Você está na página 1de 13

Alternativa ao Setor Calçadista –

Elementos para uma Política de Reconversão Industrial.

Luiz Gilberto Monclaro Mury


Doutorando em Estudos Estratégicos Internacionais
PPGEEI – UFRGS
lgmury@gmail.com
09/2011

Resumo

A redução do mercado americano a partir de 2001 representou um duro golpe para as empresas
calçadistas brasileiras. Em que pese as iniciativas tanto do Governo quanto de alguns empresários para
diversificar produtos e mercados, várias empresas que atuavam na exportação para os EUA fecharam,
migraram a produção para outros países, direcionaram-se para o mercado interno ou iniciaram
importação, reduzindo empregos e a importância da cadeia produtiva local. Apresentando elementos para
uma política governamental voltada às empresas que não lograram êxito na reestruturação, o objetivo
deste artigo está em discutir alternativas que evitem o impacto social negativo da redução da atividade
industrial e, deste modo, que estas empresas retomem a atividade exportadora, mesmo que em setor
distinto do original.

Palavras-chave

Exportação, Calçados, Reconversão Industrial.

Summary

The reduction of the U.S. market from 2001 was a blow to the Brazilian footwear companies. Despite the
initiatives of both government and some businessmen to diversify products and markets, several
companies that worked in the export to the U.S. closed, moved production to other countries, focused on
the domestic market or began importing, reducing jobs and importance of the local production chain.
Featuring elements of a government policy aimed at companies that were unsuccessful in restructuring,
the objective of this paper is to discuss alternatives that avoid the negative social impact of reduced
industrial activity and, therefore, that these companies restart the export activity, even in a sector distinct
from the original.

Keywords

Exports, Shoes, Industrial Conversion.

1. Introdução

Este ensaio está dividido em três seções. Na primeira serão apresentados conceitos sobre estruturas de
mercado, intervenção do Estado nos preços, competências individuais, competências organizacionais das
firmas, o papel do governo no fomento às empresas e políticas de reconversão industrial. Na segunda
seção estes conceitos serão aplicados ao setor exportador de calçados brasileiro, sendo a terceira seção
reservada para as conclusões.

1
1.1. Breve introdução a conceitos da teoria Microeconômica

O ponto de partida para a Microeconomia é o estudo do mercado, pois é nele que se organizam e
interagem duas forças antagônicas e dependentes: oferta e demanda. O resultado desta interação – o preço
de uma mercadoria – pode ser influenciado pelas estruturas de mercado, pela existência de bens
substitutos, pela essencialidade da mercadoria, dentre outros fatores.
Ao grau de impacto destas variáveis no preço de equilíbrio denominamos elasticidade-preço, que
representa a sensibilidade/grau de resposta da demanda frente a alterações ocorridas no preço. Quando a
variação na quantidade adquirida é maior do que a variação no preço de um produto, temos uma demanda
elástica; inversamente, quando a variação na quantidade adquirida é menor do que a variação no preço,
temos uma demanda inelástica.

Pelo lado da Oferta as estruturas de mercado dividem-se em:

Concorrência Concorrência Oligopólio Monopólio


Perfeita Monopolística
No de produtores Muitos Vários Poucos Um
Idênticos ou
Produtos Idênticos Diferenciados -
diferenciados
Visão da definição de Determinador de Determinador de Determinador de
Tomador de preço
preço preço preço preço
Barreiras à entrada ou
Não Não Sim Sim
à saída de produtores
Tabela 1 – Resumo das estruturas de mercado pelo lado da oferta.
Fonte: Hall e Libermann (2003)

Pelo lado da Demanda1 as estruturas de mercado dividem-se em:

Concorrência Perfeita Oligopsônio Monopsônio


Número de
Muitos Poucos Um
compradores
Visão da definição de
Tomador de preço Determinador de preço Determinador de preço
preço
Tabela 2 – Resumo das estruturas de mercado pelo lado da demanda por fatores de produção.
Fonte: Elaboração própria

O objetivo dos compradores é atingir as estruturas de Oligopsônio ou Monopsônio, pois nestes


casos determinam os preços de compra (Tabela 2). Já em relação à oferta, os compradores tentarão
estruturar os produtores em Concorrência Perfeita, ampliando o número de fábricas para que as mesmas
não determinem preço e ofertem produtos idênticos2 (Tabela 1). Os produtores, para contornar esta
situação de dependência, devem diferenciar seus produtos e diversificar mercados, evitando assim
restringirem-se a poucos compradores - Oligopsônio ou Monopsônio.
Quanto mais substitutos ou fornecedores possuir um bem, mais elástica será sua demanda,
enfraquecendo a posição negocial do produtor. Analogamente, caso a demanda seja inelástica devido à
inexistência de bens substitutos (diferenciação, por exemplo) ou devido a restrições de oferta, aumentos
de preços tenderão a ser aceitos pelos compradores.

