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CAÇADA AO ANOITECER

BF109 G14

Está anoitecendo, o motor do BF109 começa a girar, mostrando toda a


sua força. Simpatizo com esta versão. Não tem a agilidade da série F, mas
compença com sobra, em velocidade e poder de fogo.
Assim que o meu 109G14 decola, eu observo, a cerca de 4 km, a
existência de um combate. Podem ser vistos vários Bishops volteando com um
único spit Knight. Verifico o radar , e vejo que não há nenhum outro Knight por
perto. Portanto decido participar da caçada.
Ao me aproximar, verifico que há três Bishops já envolvidos na luta:
“321Bar” em um P-51, “neodad” em um Ki-84 e “wimple” em um Machi202 ou
205, não dá para precisar. Mas uma coisa está bem clara! Quem está dando as
cartas é o Spit.
Vejo perfeitamente “321Bar” ser derrubado enquanto “neodad” tenta
alvejar o oponente e “wimple” dispara uma rajada de mais de 600 metros na
esperança de desviar a atenção do bandido. Tudo em vão.
Logo “Syrax” em um P-38 “angus” em um Buffalo e “Eric11” em um
N1K1, se juntam a nós.
Agora somos seis contra um, e ninguém consegue acertar o sujeito. É
certo que seu motor foi atingido, pois deixa uma esteira de fumaça negra em
seu caminho. Mas não se entrega. Não foge, antes desvia, e para onde vira há
alvos, e ele atira.
É um Spitifire IX , voa a baixa velocidade, cento e cinqüenta a duzentas
milhas no máximo, e suas manobras não são bruscas, são suaves para poupar
energia. Deve estar com os Flaps abaixados, não dá para ver , mas se
pressente no modo de voar do avião. Acima de tudo, parece ter plena
consciência da sua situação, sabe a hora em que tem que virar, para onde virar
e como virar.
Nós erramos seguidamente nossos botes, vejo umas dez rajadas serem
desferidas no espaço, com os tiros se cruzando, sem porem acharem seu
destino. Erramos as passagens de tiro, e por mais velozes o ultrapassamos,
nos lançando loucamente no espaço para evitar o tiro vingador. Isto lhe dá
tempo, pois enquanto recuperamos nossa consciência situacional ele pode se
concentrar nos outros.
Por fim, após uns três minutos de uma luta encarniçada, alguém
consegue lançá-lo ao solo.
Sente-se no ar um certo acabrunhamento, um certo desconforto, como
se fossemos apenas figurantes e ele o ator principal.
Tomo o rumo 285, em direção à base inimiga situada uns quarenta
kilometros a leste. Sobrevôo o oceano, tendo à direita a linha da costa, e à
frente a Lua de um belo início de noite.

À minha esquerda, é possível ver um grupo-tarefa naval, se


dirigindo para o norte, enquanto o seu cruzador, dispara salvas de granadas de
8 polegadas em direção à base inimiga.
Após alguns minutos de vôo, em que penso como é possível o homem
criar uma paisagem tão magnífica em um mundo virtual, tenho minha atenção
despertada para um ícone vermelho que aparece a seis kilometros ao norte.
Aproxima-se rapidamente da minha proa à direita. É um Lavochin russo dos
Knights.
Travo toda minha atenção nele, e começamos a dança. Ele passa por
mim, e curva tentando pegar a minha seis a três Km de distância. Mas, eu não
colaboro, aponto minha asa direita para ele, depois volto minha proa em sua
direção. Estou a 3.000 pés de altitude e 300 milhas de velocidade. Meu
oponente está mais abaixo uns 1.000 pés e também volta-se para mim.
Ele dirige-se para minha esquerda, em direção à terra. Eu giro a minha
máquina para a esquerda e mergulho suavemente em sua direção, entrando
em sua seis. Disparo uma rajada, porém erro. Ele mergulha para a direita e
depois volta-se para a esquerda passando por baixo de mim. Eu sigo-lhe o
movimento porém mantenho a altitude, descendo com mais suavidade. Acabo
visando-o a 500 m cruzando a minha frente num alto grau de deflexão, em que
não me preocupo em gastar munição. Ele vira à direita e passa ao meu lado,
em sentido contrário.
Até agora já perdi duas oportunidades, e como no futebol, quem não faz
leva, é bom eu dar um jeito de acertar o pé logo.
Então subo em chandelle para a direita, e ele faz uma curva plana à
esquerda. Volto-me e ao efetuar um passe em mergulho ele sobe e passa
acima de mim. Decididamente ta difícil.
Nova chandelle minha seguida de ligeiro mergulho, ele persiste em
curva plana. Completamos um perfeito oito para quem vê de cima, cada um
completando um círculo. E como dois cavaleiros medievais nos cruzamos, sem
que porém nenhum chegue a disparar contra o outro.
Pela terceira vez repito a chandelle. Tentar uma curva plana em um 109,
com sua pesada carga alar é loucura. O meu amigo também persiste em
curvas planas e eu sinto que ele está gastando mais energia do que eu, é
possível ver pelo comportamento do avião o esforço do piloto em virar o mais
fechado que puder.

