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Perguntas sobre o livro “Educação Física.

Raízes europeias e Brasil”- 43/64

1- FAR da medicalização- 44

Já havia o entendimento de que o vigor físico era essencial para o avanço do capital.
Entretanto, esse chamado investimento deveria ser limitado, pois só era interessante
disciplinar o homem para a sua função na produção e reprodução do capital.

Essa medicalização refere-se ao que foi feito concretamente em nome da saúde do


povo, para a manutenção da burguesia. A instituição escolar teve papel importante, com
a prática de exercícios físicos- construídos a partir de conceitos médicos- veiculando a
ideia da saúde vinculada ao corpo biológico.

2- FAR da expansão da escola primária- 44/4

Juntamente com as medidas sanitárias de intervenção no meio físico e com a


pedagogia da “boa higiene”, constituiu-se em mecanismo de controle social, de um lado,
e de difusão do saber próprio de uma classe- a burguesia. Essa educação integra as
formas de difusão de uma determinada mentalidade, homogeneizando vontades e
hábitos.

3- FAR do chamado “fenômeno educacional e liberalismo”- 45/2

O fenômeno social estava calcado no liberalismo e encontrou na escola o espaço para


a sua difusão. Entretanto, como forma de liberdade de pensamento e oposição à ação
social organizada, ele foi usado para consolidar o capitalismo na Europa, derrubando a
antiga ordem (aristocracia, clero), criando condições para a aceitação da nova ordem
política, social e econômica, norteada pelos ideais de progresso, liberdade, democracia e
desenvolvimento.

4- FAR dos direitos básicos das declarações revolucionárias norte-americana e francesa-


45/5

Direitos como o de liberdade, trabalho, ou de crenças eram utilizados como armas


burguesas para a contestação da ordem existente, uma vez que essa igualdade não
ocorria de fato, ao menos no sentido material. O pensamento liberal clássico dizia que os
homens não são iguais em seus talentos e capacidades individuais, logo, não poderão sê-
lo em relação às riquezas materiais, pois essas são a recompensa dos seus talentos. A sua
posição na sociedade será ditada pela sua condição natural/individual,
independentemente de sua classe social ou credo religioso a que pertençam.

5- FAR da sociedade hierarquizada- 46/4

A educação escolar contribuía sobremaneira para essa sociedade hierarquizada, pois


desenvolvia aptidões, talentos e vocações de modo a suprir as necessidades do
capitalismo, com suas funções absolutamente distintas na produção. Com o avanço do
maquinário, operários e camponeses necessitavam de um mínimo de instrução para
manejar esses equipamentos, cumprindo com a função “natural” a qual estavam
destinados.
6- FAR do pensamento de John Locke- 47/5

Teórico liberal, Locke reconhecia a igualdade entre homens, fossem pobres ou ricos.
Entretanto, ele entendia que a ordem social já se encontrava estabelecida (ricos e
pobres), e a instrução deveria ser voltada para a manutenção dessa ordem- ricos sendo
governantes e bons administradores e pobres sendo obedientes.

Locke discutiu o conteúdo da educação, defendendo o conhecimento de coisas úteis


para a vida, como o cálculo e a escrituração comercial (úteis para a manutenção de
escritórios), além do estudo de geografia, aritmética, história e direito civil. Tudo
necessário para a implementação desse sistema capitalista, que também necessitava lutar
contra os dogmas seculares da Igreja, que era contra o acúmulo de riquezas capitalista.
Locke também incluiu na educação cavalheiresca uma nova noção de educação: o cuidado
com o corpo, que será necessário para o desenvolvimento da inteligência.

7- FAR de Johan Bernard Basedow- 54/5

Basedow criou o Philantropinum, um estabelecimento de ensino que tinha como


objetivo formar cidadãos do mundo, tornando-os aptos a uma vida útil. Os alunos desse
estabelecimento provinham das mais diversas classes sociais. Outro fato marcante foi que
ele incluiu a ginástica no currículo, no mesmo plano das matérias teóricas.

Entretanto, nessa visão de escola para todos, houve a criação de duas escolas- umas
para os pobres e outra para as crianças mais eminentes. A diferença de hábitos faria com
que as crianças ricas tivessem que estudar mais, imaginando que chegariam mais longe
que os outros; as crianças pobres deveriam dedicar parte do seu tempo para os trabalhos
manuais, pois essa era uma atividade própria da classe trabalhadora. Era uma visão
preconceituosa, classista, que não realizava a formação dos cidadãos do mundo em sua
plenitude.

8- FAR das exigências da revolução de 1848- 58/1

Essa revolução exigiu modificações entre o Estado e a sociedade civil, com ampliação
dos direitos políticos aos não proprietários e o surgimento de uma legislação trabalhista,
além do direito de organização dos trabalhadores em sindicatos. A necessidade de
instrução passou a ter uma importância nunca vista, pois os avanços técnico-científicos
exigiam modificações na formação dos recursos humanos que garantiriam o acúmulo de
capital.

9- FAR da burguesia europeia do final do século XIX- 58/4

Tinha um cunho contrarrevolucionário, enxergando a necessidade de uma instrução


seletiva e organizada- trabalho manual vs. Trabalho intectual. Essa instrução não poderia
de forma alguma interferir na ordem estabelecida. Deveria haver uma educação primária
para as massas, superior para os técnicos e a reserva do ensino médio para seus filhos,
um ensino totalmente divorciado do trabalho. Nele figuravam todas as ciências e as
técnicas mais modernas, era um ensino direcionado.
10- FAR da burguesia com relação à educação- 59/2

Essa temática da educação gera um conflito, pois a burguesia precisa cuidar para que a
classe trabalhadora tenha um mínimo de instrução para continuar o seu trabalho. Em
contrapartida, essa instrução dever ser dosada para que não desperte um espírito mais
crítico na classe operária, que servia de base para o capital e o acúmulo de riquezas.

11- FAR da reorganização da família- 60/2


A exploração passa a ser controlada pela própria burguesia, que viu a
necessidade da reorganização da família, ainda que ela mesma (a burguesia) tenha
sido responsável pela sua destruição em nome do capital. Tentou se fazer com que
houvesse uma reorganização do espaço destinado ao lar, tirando os homens dos
vícios através do pensamento de que a mulher deveria ser o alicerce da família.
Todavia, a mulher havia se degenerado fisicamente pelo trabalho na fábrica ou pela
prostituição. A burguesia também buscou regenerar o trabalhador fisicamente,
mesmo depois de ter aniquilado suas forças com jornadas de trabalho intermináveis.
Tudo isso sem que suas condições de vida fossem alteradas.

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