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APRENDIZAGEM DE MAKI-E

Nessa época, o Fundador interessou-se pelo maki-e, tipo refinado de artesanato,


característico do Japão e tradicional desde o Período Nara (710–794). Pensando em,
futuramente, oferecer suas peças na loja que pretendia adquirir, começou a aprender
essa técnica com um artesão da vizinhança.
Maki-e é um tipo de artesanato em laca. Passam-se várias demãos de laca na
madeira e, depois, faz-se um esboço do desenho também com laca. Antes que seque,
espalha-se ouro, prata, estanho ou outros metais em pó, ou então, polvilha-se a madeira
com pigmentos vermelhos ou brancos, ou com um pozinho colorido, descrevendo com
eles desenhos ou figuras. Daí o nome maki-e, que significa “desenho polvilhado”.
Com o passar do tempo, o Fundador foi conseguindo executar todo o processo
sozinho, desde o esboço até o acabamento do objeto, chegando a assimilar a técnica a
ponto de fazer tabakobon1 e braseiros. Justamente nessa época, participou de uma
exposição de belas-artes em Ueno, e suas obras tiveram muito boa aceitação, sendo
todas vendidas. Encorajado por esse fato, o Fundador dedicou-se ainda mais ao maki-e.
Mais tarde, quando passou a administrar a loja de miudezas Korin-do, começou a
colocar à venda trabalhos seus, além de outros produtos.
O Fundador não tinha nenhum amigo especialmente próximo, mas dava-se
muito bem com o pai e com o irmão. Kisaburo amava as belas-artes desde jovem e
também tinha um conhecimento razoável do assunto; por isso, ninguém melhor do que
ele para entender a aspiração do filho à carreira artística. Com Takejiro, às vezes, o
Fundador tinha sérias discussões, mas eles tinham uma boa relação, e saíam juntos
frequentemente.
Embora a saúde do Fundador não estivesse completamente restabelecida, havia
muita alegria em sua casa. Graças ao fato de viver em um ambiente tão cheio de amor
e calor humano, mesmo que adoecesse seguidamente e passasse por seguidas
desilusões, sempre conseguia erguer-se e vislumbrar um novo futuro.
Aprendizagem de maki-e, Luz do Oriente, V.1, 4ª ed, p. 142 a 144 – TRECHOS

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1Tabakobon: espécie de bandeja para cachimbo.
ESCOLA PARTICULAR DO TIPO TERAKOYA

Em janeiro de 1889, com a idade de seis anos, o Fundador entrou na Escola


Primária Básica Nisshin, situada no bairro de Sanya. Ao que parece, nessa época, o
Fundador passara para o segundo ano. No certificado de aprovação datado da
primavera de 1890, consta: “Certificamos a conclusão do segundo ano.” Com a data de
16 de setembro do ano anterior, existe igualmente um Diploma de Honra ao Mérito, em
que está escrito: “Honramos seu esforço nos estudos e a excelência de sua caligrafia a
pincel.” Por esse motivo, supõe-se que a aprovação do Fundador para o segundo ano
tenha sido em caráter excepcional, em decorrência de seu excelente aproveitamento.
Embora a educação escolar obrigatória já estivesse em vigor pela Lei das Escolas
Primárias, a população ainda não dava muita importância aos estudos. Além do mais,
faltava poder coercitivo para se fazer cumprir a lei. No papel, o sistema fora organizado
rapidamente; mas, em se tratando dos primórdios da educação moderna, as condições
e o nível de compreensão do povo sobre a necessidade desse sistema não
acompanhavam tal rapidez. Em meio a essa tendência geral, presume-se que houve um
cuidado extraordinário por parte dos pais do Fundador no sentido de o colocarem na
escola primária, sendo ele o segundo filho 1. A mensalidade da Escola Primária Básica
Nisshin oscilava entre 25 e 50 sen2. Considerando, por exemplo, que o preço de um prato
de macarrão era 1 sen, e que 1,5 quilograma de arroz custava 5 sen e 4 rin, vemos que
essa mensalidade era bastante considerável.
Talvez por sentir, no amor de seus pais, a expectativa que estes depositavam em
sua pessoa, o Fundador esforçava-se bastante nos estudos. Todos os dias fazia um
percurso de vinte minutos, por uma estrada de terra, de sua casa em Hashiba até a
escola.
TRANSFERÊNCIA PARA UMA ESCOLA DE PRESTÍGIO
Em novembro de 1891, a família mudou-se novamente, desta vez para o bairro
de Senzoku. Com isso, ele transferiu-se para a Escola Primária Asakusa.
O Fundador estudou nessa escola durante quatro anos e meio, até o término do
curso, em março de 1896. Seu aproveitamento sempre foi excelente. Na época, era
costume a Comissão de Ensino premiar os alunos que apresentavam tal desempenho
durante o ano letivo. No final do ano, eles recebiam um “Diploma de Honra ao Mérito”,
entregue pelo administrador do bairro.
O fato de continuar com aproveitamento excelente em uma escola famosa,
apesar de lhe terem “adiantado” um ano no Curso Básico, mostra a inteligência do
Fundador. Todavia, como diz um provérbio, “os céus não concedem duas dádivas a uma
só pessoa”, ele continuava com a saúde frágil que lhe marcara a infância. A respeito
dessa época, o Fundador escreveu:
“Até os 12 ou 13 anos, eu era uma criança fraca e doentia, e vivia tomando
remédios. Consegui terminar o curso primário com muito sacrifício e, apesar de minha
pouca idade, sentia inveja quando via crianças saudáveis. Mesmo assim, era curioso
como eu conseguia bom aproveitamento na escola; sempre estava em primeiro ou
segundo lugar, nunca ficando abaixo disso.”

