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REVISÃO UNEB ( ) Os contos abordam marcas identitárias da cidade


de Salvador, com sua identidade negro-mestiça,
LIVROS da qual o largo é um exemplo.
( ) O espaço, longe de ser mero cenário, acompanha
——————— Aula 6: os personagens em suas vivências, personificado
como testemunha do acontecido.
“O largo da Palma”, de Adonias Filho. ( ) As narrativas se cruzam, interligam-se, não no
“O largo da Palma” é um livro de drama narrado, mas no espaço e na paisagem
contos que reúne seis histórias que onde as personagens se desenvolvem.
têm em comum o fato de acontece- ( ) O retrato da cidade e de seus espaços históricos
rem nesse logradouro de Salvador, revela o desejo da obra de resistência à mudança
Bahia. O teor das narrativas não urbana e de preservação de uma memória.
guarda muita proximidade, haven-
( ) O caráter documental na apresentação do largo
do histórias que vão do sentimenta-
mostra a intenção narrativa de fixar a paisagem
lismo de feições românticas, como
de maneira única na percepção das personagens.
“A moça dos pãezinhos de queijo”,
trama na qual um jovem impossibi- A alternativa que contém a sequência correta, de cima
litado de falar recupera a fala ao se para baixo, é a
ver tocado pelo sentimento amoro-
so por Célia, a vendedora dos pãezinhos; a outras narra- (A) V V V V V. (D) F V V F F.
tivas como “Os enforcados”, conto em que se descrevem (B) F F V F F. (E) F V F V V.
as impressões de um cego diante do enforcamento de
envolvidos na “Revolta dos Alfaiates”, e que possui um (C) V F F V F.
viés mais crítico de denúncia do silenciamento de um ________________________________________________
movimento de contestação social e cujo tempo narrativo
destoa das demais peças do livro, uma vez que há um 2.
recuo para o passado. — Não quero que você escreva mais!
O caráter plural da obra facilita a cobrança na prova A indagação — “E por quê?” — estava no semblante
da UNEB, pois é possível estabelecer diversas relações dele e, principalmente, no olhar de criança assustada. Um
com outros livros abordados bem como entre os próprios segundo, menos de um segundo, e novamente exclamou,
contos. O largo da Palma aparece como microcosmo da quase gritando:
realidade, onde se confrontam amores felizes (“A moça — Quero que você fale!
dos pãezinhos”), amores desfeitos e refeitos (“O largo de As mãos de Célia no rosto do rapaz receberam, com o
branco”), a morte (“Um avô muito velho”, “Os enforca- leve tremor, o calor que já era febre. E, sem temer que o
dos”, “Um corpo sem nome”), o sucesso e o fracasso (“A coração dele, inteiramente descompassado, pudesse
pedra”), a condição da mulher (“O largo de branco” e saltar do peito, repetiu com enorme energia:
“Um corpo sem nome”), entre outros possíveis temas. — Quero que você fale!
Lágrimas nos olhos congestionados. E, percebendo
1. que o rapaz chorava, avançou a mão e enxugou-lhe as
lágrimas. A mão foi à testa e enxugou também o suor
É preciso conhecer o Largo da Palma, tão velho quan-
frio.
to Salvador, para saber onde fica a casa dos pãezinhos
FILHO, Adonias. A moça dos pãezinhos de queijo. O Largo da Palma.
de queijo. Cercam-no os casarões antigos que abrem
Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1981. p. 17.
passagem para as ruas estreitas e para uma ladeira pe-
quena e torta que também se chama da Palma. E, se o Inserido na totalidade do conto, o trecho revela que, em
largo e a ladeira são da Palma, é porque lá está a igreja A moça dos pãezinhos de queijo,
que lhes empresta o nome. Humilde e enrugadinha, com
três séculos de idade, nada ali acontece que não teste- (A) a recuperação da voz de Gustavo simboliza também
munhe em sua curiosidade de velha muito velha. E, assim uma nova postura do personagem enquanto ser diante
de frente para a ladeira que desce no caminho da Baixa da vida.
do Sapateiros, vê e ouve tudo o que se faz e fala na casa (B) o caráter impositivo de Célia é uma marca da relação
dos pãezinhos de queijo. com Gustavo, o que reforça ainda mais o silenciamento
FILHO, Adonias. O Largo da Palma. do jovem.
Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1981. p. 17.
(C) o silenciamento de Gustavo é sugerido na trama co-
Marque com V ou com F, conforme sejam, respectiva- mo consequência dos maus-tratos que sofrera da mãe
mente, verdadeiras ou falsas as afirmativas sobre a cole- quando criança.
tânea de histórias “O Largo da Palma”, de Adonias Filho.
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(D) o amor aparece como elemento redentor, capaz de (E) A intertextualidade pode ser comprovada na medida
recuperar simultaneamente Célia e Gustavo dos proble- em que os textos são engajados e apresentam crítica
mas que os acometem. social e a mesma tipologia narrativa.
(E) a família de Gustavo só aceita a relação com Célia, ________________________________________________
vista como oportunista, quando ele recupera a voz, per-
dida ainda na infância. 4. (UNEB)
________________________________________________ Anda, apressando-se, como a fugir. Não percebe os
que passam porque nada realmente importa a não ser o
3. (UNEB) encontro com Odilon. E a verdade é que, antes de trans-
TEXTO 1 por a porta da casa, ali no Bângala, deteve-se frente ao
espelho, no quarto, mas não teve coragem de olhar-se.
Lutou contra a existência num humilde barracão
Pareceu-lhe que, vendo-se naquele espelho, faltaria a
Joana de tal, por causa de um tal joão.
coragem para o encontro. E por isso, apenas por isso,
Depois de medicada, retirou-se pro seu lar
ganhara a rua com rapidez.
Aí a notícia carece de exatidão.
Gasto é o vestido que usa, fora de moda, o melhor de
O lar não existe,
todos que restaram. Os cabelos agora brancos, sempre
Ninguém volta ao que acabou.
sedosos, não melhoram o rosto cansado. Olhos sem bri-
Joana é mais uma mulata triste que errou,
lho, boca um pouco murcha, as rugas. Este é o lado, o
Errou na dose, errou no amor,
lado de fora, que Odilon verá. Sabe que Odilon – e se
Joana errou de João.
não mudou inteiramente – examinar-lhe-á o rosto com
Ninguém notou,
atenção a observar todos os detalhes. Não poderá ver,
Ninguém morou
porém, o lado de dentro, precisamente o lado da consci-
Na dor que era o seu mal,
ência e do coração.
A dor da gente não sai no jornal.
....................................................................................
HOLANDA. Chico Buarque de. Notícia de Jornal. Disponível em: É o começo da ladeira, agora. Espera que o caminhão
<https://www.vagalume.com.br/chico-buarque/noticia-dejornal.html>.
Acesso em: 14 nov. 2018. suba, invadindo o largo e espantando os pombos, para
TEXTO 2 transpô-la. E, apesar de andar muito devagar, sente cres-
cer a inquietação quanto mais se aproxima do pátio da
“Sabe que Odilon – e se não mudou inteiramente –
igreja, o lugar do encontro. Minutos, faltam apenas al-
examinar-lhe-á o rosto com atenção a observar todos os
guns minutos! Perto, muito perto mesmo, já na escadaria
detalhes.”
que leva ao pátio, vê Odilon. Está de pé, o paletó che-
“Depois, o prédio magro de três andares na ruazinha gando aos joelhos, a calça frouxa em dobras sobre as
de ladeira, no Rio Vermelho, onde permaneceria os últi- pernas, o laço da gravata quase no peito, velho e sujo o
mos quinze anos ao lado do mar e de Geraldo.” chapéu de feltro. E, talvez por causa do buquê de rosas
FILHO, Adonias. O largo de branco. O Largo da Palma. vermelhas que tem na mão, parece um palhaço de circo.
Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2005. p. 32-35. É ele, Odilon, não há dúvida. Os cabelos grisalhos, bas-
tante envelhecido, mas o mesmo homem de sempre.
