Você está na página 1de 4

7.

O BRIEFING
(Notas de aula)
1. Introdução
Com certeza você já recebeu briefing e debriefing ao longo de sua carreira
aviatória. Esta atividade beneficia sobre maneira o processo ensino-aprendizagem.
Quando recebíamos um briefing, estávamos na posição de alunos e sabíamos que
estas orientações eram sólidas e importantes, mas ainda, sem condições de avaliar a
sua real dimensão. Para o Instrutor de Vôo são necessários conhecimentos adicionais
para podermos não só ministrar tais atividades, mas principalmente, reconhecer o
seu real valor.
Assim, neste capítulo, trataremos das vantagens do briefing e como ministrá-lo,
através das suas três divisões básicas que são: a fase do acolhimento, início de tão
necessária interação Instrutor-aluno; os ensinamentos propriamente ditos; e
finalmente, a preparação para o vôo.
O briefing e o debriefing são, como já vimos anteriormente, técnicas de
instrução, e como tal precisamos saber as suas vantagens, para que possamos colocá-
los no momento adequando.

2. Vantagens
A rigor, um briefing é uma reunião informal do Instrutor com seu(s) aluno(s)
com vistas a uma preparação para o vôo, onde serão descritos e analisados todos os
procedimentos a serem realizados durante a instrução aérea. E, por que não dizer,
uma espécie de simulador de vôo, só que bem mais barato.
A instrução aérea, por suas características, é ímpar. Tanto a maneira de ensinar
como o relacionamento instrutor-aluno não segue os padrões normais a que estamos
acostumados. A comunicação em vôo é dificultada pelo ruído do motor
(principalmente na instrução de pilotagem elementar) e pela rapidez de resposta que
é exigida do aluno. Assim sendo, é necessário que todas as manobras a serem
ensinadas em vôo estejam exaustivamente preparadas no solo. Esta é uma das
razões do briefing.
Outra razão, também muito importante para o aluno, é o custo da hora de vôo. É
muito melhor pagar cerca de 10% do valor de uma hora de vôo pelas informações no
solo, do que pagar o valor completo pelas mesmas informações em vôo. O Instrutor
deve estar consciente da sua responsabilidade e ministrar suficiente instrução no solo
(briefing). Muitos instrutores trocam instruções no solo por instruções em vôo, no
afã de realizar mais horas de vôo ou mais dinheiro.
Finalmente, o briefing é uma oportunidade de o Instrutor avaliar o nível de
preparação para o vôo do seu aluno, podendo cobrir as áreas que apresentam falhas e
até modificar o seu programa de vôo; pois, definitivamente, “lá em cima” não é o
local de dúvidas quanto aos procedimentos para as manobras. Um bom briefing
ajuda na segurança de vôo.

3. Fases do Briefing
Reconhecida a necessidade e as vantagens do briefing, vamos estudá-lo nas
suas partes e quais os procedimentos específicos do Instrutor em cada uma delas.
Como dissemos anteriormente, a instrução aérea é ímpar, e por isto envolve uma
série de fatores não comuns a outras atividades didáticas, um destes fatores é o
relacionamento instrutor-aluno que está fora do seu “habitat” natural, a terra.
3.1 Acolhimento
Toda instrução aérea começa com um alto grau de expectativa (às vezes até
dissimulado pelo aluno). Para o jovem piloto, o vôo faz parte do seu processo de
auto-afirmação. E tudo depende do Instrutor; “lá em cima” estão os dois apenas, o
instrutor de vôo é o professor e o juiz. Para minimizar esta condição, o Instrutor
deve criar um clima de confiança mútua, de seriedade, tornando o aluno mais
confiante em si e na instrução. Esta fase chama-se Acolhimento.
O Instrutor deve se interessar pela situação do aluno, seus anseios; seus
problemas, enfim, deve conhecer quem receberá a sua instrução: se ele está nervoso;
em que ele confia; qual a sua expectativa de vôo. Para tal, o caminho é conversar
sobre amenidades, procurando assim conhecer o aluno para, num passo seguinte,
conquistar a sua confiança.
Esta fase é bem realizada quando o aluno acredita que receberá uma boa
instrução e que é merecedor da confiança do Instrutor.
O acolhimento assemelha-se àquele introdução, quando recebemos uma visita para
tratar de negócios importantes.

