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21 p. : il. – (Palestras)
CDU 656.1:349.2
SEDE:
SAUS Quadra 1 - Bloco “J” - Ed. Confederação Nacional do Transporte
12o andar, Brasília - DF, CEP 70070-944, Fone: (61) 3315.7000
Site: www.sestsenat.org.br
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Apresentação
Uma lei na estrada...
Ela já foi chamada de “Lei dos Caminhoneiros” e “Lei dos Motoristas”. Já foi
motivo de polêmicas e debates entre entidades de classe dos motoristas
profissionais, representantes
Brasília, 2014 do governo, juristas, organizações patronais,
autoridades do trânsito e uma série de pessoas e instituições que, de
uma forma ou de outra, estão ligadas ao ofício de transportar cargas e
passageiros pelas estradas brasileiras. Foi esperada com expectativa
durante anos e, quando chegou, provocou mudanças profundas na forma
como a atividade do condutor se desenvolve nas rodovias brasileiras.
Estamos falando da Lei n.º 13.103/2015, a nova Lei do Motorista Profissional.
Mas, afinal, o que há de tão especial nessa lei? Essa é uma pergunta que não
admite apenas uma resposta. A nova Lei do Motorista Profissional abrange
aspectos tão distintos dessa atividade (embora não seja uma lei muito
extensa) que merece uma abordagem detalhada, com foco em alguns
aspectos que você, envolvido nos compromissos e responsabilidades do
seu trabalho, talvez ainda não tenha tido tempo de conhecer a fundo.
Para muitos, ela é importante porque altera profundamente as relações de
trabalho, interferindo até mesmo no que estabelece a CLT – Consolidação
das Leis do Trabalho e o CTB – Código de Trânsito Brasileiro; para outros, tal
lei é fundamental porque trata de aspectos ligados à saúde e à segurança
do trabalhador e está, de certa forma, mais orientada para o empregado
do que para o empregador do setor de transportes.
São muitos os aspectos contemplados pela nova lei, envolvendo uma grande
variedade de normas, regras e padrões de conduta – todos igualmente
importantes e nem todos fáceis de guardar na memória. É justamente
por isso que estamos trazendo, nesta publicação, uma leitura da Lei n.º
13.103/2015 com o olhar atento em detalhes que você não pode deixar de
conhecer. Detalhes que vão muito além dos problemas mais frequentes
enfrentados pelos motoristas nas estradas brasileiras e que, mais cedo ou
mais tarde, vão aparecer no seu roteiro de viagem.
Por tudo isso, esperamos que você aproveite a oportunidade e tire todas
as suas dúvidas sobre como ser um Motorista Profissional consciente de
seus direitos e deveres de acordo com o que estabelece a legislação atual.
Boa leitura e bom trabalho!
PALESTRAS
O que você
vai encontrar
nesta cartilha:
Primeiras perguntas.............................................................................................. 4
Os principais pontos da lei: você precisa saber!............................................. 5
A Lei n.º 13.103/2015 e as outras leis...............................................................14
Conclusão...............................................................................................................18
Para relembrar!.....................................................................................................19
Referências bibliográficas.................................................................................20
Primeiras perguntas
O que é a Lei n.º 13.103/2015?
A Lei n.º 13.103, de 02 de março de
2015, trata do exercício da profissão
de motorista e provocou grandes
mudanças nessa atividade. São
mudanças tão profundas que alteram
inúmeras legislações anteriores,
inclusive a Consolidação das Leis do
Trabalho, que está em vigor desde
maio de 1943!
Essas atividades podem ser exercidas pelas vias tanto urbanas quanto
rurais, em nível estadual ou interestadual.
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! PENSE NISSO
Como você leu, a denominação de “Lei dos Caminhoneiros” está muito
distante de mostrar o verdadeiro alcance da Lei n.º 13.103/2015. Ela
contempla o transporte rodoviário de cargas e de passageiros, nas
cidades e nas zonas rurais, em nível municipal, estadual e interestadual.
É muito mais abrangente do que a profissão de caminheiro, portanto!
