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PEÇA PRÁTICO-PROFISSIONAL
Thalia foi denunciada por violação do art. 124 do Código Penal. Narra a denúncia que Ana
Paula, de quatorze anos de idade, inconformada com o fato de ter engravidado de seu namorado,
Felipe, de vinte e três anos de idade, procurou a denunciada, sua amiga, de dezenove anos,
estudante de enfermagem, para que esta a auxiliasse na prática de um aborto.
Indica ainda a denúncia que, utilizando seus conhecimentos de estudante de enfermagem,
Thalia fez com que Ana Paula ingerisse um remédio para úlcera. Após alguns dias, na véspera da
comemoração da entrada do ano de 2018, Ana Paula teria abortado, dizendo ao namorado que
havia menstruado, alegando que não estivera, de fato, grávida.
Os fatos foram descobertos porque Felipe, que sempre sonhou em ser pai, desconfiado da
versão apresentada pela namorada, já que vinha acompanhando os nítidos sinais da gravidez,
começou a observar, sem que Ana Paula percebesse, qual a senha utilizada pela mesma para
acesso ao celular. Dias depois, entrou, sem que Ana Paula soubesse, na residência da namorada,
vasculhou as gavetas dos móveis do quarto da mesma, e encontrou, por baixo das roupas, um
envelope com o resultado positivo do exame de gravidez de Ana Paula, o frasco do remédio para
úlcera embrulhado em um papel, e, acessando o celular que se encontrava sobre a cômoda,
buscou as conversas travadas entre Thalia e Ana Paula pelo whatsapp, nas quais a primeira
prescrevia a Ana Paula as doses do remédio para fins do aborto.
Munido do resultado do exame e das imagens que tirou das conversas ao telefone mantidas
entre Thalia e Ana Paula, Felipe procurou a delegacia de polícia e narrou o fato à autoridade
policial, que, instaurado inquérito, indiciou Thalia por aborto. Ana Paula foi encaminhada para
perícia no Instituto Médico Legal da comarca, onde se confirmou a existência de resquícios de saco
gestacional, compatível com gravidez, mas sem elementos suficientes para a confirmação de
aborto espontâneo ou provocado. Ana Paula não foi ouvida durante o inquérito policial porque,
após o exame, rompendo relações com o namorado, mudou-se para São Paulo e, apesar dos
esforços da autoridade policial, não foi localizada.
Como antes indicado, com base no referido inquérito policial, em 30/3/2018, Thalia foi
denunciada e durante a instrução foram ouvidos Ana Paula, por precatória, e Felipe. Ana Paula
afirmou que realmente chegou a estar grávida, mas negou ter abortado, insistindo que teria perdido
a criança de forma espontânea. Felipe confirmou que conseguiu a prova da gravidez de Ana Paula
e do aborto no quarto da ex-namorada, e que esta não se encontrava em casa quando o mesmo
entrou em seu quarto e mexeu em suas coisas, da mesma forma que indicou não possuir
autorização de Ana Paula para acessar seu celular.
Tanto na delegacia quanto em juízo, Thalia negou a prática do aborto, tendo confirmado que
fornecera o remédio a Ana Paula, acreditando que a amiga sofria realmente de úlcera.
Ao final da audiência de instrução, o juiz permitiu, com a anuência das partes, a
manifestação por escrito. A acusação sustentou a comprovação da autoria, tanto pelo depoimento
de Felipe na fase policial e ratificação em juízo, quanto pela confirmação da ré de que teria
fornecido remédio de úlcera a Ana Paula. Sustentou, ainda, a materialidade do fato, por meio do
exame de laboratório e da conclusão da perícia pela existência da gravidez. A defesa teve vista dos
autos em 28/08/2018, terça-feira.