1
Demanda por fatores de produção, i. e. adquirem insumos (calçados, matéria-prima) que serão posteriormente revendidos
ou farão parte do seu processo produtivo.
2
O que resulta em uma oferta elástica.
2
1.2. Intervenção do Estado nos Preços

O Estado pode intervir de três formas nos preços: (i) estabelecendo preços mínimos ou máximos,
(ii) criando imposto ad valorem3 ou (iii) subsídio. O estudo aqui proposto visa analisar somente o impacto
da aplicação de subsídio ao preço de uma mercadoria, medida esta que possui função semelhante à
incidência de um imposto, porém negativo. O preço líquido recebido pelo fabricante excede o preço pago
pelo comprador, porém a dimensão deste benefício depende, segundo Pindyck (2006), das elasticidades
de oferta e de demanda.

Dado um preço inicial Po e Quantidade Qo, a introdução


de um subsídio eleva a quantidade adquirida pelo
comprador para Q1.
Já em relação ao preço pago pelo comprador ou
recebido pelo fabricante, este depende da força negocial
de cada um. No exemplo ao lado houve benefícios para
ambos os lados. Enquanto o preço recebido pelo
fabricante elevou-se para Ps, o preço pago pelo
comprador reduziu-se para Pv. A diferença - S – é o
subsídio concedido pelo Estado.

Fig 1 – Impacto de um subsídio para fabricantes e compradores


Fonte: Pindyck (2006)

Se a demanda for inelástica em relação à oferta o subsídio tende a permanecer em grande parte
com os produtores, pois estes sabem que os compradores irão adquirir o produto independentemente de
melhoria no preço. Por outro lado, se a demanda for elástica em relação à oferta o benefício tende a ser
transferido para o comprador, pois sempre haverá fabricante disposto a reduzir seu preço até praticamente
todo o valor do subsídio recebido.
Diante desta situação, a estratégia adotada por compradores em situação de oligopsônio ou
monopsônio é a de ampliar as possibilidades de oferta através de práticas de Global Sourcing4,
transformando em elásticas as suas demandas e conseguindo assim capturar eventuais benefícios obtidos
de maneira exógena pelos produtores - como desvalorizações cambiais ou subsídios.

1.3. O Papel da Empresa

A batalha por mercados para produtos com valor agregado demonstra a necessidade de um novo
paradigma para compreender como vantagem competitiva é obtida e mantida. Dalum et alli (2010)
afirmam que as capacidades de uma firma residem não somente no seu maquinário e nos seus
funcionários, mas também e, principalmente, na sua capacidade organizacional de transformar inputs em
outputs.
Observa-se que as empresas podem acumular valiosas tecnologias, porém isso não faz delas
competitivas (TEECE, 1994). Além das necessidades tecnológicas das firmas, diversos autores passam a
enfocar as demandas por capacitação das mesmas, tanto no âmbito da organização quanto individual.

3
Expressão em latim que significa “conforme o valor”. No cálculo de um imposto, é calculado como um % do valor de uma
mercadoria. Não se trata de uma quantia fixa, mas dependente do valor que está sendo tributado. Quando o tributo cobrado
é uma quantia fixa, o mesmo é denominado tributo específico.
4
Global Sourcing: Abastecimento global. Possibilidades de fornecimento são avaliadas em nível mundial.
3
A aprendizagem organizacional tem sido vista como a busca para manter e desenvolver
competitividade, produtividade e inovação em condições tecnológicas e de mercado incertas. O conceito
de aprendizagem organizacional tem sido explorado de diversas formas pelos pesquisadores; enquanto
alguns estudam as maneiras pelas quais as organizações mudam ou deixam de mudar, outros propõem ou
implementam abordagens para criar a mudança (ANTONELLO, 2005).
Prahalad e Hamel propõem o conceito de Core Competence5, que designa as competências
estratégicas únicas e distintivas de uma organização, conferindo uma vantagem competitiva chave de
diferenciação frente aos concorrentes. Ruas (2005), analisando a conceituação acima, observa que na
prática poucas empresas atingem resultado tão extraordinário; por essa razão propõe classificar as
competências organizacionais em três níveis de competitividade:

Fig 4 – Classificação de competências organizacionais em diferentes níveis de competitividade.


Fonte: Ruas, 2005

Paul (2000) aborda a necessidade das empresas de desenvolver um Global Mindset6 corporativo e
gerencial. Este conceito refere-se a como uma empresa enxerga o mundo, reage a oportunidades, ameaças
e como estas novas situações impactam em suas ações. Avançando neste conceito, Sarfati (2007) propõe a
criação de uma Política Externa Corporativa da empresa - PEC, objetivando assim monitorar o ambiente
externo às mesmas. Através do monitoramento de riscos e oportunidades pode-se direcionar recursos para
produtos/mercados previamente analisados e com maiores chances de sucesso.

