras (BASTIDE, 2001, p. 89) e remodeladas à
cultura regional onde se difunde (ANTONIAZZI et al, 1994, p. 235). Assim, propõe-se
dentro de uma teologia sacrificial, os meios pelos quais seus adeptos poderão
supostamente arguir: 1. Bem-estar físico e emocional; 2. Prosperidade financeira e
material; 3. Libertação e curas. Esta religião que inova e se ressignifica
constantemente é a resultante clássica de uma igreja que se volta e se funde a pós-
modernidade.
42

Para Cristián Parker (1996, p. 156), isto é uma absurda discrepância da


matriz apostólica e dos ensinos basilares de Cristo, visto que, segundo ele, a Bíblia
não apresenta este modelo de intercâmbio ritualístico, em que o suplicante deve
doar ou sacrificar algo, para que somente assim receba em troca o milagre. Richard
Shaull e Waldo Cesar (2000, p. 89-91) analisam que de outro lado, cada vez mais,
novas igrejas neopentecostais têm aderido a esta forma de pensar e de fazer
religião sob os preceitos da sociologia e antropologia modernas, em que o sacrifício
é dispendioso e a graça é entregue a baixo custo.
Diante do exposto até o momento, pôde-se verificar cronologicamente como
ocorreram os ajuntamentos das características que hoje formam a Teologia da
Prosperidade dentro da IURD que serve como um espelho genérico, para uma
macrovisão desta teologia em solo brasileiro. Cumpre agora discorrer no capítulo a
seguir, de forma aprimorada, sobre as principais controvérsias e práticas do discurso
encontradas na fala e ritualística empregadas dentro dos cultos deste movimento de
origem filosófica, sincretista e miscigenada que se apresenta como a terceira onda
do pentecostalismo brasileiro.
43

3. A TEOLOGIA DA PROSPERIDADE: OS TRÊS PILARES,


CONTROVÉRSIAS E PRÁTICAS DO DISCURSO

O desconhecimento de muitas causas dos problemas humanos, a busca por


um propósito existencial, a perseguição da origem de todas as coisas e a luta pela
autorrealização, são fatores geradores de uma busca desenfreada por soluções. Os
mitos, o extrassensorial, o supranatural e o transcendente, podem servir de guias e
ferramentas de auxílio na luta por soluções a estes questionamentos. A ciência de
outro lado, utilizando-se da razão e da materialidade, não conseguiu até o presente,
solucionar todos os questionamentos, assim como em muito acaba por apenas ao
longe direcionar a uma provável resposta por meio de teorias ou paradigmas.
A religião surge neste processo de procura, sendo um processo relacional
que interliga a humanidade aos poderes (potência), ou forças (energia),
considerados sobre humanos, ou aquém da esfera subordinada as leis da física
newtonianas. Este relacionamento entre o humano e o não humano, segundo Eurico
Bergstém (1993, p. 90), expressa-se por meio de emoções, confiança, laços de
amor utópico e seus opostos, como o medo, o descrédito e a negação. Assim,
quando aparentemente atendido, em seus anseios, a humanidade lança créditos a
existência do sobrenatural e sua base de confiança a que chamam de fé. De outro
lado, quando não se têm o resultado esperado, não se realizando a vontade arguida,
a humanidade lança em descrédito a religião. Estes são os dois polos de Bergstém:
Deus e o homem e suas relações mútuas.
A existência de um ser soberano e todo poderoso, visto na epistemologia da
palavra Deus, é visto por parte da filosofia como mero elemento da necessidade
deste homem primitivo, não passando de um simples amigo imaginário, como
aqueles que as crianças têm na infância (FEUERBACH, 2021, p. 48-51). Na
contramão desta visão, a teologia defende que até mesmo cientificamente faz-se
necessária a existência de um ser não criado e a parte de toda a criação, como
sendo a mola impulsionadora de tudo que existe. Assim este Deus que não existe
dentro da matéria, tempo e espaço, é o elemento e arquiteto de todas as coisas
(ARISTÓTELES, física, livro VIII, 4-6). Desta forma, não havendo que se falar em
simples alegoria, força mental, ou elemento criado pela psique humana, mas uma
44

realidade verdadeira e base criadora de todo o universo (ARISTÓTELES, metafísica,