O texto de Chico Buarque, Notícia de Jornal, mantém Enorme o esforço de Eliane para que não chore e as
uma relação de intertextualidade com o conto “O Largo mãos não tremam, agora, quando recebe as rosas. Ele,
de Branco”, da obra de Adonias Filho, O Largo da Palma. com a face séria e tranquila, mantém-se em silêncio por
Baseando-se na narrativa do conto e na canção, é correto um minuto. Segurar o braço da mulher é tudo o que faz.
afirmar: E, como se nada tivesse acontecido naqueles trinta anos,
desde que se separaram, ele apenas diz:
(A) A história de Joana, personagem da música de Chico, – Vamos, Eliane, vamos para casa.
ilustra bem a relação entre Eliane e Geraldo, comprovan- Ergue o rosto e, vendo o sol que tudo inunda, não
do-se, dessa forma, a intertextualidade temática. sabe por que se lembra das manhãs de chuva que sem-
pre escurecem o Largo da Palma. Agora, como a vingar-
(B) No poema de Chico, encontra-se um retrato da rela- se daquelas manhãs, o sol ajuda o céu tão azul. E Eliane,
ção entre Eliane e Odilon, homem ardiloso que a explora ainda com o coração a bater muito forte, não tem dúvida
financeiramente, configurando-se, assim, a intertextuali- de que o seu velho largo, como num dia de festa, está
dade em nível semântico. vestido de branco.
(C) A música de Chico apresenta uma verossimilhança de FILHO, Adonias. O largo de branco. O Largo da Palma.
estilo com o conto “O Largo de Branco”, estabelecendo Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2014. p. 31-32 e 46-47.
uma intertextualidade contextual-histórica.
(D) No que concerne à forma, há uma identidade entre Marque com V ou com F, conforme sejam, respectiva-
os textos, isso configura também uma relação de inter- mente, verdadeiras ou falsas as afirmativas sobre o conto
textualidade. “O largo de branco”, de Adonias Filho, de onde foram
retirados os trechos acima transcritos.
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( ) Os trechos transcritos correspondem ao início e ao (B) Loio, que até então desconhecia a dor, muda radical-
fim do conto, e ambos focalizam o desfecho de mente sua maneira de ser quando a tragédia se abate
uma história cujo início se deu há 30 anos. sobre sua neta.
( ) Após a separação entre Odilon e Eliane, que eram (C) A história é contada pelo avô, que, em flashbacks,
casados, ela foi amante de outro homem, Geraldo, retoma episódios de sua vida, em que o trágico sempre
que a abandonou, deixando-a em decadência eco- se fez presente.
nômica e física. (D) O desprezo pelo idoso, subjugado a um plano subal-
( ) Odilon era estudante de Medicina quando conheceu terno na família, encontra espaço na trama, ao lado de
Eliane e lhe deu apoio na difícil situação enfrentada temas como a morte.
pela família com a doença do pai e, posteriormente, (E) A narrativa se inicia do fim, pois mostra um momento
casou-se com ela. em que o protagonista vive a solidão provocada por um
( ) A referência ao Largo da Palma “vestido de branco” evento que será apresentado somente depois.
(fim do texto) constitui uma alusão simbólica ao ________________________________________________
estado emocional de Eliane, após o encontro com
Odilon e a aceitação de seu convite. 6.
( ) O convite para o encontro entre Odilon e Eliane – Ali as mulheres se deitavam com os homens e, quan-
por ela aceito imediatamente – foi feito através de do o colega do armazém me levou pela primeira vez —
uma carta que ele lhe enviou, mesmo sem indicar o para que, pela primeira vez, me tornasse homem no
assunto ou o motivo desse encontro. corpo de uma mulher —, vi alguém como esta que aca-
bou de morrer no Largo da Palma. [...]
A alternativa que contém a sequência correta, de cima Tinha precisamente esse corpo e esse rosto, o mesmo
para baixo, é a vestido e os mesmos sapatos, em tudo igual à morta, que
aqui está nas pedras do Largo da Palma.
(A) V V V V V (D) F V V V F FILHO, Adonias. Um corpo sem nome. O Largo da Palma.
(B) V F V F F (E) F V F V V Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1981. p. 69-70.