1.4. O Papel do Governo

Segundo Chang (2003), opositores a políticas industriais como Bhagwati, argumentam que os
países mais avançados se encaminham para tornar economias pós-industriais, nas quais o centro da vida
econômica seriam os serviços, e não a indústria. Por essa razão, políticas que favoreçam a manufatura
bloqueariam o mecanismo natural de seleção de mercado. Chang contra argumenta que a produtividade
tende a crescer pouco tanto em serviços quanto na agricultura, sendo necessário, portanto, que o país
invista na produtividade do setor industrial caso deseje manter seu nível de renda. Para ele a questão não é
discutir se política industrial deve ou não ser aplicada (porque esta realmente funciona), mas sim como
pode ser efetiva. Sua proposta é definir política industrial como uma política dirigida a alguns setores,
5
Core Competence: Competência Nuclear da empresa: Para ser considerado como um Core Competence é necessário
atender a um dos três tipos de requisitos:
. Proporcionar o acesso a uma ampla variedade de mercados;
. Contribuir de forma significativa para o produto final;
. Ser de difícil imitação pelos concorrentes.
6
Mentalidade global
4
visando alcançar resultados que são percebidos pelo Estado como eficientes para a economia do país
como um todo. Considerando que haveria apenas alguns setores eleitos, este conceito seria melhor
definido como uma Política Industrial Seletiva, a ser aplicada por um período específico, do contrário as
indústrias infantes nunca crescerão ou permanecerão “enfermas”.
Outros pesquisadores também apontam para a necessidade dos Estados intervirem nos mercados.
Segundo Easterly (apud Cohen e Rogers, 2003), a chave para o crescimento econômico é a mudança
tecnológica, e não a acumulação de capital (devido aos rendimentos decrescentes). Assim, para que esta
mudança ocorra deve haver:
(i) Políticas Públicas que troquem armadilhas de pobreza por geradores de riqueza
autossustentados. Ao Estado cabe estabilizar o ambiente macroeconômico, prover
infraestrutura logística e serviços públicos básicos. Papel mais importante, porém, está na
remuneração antecipada de atividades necessárias ao futuro desenvolvimento econômico:
subsídio à pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias, renúncia fiscal para
investimentos produtivos e atração de investimentos diretos externos.
(ii) Instituições políticas que sejam fortes, transparentes e que prestem contas à sociedade7. Ser
capaz de fazer as escolhas corretas, contudo, requer um grau de democratização não presente
no governo de vários países, que correm o risco de serem capturados por interesses privados.
(iii) Novas tecnologias, pois na difusão destas ocorre o transbordamento8 para outras firmas,
incrementando a produtividade geral. Também a combinação correta de capacidades é
relevante, pois quando há interdependência entre os setores da economia ocorre a difusão de
conhecimento e necessidades de educação complementares.

Rodrick (2004) afirma que o modelo correto de política industrial não é aquele em que o
governo autonomamente aplica taxas a empresas causadoras de externalidades negativas9 ou concede
subsídios, mas o que atua em parceria estratégica com o setor privado visando remover obstáculos
relevantes à atividade econômica. Kupfer (2003), por sua vez, afirma que desenvolvimento
econômico não é somente crescimento do nível de produto, mas sim crescimento com mudança
estrutural. Para que este ocorra, políticas públicas adequadas devem ser implementadas, pois do
contrário podem ocorrer processos de modernização baseados em simplificação de produtos e
outsourcing de insumos, fusões e aquisições visando somente redução de custos e excessiva
dependência de multinacionais, que normalmente subcontratam processos, reduzindo-se os efeitos de
incentivos criados pelo regime competitivo local. Na concepção de Kupfer, dentre as políticas a serem
implementadas na área industrial está a de modernização de empresas e reestruturação de cadeias
produtivas visando a formação de redes de cooperação tecnológica e aumento da eficiência das
relações verticais.

1.5. Políticas de Reestruturação Industrial

Uma análise das políticas de governo para a reestruturação industrial nos países da OCDE indica uma
mudança de ênfase a partir da década de 1980. Anteriormente aplicava-se uma política convencional,
baseada em:
(i) Incentivos fiscais para investimento. Utilizados para promover o desenvolvimento regional em
todos os países da OCDE, embora na prática fosse mais aplicada na Europa do que nos EUA. O
objetivo era canalizar investimentos para regiões que precisavam de assistência externa para
reacender a atividade econômica. Embora as opiniões divirjam sobre o real impacto econômico no
desenvolvimento regional, a maioria dos analistas acredita que, para ser eficaz e atraente para
investidores de fora, as zonas devem ser concentrados em um número pequeno de regiões.

