Você está na página 1de 32

SEST - Serviço Social do Transporte

SENAT - Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte

Todos os direitos reservados ao SEST SENAT. Não é permitido copiar


integral ou parcialmente, distribuir, criar obras derivadas ou alterar a obra
original, no todo ou em parte.

Lei do motorista profissional (13.103/15). – Brasília: Sest/Senat, 2017.

21 p. : il. – (Palestras)

1. Transporte rodoviário - legislação. 2. Motorista profissional.


3. Relação de trabalho. I. Serviço Social do Transporte. II. Serviço
Nacional de Aprendizagem do Transporte. III. Título.

CDU 656.1:349.2

SEDE:
SAUS Quadra 1 - Bloco “J” - Ed. Confederação Nacional do Transporte
12o andar, Brasília - DF, CEP 70070-944, Fone: (61) 3315.7000
Site: www.sestsenat.org.br
4
Apresentação
Uma lei na estrada...
Ela já foi chamada de “Lei dos Caminhoneiros” e “Lei dos Motoristas”. Já foi
motivo de polêmicas e debates entre entidades de classe dos motoristas
profissionais, representantes
Brasília, 2014 do governo, juristas, organizações patronais,
autoridades do trânsito e uma série de pessoas e instituições que, de
uma forma ou de outra, estão ligadas ao ofício de transportar cargas e
passageiros pelas estradas brasileiras. Foi esperada com expectativa
durante anos e, quando chegou, provocou mudanças profundas na forma
como a atividade do condutor se desenvolve nas rodovias brasileiras.
Estamos falando da Lei n.º 13.103/2015, a nova Lei do Motorista Profissional.
Mas, afinal, o que há de tão especial nessa lei? Essa é uma pergunta que não
admite apenas uma resposta. A nova Lei do Motorista Profissional abrange
aspectos tão distintos dessa atividade (embora não seja uma lei muito
extensa) que merece uma abordagem detalhada, com foco em alguns
aspectos que você, envolvido nos compromissos e responsabilidades do
seu trabalho, talvez ainda não tenha tido tempo de conhecer a fundo.
Para muitos, ela é importante porque altera profundamente as relações de
trabalho, interferindo até mesmo no que estabelece a CLT – Consolidação
das Leis do Trabalho e o CTB – Código de Trânsito Brasileiro; para outros, tal
lei é fundamental porque trata de aspectos ligados à saúde e à segurança
do trabalhador e está, de certa forma, mais orientada para o empregado
do que para o empregador do setor de transportes.
São muitos os aspectos contemplados pela nova lei, envolvendo uma grande
variedade de normas, regras e padrões de conduta – todos igualmente
importantes e nem todos fáceis de guardar na memória. É justamente
por isso que estamos trazendo, nesta publicação, uma leitura da Lei n.º
13.103/2015 com o olhar atento em detalhes que você não pode deixar de
conhecer. Detalhes que vão muito além dos problemas mais frequentes
enfrentados pelos motoristas nas estradas brasileiras e que, mais cedo ou
mais tarde, vão aparecer no seu roteiro de viagem.
Por tudo isso, esperamos que você aproveite a oportunidade e tire todas
as suas dúvidas sobre como ser um Motorista Profissional consciente de
seus direitos e deveres de acordo com o que estabelece a legislação atual.
Boa leitura e bom trabalho!
PALESTRAS
O que você
vai encontrar
nesta cartilha:

Primeiras perguntas.............................................................................................. 4
Os principais pontos da lei: você precisa saber!............................................. 5
A Lei n.º 13.103/2015 e as outras leis...............................................................14
Conclusão...............................................................................................................18
Para relembrar!.....................................................................................................19
Referências bibliográficas.................................................................................20
Primeiras perguntas
O que é a Lei n.º 13.103/2015?
A Lei n.º 13.103, de 02 de março de
2015, trata do exercício da profissão
de motorista e provocou grandes
mudanças nessa atividade. São
mudanças tão profundas que alteram
inúmeras legislações anteriores,
inclusive a Consolidação das Leis do
Trabalho, que está em vigor desde
maio de 1943!

Além de alguns aspectos da CLT, a


Lei n.º 13.103/2015 também alterou, entre outras legislações, o Código
de Trânsito Brasileiro e a Lei n.º 11.442/2007 (que trata das atividades
de empresas e transportadores autônomos de carga).

A quem se aplica a nova lei?


A Lei n.º 13.103/2015 regulamenta a atividade dos motoristas
profissionais habilitados pela autoridade de trânsito local a exercer
uma das duas atividades abaixo:

ƒƒ Transporte rodoviário de passageiros; e

ƒƒ Transporte rodoviário de cargas.

Essas atividades podem ser exercidas pelas vias tanto urbanas quanto
rurais, em nível estadual ou interestadual.

Entre os principais aspectos regulamentados pela lei estão a jornada


de trabalho e o tempo de direção do motorista profissional, que antes
eram disciplinados pela Lei n.º 12.619/2012.

4
! PENSE NISSO
Como você leu, a denominação de “Lei dos Caminhoneiros” está muito
distante de mostrar o verdadeiro alcance da Lei n.º 13.103/2015. Ela
contempla o transporte rodoviário de cargas e de passageiros, nas
cidades e nas zonas rurais, em nível municipal, estadual e interestadual.
É muito mais abrangente do que a profissão de caminheiro, portanto!

Outro aspecto muito importante: a lei vale para os motoristas


empregados e para os autônomos. A diferença é que, no caso
dos empregados, a lei vai incidir sobre o que estabelecem a CLT
– Consolidação das Leis do Trabalho e o CTB – Código de Trânsito
Brasileiro. No caso dos autônomos, obviamente, a mudança incide
sobre o regramento do CTB.

Os principais pontos da lei: você precisa


saber!
Mais cedo ou mais tarde você será convocado a cumprir alguma
norma de trabalho regulamentada pela Lei do Motorista Profissional.
Isso pode ter a ver com sua jornada de trabalho, com sua condição
de saúde ou com os exames toxicológicos aos quais todo motorista
profissional, a partir de 02 de março de 2016, será obrigado a se
submeter, de acordo com a Deliberação CONTRAN n.° 145, de 30 de
dezembro de 2015.

A lei está em vigor e é rigorosa em muitos aspectos. Se você pensar


bem, verá que muito do que ela estabelece já vinha sendo cumprido, de
uma forma ou de outra, como os períodos de descanso, por exemplo.

5
Mas era aí que estava o problema. Não se pode cumprir jornada de
trabalho de uma forma ou de outra. Não a partir de agora.

Leia os pontos com atenção e mantenha este impresso sempre por


perto. Ele pode ser importante na hora de sanar uma dúvida pontual
que pode fazer toda a diferença, por exemplo, na hora de você negociar
seus níveis de remuneração.

Vamos aos pontos fundamentais!

Pedágio
De acordo com a Lei n.º 13.103/2015, estão dispensados do pagamento
de pedágio os veículos de carga que estiverem trafegando vazios.

! ATENÇÃO
A isenção do pedágio obedece a um critério bem definido: ela vale
para os eixos que estiverem suspensos!

Multas e aumento de peso


Lembrando que entrou em
vigor em março de 2015, a
Lei n.º 13.103 estabeleceu
o perdão das multas por
excesso de peso lavradas nos
dois anos anteriores, ou seja,
quando eram disciplinadas
pela Lei n.º 12.619/2012. Isso
aconteceu com a conversão
das penalidades em sanção
de advertência.

A nova lei determina, também, que o contratante é obrigado a


indenizar o transportador por todos os prejuízos que ele vier a sofrer
caso o peso da carga não esteja de acordo com o discriminado na
Nota Fiscal. Essa obrigação vale, inclusive, para os casos em que seja
necessário fazer o transbordo da carga.

6
Limites de peso bruto: na pesagem dos veículos de transporte de carga
e de passageiros, fica estabelecida a tolerância de 5% sobre os limites
de peso bruto. Para os limites de peso bruto transmitido por cada eixo
à superfície das vias públicas, a tolerância é de 10%.

Exames toxicológicos
Este é um ponto que exige muita atenção. Você sabia que, a partir da
Lei do Motorista Profissional, todo motorista empregado deverá fazer
exame toxicológico na admissão e no desligamento da empresa?

Mas o controle não para por aí. O empregador deverá exigir do


motorista que ele participe de um programa de controle de uso de
droga e álcool. Isso deve acontecer, pelo menos, a cada dois anos e
seis meses.

! ATENÇÃO
Caso o motorista se recuse a fazer os exames, sua atitude será
considerada infração disciplinar. Por outro lado, ele tem garantido seu
direito a contraprovas e à confidencialidade dos resultados.

Jornada e intervalo
A questão da jornada e dos intervalos é um dos pontos mais debatidos
da Lei n.º 13.103. Atenção, portanto, pois foram feitas mudanças
importantes em relação ao modo como os motoristas vinham
organizando sua jornada de trabalho até então. Vejamos os principais
aspectos:

ƒƒ A partir da entrada em
vigor da nova lei, a jornada
diária passa a ser de oito
horas, mas ela poderá ser
estendida por até duas horas
extras ou, mediante previsão
em convenção ou acordo
coletivo, por até quatro
horas extraordinárias.
Para o transporte de

7
cargas vivas, perecíveis e especiais em longa distância ou em
território estrangeiro, podem ser aplicadas regras conforme o
tipo de transporte realizado. As condições de trabalho devem ser
fixadas em convenção ou acordo coletivo, de modo a assegurar
as adequadas condições de viagem e entrega ao destino final.
É considerado como trabalho efetivo o tempo em que o motorista
empregado estiver à disposição do empregador, excluídos os
intervalos para refeição, repouso e descanso e o tempo de espera.

ƒƒ U
ma hora para a refeição é o intervalo mínimo garantido pela lei.
Esse tempo pode contar como parada obrigatória.

ƒƒ Não há um horário definido para o cumprimento da jornada de


trabalho nem para os intervalos. O motorista pode estender sua
jornada de trabalho até conseguir chegar ao local de destino. Mas
será preciso levar sempre em conta a segurança rodoviária.

ƒƒ O
motorista está proibido de dirigir por mais de cinco horas e
meia ininterruptas. Para cada seis horas de condução, ele precisa
reservar 30 minutos para descanso.

! ATENÇÃO
Em situações excepcionais, o tempo de direção poderá ser estendido
pelo período necessário para que o condutor chegue a um lugar que
ofereça segurança.

Descanso
O motorista profissional tem
direito a 11 horas de descanso
dentro do período de 24 horas.
Esse tempo pode ser fracionado.
Assim, as 11 horas de descanso
podem abranger o tempo das
paradas obrigatórias.

8
! IMPORTANTE
Qualquer que seja a escala de paradas para descanso, o motorista
deve cumprir um período mínimo de oito horas de descanso sem
interrupção no primeiro período. O restante do tempo de descanso
será gozado dentro das 16 horas seguintes.

Caso a viagem seja longa o bastante para obrigar o motorista a ficar


fora da base da empresa ou de sua casa por mais de 24 horas, ele pode
cumprir seu repouso no próprio veículo ou em um local que tenha
condições de propiciar esse descanso.

Tempo de espera
O tempo de espera é diferente do tempo de descanso. Ele acontece
quando o motorista precisa esperar carga ou descarga, quando é
parado para a fiscalização de mercadoria em postos fiscais, etc. Ou
seja, o motorista é obrigado a esperar até poder continuar sua jornada.

O curioso é que o tempo de espera não é considerado descanso, mas


também não é contado como jornada de trabalho com remuneração
integral. Pela nova lei, a remuneração para o tempo de espera é de
30% do valor do salário-hora normal. Mas esse tempo não pode
comprometer a remuneração do salário-base diário.

Quando for preciso esperar por mais de duas horas ininterruptas sem
que o motorista possa se afastar do veículo, existe a possibilidade de
esse tempo ser considerado como repouso. Basta que o local ofereça
condições apropriadas para isso.

! ATENÇÃO
Se, durante o tempo de espera, for preciso movimentar o veículo, essa
atividade não será contada como parte da jornada de trabalho.

Repouso semanal
Pela Lei n.º 13.103/2015, nas viagens com mais de sete dias de duração,
o motorista terá que cumprir repouso semanal obrigatório de 24 horas
por semana ou fração trabalhada.

9
Esse repouso não pode prejudicar os repousos diários de 11 horas
e poderá ser gozado inclusive no retorno da viagem, tanto para a
empresa quanto para a residência do condutor. O repouso poderá ser
fracionado em dois períodos.

Segundo motorista
Nas situações em que dois motoristas estejam trabalhando no mesmo
veículo, é possível a um deles gozar do tempo de repouso com o carro
em movimento. Entretanto, ele precisa de um tempo de repouso de
seis horas consecutivas em alojamento externo.

! DICA
Se o veículo tiver cabine leito, o motorista poderá usufruir desse
descanso com o veículo estacionado, a cada 72 horas.

Locais de espera e repouso


A Lei n.º 13.103/2015 é bem clara ao definir o que são considerados
locais de repouso e descanso. Eles podem ser:

ƒƒ P
ontos de parada e de
apoio;

ƒƒ Estações rodoviárias;

ƒƒ Alojamentos;

ƒƒ Hotéis ou pousadas;

ƒƒ R
efeitórios das empresas
ou de terceiros; e

ƒƒ Postos de combustíveis.

No prazo de cinco anos a partir da entrada em vigor da nova lei, o


poder público se compromete a ampliar a quantidade de espaços
previstos e a incentivar a implantação de locais de espera privados,
pontos de parada e descanso.

10
! ATENÇÃO
Quando for necessário aguardar em locais de espera, o motorista ou
seu empregador não poderão ser cobrados por essa permanência.
Isso acontecerá em locais sob a responsabilidade do transportador,
embarcador ou consignatário de cargas; operador de terminais
de cargas; aduanas; portos marítimos, lacustres, fluviais e secos;
terminais ferroviários, hidroviários e aeroportuários.

O poder público assumiu a


responsabilidade de divulgar
os trechos das vias públicas
que ofereçam pontos de
parada ou locais de descanso.
Nas rodovias federais sob
administração pública, o
levantamento dos pontos de
parada e descanso está sendo
realizado pelo Departamento
Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT). Já nas rodovias
federais concessionadas, o levantamento de tais pontos coube à
Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), cujas informações
encontram-se disponíveis em seu endereço eletrônico.

Os estabelecimentos que funcionarem nas vias também poderão


solicitar seu reconhecimento como ponto de parada e descanso. Em
novembro de 2015, o Ministério dos Transportes publicou as regras
referentes aos pontos de parada e descanso dos caminhoneiros. Os
estabelecimentos comerciais que quiserem se tornar pontos de parada
e descanso para motoristas profissionais não podem, por exemplo,
vender bebidas alcoólicas; suas instalações sanitárias devem oferecer
chuveiro com água quente; e os locais de espera, repouso e descanso
devem ter pavimentação ou calçamento, bem como sinalização
vertical e horizontal.

Prazos para carga e descarga


O prazo máximo para carga e descarga a partir do momento em que o
veículo chega ao destino é de cinco horas. Se esse limite for excedido,
o motorista ou a empresa transportadora passam a pagar um valor
estabelecido em lei por tonelada/hora ou fração.

11
O valor será atualizado anualmente pelo Índice Nacional de Preços
ao Consumidor (INPC), considerando-se, para efeito de cálculo, a
capacidade total de transporte do veículo.

Frete
A Lei n.º 13.103/2015 determina que o pagamento de frete do transporte
rodoviário para o TAC – Transportador Autônomo de Carga deve ser
feito com crédito em conta corrente, poupança ou outra forma de
pagamento regulamentada pela Agência Nacional de Transportes
Terrestres – ANTT.

Os custos dessa operação (taxas bancárias, etc.) cabem ao responsável


pelo pagamento.

Direitos
São direitos do motorista profissional assegurados pela Lei
n.º 13.103/2015:

ƒƒ Atendimento médico pelo SUS;

ƒƒ P
roteção do Estado contra ações criminosas durante o exercício
da profissão;

ƒƒ Serviços especializados de medicina ocupacional;

ƒƒ G
arantia de não responder por prejuízo patrimonial decorrente da
ação de terceiro;

ƒƒ J
ornada de trabalho controlada e registrada mediante anotação
manual ou por meios eletrônicos instalados nos veículos;

ƒƒ C
obertura por morte natural, morte por acidente, invalidez total
ou parcial decorrente de acidente, traslado do corpo e auxílio para
funeral no valor mínimo correspondente a 10 vezes o piso salarial
de sua categoria ou valor superior fixado em convenção ou acordo
coletivo de trabalho;

12
! IMPORTANTE
Para atendimento de motoristas dependentes de substâncias
psicoativas, o direito ao atendimento médico contempla o SUS e
entidades privadas conveniadas.

Cursos e formação
A Lei n.º 13.103/2015 prevê o acesso a programas de formação e
aperfeiçoamento para motoristas profissionais, dando preferência aos
cursos técnicos e especializados reconhecidos pelo Conselho Nacional
de Trânsito (Contran). Porém, as formas de acesso e oferta dessa
formação carecem de regulamentação e de definição de políticas
públicas a ela relacionadas.

Procargas
A nova lei instituiu o Programa de Apoio ao Desenvolvimento do
Transporte de Cargas Nacional (Procargas). Sua finalidade é o
desenvolvimento de iniciativas que visem à melhoria do meio ambiente
de trabalho no setor de transporte de cargas, com particular destaque
para ações de medicina ocupacional para o trabalhador.

13
A Lei n.º 13.103/2015 e as outras leis...
A Lei n.º13.103/2015 foi um marco importante
na regulamentação da profissão de motorista.
Embora alvo de discussões intensas e de
posições muitas vezes divergentes, a verdade
é que a nova Lei do Motorista Profissional veio LIDAÇ
ÃO DAS
CONSO TRABALHO
para ficar – e para inaugurar uma nova era na LEIS D
E

atividade de transporte rodoviário de cargas e


passageiros, tanto para empregados quanto para
empregadores.

A partir de sua entrada em vigor, em março de 2015, a Lei n.º 13.103/2015


provocou efeitos imediatos:

ƒ Para disciplinar a jornada de trabalho e o tempo de direção do


motorista profissional, a Lei n.º 13.103/2015 alterou aspectos da
Consolidação das Leis do Trabalho – CLT, uma legislação histórica
e vigente desde 1.º de maio de 1943; alterou, também, o Código
de Trânsito Brasileiro – CTB e a Lei n.º 11.442/2007, que trata das
empresas e dos transportadores autônomos de carga;

ƒ Alterou a Lei n.º 7.408/1985, mantendo a tolerância de 5% no peso


bruto total para a pesagem por meio de balança, mas aumentando
para 10% a tolerância por eixo.

ƒ Revogou dispositivos da Lei n.º 12.619/2012, conhecida como Lei


dos Caminhoneiros, alterando a regulamentação da jornada de
trabalho, com destaque para os intervalos de descanso e a redução
da jornada.

Como você pode ver, a Lei 13.103/2015, por si só, já promoveu


profundas mudanças na legislação brasileira, alterando marcos legais
do porte da CLT e do CTB. Mas alguns pontos ainda careciam de uma
abordagem mais detalhada, exigindo legislação específica. Vejamos,
rapidamente, o que foi produzido para complementar a nova Lei do
Motorista Profissional:

14
Decreto n.º 8.433, de 16 de abril de 2015
O Decreto n.º 8.433/2015 regulamentou aspectos ligados à isenção
de cobrança de pedágio e às condições sanitárias, de segurança e de
conforto nos locais de espera, repouso e descanso.

Pelo decreto, os órgãos ou entidades competentes da União, dos


Estados, do Distrito Federal e dos Municípios estabelecerão as
medidas técnicas e operacionais para viabilizar a isenção da cobrança
de pedágio.

O Ministério do Trabalho e Emprego deve regulamentar as condições


sanitárias, de segurança e de conforto nos locais de espera, de repouso
e de descanso dos motoristas profissionais de transporte rodoviário de
passageiros e de cargas. Para os procedimentos de reconhecimento
do local como ponto de parada e descanso, os órgãos de que trata o
§ 3.º do artigo 11 da Lei n.º 13.103/ 2015 observarão o cumprimento da
regulamentação do citado decreto.

Portaria MTPS n.º 116, de 13 de novembro de 2015


A Portaria MTPS n.º 116/2015 aborda um tema bastante debatido
e importantíssimo na atividade de motorista profissional: a
regulamentação dos exames toxicológicos previstos nos parágrafos
6.º e 7.º do art. 168 da CLT. Essa regulamentação é feita por meio do
anexo “Diretrizes para realização de exame toxicológico em motoristas
profissionais do transporte rodoviário coletivo de passageiros e do
transporte rodoviário de cargas”.

15
A portaria estabelece que os exames toxicológicos devem testar, no
mínimo, a presença das seguintes substâncias:

a) Maconha e derivados;

b) Cocaína e derivados, incluindo crack e merla;

c) Opiáceos, incluindo codeína, morfina e heroína;

d) Anfetaminas e metanfetaminas;

e) “Ecstasy” (MDMA e MDA);

f) Femproporex;

g) Mazindol.

Para a realização dos exames toxicológicos, devem ser coletadas


duas amostras, conforme procedimentos de custódia indicados pelo
laboratório executor, com as seguintes finalidades:

ƒƒ P
ara proceder ao exame completo, com triagem e exame
confirmatório; e

ƒƒ P
ara armazenar no laboratório, por no mínimo cinco anos, a fim de
se dirimirem eventuais litígios.

16
Ainda há muito a ser discutido, especialmente com os profissionais
de saúde, sobre a melhor estratégia para acompanhar e tratar casos
de dependência entre os profissionais do transporte. Para começar,
o termo dependência envolve uma larga variedade de produtos e
substâncias, a começar pelo álcool, perigosamente próximo das vias
brasileiras – por mais que se adotem estratégias para proibir sua
comercialização.

O tema é sério e urgente, pois tem a ver com a segurança de quem


ocupa as vias públicas, a trabalho ou não. O tratamento e a prevenção
são, indiscutivelmente, a melhor estratégia para conduzir problemas
dessa natureza. Da mesma forma, quanto mais específicos forem
os exames toxicológicos, maior será a segurança na abordagem do
problema.

Ainda há muito que se avançar nesses aspectos, mas a Portaria n.º 116,
ao regulamentar os exames de detecção de substâncias psicoativas,
representa um passo à frente nessa direção.

Lei n.º 13.154, de 30 de julho de 2015


Também conhecida como a “Lei dos 14 pontos”, a Lei n.º 13.154/2015
é bastante rigorosa em relação a algumas infrações e merece toda a
atenção do motorista profissional. Um dos aspectos mais importantes
determina que condutores das categorias C, D ou E que estejam
exercendo atividade remunerada em veículo deverão fazer um curso
de reciclagem sempre que, no período de um ano, atingirem 14 pontos
em infrações pela regulamentação do Contran.

17
Após concluir seu curso, o condutor terá seus pontos eliminados e,
pelo período de um ano após a conclusão do curso de reciclagem, não
poderá ser convocado para a realização de um novo curso.

Pela lei, o empregador tem o direito de conferir a pontuação da


habilitação do motorista profissional.

Essa lei também tornou infração gravíssima transitar pela faixa


exclusiva de ônibus. Além da multa pesada e do veículo sujeito a
apreensão, o motorista é penalizado com sete pontos na Carteira
Nacional de Habilitação (CNH).

Conclusão
Foi-se o tempo em que a profissão de motorista profissional exigia nível
básico de qualificação. A cada dia, e com maior intensidade, aumentam
as exigências por um profissional bem capacitado para conduzir seu
veículo, não apenas com perícia ao volante, mas também com o
conhecimento necessário para fazer seu trabalho com segurança.

Grandes mudanças aconteceram nos últimos anos. Mudaram


os veículos, que se tornaram sofisticados a ponto de exigirem
conhecimentos de tecnologia da informação de seus condutores.
Mudaram as condições das rodovias e o próprio volume de tráfego,
afetando cronogramas, custos, enfim, toda a logística de transporte
de cargas e de passageiros. Mudaram as relações de trabalho entre
empregadores e empregados do setor de transporte, com novos

18
critérios para as jornadas de trabalho e as condições de repouso, entre
outros. Mudou a forma de pagamento do Transportador Autônomo
de Cargas e definiram-se as bases das relações contratuais entre o
transportador autônomo e seu auxiliar ou entre o transportador
autônomo e o embarcador. E tantas mudanças acabaram por exigir
uma outra, maior e mais importante: a mudança do perfil técnico do
motorista profissional.

A nova legislação de transportes, com especial destaque para a Lei


n.º 13.103/2015, é uma demonstração clara da importância estratégica
do transporte de cargas e passageiros. Uma lei tão importante que
foi capaz de alterar marcos jurídicos históricos como a CLT e o CTB.
As leis complementares, geradas quase simultaneamente, apenas
confirmam a urgência e a importância de se regulamentar a atividade
de motorista profissional no Brasil.

A lei está ao alcance de todos. Você, como profissional dessa nova era,
tem a oportunidade de conhecê-la a fundo para se manter em sintonia
com o seu tempo.