Mais desta vez eu percebo a oportunidade. Relaxo a curva, deixo a G


neutra e disparo uma rajada em seu caminho. Ao entrar no rumo dos meus
projéteis sua asa direita é atingida. Em desespero de causa ele derrapa para
direita para tentar me atingir, mais erra.
Subo novamente em uma chandelle para a direita, mas desta vez eu o
perdi de vista. Viro o avião de cabeça para baixo na tentativa de localizar meu
adversário. Uma voz no rádio diz “oduojraojojr BRAZOOOOKA”. BRAZUKA é
meu Nickname no jogo, e a voz parecia querer me avisar de alguma coisa. Mas
como não entendo nada de inglês....
Consigo ver o LA5 logo depois, tentando nova curva plana, mas desta
vez ele não consegue controlar o seu avião com a asa danificada, acabando
por se estatelar no solo.
“Very Good”, foi a resposta que ouvi no rádio. Olhando para cima vi
“Turner” 3.800 metros acima. Estava assistindo a festa de camarote, e nem se
deu ao trabalho de descer para dar uma ajudinha.
Após me recuperar da emoção do combate, verifiquei minhas
possibilidades. Meu avião não havia sido danificado, tinha bastante
combustível ainda e munição de sobra.
Resolvi seguir em direção à base inimiga, tomando a cautela de me
desviar da cidade dos knights, de onde partiam fogos de flak em minha direção.
Sobre a BA havia bastante atividade. Eram caças amistosos em busca
de bandidos, e bandidos tentando levantar vôo para nos dar combate.
Vislumbrei um spit à baixa altitude , junto à base de um morro,
manobrando como quem sabe que se encontra em uma posição muito
desconfortável.
Iniciei uma arremetida em sua direção, mais logo desisti, pois vi que o
piloto estava atento aos meus movimentos e o único modo de lhe dar combate
era descer ao seu nível e perder a minha vantagem em altitude, envolvendo-
me em um jogo de curvas a baixa altitude, em que meu avião não teria
condições de superar um spitfire.
Um zero se apresentou em meu nível, vindo em minha direção.
Enfrentei-o frente à frente, desferindo uma curta rajada de longa distância, logo
desviando-me para a esquerda. Com isso passamos lado a lado em sentidos
opostos. Não é uma boa idéia entrar em um dogfight com um zero, se você
está montado em um 109, principalmente se estiver em cima de um
aeródromo, com a flak te caçando. Passei por ele e nem olhei para trás, pois
sabia que não representava perigo para mim, desde que eu não lutasse em
suas condições.
Ultrapassando a base, vislumbrei, logo à minha frente, uma refrega em
que “neodad” perseguia um p-38. Neste momento o p-38 desviou-se
ligeiramente à esquerda, expondo as 5 horas para mim. Avancei sedento,
imaginando que esta presa era minha.
Tão grande era esta vontade, que não percebi quando ele iniciou um
loop, provavelmente uma manobra tentada pelo piloto ao notar a minha
aproximação. Na emoção do momento eu travei a vista no alvo e esqueci de
todo o resto, apenas pensando em colocar a mosca nele, não percebendo que
enquanto ele efetuava o loop, meu avião subia cada vez mais íngreme,
esgotando sua energia e velocidade.
No alto do loop e a menos de 50m do alvo, me vi sem energia,
praticamente em estol. Ainda tentei usar a pouca capacidade de manobra que
me restava para tentar acerta-lo com uma rajada. Ao ultrapassa-lo me vi como
um João Bobo, esperando a qualquer momento uma cacetada. Foi quando
olhando à direita vi que “neodad”, tinha dado cabo dele. Com o ícon apagado,
sinal que o avião não estava mais tripulado, e com as caudas duplas
arrancadas, observei a carcaça rodopiando em direção à praia.
Fiquei dando voltas, esperando aparecer alguma nova oportunidade. Foi
quando avistei voando ao nível da praia, a não mais de 50 pés, uma formação
de bombardeiros, que aparentemente tentava escapar despercebida e se
encaminhar para o mar. Mergulhei em direção a ela, entrando pela sua seis.