7
Accountability
8
Efeito spill over
9
Pigovian Tax
5
(ii) Auxílio direto para o investimento produtivo. Os países da OCDE sempre favoreceram a
assistência financeira para investimentos produtivos como um instrumento de política regional e
industrial. Na verdade, a política tornou-se genericamente aplicável, pois as assistências regionais
não eram mais seletivas o suficiente para orientar as empresas para zonas com graves problemas
econômicos, já que o auxilio para investimento industrial era concedido em qualquer área.
(iii) Gastos com infraestrutura. Responsáveis pela maior parte dos orçamentos dos governos da OCDE
para política de fomento. Concentra-se em programas de transporte, comunicações, acesso a novas
fontes de energia e programas ambientais. Aqui, novamente, os efeitos econômicos são difíceis de
avaliar, pois a justificativa para os gastos de infraestrutura dependem de fatores como o
afastamento das regiões e seu apelo econômico. Um exemplo da aplicação incorreta desta política
pode ser observado nos projetos de infraestrutura entre 1960 e 1980 financiados por fundos
europeus: acima de 80% destes estavam localizados no centro da Europa, região já detentora da
melhor infraestrutura.
Visando corrigir estas distorções foram modificadas as políticas de fomento para apoiar mais
seletivamente a atividade econômica, com medidas para alocação específica de recursos e para
diversificar e renovar o tecido industrial de determinadas regiões. Como exemplo, a Comissão Europeia
propôs que para regiões tradicionalmente industriais somente 13 % do financiamento comunitário devesse
ser aplicado em infraestrutura básica, contra 87 % para a atividade produtiva, desenvolvimento local e
melhoria das competências empresariais. Na maioria dos países da OCDE foram então incluídas mais
duas novas categorias dentro de políticas regionais e de desenvolvimento local: Infraestrutura voltada à
atividade produtiva – parques comerciais e incubadoras, por exemplo, e Infraestrutura básica.
Apesar de não contestar a importância das políticas convencionais, representantes da OCDE
apontaram a importância de dois novos instrumentos:
(i) Políticas de fomento à inovação, que se tornaram uma prioridade para os países altamente
industrializados dada as conexões entre ciência/tecnologia e a atividade produtiva;
(ii) Instrumentos de apoio financeiro às PME e às empresas que estão sendo reestruturadas.
Financiamento para criação de empresas inovadoras ou modernização das empresas em
reestruturação é uma esfera ainda mais fundamental de política regional nos países da OCDE, pois acesso
a fundos (especialmente capital inicial e capital de risco) pode ser um problema considerável para
pequenas empresas ou empresas tradicionais que necessitem reestruturação. Formas convencionais de
assistência financeira (garantias do governo, taxa de juros reduzidas) não são mais suficientes e novos
regimes de financiamento público / privado têm sido executados com êxito em várias regiões que
reestruturam suas economias. Como exemplos dentre países da OCDE podem ser citados: Sociedades
anônimas de capital de investimento regional (como o Société Régionale d'Investissement de Wallonie -
SRIW - na Bélgica); Programas para financiar empreendimentos industriais e de prestação de serviços de
consultoria em inovação, tais como as empresas de desenvolvimento empresarial dos EUA e centros
regionais de tecnologia no Reino Unido e companhia regional de desenvolvimento da Província de
Limburg – LIOF.
Em 2008 o secretário de Estado britânico para Negócios, Empreendimentos e Reforma de
Regulamentações, Lord Mandelson, definiu políticas públicas de "ativismo industrial" como segue:

(i) Não se trata de sustentar empresas falidas nem proteger a indústria contra concorrência
internacional, pois no longo prazo a competição é benéfica;
(ii) Significa ser pragmático sobre a capacidade dos mercados em permitir que empresas e
pessoas tenham sucesso em uma economia global e em rápida mutação. A Política deve ser
ativa no sentido de reconhecer que o governo pode e deve10 complementar a dinâmica do
mercado para obter os melhores resultados para a sociedade e economia do país;
(iii) Ativismo industrial é formado não apenas por aquilo que é convencionalmente rotulado de
política industrial, mas por todas as políticas do governo - a regulação, a política de
planejamento, política de migração, a política de transportes e uma série de outros -, bem

10
Grifo nosso
6
como a forma que o governo gasta dinheiro e incentiva a inovação e empreendedorismo. O
ponto central sobre a política industrial é a forma como ele se alinha com sucesso com
todas estas políticas visando resultados industriais.
(iv) Olhar estrategicamente para cada setor na economia, e não somente aplicar políticas top-
down decorrentes de apadrinhamento político. Avaliar como a política horizontal pode
garantir o máximo de benefícios em todos os setores e reforçar pontos fortes em particular.
(v) Engajamento em fóruns globais e instituições multilaterais, e garantindo que as empresas
estejam explorando mercados abertos.

2. O Setor calçadista brasileiro

Segundo dados do Ministério do Trabalho11, em 2009 o Brasil contava com mais de 13.000
empresas fabricantes de calçados, as quais empregavam cerca de 330 mil trabalhadores e um volume
exportado da ordem de quase US$ 2 bilhões de dólares em 2007. Estes dados apontam para a importância
do setor e para a necessidade de estudos visando amenizar impactos decorrentes da globalização.

2.1. As exportações brasileiras de calçados e o mercado importador americano

O capítulo 64 - Calçados e suas partes - sempre foi representativo na pauta de exportações


brasileiras, tendo alcançado cerca de 3% das exportações totais no ano 2000. As vendas, entretanto,
concentravam-se no mercado americano, que absorvia 70% dos calçados prontos exportados.