(C) V F F V F O trecho, no contexto de que faz parte, valida a afirmati-


________________________________________________ va:

5. (A) O texto coloca em pauta a atração mórbida pela mor-


O velho, quando aquilo aconteceu, trancou-se em si te, o que leva o narrador a ir fundo na investigação sobre
mesmo. Não era homem de conversas, sempre calado em a desconhecida.
seu canto, morando no quarto dos fundos que o pequeno (B) A abordagem do submundo e da decadência humana
quintal separava do corpo da casa. Ali ficava o dia inteiro, encontra cenário no Largo da Palma, espaço da degrada-
no quarto e no quintal, a tocar a sua sanfona, como a ção da cidade moderna.
esperar a morte e que todos esquecessem. Saía à noiti-
(C) A trama apresenta o reencontro, anos depois e na
nha, depois da janta, arrastando os pés na alpercata de
hora da morte, de um homem e a mulher com quem
couro, para o passeio no Largo da Palma. A casa, quase
manteve a primeira relação sexual.
na curva do Gravatá, ficava a alguns metros do largo.
Chegava sem pressa, passo a passo, como se custasse e (D) O anonimato na grande cidade não se restringe à
levar o corpo magro e leve. Respirava forte para sentir o mulher que morre na trama, mas inclui o próprio narra-
cheiro do incenso que, vindo da igreja, se misturava com dor, de identidade incógnita ao leitor.
os pãezinhos de queijo. Era ao retornar, aí pelas oito (E) A morta do Largo da Palma era invisível na sociedade,
horas da noite, que demorava um pouco na casa, como a ninguém notando sua presença, até que o narrador re-
visitar a filha e o genro na sala de jantar. solveu dar-lhe uma identidade, rememorando fatos.
— E Pintinha? — sempre perguntava. ________________________________________________
FILHO, Adonias. Um avô muito velho. O Largo da Palma.
Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1981. p. 45-6. 7. (UNEB)
Pareceu-me que, ao entrar no largo, vinha de longa
Considerando o fragmento inicial de “Um avô muito ve-
viagem. Certeza tenho agora de que vinha de tão longa
lho”, contextualizado no todo, está correto o que se afir-
viagem, mas de tão longa viagem que a morta não a
ma na alternativa:
interrompeu. Em delírio, já criatura de um mundo que
não o nosso, entre cores e luzes, a morte não a matou
(A) A voz textual censura o comportamento do avô, ho-
porque morreu fora do corpo. E, por isso, não morreu no
mem rude que toma uma atitude cruel diante da doença
Largo da Palma.
da neta.
FILHO, Adonias. Um corpo sem nome. O Largo da Palma.
Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1981. p. 76.
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Considere o trecho inserido no todo da narrativa e assina- A alternativa que contém a sequência correta, de cima
le a única afirmativa em desacordo com o conto Um para baixo, é a
corpo sem nome.
(A) V V V V V (D) F V V V F
(A) O narrador mostra-se reflexivo em face da morte e do (B) V F V F F (E) F V F V V
tempo.
(C) V F F V F
(B) O enunciador apresenta-se na primeira pessoa, reve- ________________________________________________
lando-se onisciente.
(C) O mistério da identidade da morta aguça no narrador 9. (UNEB)
uma curiosidade compassiva. O que houve com Valentim, deixando-o sem despedir-
(D) O locutor, motivado pelo episódio da morta, resgata se, perdendo-se na multidão, ele jamais saberia. Só,
da memória uma experiência de sua juventude que o novamente só, com as suas trevas e o porrete de apalpar
revela como ser solidário. o chão. Passo a passo, muito devagar, retornou e tão só
(E) As circunstâncias que envolvem o fato narrado con- em si mesmo que não percebeu sequer os que, a seu
duzem o narrador à conclusão de que a morte da indivi- lado, regressavam às casas. Andou assim, sempre a pen-
dualidade daquela mulher é anterior à do corpo. sar nos enforcados, até que reconheceu o Largo da Pal-
________________________________________________ ma pela aspereza das pedras e o macio da grama. Tudo
o que queria, afinal, era o seu lugar no canto do pátio da
igreja.
8. E, ao aproximar-se, ao sentir o cheiro do incenso,
[...] A Bahia, naquele dia, não era a mesma. E por pensou que naquele momento já cortavam as cabeças e
isso foi que, ao começar a andar, conduzindo-o pelo bra- as mãos dos enforcados. Colocadas em exposição, no
ço como um guia, Valentim ouviu sem surpresa o que o Cruzeiro de São Francisco ou na Rua Direita do Palácio,
cego disse: até que ficassem os ossos. O Largo da Palma, porque
— A cidade parece triste. sem povo e sem movimento, seria poupado. Ajoelhou-se,
— A Bahia nunca foi alegre — Valentim, abaixando a então, pondo as mãos na porta da igreja.
voz disse por sua vez. — Uma cidade com escravos é E, única vez em toda a vida, agradeceu à Santa da
sempre triste. É muito triste mesmo. Palma ter nascido cego.