Escola Particular do tipo Terakoya, Luz do Oriente, V.1, 4ª ed, p. 109 a 111 e 111 a 116
– TRECHOS

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1Na época, era costume que apenas o filho mais velho estudasse.
2Sen e rin: antiga moeda japonesa.
LINHAGEM FAMILIAR
A – O BISAVÔ
Quando o Fundador nasceu, a família Okada vivia em extrema pobreza. Contudo,
até o início do Período Meiji, a família vinha administrando, por várias gerações, uma
casa de penhores chamada Musashi-ya, situada no bairro de Sanya, perto de Hashiba, e
gozava de excelente situação financeira, possuindo mais de trinta casas alugadas.
Naquela época, o chefe da família Okada era Kizaemon, bisavô do Fundador.
Com a morte de Kizaemon, que era o grande sustentáculo, como ficou a Loja
Musashi-ya? Obviamente, ficou sobre os ombros dos demais familiares. Para Yasu, que
não estava habituada ao comércio, e para Kisaburo, que havia sido criado como filho de
família rica, era um fardo muito pesado administrar a casa de penhores, a qual exigia
olhos aguçados para uma boa avaliação dos objetos. Então, eles tomaram o gerente da
loja como conselheiro. A situação da época era conturbada, e não foi possível deter a
velocidade da queda, que já havia começado. Como o gerente era um homem muito
bondoso, foi enganado inúmeras vezes por pessoas mal-intencionadas, e o grande
patrimônio da Musashi-ya começou a diminuir gradativamente.
Em 1871, quando completou 20 anos, Kisaburo casou-se com Tori,
C- OS PAIS
Apesar da pobreza, Kisaburo tinha uma vida correta, não perdendo a gentileza
que lhe era característica. Tori também não reclamava de nada e, sempre calma, dava
conta do serviço. Toda vez que alguém lhe mandava algo embrulhado em um pano, ela
o devolvia só depois de lavado e passado.
Consta que, anos mais tarde, o Fundador comentou: “Não me lembro de ter sido
repreendido por meu pai.” Por esses pequenos fatos, pode-se avaliar a personalidade
de seus genitores. O esforço feito por Tori, costurando as roupas dos familiares até tarde
da noite, ficou muito conhecido na família

Linhagem familiar – O bisavô, Luz do Oriente, V.1, 6ª ed, p. 92 a 100 , TRECHOS


O ALVORECER DE UM NOVO TEMPO

Graças às condições favoráveis dessa área, Asakusa foi progredindo


gradativamente, durante o Período Edo. Lá, se reunia um grande número de
comerciantes e profissionais, produzindo-se muitos gêneros de consumo, entre os quais
roupas, artigos de couro e sandálias de primeira qualidade; isso, aliado à transferência
dos teatros cabúqui para Asakusa, fez com que o local se tornasse o centro recreativo e
cultural de Edo. Além do mais, a região por onde corria o Rio Sumida era tida como
abençoada por sua aprazível paisagem. Por tudo isso, Asakusa passou a usufruir de
muita fama na sociedade.
Sobreveio, então, uma época de mudanças em relação a essa crescente
prosperidade. O novo governo, para equiparar-se às potências europeias, apressou o
processo de ocidentalização, modernizando a política de industrialização em todas as
regiões. As duas margens do Rio Sumida não foram exceções. Aproveitando as boas
condições de transporte fluvial, foram construídas siderúrgicas estatais, bem como
fábricas de tijolos, de têxteis, de sabão, de fósforo, de borracha. Os empregados
mudaram-se para lá, e os comerciantes também começaram a estabelecer-se aí. Assim,
Asakusa passou a ter uma nova fase de crescimento, bem diferente do Período Edo:
agora como um distrito de Tóquio.
Entretanto, a prosperidade desses locais movimentados não foi resultante da
felicidade do povo. