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COMUNICAÇÃO TÉCNICA

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Nº 174710

Formação de etringite tardia (DEF) e RAA

Priscila Rodrigues Melo Leal

Slides apresentado no WORKSHOP REAÇÕES EXPANSIVAS NO


CONCRETO, 2017, São Paulo.

A série “Comunicação Técnica” compreende trabalhos elaborados por técnicos do IPT, apresentados em eventos, publicados em revistas especializadas ou quando seu
conteúdo apresentar relevância pública.
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Formação de etringita tardia (DEF) e RAA

Geólª. MSc. Priscila Rodrigues Melo Leal – Pesquisadora


Laboratório de Materiais de Construção Civil - LMCC
Introdução

Hidratação do cimento
Introdução
Hidratação do

STP 169D ASTM (2006)


cimento

Formação da zona
de transição
Introdução

Reações expansivas - definição


Trata-se da cristalização de fases típicas ou atípicas
do cimento, em massa e volume maior que a
capacidade de acomodação do concreto.

Capacidade de acomodação = porosidade


Exemplos

• Corrosão de armadura metálica

http://wwwo.metalica.com.br/vergalhao-galvanizado-durabilidade-e-seguranca-para-sua-obra
Exemplos

RAA
1- Reação álcali-carbonato - RAC
Envolve a reação de dedolomitização da rocha, expansão e fissuração do
agregado e consequente enfraquecimento da ligação pasta-agregado

Possível reação álcali-sílica relacionada com quartzo micro ou


criptocristalino presente na matriz da rocha carbonática

2- Reação álcalis sílica - RAS


Reação álcalis-sílica - RAS
Agregados Potencialmente reativos – Relativo ao grau de
disponibilidade do SiO.

Disponibilidade do SiO está relacionada:

• Ao grau de cristalinidade das fases silicosas, varia entre o


totalmente cristalino até o amorfo
Si
O

Cristalino Amorfo
Reações tardias – cinética lenta

São materiais que reagem muito lentamente e


seus produtos de reação causam expansão por
falta de espaço de acomodação, uma vez que o
concreto já está endurecido

Exemplo: Hidratação do periclásio (MgO)


Hidratação lenta de núcleos de CaO e MgO, que podem estar
presentes em:

1) Clínquer com excesso de


MgO (periclásio), ou com
temperatura de
clinquerização abaixo do
recomendado (“sobras” de
CaO) ou fator de saturação
de cal > 1

2) Cales calcinadas acima da


temperatura adequada
(calcinação à morte)

3) Escórias de aciaria
CaO + H2O ↔ Ca(OH)2 (portlandita)

MgO + H2O ↔ Mg(OH)2 (brucita)


Expansão por neoformação de brucita ou portlandita

• Mitigação

Uma vez que a reação começa, adotar as seguintes ações:

1. Instrumentar e monitorar deslocamentos;

2. Se possível, isolar a estrutura da entrada de água/umidade;


3. Se viável, substituir os trechos danificados

• Prevenção

Aplicar teste de expansão em autoclave, conforme ASTM C 151


Relativo à Relativo ao
neoformação ambiente de Relativo à
de fases origem do fonte de S
sulfáticas SO42-

SO42- oriundo de
águas salinas ou
Ataque sulfático salobras
externo (ASE)
SO42- oriundo de
poluição urbana

Ataque sulfático
(AS)
Agregado

Excesso de S do
Ataque sulfático
cimento ou
interno (ASI)
clínquer

Formação de
etringita
secundária (DEF)
Relativo à Relativo ao
neoformação ambiente de Relativo à
de fases origem do fonte de S
sulfáticas SO42-

SO42- oriundo de
águas salinas ou
Ataque sulfático salobras
externo (ASE)
SO42- oriundo de
poluição urbana

Ataque sulfático
(AS)
Agregado

Excesso de S do
Ataque sulfático
cimento ou
interno (ASI)
clínquer

DEF
Relativo à Relativo ao
neoformação ambiente de Relativo à
de fases origem do fonte de S
sulfáticas SO42-

SO42- oriundo de
águas salinas ou
Ataque sulfático salobras
externo (ASE)
SO42- oriundo de
poluição urbana

Ataque sulfático
(AS)
Agregado

Excesso de S do
Ataque sulfático
cimento ou
interno (ASI)
clínquer

DEF
Excesso de SO3
na belita (C2S) ou
S- da escória,
reage
lentamente

ASI
Excesso de S no
cimento/clínquer

Excesso (acima
de 5-6% em
peso) de SO3
adicionado
durante a
moagem
Relativo à
Relativo à
neoformação Relativo à
origem do
de fases fonte de S
SO42-
sulfáticas

SO42- oriundo de
águas salinas ou
Ataque sulfático salobras
externo (ASE)
SO42- oriundo de
poluição urbana

Ataque sulfático
(AS)
Agregado

Excesso de S do
Ataque sulfático
cimento ou
interno (ASI)
clínquer

Formação de
etringita
secundária (DEF)
DEF ou formação de etringita secundária
A DEF é um tipo de ataque sulfático interno
induzido pela exposição ao calor
Desequilíbrio termodinâmico
Formação de etringita tardia – DEF (delayed ettringite formation)

Ettringita - Ca6 Al2[(OH)4 |SO4]3 · 26H2O

1- A etringita é uma fase comum do cimento Portland hidratado,


que pode se desenvolver em excesso por um desequilíbrio
termodinâmico do sistema etringita – monossulfo - C-S-H –
hidrogranada – solução ou Ca-Al-O-H

Artigos
Taylor, Famy e Scrivener – Cement and Concrete Research - 2001
Scrivener & Skalny – Materials and Structures (RILEM) – 2005
Feng, Miao e Bullard – J. Am. Ceram. Soc. - 2016
Desequilíbrio termodinâmico
etringita – instável acima de 70°C; porém se há SO3 suficiente, pode
existir até 90°C

A etringita compete com o C-S-H e solução pelo SO3

Durante o tratamento térmico (ou elevada temperatura de cura),


frações significativas de Al2O3 e SO3 entram na estrutura do
C-S-H; sendo que o Al substitui o Si, permanecendo firmemente
ligado após a queda de temperatura, enquanto o SO3 é liberado
na forma de sulfato.

