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Acredito que, não retornaremos a essa época, mas com o afastamento destas
crianças das instituições de Educação Infantil, que é o enfoque de minha pesquisa,
poderá ocorrer um retrocesso, onde ela torna-se dispensável, acreditando que o
homeschooling vá suprir as necessidades destas crianças, fazendo com que esses
direitos duramente conquistados fiquem estremecidos fazendo com que a identidade
da Educação Infantil se desconstrua.
Este é um outro conceito importante trago na disciplina que logo consigo
relacionar e me remete a minha pesquisa, o conceito de identidade, a construção das
identidades presentes nos currículos trago pela autora Marisa Vorraber Costa. Como
já mencionado anteriormente a Educação Infantil e as crianças foram conquistando
seus direitos e ganhando visibilidade gradualmente, fazendo com que uma identidade
fosse se criando. As crianças tornaram-se sujeitos de direitos e a Educação Infantil
enquanto instituição, uma etapa que além de prezar pelo desenvolvimento integral
das crianças e suas aprendizagens, garantirá seus direitos.
Durante a pandemia de Covid-19, com a passagem das atividades para o
formato remoto as instituições precisaram que seu currículo se reconfigurasse, mas
que a identidade da EI fosse mantida. Neste contexto, me inquieta ao pensar, será
que essa identidade foi exercida e mantida neste momento? Será que essa infância
contemporânea, com o tempo do ser antes do crescer está sendo valorizada? Será
que esta identidade sofreu crises durante este período?
Em relação a crise de identidade, de acordo com Costa (2005):
Durante este momento, em que se perde o contato físico com a instituição, com outras
crianças e professores e com tudo que estas interações e relações proporcionam, o
mundo avança em termos tecnológicos, aproximando cada vez mais as crianças
destas mídias. Ao longo dos estudos da disciplina, relacionando-os com minha
pesquisa fiquei refletindo, de que forma e como estas mídias contribuíram neste
momento de ensino remoto? Sabemos que a utilização dos meios digitais por muitas
vezes foi o único fio que uniu instituição, criança e família. Mas de que forma? Como
isto se apresentou nas organizações do currículo? E como isto impactou na vida das
crianças pequenas e bem pequenas. Costa (2005, p. 5) traz que “tal condição cultural
específica estaria exercendo um papel determinante não apenas na forma como a
juventude é construída, mas também na forma como ela é vivida”, isto me remete a
pensar novamente, qual a infância está sendo vivida e de que forma. Como as
instituições estão “conectando” as crianças a instituição, fazendo-as presentes mesmo
que em meios digitais e valorizando os eixos do currículo, propostos pelas DCNEI,
durante este momento?
Essas e as muitas outras questões que foram surgindo durante a disciplina,
conectando-as a minha pesquisa são inquietações surgidas devido a esse novo
formato em que a Educação Infantil também enfrentou durante a pandemia, o ensino
remoto. Onde foi necessário que houvessem novas reconfigurações curriculares.
Chego ao final de minha escrita com a necessidade de explicitar que meu
projeto de pesquisa ainda está no início, sem muitas delimitações do que está por vir
e a fazer, mas com o objetivo de olhar para o currículo da Educação Infantil durante a
pandemia de Covid – 19, o ensino remoto e essas reconfigurações curriculares
durante este período, não com o objetivo de julgar ou fazer discriminações de certo
ou errado, mas buscar compreender e estudar o que foi necessário ser feito naquele
momento e seus impactos no currículo e consequentemente na Educação Infantil e
crianças.
REFERÊNCIAS
COSTA, Marisa Vorraber. Quem são? Que querem? Que fazer com eles? Eis que
chegam às nossas escolas as crianças e jovens do século XXI. VI Colóquio sobre
Questões Curriculares e II Colóquio Luso-Brasileiro sobre Questões Curriculares. Rio
de Janeiro, 2005.