Fig 2 – Principais destinos do calçado brasileiro entre 2001 e 2010


Fonte: AliceWeb

A cadeia de fornecimento de calçados de baixo custo, majoritariamente exportado pelo Brasil para
os EUA, estrutura-se com poucos e grandes importadores. Este Oligopsônio, apesar de concentrar suas
compras na China, busca oportunidades de fornecimento em nível mundial. Por esta razão durante a
década de 2000, enquanto a taxa do dólar ascendia no Brasil as compras eram mantidas e,
consequentemente, o benefício era parcialmente capturado na negociação de preços. Conforme dados do
Sistema ALICEWeb12, o preço médio do calçado NCM 6403.90.00 exportado para os Estados Unidos foi
de US$ 12,68 em julho de 2001, reduzindo-se a US$ 9,15 em novembro de 2002 (queda de 28%).

11
CNAE 2.0 - Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE 2.0). Código 15.3 - Fabricação de calçados
12
ALICEWeb: Análise das Informações de Comércio Exterior do Brasil na Internet
7
Devido à tendência de valorização da moeda brasileira os importadores americanos adotaram as
seguintes estratégias de Global Sourcing durante a década passada:
(i) Transferência das compras de calçados femininos básicos (principal produto brasileiro) para a
China;
(ii) Compras do Vietnam aumentaram onze vezes;
(iii) Países como República Dominicana e El Salvador, devido ao Acordo de Livre Comércio com os
Estados Unidos – CAFTA13, ampliaram consideravelmente seu volume exportado.
Por concorrer diretamente com a China, o Brasil foi o país que teve a maior queda em valores exportados;
Top 10 P a í se s % em % em
2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2 0 10 US $ 2 0 10
Exporta dore s 2001 2 0 10
China 100 104,7 108,2 116,7 130,6 142,5 144,5 147,2 134,5 162,0 64,9% 76,4% 16.449.388

Vietnam 100 170,9 248,9 361,1 548,3 737,8 787,8 917,4 965,7 1.228,2 0,9% 8,0% 1.722.378

Italia 100 93,9 98,4 98,6 89,8 87,9 94,8 89,0 60,5 70,4 8,3% 4,2% 914.958
Indonesia 100 100,2 79,0 67,7 71,2 64,5 52,1 55,3 59,0 79,6 5,0% 2,9% 617.677

Bra sil 10 0 94,4 9 1, 5 94,1 89,1 78,1 65,9 44,0 32,7 30,9 7,7% 1, 7 % 370.872

Mexico 100 89,4 93,9 80,2 81,0 88,2 79,7 81,4 84,4 109,4 1,6% 1,3% 277.256

India 100 94,4 109,9 126,7 143,4 159,7 165,9 195,4 162,6 180,7 0,7% 0,9% 188.468

Rep. Dominicana 100 87,1 80,9 96,9 113,1 136,2 136,3 157,7 143,5 187,2 0,5% 0,7% 147.704

Tailandia 100 88,1 90,1 91,0 94,3 92,7 82,3 76,4 47,4 40,3 2,1% 0,6% 135.422

Espanha 100 98,2 85,4 81,3 69,5 72,2 76,3 61,6 38,6 42,0 1,8% 0,6% 120.084
Tota l 10 0 10 1, 3 10 2 , 8 10 9 , 2 118 , 6 12 6 , 8 12 8 , 1 12 8 , 6 114 , 5 13 7 , 7 2 1. 5 3 0 . 9 7 7
Tabela 3 – Evolução das importações de calçados pelos Estados Unidos. 2001 – base 100.
Fonte: ITC – International Institute Centre

Entre as razões para o aumento das compras para o Vietnam está a evolução da taxa de câmbio no
período. Na figura abaixo se observa que, enquanto a taxa de câmbio no Brasil oscilou fortemente entre
2001 e 2010, encerrando o período com uma redução de 25% comparativamente a 2001, no Vietnam o
dólar valorizou-se 30% frente à moeda local no mesmo período.

Fig 3 – Evolução das taxas de câmbio. 2001 – base 100


Fonte: http://www.oanda.com/lang/pt/currency/historical-rates/

13
CAFTA – Central America Free Trade Agreement: Acordo de Livre Comércio entre países da América Central e os Estados
Unidos.
8
Observa-se que tanto a Itália quanto o Brasil (em menor proporção) lograram elevar os preços de
seus produtos em US$ no período. A estratégia italiana, de buscar nichos mais elevados mesmo à custa de
redução das quantidades vendidas, não significou necessariamente queda proporcional no faturamento,
dada a forte elevação nos preços; o Brasil, no entanto, ao buscar um reposicionamento no mercado
americano sofreu grande queda no volume exportado. Algumas empresas brasileiras que se mantiveram
ativas, no entanto, lograram atuar em segmentos superiores, onde o calçado chinês ainda não está
presente. Ainda que na média o preço do calçado brasileiro não tenha evoluído entre 2001 e 2010, o
principal produto exportado pelo Brasil14 teve seu preço médio elevado de US$11,07 para US$20,69/par.
A título de comparação, no mesmo período o principal calçado italiano15 elevou seu preço de US$40,45
para US$133,26, enquanto o principal calçado vietnamita de US$ 13,90 para US$ 14,05. A tabela a seguir
apresenta a evolução da quantidade exportada e preço médio dos seguintes países: Brasil, China, Itália e
Vietnam com destino aos Estados Unidos.