Enquanto me aproximava, observei que o trem de pouso dos
bombardeiros ainda não haviam sido recolhidos, e que estavam armados de
torpedos, que deveriam estar endereçadas ao GT naval que estava lascando a
lenha em sua base. Eram três Ki-67 voando talvez a umas 230 milhas.
Apontei para o avião central, e enquanto me aproximava fui disparando
rajadas curtas, tendo acertado pelo menos duas vezes.
De repente, surgindo à minha direita, vi o Ki-84 de “neodad” que se
juntava à refrega. Após disparar “neodad” prosseguiu para a esquerda
cruzando a minha frente, enquanto eu ultrapassava os bombardeiros pela
direita e subia em chandelle à esquerda.
O problema agora é que ao ultrapassar o alvo, perdi o contato visual. A
1500 pés, inclinei a asa esquerda a tempo de ver “neodad”, que após se
afastar pela esquerda, voltou a atacar, entrando às seis do avião que eu já
havia alvejado duas vezes.
Foi uma troca de tiros angustiante entre “neodad” e o artilheiro do KI-67,
até que este último incendiou-se e explodiu.
Estupidamente fiz uma volta completa em sentido anti-horário antes de
mergulhar para mais uma passagem. Isto permitiu que os dois bombardeiros
restantes ganhassem distância. “Neodad” após derrubar o KI-67 havia
novamente se afastado para a esquerda, para respirar, enquanto os artilheiros
tentavam atingi-lo.
Mergulhando atrás daqueles dois nipos, procurei dar o máximo de
potência ao motor, enquanto transformava 1500 pés em velocidade. Logo
estava fazendo 330 milhas, mas me aproximava muito lentamente, pois os KI-
67 também estavam dando tudo, e já deveriam estar nos 260.
Neste momento observei “neodad” aproximando-se novamente para
uma passagem por trás.
Eu estava a uns 1500 metros atrás e à direita, em uma rota paralela, me
aproximando lentamente, sem ter muito o que fazer, além de assistir ao duelo.
Imaginei a angústia do artilheiro, enquanto tentava desesperadamente assestar
a mosca naquele FRANK, que não lhe saia do encalso.
Trocaram tiros, vi quando começou a fumegar o motor direito do KI líder,
e logo depois do KI-84 de “neodad”. Ele saiu novamente para a esquerda,
deixando um rastro de fumo.

Agora era minha vez, aproveitei a distração do momento para me


aproximar mais. E enquanto me aproximava, via o oponente crescendo em
minha mira refletora.
Abri fogo, mais ou menos ao mesmo tempo que o adversário me
tomava por alvo.
Atingi-o, e de novo, e de novo. Por três vezes eu o acertei, começando
pela asa esquerda, de onde gasolina vaporizada já vazava, passando pela
fuzelagem, cauda e asa direita.
Pude observar que o motor direito estava parado, e ao atingir esta asa
ela se desprendeu, fazendo que o avião girasse para a direita e mergulhasse
no mar.
Olhei para traz, observando que “neodad” que estava uns mil metros
atrás de mim, agora se aproximava do avião restante, que eu tinha
ultrapassado, para tentar um novo ataque. Era a sua quarta passagem, sendo
que agora estava com o motor danificado, e com o cúpula do cockpit coberta
de óleo, o que lhe prejudicava a visão exterior, prejudicando logicamente a
pontaria. Junte-se a isto, o fato que o motor após ser atingido, continua
funcionando apenas mais alguns minutos. Portanto ele deveria estar voltando
para a base se não quiser mergulhar no mar.
Subindo para 2000 pés e virando a esquerda, passei a ser um
observador assistindo de camarote o entrevero.
Mas, após uma troca de tiros em que ninguém atingiu ninguém, vi
novamente “neodad” curvar à esquerda, enquanto seu adversário passava por
baixo de mim.
Eu não cometeria o mesmo erro novamente. Rolei o avião para a direita,
deixando-o cair com a asa direita para baixo, enquanto puxava a curva. O KI-
67, atirou em minha direção a 800 metros de distância e com 90º de ângulo,
como se me chama-se para o pau.