3.2 Desenvolvimento
Uma vez que não mais existe resistência por parte do(s) seu(s) aluno(s),
podemos passar ao Desenvolvimento do Briefing.
Agora, todos os procedimentos da instrução aérea devem ser detalhados.
Não existe uma regra relativa ao tempo de duração de um briefing, nem uma
quantidade máxima de alunos. Recomenda-se que o briefing seja individual, porém,
se vamos realizar o mesmo tipo de instrução com mais de um aluno, podemos, em
casos excepcionais, reunir até cinco alunos (é importante não fazermos deste limite
uma regra).
A duração de um briefing varia em função do tipo de missão e do aluno. Por
exemplo, um aluno que voa sempre com o mesmo Instrutor e irá fazer apenas uma
missão com um único tipo de manobra (por exemplo: curva de grande inclinação),
certamente terá um briefing de poucos minutos. Por outro lado, um briefing poderá
durar tanto tempo quanto o desenvolvimento da instrução aérea propriamente dita.
Para esta fase do briefing (Desenvolvimento), o Instrutor deve seguir o que está
previsto no seu Manual de Instrução e, sempre que possível, utilizar um modelo
para descrever a realização das manobras previstas; os seus erros comuns e como
corrigi-los.
Exemplo: “vamos realizar uma curva de grande inclinação, onde inclinaremos
o avião a 45 graus com o horizonte (mostrar com o modelo). Para tal, é necessário,
primeiramente, clarearmos a área, para nos certificarmos de que não há risco de
colisão com outras aeronaves; em seguida, marcamos um ponto na asa para servir
de referencial de 90 graus de curva (...) a intenção é não perder altitude durante a
curva; mas se você estiver descendo (perdendo altitude), corrija, diminuindo a
inclinação das asas (utilizar o modelo novamente), sem aliviar a pressão no
manche; assim, você recuperará altitude (...)lembre de utilizar um ponto no nariz do
avião como referencial no horizonte, para manter-se nivelado (...)”.
Observe neste exemplo que o Instrutor disse o que fazer, como fazer, como corrigir
os eventuais erros e, finalmente, fez comentários complementares.

Também todos os procedimentos de EMERGÊNCIA devem ser comentados


e padronizados. Não apenas os previstos no Manual de Instrução como exercício,
mas as emergências reais possíveis durante o vôo. Isto ajudara ao aluno a criar uma
DOUTRINA DE SEGURANÇA DE VÔO e, no futuro, uma doutrina de cabine.

3.3 Preparação para o Vôo


Com todos os assuntos da instrução aérea já esgotados, o instrutor e o aluno
seguirão para o avião ou aguardarão a hora prevista. É este o momento em que o
Instrutor deve tentar reduzir o medo, a tensão e a ansiedade que a instrução aérea
pode suscitar.
É natural que os alunos fiquem tensos antes do vôo. Alguns instrutores
consideram “ajuda à instrução”, realizar de maneira brusca e perigosa, certas
manobras que o aluno está errando, tais como: estóis, parafusos e acrobacias. Isto
provoca medo no aluno, sem que haja desinteresse pelo vôo¹. A ansiedade é também
característica dos alunos de vôo, principalmente diante de uma manobra ou situação
nova.
É muito difícil para o Instrutor perceber isto antes do vôo – talvez mãos suadas,
sudorese nas axilas... – de modo que, sempre deve ser feito um trabalho preventivo,
que chamamos Preparação para o vôo.
Nesta fase, o Instrutor deve transmitir segurança de vôo, enquanto na que fase
Acolhimento ele transmitiu segurança para a sua instrução.
Uma conversa a respeito da missão realçando que muitos já a realizaram
anteriormente sem problemas e que serão observadas todas as normas de segurança,
certamente ajudará nesta fase do briefing.
Lembre-se que estudos demonstram que até 30% do rendimento pode ser
perdido em condições de tensão, ansiedade e medo.