QUANTIDADE PREÇO MÉDIO


BRASIL CHINA ITALIA VIETNAM BRASIL CHINA ITALIA VIETNAM
2001 97.063.985 1.325.667.698 48.177.018 8.310.423 11,88 7,23 25,89 15,91
2002 102.371.474 1.434.762.841 43.399.197 17.499.855 10,58 7,02 27,09 12,84
2003 104.355.597 1.466.326.550 40.022.237 30.287.697 10,02 7,07 30,89 10,81
2004 98.695.566 1.577.840.119 34.075.313 43.661.675 10,94 7,06 36,49 10,86
2005 79.567.887 1.677.051.788 26.927.120 63.863.024 12,85 7,45 41,91 11,29
2006 67.232.164 1.739.823.109 24.747.773 85.957.657 13,42 7,85 44,63 11,16
2007 51.916.553 1.689.050.617 23.408.302 90.192.360 14,70 8,21 50,78 11,54
2008 37.727.751 1.566.502.763 20.246.423 99.280.988 13,52 9,04 55,25 12,21
2009 30.250.725 1.402.378.135 13.189.093 103.027.231 12,56 9,31 57,89 12,51
2010 30.880.905 1.581.231.937 14.761.805 120.930.739 11,60 9,85 59,90 13,42
Fig 4 – Número de pares por ano e preço médio de todos os calçados exportados
Fonte: https://www.usatradeonline.gov

2.2. O setor calçadista exportador brasileiro.

Segundo Susin et alli, a indústria calçadista é normalmente qualificada como tradicional e baseada
em tecnologias simples enquanto o processo de manufatura. Entretanto, se forem consideradas as
atividades de design, marketing e gestão do processo global, essa indústria pode alcançar altos níveis de
sofisticação.
No setor de calçados brasileiro, diante da perda de capacidade exportadora, pode-se observar em
algumas empresas a aplicação dos três tipos de competências definidos por Ruas (2005):
(i) Sobrevivência: Abandono da atividade exportadora, transferência da produção para locais no
Brasil onde a mão de obra é mais barata, importação de calçados para venda no mercado
interno.
(ii) Diferenciadoras: Desenvolvimento de coleção própria, diversificação de mercados no exterior,
etc... Em 2011 o Brasil conta com mais de 20 expositores com stand próprio na feira GDS16
em Düsseldorf, Alemanha.
(iii) Excepcionais: Distribuição própria através de redes de franquias e lojas no exterior.
Aproveitamento de oportunidades no exterior, como a implantação de fábricas na América
Central devido ao acordo de Livre Comércio CAFTAi. Visão antecipada da futura hegemonia
da China na produção de calçados de baixo custo. Com percepção bastante anterior aos

14
Código da aduana americana HTS 6403.99.9065 - Calçados femininos com sola exterior de borracha ou de plástico e parte
superior de couro: avaliadas em mais de $ 2.50/par.
15
Código da aduana americana HTS 6403.59.9045 - Outros calçados femininos com sola exterior de couro natural e parte
superior de couro que não cobre o tornozelo.
16
GDS – Feira Internacional para Calçados e Acessórios.
9
demais, a Paramount17 transferiu sua produção para a China já no início da década de 90,
movimento seguido posteriormente por várias empresas.

Nem todas as empresas calçadistas, no entanto, obtiveram êxito na readequação de suas indústrias.
Várias fábricas estruturadas para atender basicamente aos importadores americanos - grandes volumes e
poucos modelos - tiveram dificuldades para encontrar um novo nicho de mercado e encerraram as
atividades. Lall (1995) afirma que o principal problema de política industrial na maioria dos países em
desenvolvimento não é a criação de novas indústrias, mas a reestruturação das atuais. Como grande parte
dos empreendedores do ramo calçadista não possui um Global Mindset nem desenvolve a Política
Externa Corporativa para sua empresa, cabe ao Estado auxiliar no processo de reconversão destas
empresas, pois assim não ocorre perda da capacidade exportadora e mantém-se o nível de emprego na
indústria.
Conforme apontado por Kupfer, dentre os problemas resultantes da falta de políticas industriais
adequadas estão processos de modernização baseados em simplificação de produtos e outsourcing de
insumos. No caso do setor de calçados brasileiro isso pode ser observado pelo aumento de mais de
1.000% na importação de componentes (posição 6406) entre os anos de 2001 e 2010 (Fonte Aliceweb).
Diante desta constatação faz sentido observar a Política Industrial Europeia denominada Fostering
structural change: an industrial policy for an enlarged Europe18 publicada no site da UE em 2004:

…The Commission aims to make EU industrial activity more visible in key sectors by involving interested parties, thus
highlighting the added value of industrial policy at European level19.