Era para se acreditar, pelo movimento do povo em FILHO, Adonias. Os enforcados. O Largo da Palma.
direção ao Campo da Piedade, que todas as casas esti- Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2005. p. 96-97.
vessem vazias. Janelas e portas fechadas e também fe-
chadas as casas de comércio. Inserindo-se o fragmento destacado na leitura global da
FILHO, Adonias. Os enforcados. O Largo da Palma. novela “Os enforcados”, é correto afirmar:
Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1981. p. 86-7.
(A) O Largo da Palma, para o cego, foi poupado da expo-
Marque com V ou com F, conforme sejam, respectiva- sição da dor e da miséria dos enforcados porque não
mente, verdadeiras ou falsas as afirmativas. sugeria resistência ou ameaça, visto que seus moradores
O fragmento, dentro da leitura total da novela “Os enfor- compactuavam da ideologia dominante.
cados” e do livro “O Largo da Palma”, (B) O cego do Largo da Palma, em função de sua defici-
ência visual, torna-se alheio e distante de cenas de cruel-
( ) revela a possibilidade de ver o texto literário como dade que comprovam as perseguições e o cerceamento
memória para a interpretação de um fato histórico. de discursos de resistência na Colônia do século XVIII.
( ) apresenta uma espécie de cidade-texto, produto da (C) O deficiente visual, após a decapitação dos condena-
recriação estética do autor, que mescla realidade e dos, não compreende o silêncio que assola a cidade e fica
invenção. decepcionado com a atitude de Valentim, que não reage
diante da injustiça praticada pela Metrópole aos morado-
( ) aborda a morte como uma das facetas presentes
res da Colônia.
no Largo da Palma, onde são executados crimino-
sos políticos. (D) A denúncia de medo e opressão, que se concretiza no
conto “Os enforcados”, gera, no personagem que nascera
( ) mostra a morte em forma de espetáculo e a incle-
destituído da visão, uma reflexão sobre seu ceticismo
mência de uma plateia que apoia a condenação de
religioso e a necessidade de agradecer pelos desígnios
criminosos e desordeiros.
divinos, diante da situação vivida.
( ) busca no passado histórico elementos para funda-
(E) A ironia que se estabelece na narrativa justifica-se
mentar uma crítica social a respeito da opressão e
pelo fato de o foco narrativo se desenvolver pela percep-
medo provocado por quem se encontra no poder.
ção de um cego, que capta verdades de um contexto
histórico de opressão na Colônia por meio de sutilezas
quase imperceptíveis aos olhos humanos.
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10. (UNEB)
Assim, de riso em riso, de palavra em palavra, o amor
feriu o coração de Cicero Amaro. E no momento mesmo
já não entendeu como conseguira gostar de Zefa, viver
com a negra, suportá-la, possuí-la naquele jirau tão dife-
rente da cama de Flor. [...] E Flor, nuinha, a exclamar:
— Sou teu pecado.
FILHO, Adonias. A pedra. O Largo da Palma.
Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1981. p. 100.

Pode-se afirmar ser INCORRETA a alternativa:

(A) O personagem Cicero, tal qual pedra lapidada, passou


por uma transformação ao longo da narrativa, a partir
das experiências vividas.
(B) Após o aprendizado acumulado, desde que encontrou
o diamante, Cicero conseguiu progredir ainda mais e
estabelecer uma relação de parceria com sua companhei-
ra de longa data.
(C) A negra Zefa, após as traições do marido e cansada
de tanto trabalhar e vê-lo desperdiçar seu dinheiro, per-
cebeu que aquela era uma relação abusiva.
(D) O conto, narrado em 3ª pessoa, narrador-onisciente,
permite aos leitores conhecer a profundidade das perso-
nagens, fornecendo-nos dados ignorados até por alguns
deles.
(E) O conto aborda a linha tênue entre prosperidade e
miséria, ascensão e decadência, e a necessidade de ama-
durecimento interno para saber lidar com essas situa-
ções.
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