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Anais do 11º Congresso Internacional sobre

Patologia e Recuperação de Estruturas

Junho de 2015

ESTUDO DA DURABILIDADE DE ARGAMASSAS COM ADIÇÃO DE RESÍDUO OLEOSO


DA INDÚSTRIA DE E & P DE PETRÓLEO ATRAVÉS DE RAA

Y. COUTINHO R. M. P CHAGAS
Graduando em Engenharia Civil Mestre em Engenharia Civil
Universidade Federal de Campina Grande Universidade Federal de Campina Grande
Paraíba; Brasil Paraíba; Brasil
yane_coutinho@hotmail.com rmpchagas@gmail.com

A. M. G. D. MENDONÇA M. B. CHAGAS FILHO


Professor Pesquisador Professor Titular
Universidade Federal de Campina Grande Universidade Federal de Campina Grande
Paraíba; Brasil Paraíba; Brasil
ana.duartemendonca@gmail.com miltoncf@gmail.com

RESUMO

O crescimento e desenvolvimento de um país está atrelado a novas tecnologias e processos. Porém, como consequência,
há a geração de resíduos e a preocupação com seu descarte. O resíduo oleoso, gerado a partir da perfuração de poços de
petróleo, têm sido foco de pesquisas que estudam o seu reaproveitamento, devido à presença de contaminantes em sua
composição que encarecem seu tratamento e dificultam sua correta disposição. Neste contexto, o setor de construção
civil aparece como um destino adequado para este resíduo, devido à grande quantidade de materiais utilizados, em
particular o concreto, sendo o material mais largamente usado em construção, tornando necessária a pesquisa para o
desenvolvimento de tecnologias aplicáveis. O estudo da durabilidade do concreto é de igual importância, sendo as
reações álcali-agregado - RAA - motivo de análise, já que, uma vez desencadeado o processo, não há um meio de
mitigá-lo. O presente trabalho estudou a reação álcali-agregado em argamassa produzida com areia como agregado e
resíduo oleoso, substituindo 10% em massa do cimento, com o objetivo de analisar a influência do resíduo no
desencadeamento e intensidade da reação. Foi feita a caracterização fisica dos materiais, além de ensaios pelo método
acelerado em barras de argamassa para determinar a reatividade do agregado. Foi constatado que o acréscimo do
resíduo oleoso não intensifiou a reação.

Palavras-chaves: argamassa, resíduo oleoso, reação álcali-agregado - RAA.

ABSTRACT

The growing and development of a country is tied to new technologies and processes. However, as a consequence there
is waste generation and concerns about its disposal. The oily residue, generated from oil well drilling, has been focus of
researches studying its reuse, due to the presence of contaminants that makes treatments more expensive. In this
context, the construction sector shows up as an appropriate destination to this waste, due to the high quantities of
materials involved, particularly concrete, which is the most widely used construction material, turning vital the
necessity of researches to develop applicable technologies. The study of the durability of concrete has equal importance,
with the Alkali-Aggregate Reaction – AAR – subject of analysis, because, once that the process is triggered, there is no
way to stop it. The present work studied the alkali-aggregate reaction in mortars produced using sand as aggregate and
oily residue, replacing 10% in mass of cement, aiming to analyze the influence of the oily residue in the triggering and
intensity of reaction. Characterization tests were made as well as tests using the accelerated mortar-bar method to
determine the reactivity of the aggregate. It was observed that the addition of the oily residue did not intensify the
reaction.

Keywords: mortar, oily residue, alkali-aggregate reaction - AAR.

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1. INTRODUÇÃO

O desenvolvimento de um país traz consigo a geração de resíduos, que influi diretamente na questão ambiental. O
resíduo gerado pela indústria deve ser destinado corretamente, de modo a não poluir ou contaminar o meio ambiente.
Contudo, para tal, às vezes é necessário um oneroso tratamento antes do descarte do material, o que torna a destinação
dos resíduos gerados um problema não só de cunho ambiental, mas também econômico. Visando a minimizar este
problema, pesquisas têm sido desenvolvidas, estudando a viabilidade da integração dos resíduos em outros materiais.
Um dos destinos mais propício é a construção civil, que mobiliza grande quantidade de matéria-prima, sendo o concreto
um dos compostos mais utilizados.