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Mas era aí que estava o problema. Não se pode cumprir jornada de
trabalho de uma forma ou de outra. Não a partir de agora.
Pedágio
De acordo com a Lei n.º 13.103/2015, estão dispensados do pagamento
de pedágio os veículos de carga que estiverem trafegando vazios.
! ATENÇÃO
A isenção do pedágio obedece a um critério bem definido: ela vale
para os eixos que estiverem suspensos!
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Limites de peso bruto: na pesagem dos veículos de transporte de carga
e de passageiros, fica estabelecida a tolerância de 5% sobre os limites
de peso bruto. Para os limites de peso bruto transmitido por cada eixo
à superfície das vias públicas, a tolerância é de 10%.
Exames toxicológicos
Este é um ponto que exige muita atenção. Você sabia que, a partir da
Lei do Motorista Profissional, todo motorista empregado deverá fazer
exame toxicológico na admissão e no desligamento da empresa?
! ATENÇÃO
Caso o motorista se recuse a fazer os exames, sua atitude será
considerada infração disciplinar. Por outro lado, ele tem garantido seu
direito a contraprovas e à confidencialidade dos resultados.
Jornada e intervalo
A questão da jornada e dos intervalos é um dos pontos mais debatidos
da Lei n.º 13.103. Atenção, portanto, pois foram feitas mudanças
importantes em relação ao modo como os motoristas vinham
organizando sua jornada de trabalho até então. Vejamos os principais
aspectos:
A partir da entrada em
vigor da nova lei, a jornada
diária passa a ser de oito
horas, mas ela poderá ser
estendida por até duas horas
extras ou, mediante previsão
em convenção ou acordo
coletivo, por até quatro
horas extraordinárias.
Para o transporte de
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cargas vivas, perecíveis e especiais em longa distância ou em
território estrangeiro, podem ser aplicadas regras conforme o
tipo de transporte realizado. As condições de trabalho devem ser
fixadas em convenção ou acordo coletivo, de modo a assegurar
as adequadas condições de viagem e entrega ao destino final.
É considerado como trabalho efetivo o tempo em que o motorista
empregado estiver à disposição do empregador, excluídos os
intervalos para refeição, repouso e descanso e o tempo de espera.
U
ma hora para a refeição é o intervalo mínimo garantido pela lei.
Esse tempo pode contar como parada obrigatória.
O
motorista está proibido de dirigir por mais de cinco horas e
meia ininterruptas. Para cada seis horas de condução, ele precisa
reservar 30 minutos para descanso.
! ATENÇÃO
Em situações excepcionais, o tempo de direção poderá ser estendido
pelo período necessário para que o condutor chegue a um lugar que
ofereça segurança.
Descanso
O motorista profissional tem
direito a 11 horas de descanso
dentro do período de 24 horas.
Esse tempo pode ser fracionado.
Assim, as 11 horas de descanso
podem abranger o tempo das
paradas obrigatórias.
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! IMPORTANTE
Qualquer que seja a escala de paradas para descanso, o motorista
deve cumprir um período mínimo de oito horas de descanso sem
interrupção no primeiro período. O restante do tempo de descanso
será gozado dentro das 16 horas seguintes.
Tempo de espera
O tempo de espera é diferente do tempo de descanso. Ele acontece
quando o motorista precisa esperar carga ou descarga, quando é
parado para a fiscalização de mercadoria em postos fiscais, etc. Ou
seja, o motorista é obrigado a esperar até poder continuar sua jornada.
Quando for preciso esperar por mais de duas horas ininterruptas sem
que o motorista possa se afastar do veículo, existe a possibilidade de
esse tempo ser considerado como repouso. Basta que o local ofereça
condições apropriadas para isso.
! ATENÇÃO
Se, durante o tempo de espera, for preciso movimentar o veículo, essa
atividade não será contada como parte da jornada de trabalho.
Repouso semanal
Pela Lei n.º 13.103/2015, nas viagens com mais de sete dias de duração,
o motorista terá que cumprir repouso semanal obrigatório de 24 horas
por semana ou fração trabalhada.
