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Perguntas sobre o livro “Educação Física.

Raízes europeias e Brasil”- 09/42

1- FAR do homem novo- 9

Esse homem novo era a chave para que a burguesia estabeleça a sua hegemonia
perante o proletariado. Era um homem político, que também suportava uma nova ordem
econômica e social que se estabelecia. Para isso, vale a construção integral desse homem,
com foco nos aspectos mentais, intelectuais, culturais e físicos.

2- FAR do corpo, em relação à revolução burguesa- 10/2

A educação física se ocupa de um corpo anátomo-fisiológico, ou seja, toda a explicação


é voltada para a ciência, uma ciência vista sob um prisma positivista, tomando como base
única e exclusivamente o mundo material e físico, as comprovações científicas e
ignorando o lado teológico/metafísico, sujeito a crendices e vãs superstições.

3- FAR do “homem biológico”- 11/3

Sob essa ótica positivista, o homem passa a ter um domínio maior sobre o mundo,
alterando-o através de observações e experimentações. Não há mais lugar para milagres
divinos, pois tudo tem uma explicação científica, que age de acordo com leis próprias.

4- FAR das descobertas científicas- 12/3

As descobertas científicas possibilitam ao homem construir novos instrumentos de


trabalho para aumentar o domínio sobre a natureza, possibilitando um melhor usufruto
da mesma e favorecendo a sedimentação da burguesia contra-revolucionária no poder.

5- FAR da consciência de classe da burguesia- 12/3

A burguesia tem plena consciência de que é dona de seu próprio destino e que os
homens transformam a natureza e criam as leis da sociedade, que seriam descobertas
pela ciência. A razão para isso: atingir a plena felicidade.

6- FAR do modelo mecanicista- 13/1

É um modelo no qual ocorre um fluxo único nas informações, exigindo o máximo de


receptividade por parte de quem recebe essas informações. Não existe liberdade de ação,
pois essa é a forma ideal para moldar o comportamento e o perfil desse chamado homem
novo.

7- FAR da abordagem positivista da ciência- 13

Essa abordagem busca a justificativa para as desigualdades sociais através das


desigualdades biológicas. Tirando o elemento histórico-social, o novo entendimento das
relações humanas faz com que a sociedade torne-se um organismo vivo, que evolui do
simples para o complexo. Defende-se a ideia de que as ciências sociais e as da natureza
devem ser observadas e compreendidas da mesma forma, buscando a explicação para os
fatos da maneira mais objetiva possível.
8- FAR das contradições apresentadas pela nova sociedade- 14/3

Elas vinham atreladas a uma concepção naturalizada do social que tentava explicar as
desigualdades sociais, pois à medida que havia um acúmulo de riquezas, também a
miséria tornava-se generalizada. O lema de igualdade, liberdade e fraternidade não
condizia com a realidade, já que um homem cada vez mais embrutecido vendia a sua mão
de obra e levava uma vida cada vez mais degradante. Todavia, tudo parecia ser justificado
pelo “progresso”.

9- FAR das consequências da urbanização e da proletarização da Europa, decorrente da


Revolução Industrial- 15/4

A urbanização demonstrou a vida degradante a que a população era submetida, pois o


crescimento rápido e desordenado das áreas industriais não foi acompanhado pela
ampliação dos serviços básicos, como a limpeza das ruas e os serviços sanitários. Grandes
epidemias apareceram- cólera, tifo e a febre. Entretanto, esses efeitos nunca foram
sentidos pelas classes média e alta, ao menos num primeiro momento. Uma
reorganização só tomou forma quando os ricos estavam sendo afetados por essas
epidemias, demandando sérias providências para o aperfeiçoamento urbano.

10- FAR da modernização sanitária da Europa em meados do século XIX e a reorganização


operária do espaço urbano- 16/4

Houve uma clara necessidade de reorganizar esses espaços em virtude das epidemias
que assolavam a população. Entretanto, a ideia veiculada era a de que os populares
estavam mal por estarem impregnados de vícios e de imoralidade, além de viverem sem
regras. Esse discurso fez surgir à necessidade de uma educação higienista, formando bons
hábitos. É nesse contexto que a educação física é incorporada.

11- FAR da seguinte colocação: Em resposta à organização operária, a burguesia reage-


17/4

A classe operária começava a insurgir contra as jornadas de trabalho de até 16 horas


diárias, com salários insuficientes para a sobrevivência. A burguesia resolve buscar
explicações científicas e reforçar os aspectos hereditários e genéticos para justificar a
pobreza e a miséria, nessa constante corrida para se manter no poder.

12- FAR do pensamento positivista e o bom funcionamento da sociedade- 18/3

O bom funcionamento da sociedade ocorreria na medida em que a reorganização e


adequação do espaço de indivíduos fossem hierarquizadas. Essa hierarquia seria
submetida aos proletários para que o progresso seguisse seu curso normal. Havia um
pensamento de uma “degradação”, com o operário fazendo classes, ameaçando a
burguesia e desencadeando crises que não deveriam existir.

13- FAR da E.F na chamada sociedade do capital- 20/4

A E.F torna-se uma expressão da visão biológica e naturalizada da sociedade. Ela


incorpora e veicula a ideia da hierarquia, da ordem e da disciplina, da saúde como
responsabilidade individual. E partindo do ponto em que todos os homens são
considerados livres e iguais de direito, aqueles que forem mais capacitados
individualmente conseguirão alcançar um grau mais elevado na escala social.

14- FAR da biologia no século XIX- 21/4

A biologia fez parte, juntamente com outras formulações científicas, da busca por
determinar espaços e lugares para os indivíduos. A partir de então, as desigualdades eram
fruto da própria natureza, as quais eram determinantes. Tais transformações passaram a
ser pensadas e explicadas a partir de leis de evolução biológica, cujo maior referencial foi
Charles Darwin e a sua biologia evolutiva.

15- FAR dos chamados grandes eixos do capitalismo: a competição e a concorrência- 24/3

O princípio da seleção natural diz que existe uma concorrência vital, com seleção
natural e sobrevivência dos mais aptos. Além do esforço pessoal e do valor individual,
essa competição e concorrência serão entendidos como naturais no homem, deixando de
lado as leis do capital e sua necessidade de produção e reprodução.

16- FAR da eugenia- 25/2

A eugenia buscou ser a ciência capaz de explicar biologicamente a humanidade, com


ênfase na raça e no nascimento. Propunha-se a uma intervenção científica na sociedade,
explicando o lado social através do biológico. Segundo a eugenia, a exploração de classes
se justificaria pelo fato de que, supostamente, negros e brancos pertenceriam a espécies
diferentes.

17- FAR da superioridade racial defendida pela burguesia- 26/1

A justificativa para a superioridade racial era irrefutável, sem contradições. Os homens


eram determinados por uma natureza biológica, hereditária, e através dessa certeza
biológica se delimitavam os espaços de classe, funções de classe e papéis sociais,
garantindo a posição da burguesia e a continuidade da ordem social vigente.

18- FAR da Europa do século XVIII-27/2

A Europa do século XVIII vai desenvolver, principalmente na Inglaterra e na França,


determinadas políticas de saúde visando o controle das populações urbanas. O corpo
individual passa a ser uma mercadoria (satisfação das necessidades humanas) que,
observadas as novas relações de produção, é um instrumento a mais para ser controlado
para ser útil ao capital. É nessa realidade bio-política que práticas que nele investem,
como a medicina, ganham um poder quase que absoluto, pois interferem diretamente na
manutenção da nova ordem.

19- FAR do conhecimento médico- 29/1

Os médicos ganharam um novo status, de destacada importância. Num primeiro


momento é essa função higienista que assegura essa posição privilegiada. Seu
conhecimento utilizado para curar doenças aumenta o tempo de vida útil dos indivíduos,
significando uma libertação para o homem e para a sociedade. A contradição está no
momento em que essa liberdade promove o aprisionamento do homem, pois essa força
de trabalho é imprescindível para que se mantenha a ordem social, ou ordem burguesa.

20- FAR da seguinte colocação “a medicina não possui homogeneidade de discurso e de


prática”. 30/2

A medicina nos apresenta diferentes conceitos sobre doença( a medicina social dá outra
dimensão para a doença- ela também está relacionada com a atividade social e com o
ambiente cultural), saúde e cura. Também as formas de intervenção são variadas, sejam
no corpo social ou no corpo biológico. Diz-se que não pode haver saúde sem que se mude
a sociedade, pois é a estrutura social que justifica as doenças, daí a necessidade de
medidas como o sanitarismo e engenharia sanitária.

21- Explique a seguinte citação: “ A industrialização de França, Inglaterra e Alemanha, foi


acompanhada de uma matança de inocentes”- 32/3

A Revolução Industrial levantou diversos problemas relacionados à saúde da


população de maneira geral, pois as classes dominantes não estavam imunes às doenças e
epidemias. Essas más condições refletiam na diminuição da produção e na força militar,
pois cada vez era mais difícil para que os homens atingissem a altura mínima para
ingresso nos exércitos. Era a expressão contundente da contradição existente no capital
entre riqueza e pobreza, e nessa engrenagem, corpos saudáveis eram o principal
ingrediente para o capital.

22- FAR do discurso higienista na Europa do século XIX- 34/2

Ele veiculava a ideia de que as classes populares viviam mal por possuírem espírito
vicioso, uma vida imoral. Logo, era necessário que lhes fosse garantida não somente a
saúde, mas também a educação higiênica e os bons hábitos morais. Esse discurso auxiliou
o Estado na reorganização disciplinar da classe trabalhadora, complementada pela
educação escolar e por todo o conteúdo de classe que ela veiculará.

23- FAR da puericultura- 35/2

Dentro desse pensamento higienista, a puericultura foi uma das formas medicalizantes
de intervenção do Estado sobre a família, com papel relevante na normatização do corpo
social através da sua atuação sobre a forma de vida dos indivíduos em sua intimidade na
família, no trabalho e no cotidiano.

24- FAR da figura da “mulher mãe”- 35/3

A mãe tem um importante papel ao auxiliar a puericultura, devendo dominar o


conjunto de medidas médicas de como educar as crianças, cuidar da casa e do marido, um
espaço que a sociedade vai delimitando à mulher. A mulher passa a ser a base moral da
sociedade, pois a transmissão de conhecimentos e valores, a estabilização e a harmonia
da família passam a ser de sua responsabilidade.

25- Relacione o pensamento positivista e a mulher- 36/2


O pensamento positivista respaldava essa concepção de mulher, pois afirmava que a
mulher deveria ser sustentada pelo homem e que somente assim ela seria capaz de
exercer o seu papel enquanto providência moral da espécie. Ela sistematiza a família, a
base moral da sociedade, fazendo nela prevalecer a influência feminina.

26- FAR das propostas sanitaristas- 38/4

Entendia-se que maus hábitos (viver na rua, em cabarés) era a fonte de toda a miséria
da classe operária. Havia a necessidade de redefinir o espaço de vida através dessas
propostas sanitaristas, da promoção do uso higiênico da habitação. A habitação passa a
construir-se num espaço privilegiado da mulher, a salvadora da moral e dos bons
costumes. É também a habitação que efetuará a moralização do homem, tirando-o das
ruas e dos vícios. A mulher deveria fazer desse local atraente e ser vigilante. Era uma
forma da classe dominante se isentar de qualquer culpa.

27- FAR da atuação dos médicos higienistas- 40/3

São eles que, investidos de autoridade pelo Estado, por conta de seu conhecimento a
respeito do corpo biológico, que vão implementar ideias a respeito do “bem viver”, uma
vez que adoecer deixava de ser uma problemática social e passava a ser uma questão de
conhecimento de boas práticas de vida, de limpeza e de higiene pessoal.

28- FAR das tecnologias e políticas que investiram sobre o corpo- 41/3

Todas essas linhas de ação serão traduzidas pelo discurso da higiene, que postulará
regras de “bem viver” que, quando conhecidas, permitiriam o alcance da saúde. Esse
discurso omite o fato de que são as condições sociais e as diferenças de classes que
impedem o pleno acesso a essas regras, e não o seu simples desconhecimento. E umas
dessas formas de intervenção social, operando a nível de corpo biológico e do corpo social
é justamente a educação física.

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