Entre os resíduos que tem sido foco de estudos, encontra-se o resíduo oleoso, que é atualmente uma preocupação
constante para as empresas que extraem petróleo quanto ao seu destino final, uma vez que, quase sempre, não existem
aterros industriais disponíveis nas proximidades. Tal fato acarreta mais custos às empresas, tendo em vista as distâncias
envolvidas e os custos referentes a transporte para armazenagem em aterros industriais ou outros tipos de tratamento,
sem considerar que esse tipo de destinação final vem sendo reduzido no esforço de converter resíduo em matéria prima,
tudo isso visando ao fortalecimento de modelos de desenvolvimento sustentável [1].

Este resíduo, chamado cascalho de perfuração, é constituído por fragmentos de rocha impregnados por fluido de
perfuração, e contêm metais pesados, alta salinidade, óleos e graxas além de elementos que causam alcalinidade [2], o
que torna sua destinação adequada fundamental.Portanto, a utilização do resíduo oleoso na construção civil, seja em
rodovias ou na fabricação de elementos estruturais em concreto, atuando como filler, surge como uma opção atraente,
pois acarretaria valor econômico ao material.

A utilização de novos materiais alternativos só é possível quando vem atrelada a um conhecimento científico e
vantagens econômicas. Este binômio, segundo o autor, gera confiança, modificando hábitos culturais, e pode ao longo
do tempo, estimular seu uso. Desta forma, é importante estudar as propriedades e o comportamento desses materiais [3].

Um aspecto a ser avaliado é o potencial reativo do material, que se refere à possibilidade de ser desencadeada a reação
álcali- agregado. A reação álcali-agregado é um fenômeno patológico que ocorre no concreto e que pode desencadear
problemas tanto em nível estrutural como operacional [4]. O desenvolvimento deste fenômeno patológico no concreto
tem ocasionado a degradação e a desativação de diversas estruturas, como barragens, fundações de pontes e estruturas
marinhas [4]. Uma vez desencadeada a reação, não há como mitiga-la.

Em obras de concreto o termo durabilidade pode ser entendido como capacidade da estrutura conservar sua segurança,
estabilidade e aptidão em serviço quando sujeita a condições ambientais previstas em projeto, durante o período de sua
vida útil. Construtores e clientes desejam evitar gastos com manutenção e reparos. Esta durabilidade almejada depende
fundamentalmente de um controle de qualidade durante etapas de planejamento, projeto e execução das obras. Um dos
mecanismos responsáveis pelo envelhecimento e deterioração do concreto é a reação entre os álcalis do cimento e certos
agregados reativos – RAA [5].

A reação álcali-agregado (RAA) é um processo químico onde alguns constituintes mineralógicos do agregado reagem
com hidróxidos alcalinos (provenientes do cimento, água de amassamento, agregados, pozolanas, agentes externos, etc.)
que estão dissolvidos na solução dos poros do concreto. Como produto da reação forma-se um gel higroscópico
expansivo. A manifestação da reação álcali-agregado pode se dar de várias formas, desde expansões, movimentações
diferenciais nas estruturas e fissurações até pipocamentos, exsudação do gel e redução das resistências à tração e
compressão. Atualmente são distinguidos três tipos deletérios da reação: reação álcali-silica, reação álcali-silicato e
reação álcali-carbonato.

A melhor maneira de combater as RAA é evitar que haja sua ocorrência antes da construção. Mas caso ela se manifeste
após a conclusão da obra devem ser adotadas medidas a fim de reduzir os seus efeitos. No entanto é importante lembrar
que ainda não existem métodos que impeçam seu avanço. Por isso deve ser feita uma análise prévia de todo o material a
ser utilizado, de forma que se tome conhecimento dos possíveis riscos e sejam tomadas as devidas providências para
que o concreto não venha a apresentar as RAA após a construção.
Antes, a reação álcali-agregado era associada a obras em contato permanente com a água, como barragens, pontes e
viadutos, obras portuárias, centrais termoelétricas e túneis. No entanto, recentemente o tema passou a ser considerado

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como de grande importância também em obras de fundações de edifícios. Pesquisas identificaram este tipo de patologia
como um dos prováveis motivos que ocasionou o acidente do edifício Areia Branca na Região metropolitana de Recife-
PE [5].