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Esse repouso não pode prejudicar os repousos diários de 11 horas
e poderá ser gozado inclusive no retorno da viagem, tanto para a
empresa quanto para a residência do condutor. O repouso poderá ser
fracionado em dois períodos.
Segundo motorista
Nas situações em que dois motoristas estejam trabalhando no mesmo
veículo, é possível a um deles gozar do tempo de repouso com o carro
em movimento. Entretanto, ele precisa de um tempo de repouso de
seis horas consecutivas em alojamento externo.
! DICA
Se o veículo tiver cabine leito, o motorista poderá usufruir desse
descanso com o veículo estacionado, a cada 72 horas.
P
ontos de parada e de
apoio;
Estações rodoviárias;
Alojamentos;
Hotéis ou pousadas;
R
efeitórios das empresas
ou de terceiros; e
Postos de combustíveis.
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! ATENÇÃO
Quando for necessário aguardar em locais de espera, o motorista ou
seu empregador não poderão ser cobrados por essa permanência.
Isso acontecerá em locais sob a responsabilidade do transportador,
embarcador ou consignatário de cargas; operador de terminais
de cargas; aduanas; portos marítimos, lacustres, fluviais e secos;
terminais ferroviários, hidroviários e aeroportuários.
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O valor será atualizado anualmente pelo Índice Nacional de Preços
ao Consumidor (INPC), considerando-se, para efeito de cálculo, a
capacidade total de transporte do veículo.
Frete
A Lei n.º 13.103/2015 determina que o pagamento de frete do transporte
rodoviário para o TAC – Transportador Autônomo de Carga deve ser
feito com crédito em conta corrente, poupança ou outra forma de
pagamento regulamentada pela Agência Nacional de Transportes
Terrestres – ANTT.
Direitos
São direitos do motorista profissional assegurados pela Lei
n.º 13.103/2015:
P
roteção do Estado contra ações criminosas durante o exercício
da profissão;
G
arantia de não responder por prejuízo patrimonial decorrente da
ação de terceiro;
J
ornada de trabalho controlada e registrada mediante anotação
manual ou por meios eletrônicos instalados nos veículos;
C
obertura por morte natural, morte por acidente, invalidez total
ou parcial decorrente de acidente, traslado do corpo e auxílio para
funeral no valor mínimo correspondente a 10 vezes o piso salarial
de sua categoria ou valor superior fixado em convenção ou acordo
coletivo de trabalho;
12
! IMPORTANTE
Para atendimento de motoristas dependentes de substâncias
psicoativas, o direito ao atendimento médico contempla o SUS e
entidades privadas conveniadas.
Cursos e formação
A Lei n.º 13.103/2015 prevê o acesso a programas de formação e
aperfeiçoamento para motoristas profissionais, dando preferência aos
cursos técnicos e especializados reconhecidos pelo Conselho Nacional
de Trânsito (Contran). Porém, as formas de acesso e oferta dessa
formação carecem de regulamentação e de definição de políticas
públicas a ela relacionadas.
Procargas
A nova lei instituiu o Programa de Apoio ao Desenvolvimento do
Transporte de Cargas Nacional (Procargas). Sua finalidade é o
desenvolvimento de iniciativas que visem à melhoria do meio ambiente
de trabalho no setor de transporte de cargas, com particular destaque
para ações de medicina ocupacional para o trabalhador.
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A Lei n.º 13.103/2015 e as outras leis...
A Lei n.º13.103/2015 foi um marco importante
na regulamentação da profissão de motorista.
Embora alvo de discussões intensas e de
posições muitas vezes divergentes, a verdade
é que a nova Lei do Motorista Profissional veio LIDAÇ
ÃO DAS
CONSO TRABALHO
para ficar – e para inaugurar uma nova era na LEIS D
E
14
Decreto n.º 8.433, de 16 de abril de 2015
O Decreto n.º 8.433/2015 regulamentou aspectos ligados à isenção
de cobrança de pedágio e às condições sanitárias, de segurança e de
conforto nos locais de espera, repouso e descanso.