4. O Debriefing
Como foi abordado anteriormente, a Crítica é a arte de apreciar méritos e
deméritos de um desempenho, com o objetivo de aprimorá-lo, pois o Debriefing é
uma Crítica de Vôo.
Ao estudarmos a Crítica vimos que ela deve ser oportuna, e é após o vôo que
devemos comentar os acertos e erros cometidos, pois ajuda a fixação dos
conhecimentos. Em adição, estes comentários servem para facilitar a mentalização
dos procedimentos corretos e assim realizar o chamado “vôo mental”.
Não existe tempo determinado para o debriefing; variará de acordo com a
missão e o desempenho do aluno e serve como preparação para o próximo vôo.
Nesta fase – debriefing – evite posturas parciais, depreciando o desempenho do
aluno, aumentando a sua tensão ou exagerando o seu desempenho, causando
problemas para a próxima missão e, quem sabe, para o próximo Instrutor.
Um bom debriefing deve seguir os procedimentos já estudados na crítica,
estimulando a confiança e a capacidade de autocrítica do aluno.

5. Conclusão
Como vimos, o Briefing e o Debriefing fazem parte da instrução aérea. É uma
atividade barata em relação ao vôo propriamente dito e que facilita o trabalho do
Instrutor em vôo.
O uso desta atividade ajudará o aluno, futuro profissional ou não, a ter uma
mentalidade de SEGURANÇA DE VÔO, de DOUTRINA e DISCIPLINA,
indispensáveis à atividade aérea.
Questionário

1. Quais são as três divisões básicas do Briefing:


a) introdução, desenvolvimento e conclusão
b) introdução, ensinamentos, acolhimento
c) acolhimento, desenvolvimento, conclusão
d) acolhimento, desenvolvimento, preparação para o vôo

2. O Briefing torna-se necessário:


a) durante o vôo b) após cada vôo
c) antes de cada vôo d) antes da primeira hora de vôo

3. Fase de acolhimento de um Briefing é:


a) a descrição de todos os procedimentos da instrução aérea
b) criar um clima de confiança mútua instrutor/aluno
c) revisar pontos já estudados antes do vôo
d) reduzir o medo e a tensão sentidos antes do vôo

4. A fase de Briefing onde o aluno acredita que receberá uma boa instrução é a de:
a) introdução b) acolhimento
c) desenvolvimento d) preparação para o vôo

5. A fase onde o instrutor, num Briefing, deve seguir o manual de instruções da


aeronave é:
a) acolhimento b) preparação para o vôo
c) desenvolvimento d) conclusão

6. A fase de preparação para o vôo é caracterizada quando:


a) o aluno sente segurança para o vôo
b) o aluno sente segurança para a instrução
c) o aluno adquire auto-afirmação no pré-vôo
d) após o vôo o aluno realiza o vôo mentalmente

7. Segundo pesquisas o medo e a ansiedade podem reduzir em quantos por cento o


rendimento de um vôo:
a) 10 b) 20 c) 30 d) 40

8. A arte de apreciar méritos e deméritos, com o objetivo de aprimorá-los, define:


a) briefing b) crítica c) acolhimento d) preparação para o vôo

9. O Briefing é considerado uma reunião informal, onde:


a) haverá a análise de tudo que aconteceu no vôo
b) serão descritos os procedimentos da instrução aérea
c) ocorrerão ensinamentos que são adquiridos durante o vôo
d) depois de cada manobra errada

10. A fase do briefing em que deve ser utilizado, preferencialmente, um modelo de


demonstração das manobras é a de:
a) acolhimento b) desenvolvimento/ensinamentos
c) procedimento de vôo d) preparação para o vôo

Você também pode gostar