A RAA, uma vez iniciada na estrutura de concreto, pode ser minimizada através do isolamento do contato com água ou
outras intervenções estruturais. Mesmo assim, ainda não são maneiras concretas de interromper a evolução e
consequentemente sua expansão. Portanto, torna-se imprescindível que os materiais a serem empregados em obras de
concreto, especialmente os agregados, sejam estudados, antes de serem utilizados, com o objetivo de prevenção da
ocorrência de reações deletérias.

No presente trabalho, estudou-se a influência do resíduo oleoso da indústria de Exploração e Produção (E & P) de
petróleo em substitução ao cimento em argamassas produzidas com areia. Foi feita a análise da areia como agregado
potencialmente deletério na presença do resíduo oleoso e os resultados foram comparados aos obtidos por [5], que
estudou a reação álcali-agregado em argamassas comuns.

2. METODOLOGIA

2.1 Materiais

A seguir estão descritos os materiais utilizados na pesquisa.

• Cimento: CP II F 32 – Cimento Portland;


• Água: Destinada ao consumo humano, fornecida pela Companhia de Água e Esgotos da Paraíba (CAGEPA);
• Areia quartzosa proveniente do Rio Paraíba, Paraíba;
• Resíduo oleoso de E&P de petróleo: cascalho de perfuração oriundo das atividades de Exploração & Produção de
petróleo do município de Carmópolis, Sergipe.

2.2 Métodos

A seguir estão descritos os métodos utilizados na pesquisa

A Figura 1 apresenta o fluxograma das etapas da pesquisa.

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Figura 1 – Fluxograma das etapas da pesquisa.

2.2.1 Reatividade Potencial álcali-agregado (Método das barras de argamassa)

Este ensaio determina a suscetibilidade de combinações cimento-agregado a reações expansivas, nas quais intervenham
álcalis (sódio e potássio). Esta determinação é feita medindo-se o aumento (ou diminuição) do comprimento de barras
de argamassa de uma dada combinação, produzidas e curadas em determinadas condições de ensaio.

O preparo das amostras e o procedimento foram realizados de acordo com as instruções do Procedimento de Ensaio e
Análise (PEA – 167) do LAME (Laboratório de Materiais e Estruturas). Tal procedimento é baseado na norma ASTM
C 1620:2005 e NBR 9773: 1987.

Foram produzidas quatro barras com combinação areia-cimento e dimensões mostradas na Figura 2. O resíduo oleoso
foi utilizado substituindo 10% da massa do cimento.

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25 mm

25 mm
285 mm

Figura 2 – Esquema das barras produzidas

Para a confecção dos corpos de prova foi utilizado um traço em massa de 1: 2,25 e fator água-cimento de 0,47,
conforme indicado na PEA – 167. As amostras de agregado foram preparadas de acordo com a composição
granulométrica apresentada na Tabela 1.

Tabela 1 – Frações especificadas pela PEA – 167/LAME para agregado

Abertura nominal da peneira (mm)


Massa (%)
Passando Retido
4,75 2,36 10
2,36 1,18 25
1,18 0,600 25
0,600 0,300 25
0,300 0,150 15

A argamassa foi confeccionada utilizando argamassadeira, de acordo com o procedimento indicado na PEA – 167, e
colocada em moldes próprios, de dimensões 25 x 25 x 285 mm. Logo após, as barras foram envoltas em um plástico,
para evitar perda de água, e colocadas em câmera úmida para cura, onde permaneceram por 24 horas. Decorrido esse
tempo, as barras foram retiradas dos moldes, identificadas, medidas e imersas em água destilada a 80ºC, por um período
de 24 horas (Figura 5).

Após completado o período de estocagem, foi feita a leitura inicial e a transferência dos corpos de prova para o
recipiente contendo uma solução de NaOH 1 N, à temperatura constante de 80ºC. As barras ficaram imersas nesta
solução por 28 dias, e foram efetuadas leituras a intervalos regulares.