Artigos
Taylor, Famy e Scrivener – Cement and Concrete Research - 2001
Scrivener & Skalny – Materials and Structures (RILEM) – 2005
Feng, Miao e Bullard – J. Am. Ceram. Soc. - 2016
Desequilíbrio termodinâmico
Após alguns dias depois do tratamento térmico (ou calor excessivo),
a solução se enriquecerá de sulfato, a partir, principalmente do
C-S-H, e dissolverá o monossulfoaluminato (AFm) para a formação
massiva da etringita (AFt).

Artigos
Taylor, Famy e Scrivener – Cement and Concrete Research - 2001
Scrivener & Skalny – Materials and Structures (RILEM) – 2005
Feng, Miao e Bullard – J. Am. Ceram. Soc. – 2016
Feng, Garboczi, Miao e Bullard – Construction and Building Materials - 2015
DEF ou formação de etringita secundária

Dúvidas permaneciam:

A etringita cresce no locus coincidente do AFm, portanto


encontra-se disseminada na pasta?
DEF ou formação de etringita secundária

Dúvidas permaneciam:

Se a etringita encontra-se disseminada, quase q homogeneamente na


pasta, não há espaço suficiente para uma formação massiva, capaz de
gerar pressões de expansão? – Etringita como “fase oportunista”
Microestrutura – pressão de expansão

Feng, Garboczi, Miao e Bullard – Construction and Building Materials - 2015

Após alguns dias do tratamento térmico, na etapa de cura úmida, a solução se enriquecerá
de sulfato, a partir, principalmente do C-S-H, e dissolverá o AFm para a formação massiva
da etringita (AFt). O volume da etringita é muito maior que o Afm, o que em pouco tempo
ocupará, heterogeneamente, os espaços disponíveis, causando pressão de expansão.
Microestrutura – pressão de expansão

Pilar de uma obra


em Cuiabá-MT
DEF ou formação de etringita secundária

Dúvidas permaneciam:

Se não houver espaço para a formação massiva de etringita, como p. ex.


em uma pasta de cimento, não haverá expansão? Qual a influência da
ZT?
Para responder tais dúvidas....

Projeto autofinanciado de capacitação do IPT


Objetivo:

Promover a ocorrência de DEF,


em ambiente de laboratório, em
três tipos de arranjos
microestruturais:

Pasta de cimento – pouco


espaço para acomodar a
etringita

Argamassa – inclusão da zona


2 a/c – 0,40 e 0,55
de transição

Concreto – inclusão de outro CP V e CP V + Na2SO4 (3%)


tipo de zona de transição
Período de 12 meses
Para responder tais dúvidas....

Projeto autofinanciado de capacitação do IPT

567 CPs para resistência


à compressão

378 lâminas para


microscopia ótica e
fragmentos para mic.
Eletrônica

2.700 leituras de variação


dimensional

Começou no final de 2014

Terminará em 2018
Variação dimensional – pastas de cimento

Pastas de cimento com cura


térmica tiveram shift na variação
dimensional principalmente a
partir de 90 dias

C. Térmica 4h Na2SO4 – 3 meses


Projeto DEF
Variação dimensional – argamassa

A inclusão da zona de transição influencia


fortemente a variação dimensional, com
forte shift à partir dos 50 dias nas barras de
argamassa

Projeto DEF
Variação dimensional – concreto

Nos concretos nota-se shift da variação


dimensional ainda mais agressivo, à partir
dos 60 dias, chegando a perder coesão
completamente aos 140 dias para a
amostra dopada com Na2SO4
c. Térmica 8h Na2SO4, 4 meses

c. Térmica 8h 0,40 - 4 meses

Projeto DEF
Resistência à compressão uniaxial – pasta

Na compressão uniaxial nota-se que a razão água/cimento possui um papel


importante na manutenção das resistências. Notou-se perda total de resistência
em amostra dopada com Na2SO4 e em amostra com cura térmica, aos 90 e
270 dias, respectivamente.

Projeto DEF
Resistência à compressão uniaxial – argamassa

Com a inclusão da zona de transição na argamassa, nota-


se q as resistências maiores estão condicionadas ao tipo
de cura, onde a cura úmida em temperatura do laboratório
foi a condição que permitiu as maiores resistências

Projeto DEF
Resistência à compressão uniaxial – concreto

c. Térmica 4h Na2SO4 - 3 meses

Nas amostras de concreto observou-se fenômeno semelhante às argamassas,


porém com maior intensidade de queda de resistência para as amostras
submetidas à cura térmica

Projeto DEF
Avaliação microscópica das amostras - pasta
Locus preenchido por
etringita maciça, outrora
preenchido por AFm

Projeto DEF
Avaliação microscópica das amostras - pasta

Zoom do locus
do slide anterior

Projeto DEF
Avaliação microscópica das amostras - argamassa

Formação de DEF na
zona de transição

Projeto DEF
Avaliação microscópica das amostras - concreto
Formação de DEF em
abundância na zona
de transição, com
adição de sulfato de
sódio

Projeto DEF
Avaliação microscópica das amostras - concreto

Zona de
transição ou
interface pasta-
agregado
associada à
microfissura
preenchida por
etringita maciça

Projeto DEF
Obrigada!

prileal@ipt.br

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