Em face dessa situação hipotética, na condição de advogado constituído por Thalia, redija a
peça processual adequada à defesa de sua cliente, alegando toda a matéria de direito processual e
material aplicável ao caso. Date o documento no último dia do prazo para protocolo. (Valor: 5,0)
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Questão 1
Diego e Júlio César, que exercem a mesma função, estão trabalhando dentro de um armazém
localizado no Porto de Salvador, quando se inicia um incêndio no local em razão de problemas na
fiação elétrica. Existe apenas uma pequena porta que permite a saída dos trabalhadores do
armazém, mas em razão da rapidez com que o fogo se espalha, apenas dá tempo para que um dos
trabalhadores saia sem se queimar. Quando Diego, que estava mais próximo da porta, vai sair,
Júlio César, desesperado por ver que se queimaria se esperasse a saída do companheiro, dá um
soco na cabeça do colega de trabalho e passa sua frente, deixando o armazém. Diego sofre uma
queda, tem parte do corpo queimada, mas também consegue sair vivo do local. Em razão do
ocorrido, Diego ficou com debilidade permanente de membro.
A) Qual é a tese de direito material a ser suscitada na defesa de Júlio César? Justifique.
B) Em sendo oferecida e recebida a denúncia em face de Júlio César, cumprido o mandado de citação,
qual a peça prático processual e o pedido a ser formulado pela defesa?
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Questão 2
Em 26 de outubro de 2017, por volta das 23 horas, Beto, após sair de uma comemoração com amigos, entra
no carro e dirige seu veículo por uma via muito movimentada da cidade onde morava. Ao ser parado em uma
blitz, o policial militar pede a Beto que apresente a sua habilitação para conduzir o veículo automotor. Beto
ficou muito nervoso, pois sua habilitação estava guardada dentro do porta luvas onde se encontrava também
sua arma. O policial percebe o nervosismo de Beto e resolve revistar o veículo. Nesta ocasião, o policial
encontra a arma de fogo de uso restrito, sem autorização e em desacordo com determinação legal, sendo
uma Magnum calibre 357. Beto foi conduzido à delegacia para prestar esclarecimentos e negou ser a arma de
sua propriedade. O inquérito policial é instaurado e a autoridade policial representa pela prisão temporária de
Beto, com fundamento na Lei 8.072/90, tendo sido decretada judicialmente. Beto se encontra preso há 65
dias, sem terem sido concluídas as investigações. Contudo, após 62 dias de prisão, desesperado com a
custódia cautelar, Beto confessa ser a arma de sua propriedade.
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Questão 3
Pablo, decidido a matar Thiago, dirigiu-se até a casa dele portando o seu revólver devidamente
municiado com seis projéteis, com a pretensão de utilizar todos eles. Chegando ao local, chamou a
pretensa vítima e, assim que Thiago abriu a porta, disparou contra o mesmo um único tiro,
atingindo-o no ombro esquerdo. Ao ver Thiago caído, Pablo, de forma espontânea, optou por não
fazer novos disparos, guardou seu revólver e retirou-se do local. Thiago foi socorrido por terceiro e
sobreviveu, ficando, todavia, sem qualquer mobilidade no braço em virtude do ocorrido. Pablo foi
denunciado pelo crime de homicídio tentado, consoante artigo 121, caput c/c artigo 14, II do Código
Penal.
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Questão 4
Joana rompeu o relacionamento amoroso que mantivera com José por aproximadamente seis
meses. Inconformado com a separação e com as recusas de Joana em reatar o namoro, José
passou a ameaçá-la por telefone, dizendo que a mataria se a encontrasse com outro e, em seguida,
cometeria suicídio. Sentindo-se intimidada pelo ex-namorado, Joana comunicou o fato à autoridade
policial, que instaurou inquérito para apurar o crime de ameaça. Inquirido, José negou a prática do
delito. Joana, contudo, entregou à autoridade policial uma série de cartas e emails que
comprovavam as ameaças sofridas. O delegado concluiu o inquérito policial e representou pela
prisão preventiva de José.
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3º Simulado
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