2.2.2 Caracterização química do cimento e resíduo oleoso

A análise química foi realizada para a determinar a composição dos materiais, principalmente os óxidos presentes.

A partir do resultados expostos obtidos com a análise química, foi possível calcular o Equivalente Alcalino (E.A.)
através da Equação 1.

E. A. = K 2 O + 0,658. Na2 O Equação 1

O equivalente alcalino é uma medida da quantidade de ácalis presente no material considerando sua eficácia na reacão.
O óxido de potássio, como observado na equacão, é mais eficaz do que o óxido de sódio.

3. RESULTADOS E DISCUSSÕES

A seguir estão descritos os resultados dos ensaios de caracterização física e química nos materiais utilizados na
pesquisa.

3.1 Caracterização Física dos Materiais

• Cimento

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Para o cimento Portland, foi realizado o ensaio de Finura, seguindo o procedimento descrito pela norma ABNT MB
3432:1991. O resultado obtido está apresentado na Tabela 2.

Tabela 2 – Resultados dos ensaios realizados com o cimento Portland

Ensaio Valor obtido


Finura (ABNT MB 3432:1991) 2,84%
Massa Específica (ABNT NBR NM 23: 2,91 g/cm³
2001)

O aumento da finura melhora a resistência, particularmente as resistências nas primeiras idades, diminui a exsudação e
outros tipos de segregação, aumenta a impermeabilidade, a trabalhabilidade e a coesão dos concretos e diminui a
expansão em autoclave [6].

O valor obtido atende as especificações estabelecidas pela norma ABNT NBR 5732:1991, que é de no máximo 12%.

• Resíduo Oleoso

Para o resíduo oleoso proveniente da exploração de petróleo foi realizado o ensaio para a determinação da massa
específica utilizando o Frasco Volumétrico de Le Chatelier, seguindo o procedimento descrito pela norma ABNT NBR
NM 23: 2001, cujo resultado está exposto na Tabela 3.

Tabela 3 – Resultado do ensaio realizado com o resíduo oleoso

Ensaio Valor obtido


Massa Específica (ABNT NBR NM 23: 2,34 g/cm³
2001)

• Areia

Para a areia, um dos principais ensaios é o de granulometria, que permite caracterizar o agregado, conhecendo quais são
as parcelas constituídas de grãos de cada diâmetro, expressas em função da massa total do agregado [6]. Para este
ensaio, foram usadas as peneiras da série normal, tomando– se duas amostras de 300 g. O ensaio foi executado seguindo
os procedimentos estabelecidos na norma ABNT NBR NM 248: 2003. Os resultados estão apresentados na Tabela 4. A
partir das porcentagens retidas, pôde-se calcular o módulo de finura da areia.

Tabela 4 – Resultados obtidos com o Ensaio de Granulometria com o agregado miúdo

Peneiras Material retido Porcentagem em massa (%)


(mm) (g) Retida Acumulada
2,4 7,40 2,47 2,47
1,2 24,37 8,13 10,60
0,6 127,06 42,39 52,99
0,3 120,56 40,22 93,21
0,15 19,64 6,55 99,76
Fundo 0,72 0,24 100
Soma 299,75 100 -
Módulo de Finura 2,59

Com os resultados da Tabela 4 traçou-se a curva granulométrica da areia analisada, ilustrada na Figura

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Figura 3 – Curva granulométrica do agregado miúdo.

A partir desta distribuição granulométrica é possível classificar a areia como areia média, de acordo com os limites
presentes na norma ABNT NBR 7211:1993.

O módulo de finura do agregado miúdo influi na definição da quantidade de água e, portanto, na quantidade de cimento:
quanto menor o módulo de finura, ou quanto maior a superfície específica, tanto mais água será necessária e, portanto,
mais cimento para manter o fator água/cimento preestabelecido. A partir do módulo de finura, confirma-se a
classificação da areia em média, de acordo com a Tabela 5, sendo, pois, adequada na produção de concreto.