Ou seja, o objetivo está em adicionar valor aos produtos internamente, ampliando a densidade das cadeias
produtivas em nível local.
Pianto e Chang, na publicação de 2006 do IPEA – As Empresas Brasileiras e o Comércio
Internacional, afirmam que para se obterem medidas eficazes, a estratégia nacional de exportação não
deve centrar os esforços unicamente nos fatores externos para a obtenção de resultados; deve também
estar integrada à política econômica do país, tratando de solucionar questões internas que impeçam a base
exportadora de expandir a competitividade comercial. A estratégia deve ser coerente e realista,
promovendo a entrada de novas empresas na exportação, estimulando a inserção de novos setores na
exportação e aumentando o valor agregado.
Conforme Herrlein (2011) em 2003, já sob o governo de Lula foram lançadas as diretrizes de uma
nova Política Industrial, Tecnológica de Comércio Exterior (PITCE), que orientaram a ação do Estado até
2008. Posteriormente o país lançou o PDP – Plano de Desenvolvimento Produtivo entre 2008 e 2010, que
reuniu 21 setores (incluindo couro e calçados) segundo três estratégias distintas e buscando alcançar
quatro macrometas: Ampliação do investimento fixo, Elevação do gasto privado em P&D, Ampliação das
Exportações e Dinamização das micro e pequenas empresas.

17
Visão de competência excepcional pela ótica do empresário.
18
Acompanhando as mudanças estruturais: Uma política industrial para a Europa ampliada.
19
A Comissão pretende reforçar a visibilidade da atividade industrial da UE através de sectores-chave e envolvendo as partes
interessadas, destacando assim o valor agregado da política industrial dentro da União Europeia.
10
Fig 5 – PDP – Classificação dos Setores contemplados pela Política
Fonte: www.mdic.gov.br/pdp/

Também atuando neste segmento, a agência de promoção de exportações brasileira – APEX -


apoia 79 setores da economia por meio de projetos realizados em parceria com as principais entidades do
país. Outras ações visando fomentar as exportações brasileiras merecem destaque, como o PEIEX, projeto
de capacitação para empresas com potencial de exportação. O objetivo é incrementar a competitividade e
promover a cultura exportadora nas empresas de micro, pequeno e médio porte, qualificando e ampliando
os mercados das indústrias iniciantes em comércio exterior.
Além da APEX, as Federações da Indústria dos Estados, o Ministério das Relações Exteriores,
entre outros órgãos oferecem apoio às empresas que desejem exportar. Entretanto, setores em dificuldade
podem vir a necessitar de uma política mais ampla, que abarque não somente prospecção de novos
mercados ou melhoria de produtos, mas também a possibilidade de mudança para uma atividade
completamente nova.
Já na década de 80 os países da OCDE aplicavam políticas de reconversão industrial que não se
limitavam a incentivos fiscais, mas também apoio para reestruturação das empresas. No caso brasileiro,
medidas recentes como a desoneração da folha de pagamento para empresas exportadoras, como o Plano
Brasil Maior20, são importantes para auxiliar na competitividade do calçado brasileiro. Entretanto, dado o
modelo de inserção internacional adotado por muitas empresas, eventuais benefícios concedidos pelo
governo correm o risco de serem capturados pelo importador, gerando externalidades positivas no destino
e não na origem, que é o foco da política.
Conforme apontado anteriormente, o Estado brasileiro já apoia diversas empresas calçadistas em
suas atividades no exterior. Falta, no entanto, desenvolver uma política de reestruturação voltada às
empresas que, por razões organizacionais ou de perfil do seu empreendedor, optaram por reduzir sua
atividade exportadora. Apesar de várias empresas terem fechado as portas ou transferido sua produção, o
setor ainda possui mão de obra treinada, que sabe produzir em larga escala e atender requisitos
internacionais de qualidade. Com o suporte do Estado novas cadeias produtivas e exportadoras podem ser
desenvolvidas, logrando assim manter o nível de emprego e a geração de divisas.