Para relembrar!
ƒƒ A
Lei n.º 13.103/2015 trata do exercício da profissão de motorista
profissional e provocou grandes mudanças no exercício dessa
atividade, tanto para empregados quanto para empregadores;

ƒƒ A
Lei n.º 13.103/2015 regulamenta a atividade de transporte
rodoviário de passageiros e de cargas em âmbito urbano e rural,
tanto estadual quanto interestadual;

ƒƒ E
ntre os pontos contemplados pela Lei n.º 13.103/2015, merecem
destaque os itens relativos a pedágio, multas, excesso de peso,
exames toxicológicos para os condutores, jornada de trabalho
e intervalo de descanso, descanso, tempo de espera, repouso
semanal, segundo motorista, locais de espera e repouso, prazos
de carga e descarga, frete, direitos e deveres, cursos de formação
e condições de segurança e saúde ocupacional.

ƒƒ A
Lei n.º 13.103/2015 alterou legislações importantes, como a CLT
e o CTB. Uma legislação posterior foi elaborada para contemplar

19
aspectos específicos, entre os quais cabe destacar o Decreto
n.º 8.433/2015, que regulamenta a cobrança de pedágio e as
condições sanitárias, de segurança e de conforto nos locais
de espera, repouso e descanso; a Portaria MTPS n.º 116/2015,
que trata da exigência de exames toxicológicos para motoristas
profissionais; e a Lei n.º 13.154/2015, que aborda a necessidade de
curso de reciclagem para motoristas que atingirem 14 pontos em
infrações no período de um ano.

Referências bibliográficas
BRASIL. Decreto n.° 8.433, de 16 de abril de 2015. Dispõe sobre a
regulamentação dos art. 9.º a art. 12, art. 17 e art. 22 da Lei n.º
13.103, de 2 de março de 2015. Disponível em: <www.planalto.gov.br>.
Acesso em janeiro de 2016.

_______. Decreto-Lei n.° 5.452, de 1.º de maio de 1943. Aprova a


Consolidação das Leis do Trabalho. Disponível em: <www.planalto.
gov.br>. Acesso em janeiro de 2016.

_______. Deliberação Contran n.° 145, de 30 de dezembro de 2015.


Altera a Resolução CONTRAN n.º 425/ 2012 e o art. 148 do Código
de Trânsito Brasileiro. Disponível em: <www.denatran.gov.br>. Acesso
em janeiro de 2016.

_______. Lei n.° 13.154, de 30 de julho de 2015. Altera o Código de


Trânsito Brasileiro, a Consolidação das Leis do Trabalho, entre
outros. Disponível em: <www.planalto.gov.br>. Acesso em janeiro de
2016.

_______. Lei n.° 13.103, de 2 de março de 2015. Dispõe sobre o


exercício da profissão de motorista, entre outros. Disponível em:
<www.planalto.gov.br>. Acesso em janeiro de 2016.

______. Lei n.° 12.619, de 30 de abril de 2012. Dispõe sobre o exercício


da profissão de motorista, entre outros. Disponível em: <www.
planalto.gov.br>. Acesso em janeiro de 2016.

20
_______. Lei n.° 9.503, de 23 de setembro de 1997. Institui o Código
de Trânsito Brasileiro. Disponível em: <www.planalto.gov.br>. Acesso
em janeiro de 2016.

_______. Portaria MTPS n.° 116, de 13 de novembro de 2015.


Regulamenta a realização dos exames toxicológicos previstos nos
§§ 6.º e 7.º do Art. 168 da CLT. Disponível em: <www.previdencia.gov.
br>. Acesso em janeiro de 2016.

21
Pesquisa de Satisfação
Sua opinião é muito importante para nós. Por favor, preencha os espaços abaixo e marque com um “X”
a sua avaliação sobre a palestra da qual acabou de participar. Não é necessário se identificar.

Unidade Operacional do SEST SENAT:


Nome do(a) palestrante:
Nome da palestra:
Local: Data:

NA SUA OPINIÃO ÓTIMO(A) BOM(A) REGULAR RUIM

O horário de início da palestra foi

A duração da palestra foi

O(A) palestrante foi

O tema da palestra foi

Os recursos utilizados na palestra (cartilhas, slides,


vídeo, outros) foram

As instalações do local (sala, banheiros, cadeiras,


limpeza e organização) são

De modo geral, a palestra pode ser avaliada como

Agradecemos a sua participação!

Você também pode gostar