Tabela 5 – Classificação da areia com base no Módulo de Finura [5]

Classificação da Areia Módulo de Finura


Muito Fina de 1,35 a 2,25
Fina de 1,71 a 2,85
Média de 2,11 a 4,02

A Tabela 6 apresenta os resultados de caracterização física do agregado miúdo.

Tabela 6 – Caracterização física do agregado miúdo

Ensaio Valor Obtido


Massa Específica do Agregado Seco 2,42 g/cm³
(ABNT NBR NM 52: 2009)
Massa Específica do Agregado na Condição Saturado Superfície Seca 2,65 g/cm³
(ABNT NBR NM 52: 2009)
Massa Específica 2,67 g/cm³
(ABNT NBR NM 52: 2009)
Absorção (ABNT NBR NM 30: 2001) 0,4 %

Teor de Materiais Pulverulentos φ< 2,4 mm 0,61%


(ABNT NBR NM 46:2001) 4,8 mm >φ> 2,4 mm 1,30%
Equivalente de Areia 95,4%

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O valor obtido para o equivalente de areia foi de 95,40%, ou seja, 95,40% da amostra é composta por grãos de areia e o
restante por materiais pulverulentos. Os grãos de areia apresentam melhor desempenho quando submetidos a ações
mecânicas [7]. Logo, tem-se um agregado miúdo com boa propriedade de resistência mecânica.

3.2 Caracterização Química dos Materiais

A Tabela 7 apresenta os resultados obtidos a partir da análise química do resíduo oleoso. Os resultados evidenciam a
presença de um teor de 1,82% de óxido de potássio.

Tabela 7 - Composição química do resíduo oleoso

Componente Porcentagem (%)


SiO 2 (óxido de silício) 58,44
Al 2 O 3 (óxido de alumínio) 17,06
Fe 2 O 3 (óxido de ferro) 7,016
CaO (óxido de cálcio) 5,733
BaO (óxido de bário) 3,260
SO 3 (trióxido de enxofre) 2,525
MgO (óxido de magnésio) 2,239
K 2 O (óxido de potássio) 1,824
TiO 2 (óxido de titânio) 1,609
SrO (óxido de estrôncio) 0,119
MnO (óxido de manganês II) 0,107
ZrO 2 (óxido de zircônio) 0,035
ZnO (óxido de zinco) 0,026
Rb 2 O (óxido de rubídio) 0,007
C (carbono) 0,000

A Tabela 8 apresenta os resultados da análise química do cimento, obtidos por Souza [5]. Observa-se que o teor de
óxido de sódio é de 0,68%, enquanto que o teor de óxido de potássio é de 1,51%.

Tabela 8 – Análise Química do Cimento [5]

Componente Porcentagem (%)


Perda ao Fogo 4,80
SiO 2 (Dióxido de silício) 29,22
Al 2 O 3 (óxido de alumínio) 12,69
Fe 2 O 3 (óxido de ferro) 2,32
CaO (óxido de cálcio) 44,80
Na 2 O (óxido de sódio) 0,68
MgO (óxido de magnésio) 2,40
K 2 O (óxido de potássio) 1,51
Resíduo Insolúvel (RI) 0,58

Desta forma, tem-se um equivalente alcalino de 1,82% para o resíduo oleoso e 1,96% para o cimento, valores superiores
a 0,6%, estabelecido pela NBR 9773:1987 para o cimento. Desta forma, percebe-se que a quantidade de álcalis do
resíduo oleoso é similar à do cimento, o que implica que esta não influenciou de maneira significativa o aparecimento
ou intensificação da reação.

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3.3 Ensaios de Reatividade Potencial (Método das Barras de Argamassa)

• Areia

A partir das leituras feitas nas barras de argamassa, com a média das expansões de cada conjunto, foi possível traçar o
gráfico Expansão (%) versus Idade (Dias), ilustrado na Figura 4. A PEA – 167 indica que, para expansões médias
menores que 0,1% aos 16 dias de idade, o agregado tem comportamento inócuo.

No gráfico apresentado está representada a curva obtida no presente ensaio assim como a obtida por Souza [5], em seu
estudo. Através da comparação das curvas, é possível observar a influência do resíduo oleoso na reação analisada.
Pode-se notar que o comportamento das curvas é similar. A expansão obtida neste trabalho, aos 28 dias, foi de 0,07%,
enquanto que a obtida por Souza foi de 0,05%, o que representa um aumento na expansão de 40%. Apesar deste
aumento, nota-se que as expansões médias em todas as idades ficaram abaixo de 0,1 %, caracterizando a areia como
agregado inócuo. Este aumento é possivelmente devido à atuação do resíduo oleoso.

Figura 4 – Gráfico da expansão (%) versus a Idade (Dias) da amostra de areia.

4. CONCLUSÕES

A partir dos resultados obtidos, pode-se concluir que para todas as idades, as expansões nas barras analisadas ficaram
abaixo de 0,1%, caracterizando a areia como agregado inócuo; a adição do resíduo oleoso aumentou em 40% a reação
álcali-agregado na areia, em comparação ao resultado obtido por Souza [5]. Tal resultado sugere uma possível interação
entre os componentes da areia e do resíduo, que possibilitou uma intensificação da reação.

5. AGRADECIMENTOS

Ao Departamenro de Engenharia Civil – CTRN – UFCG pela oportunidade de realização da pesquisa de Iniciação
Científica.
Ao Professor Titular Dr. Milton Bezerra das Chagas Filho, pela orientação e apoio.
À Professora Dr. Ana Maria Gonçalves Duarte Mendonça, pelo suporte e amizade.
Aos meus amigos, que me ajudaram no desenvolvimento da pesquisa..

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6. REFERÊNCIAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT).

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1987.
______. Agregados – Agregado para Concreto._ NBR 7211. Rio de Janeiro. 1983.
______. Agregados – Determinação da composição granulométrica._ NM 248. Rio de Janeiro. 2003.
______. Agregados – Determinação do material fino que passa através da peneira 75μm, por lavagem._ NM 46. Rio de
Janeiro. 2001.
______. Agregado miúdo – Determinação da massa especifica e massa especifica aparente._ NM 52. Rio de Janeiro.
2009.
______. Agregado miúdo – Determinação da absorção de agua._ NM 30. Rio de Janeiro. 2001.
______. Cimento Portland – Cimento Portland Comum._NBR 5732. Rio de Janeiro. 1991.
______. Cimento Portland – Determinação da Finura por meio da peneira 75μm (nº 200)._ MB 3432. Rio de Janeiro.
1991.
_____. Cimento Portland e outros materias em pó – Determinação da massa específica._NM 23. Rio de Janeiro. 2001.
PEA – 167. Reatividade potencial álcali-agregado (Método das barras de argamassa) – LAME – Laboratório de
Materiais e Estruturas.

DEPARTAMENTO NACIONAL DE ESTRADAS DE RODAGEM (DNER).

______.Equivalente de areia._ME 054. Rio de Janeiro, 1997.

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econômico e ambiental”. Dissertação - Universidade Federal do Espírito Santo, 2003.
[2] LUCENA, A; RODRIGUES, J. K.; FERREIRA, H; LUCENA, L. C.; LUCENA, L. Caracterização Térmica de
Resíduos de Perfuração “Onshore”. 4º PDPETRO, 2007.
[3] CHAGAS FILHO, M. B. “Estudo de Agregados Lateríticos para Utilização em Concretos Estruturais”. Tese -
Universidade Federal de Campina Grande, 2005.
[4] HASPARYK, N. P. “Investigação de Concretos Afetados pela Reação Álcali-Agregado e Caracterização
Avançada do Gel Exsudado”. Tese. Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2005.
[5] SOUZA, J. F. “Estudo de durabilidade de concretos e argamassas através de RAA em agregados convencionais da
região de Campina Grande e alternativos em concreções lateríticas Sapé-PB e Jacumã-PB”. Dissertação –
Universidade Federal de Campina Grande, 2007.
[6] BAUER, L.A. Falcão. Materiais de Construção. LTC. 5ª Edição Revisada. Rio de Janeiro, 2011.
[7] CHAGAS, Rodrigo M. P. Estudo do Concreto Laterítico Dosado com Aditivo Plastificante à Base de
Lignosulfato. Dissertação – Universidade Federal de Campina Grande, 2011.

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