livro XII).
As religiões são, portanto, entidades que despertam o homem ao
conhecimento, a abertura a novos horizontes, descobertas e cosmovisões. Está
inserida numa cultura que flui e muda constantemente como em rio com águas que
se renovam a cada instante, sendo a fé, condição para o verdadeiro conhecimento
(HERÁCLITO, 1996, p. 93). A institucionalização da religião em congregações,
tempos, centros e igrejas, alterou o processo pessoal relacional da humanidade para
o com o divino, criando o chamado Sistema Religioso. Este sistema caracteriza-se
por elementos que expressem a religião, dentre eles: 1. Os livros sagrados; 2. Os
personagens históricos tidos como Santos; 3. A divinização de objetos e, 4. A forma
litúrgica. O resultante desta sistematização é a polarização entre possuidor de
religiosidade e o religioso, que é fruto deste sistema.
Compreendendo que o sistema religioso migra suas práticas e discursos ao
longo dos tempos, em decorrência das alterações sociais em que está inserida, gera
novos tipos religiosos em sua membresia. O religioso por estar vinculado a um tipo
grupal organizado de clero, que dita a forma de expressão da fé dentro deste
sistema, não compreende os processos operantes naquele que possui religiosidade,
ou que se encontra dentro de outro sistema religioso.
Estes religiosos se apegam aos processos, a forma cúltica, aos costumes e
tradições, ensinadas pelos líderes destes sistemas. Esta cadeia de dominação
dentro deste sistema, ocasiona a sintonia e submissão daquela camada que se
subordina ao sistema, ora denominadas de fiéis ou membresia. O caminho de
transformação da vida dos fiéis, molda-se a metodologia aplicada em cada um
destes sistemas. Assim o membro, segue não a prática bíblica primitiva, como
ocorre dentro das seitas, mas o sistema religioso, pois é este sistema, que o faz
sentir-se dentro do grupo, dentro da estrada da verdade, rumo a vitória, ao
conhecimento, a libertação, a cura e a paz.
O processo que difere o ser possuidor de religiosidade e o religioso que está
em um sistema, pode ser compreendida pelo processo de religação (religare) deste
homem para com Deus. No religioso, este religar não se faz pela conscientização da
relação entre o corpo, alma e espírito e o Criador, mas sim, pela adequação as
práticas (condutas) e falas dentro do manual de rituais e práticas religiosas,
impostas por este sistema. As ritualísticas e práticas religiosas dentre dos sistemas
45

religiosos, são referenciais e marcos que podem atrasar ou impulsionar um grupo


social a grandes mudanças comportamentais. Os costumes, tradições e crenças,
podem distanciar-se e dissociar-se do objetivo principal que se tem originalmente na
religiosidade, o qual seja: aproximar o homem de seu criador por meio da fé e do
amor.
A religião moderna, inclusa nesta forma sistêmica, tem sido moldada em
nova roupagem de religiosidade, como visto na Teologia da Prosperidade nos
círculos neopentecostais impactados pela terceira onda pentecostal. Este sistema
tem como base: 1. O sagrado é tudo aquilo que é consagrado à divindade,
possuindo ou não referência ou simbolismo venerável. 2. A ritualística como base,
se faz por um rito, uma pessoa ou prática, que se fundem e se tornam referência,
fruto de admiração e cobiça. 3. A terceira base deste sistema é a procura
desenfreada pelo ter, seja no plano do estar ou ainda do equivaler-se, do qual tudo
será feito pelos fiéis, sobre a ordenança e obediência a seus senhores, dentro de um
sistema que se conurba e remodela constantemente.
Ao teólogo como grande apologeta do evangelho de Cristo, deve lutar pela
divulgação da verdade divina, entendendo que desde o processo da escrituração da
Palavra de Deus até o presente, a fé bíblica sempre foi uma “religião do livro”. Desta
forma o povo de Deus sempre possuiu e deve seguir a regra ou padrão contido nas
sagradas escrituras. Para Robert L. Reymond (2016, p. 19-21) o aprimoramento da
vida cristã deve basear-se nos princípios: 1. De reverência a Palavra de Deus; 2. Da
constante disponibilidade para fazer a vontade de Deus; 3. Da ousadia, brandura e
sinceridade para como devoto a Deus, seguir no evangelismo, tendo a vida pessoal
como maior espelho e exemplo da vida em Cristo.
Diante do exposto, cumpre melhor detalhar as principais práticas, e falas
deste sistema, verificando as controversas oriundas e analisando as resultantes
práticas desta forma teológica de religiosidade, dentro do cotidiano cristão nas
comunidades eclesiásticas, como se apresenta a seguir.

3.1 A CONFISSÃO POSITIVA ENQUANTO AGENTE TRANSFORMADORA DA


REALIDADE
46

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