20 Dentre os quatro setores inicialmente contemplados com o benefício está o calçadista.


11
3. Conclusão

O objetivo deste ensaio foi destacar a necessidade de ampliação do papel do Estado no auxilio a
setores que estejam em dificuldades decorrente da globalização. Além das tradicionais políticas públicas
de apoio à internacionalização de empresas, cabe ao setor público identificar setores industriais em
dificuldades e propor sua reconversão, objetivando assim manter o nível de emprego na indústria e a
participação dos produtos manufaturados nas exportações brasileiras.
Em que pese o discurso retórico do livre mercado e não intervenção estatal na economia, Políticas
de reconversão industrial já são empregadas pelos países desenvolvidos a várias décadas, e se reflete bem
no recente documento estratégico do Governo do Reino Unido (Nova Indústria Novos Empregos), no
qual se afirma: "Temos que começar a ver Política Industrial e nossas forças competitivas de forma mais
ampla, estratégica. O que o governo faz - ou não faz - quando taxa, regula, compra bens e serviços ou
atua na economia molda as condições que as empresas britânicas e os seus funcionários desenvolvem e
aproveitam suas vantagens competitivas. Isto significa que efetivar a renovação econômica e industrial da
Grã-Bretanha uma tarefa não apenas do Departamento de Negócios, mas de todos os Departamentos do
Governo." (HM Treasury, Abril de 2009).
O setor aqui analisado foi o de calçados, grande empregador de mão de obra e economicamente
relevante para diversas regiões do país. Uma análise na evolução da pauta das exportações brasileiras dos
últimos anos, no entanto, irá apontar outras industrias, como móveis e confecções, que também
apresentam inserção internacional através de cadeias comandadas pelos compradores, sofreram processo
semelhante e também necessitam de políticas públicas focadas para sua reestruturação e nova inserção na
economia global.

Bibliografia

ALICEweb – Análise das Informações de Comércio Exterior. Site Institucional. Disponível em:
http://aliceweb.mdic.gov.br, acessado em 04/9/2011.

APEX – Agência Brasileira de Promoção de Exportação e Investimento. Site Institucional. Disponível


em: http://www.apexbrasil.com.br, acessado em 11/9/2011.

BANCO CENTRAL DO BRASIL. Site Institucional. Disponível em: www.bcb.gov.br, acessado em


04/9/2011.

CHANG, H. (2003) Globalisation, Economic Development and the Role of the State. Zed. Books,
London.

COHEN, ROGERS (2003). Globalização, Crescimento e Pobreza. Econômica, v. 5, n. 2, p. 331 – 341.


Rio de Janeiro.

DALUM, JOHNSON E LUNDVALL (2010). National Systems of innovation – toward a Theory of


Innovation and Interactive Learning. Anthem Press.

ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DE CADEIAS INTEGRADAS NO BRASIL: Impactos das zonas


de livre comércio, Cadeia: Couro-Calçados, UNICAMP, 2002.

HALL, R. e LIEBERMANN, M. (2003). Microeconomia: princípios e aplicações. São Paulo: Pioneira


Thomson Learning.

HERRLEIN, R. (2011). Estado Democrático e Desenvolvimento no Brasil Contemporâneo : um ensaio de


Economia Política. Porto Alegre : UFRGS/FCE/DECON.

12
IPEA (2006). As Empresas Brasileiras e o Comércio Internacional. NEGRI e ARAÚJO, organizadores.
Disponível em: http://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/livros/
as_empresas_brasileiras_e_o_comercio_internacional.pdf . Acessado em 8/9/2011

KUPFER. D. (2003). Política Industrial. Econômica, v. 5, n. 2, p. 281-298, Rio de Janeiro.

LALL, S. (1995). The Creation of Comparative Advantadge: The role of Industrial Policy. EDI
Development Studies, World Bank, Washington, D.C.

MINISTÉRIO DA FAZENDA. Site Institucional. Disponível em: www.fazenda.gov.br


resenhaeletronica/MostraMateria.asp?cod=379944, acessado em 04/9/2011

_______ Disponível em: www.fazenda.gov.br/resenhaeletronica/MostraMateria.asp?page=&cod=594178,


acessado em 04/09/2011.

OCDE. Regional Industrial Reestructuring: Report on the Maastrich Seminar, Paris 1993. Disponível em:
www.oecd.org/officialdocuments/publicdisplaydocumentpdf/ Acessado em 02/9/2011.

_______ Responding to the Economic Crisis: Fostering Industrial Restructuring and Renewal. Disponível
em: http://www.oecd.org/dataoecd/58/35/43387209.pdf. Acessado em 7/9/2011.

PINDYCK, R. e RUBINFELD, D. (2006). Microeconomia. São Paulo: Pearson Prentice Hall.

PAUL, H. (2000), Creating a global mindset. Thunderbird International Business Review.

RODRICK, D. (2004). Industrial Policy for the twenty-first century. Disponível em


http://www.cepr.org/pubs/dps/DP4767.asp, acessado em 07/9/2011.

RUAS, R. ANTONELLO, C. BOFF, L (2005). Os novos horizontes da gestão: Aprendizagem


Organizacional e Competências. Porto Alegre: Bookman.

SARFATI, G, (2007). Manual de Diplomacia Corporativa, 1a. ed, Ed ATLAS.

SUSIN, GONÇALO, SOUZA. (2007) Capacidade Estratégica de uma Empresa Calçadista no Brasil: o
caso Olympikus. Revista de Ciências da Administração, v. 9 n. 18, p. 105-122.

TEECE, D e PISANO, G. (1994). The Dinamic Capabilities of Firms: an Introduction.

UNIÃO EUROPEIA. Site Institucional. Disponível em http://europa.eu/legislation_summaries/


employment_and_social_policy/job_creation_measures/n26103_en.htm. Acessado em 8/9/2011

13

Você também pode gostar