Fui quente atrás dele, em uma perseguição atrasada. Após ultrapassar o


seu caminho percorrido, rolei para a esquerda, recuperando o impulso até ver
tudo preto. Atravessando-lhe novamente o caminho, voltei-me novamente à
direita, estando agora logo atrás do bombardeiro.
Abri fogo com vontade, sem dó, pra falar a verdade, mastiguei ele. Sua
asa estava esburacada, e vazando combustível, o leme arrancado, as posições
dos artilheiros destruídas. Mas não o derrubei.
A 40 metros de distância ele inclinou-se lindamente para a esquerda,
enquanto eu o ultrapassava, e voltou-se na direção da sua base. Como se lá
esteve-se a sua salvação.
Por três segundos eu esitei, observando aquele belo avião.
Há de se admirar na coragem daquele piloto. Ele não se entregava.
Voltei-me e fui atrás dele, e enquanto recuperava o terreno perdido, fiz
uma verificação no meu municiamento. Ainda dispunha de 9 cartuchos de 20
mm e 148 cartuchos de 13 mm. Menos de 1 segundo de tiro de canhão, e
pouco mais de 5 segundos de metralhadora. Não dava para errar, tinha que
caprichar na pontaria.
Aproximando-me por traz do alvo, verifiquei que não havia mais fogo
defensivo, ele se limitava a correr em linha reta o mais rapidamente possível
em direção à sua base, na esperança, talvez, que algum caça dos knights
viesse em seu socorro.
Acionei o Zoom. Apontei a mosca para logo abaixo da asa esquerda, na
altura do vazamento de gasolina. Fui subindo cuidadosamente com o dedo no
gatilho. No exato instante que ia disparar, uma sombra apareceu enorme no
meu visor. Era “neodad”, que surgira não sei de onde, se interpondo entre eu e
o alvo. Com o susto eu desviei a mira instantaneamente para a direita, ao
mesmo tempo que, ato reflexo, apertava o gatilho, vendo a rajada se perder
abaixo da ponta da asa direita do Knight.
O bombardeiro estava a 160 metros a minha frente, “neodad” a 40
metros. Me releguei a observar o ato final.

Ouvi claramente o som dos tiros lentos do canhão HO-5 do KI-84, mas
não consegui observar as traçantes, apenas o inpacto dos projéteis
exatamente onde eu estava mirando anteriormente, seguido do surgimento de
uma língua de chamas. Segundos depois ele explodiu.
Após me despedir de meu colega, com uma acenar de asas, verifiquei a
condição de meu combustível. Dava para voar por mais quatro minutos.
Portanto tomei o caminho direto para minha base, e baixei a potência para o
mínimo, torcendo para não topar com nenhum inimigo pelo caminho.
No caminho de volta sobrevoei o GT naval, o que me deu uma certa
segurança, pois enquanto estivesse ao alcance de sua antiaéria pesada,
ninguém mexeria comigo.
Ao longe, a uns três quilômetros, podia observar “neodad”, que parecia
estar perdendo altitude. Mais tarde ao verificar o filme do combate, pude ver
que ele fez uma amerrissagem próximo aos nossos navios, com certeza devido
aos danos no motor.
Pousei na base após 21 minutos de missão, com menos de 1 minuto de
combustível.
A missão é boa quando você decola, faz o bom combate, e leva o seu
avião de volta.

Ass. Sgt. Av. BRAZUKA


“BRAZUKA” e “neodad”

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