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Enunciado Súmula Vinculante 11 - STF: “Só é lícito o uso de algemas

em caso de resistência e de fundado receio de fuga ou de perigo à integridade física


própria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros, justificada a excepcionalidade
por escrito, sob pena de responsabilidade disciplinar civil e penal do agente ou da
autoridade e de nulidade da prisão ou do ato processual a que se refere, sem prejuízo
da responsabilidade civil do Estado.”

Em seu art. 19927 a Lei de Execuções Penais incumbe a disciplina do uso de algemas
a decreto federal. Trata-se do recente Decreto nº 8.858/2016, que assim dispõe:

Art. 1º O emprego de algemas observará o disposto neste Decreto e terá como


diretrizes:

I - o inciso III do caput do art. 1º e o inciso III do caput do art. 5º da Constituição, que
dispõem sobre a proteção e a promoção da dignidade da pessoa humana e sobre a
proibição de submissão ao tratamento desumano e degradante;

II - a Resolução no 2010/16, de 22 de julho de 2010, das Nações Unidas sobre o


tratamento de mulheres presas e medidas não privativas de liberdade para mulheres
infratoras (Regras de Bangkok); e

III - o Pacto de San José da Costa Rica, que determina o tratamento humanitário dos
presos e, em especial, das mulheres em condição de vulnerabilidade.

Art. 2º É permitido o emprego de algemas apenas em casos de resistência e de


fundado receio de fuga ou de perigo à integridade física própria ou alheia, causado
pelo preso ou por terceiros, justificada a sua excepcionalidade por escrito. (três
exceções, apenas nestas situações será permitido o uso de algemas)

Art. 3º É vedado emprego de algemas em mulheres presas em qualquer unidade do


sistema penitenciário nacional durante o trabalho de parto, no trajeto da parturiente
entre a unidade prisional e a unidade hospitalar e após o parto, durante o período em
que se encontrar hospitalizada.

Art. 4º Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.

Atentar para a importância da SV 11, mesmo após a publicação do Decreto. Isso


porque, a SV 11 prevê quais serão as consequências para as situações de violação,
ou seja, nos casos em que o preso tenha sido algemado sem que se vislumbre
qualquer hipótese excepcional ou sem a devida atenção à formalidade exigida
(justificativa por escrito). Nesses casos, a parte final do enunciado da SV 11
estabelece: ... sob pena de (i) responsabilidade disciplinar civil e penal do agente ou
da autoridade e (ii) de nulidade da prisão ou (iii) do ato processual a que se refere,
sem prejuízo da (iv) responsabilidade civil do Estado.

Atenção! A Lei 13.434/2017 acrescentou o parágrafo único no art. 292 do Código de


Processo Penal, para vedar o uso de algemas em mulheres grávidas durante o parto
e em mulheres durante a fase de puerpério imediato. Vejamos como fica:

Art. 292. Se houver, ainda que por parte de terceiros, resistência à prisão em flagrante
ou à determinada por autoridade competente, o executor e as pessoas que o
auxiliarem poderão usar dos meios necessários para defender-se ou para vencer a
resistência, do que tudo se lavrará auto subscrito também por duas testemunhas.

Parágrafo único. É vedado o uso de algemas em mulheres grávidas durante os atos


médico hospitalares preparatórios para a realização do parto e durante o trabalho de
parto, bem como em mulheres durante o período de puerpério imediato.

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