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A portaria estabelece que os exames toxicológicos devem testar, no
mínimo, a presença das seguintes substâncias:
a) Maconha e derivados;
d) Anfetaminas e metanfetaminas;
f) Femproporex;
g) Mazindol.
P
ara proceder ao exame completo, com triagem e exame
confirmatório; e
P
ara armazenar no laboratório, por no mínimo cinco anos, a fim de
se dirimirem eventuais litígios.
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Ainda há muito a ser discutido, especialmente com os profissionais
de saúde, sobre a melhor estratégia para acompanhar e tratar casos
de dependência entre os profissionais do transporte. Para começar,
o termo dependência envolve uma larga variedade de produtos e
substâncias, a começar pelo álcool, perigosamente próximo das vias
brasileiras – por mais que se adotem estratégias para proibir sua
comercialização.
Ainda há muito que se avançar nesses aspectos, mas a Portaria n.º 116,
ao regulamentar os exames de detecção de substâncias psicoativas,
representa um passo à frente nessa direção.
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Após concluir seu curso, o condutor terá seus pontos eliminados e,
pelo período de um ano após a conclusão do curso de reciclagem, não
poderá ser convocado para a realização de um novo curso.
Conclusão
Foi-se o tempo em que a profissão de motorista profissional exigia nível
básico de qualificação. A cada dia, e com maior intensidade, aumentam
as exigências por um profissional bem capacitado para conduzir seu
veículo, não apenas com perícia ao volante, mas também com o
conhecimento necessário para fazer seu trabalho com segurança.
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critérios para as jornadas de trabalho e as condições de repouso, entre
outros. Mudou a forma de pagamento do Transportador Autônomo
de Cargas e definiram-se as bases das relações contratuais entre o
transportador autônomo e seu auxiliar ou entre o transportador
autônomo e o embarcador. E tantas mudanças acabaram por exigir
uma outra, maior e mais importante: a mudança do perfil técnico do
motorista profissional.
A lei está ao alcance de todos. Você, como profissional dessa nova era,
tem a oportunidade de conhecê-la a fundo para se manter em sintonia
com o seu tempo.
Para relembrar!
A
Lei n.º 13.103/2015 trata do exercício da profissão de motorista
profissional e provocou grandes mudanças no exercício dessa
atividade, tanto para empregados quanto para empregadores;
A
Lei n.º 13.103/2015 regulamenta a atividade de transporte
rodoviário de passageiros e de cargas em âmbito urbano e rural,
tanto estadual quanto interestadual;
E
ntre os pontos contemplados pela Lei n.º 13.103/2015, merecem
destaque os itens relativos a pedágio, multas, excesso de peso,
exames toxicológicos para os condutores, jornada de trabalho
e intervalo de descanso, descanso, tempo de espera, repouso
semanal, segundo motorista, locais de espera e repouso, prazos
de carga e descarga, frete, direitos e deveres, cursos de formação
e condições de segurança e saúde ocupacional.
A
Lei n.º 13.103/2015 alterou legislações importantes, como a CLT
e o CTB. Uma legislação posterior foi elaborada para contemplar
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aspectos específicos, entre os quais cabe destacar o Decreto
n.º 8.433/2015, que regulamenta a cobrança de pedágio e as
condições sanitárias, de segurança e de conforto nos locais
de espera, repouso e descanso; a Portaria MTPS n.º 116/2015,
que trata da exigência de exames toxicológicos para motoristas
profissionais; e a Lei n.º 13.154/2015, que aborda a necessidade de
curso de reciclagem para motoristas que atingirem 14 pontos em
infrações no período de um ano.
Referências bibliográficas
BRASIL. Decreto n.° 8.433, de 16 de abril de 2015. Dispõe sobre a
regulamentação dos art. 9.º a art. 12, art. 17 e art. 22 da Lei n.º
13.103, de 2 de março de 2015. Disponível em: <www.planalto.gov.br>.
Acesso em janeiro de 2016.
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_______. Lei n.° 9.503, de 23 de setembro de 1997. Institui o Código
de Trânsito Brasileiro. Disponível em: <www.planalto.gov.br>. Acesso
em janeiro de 2016.
21
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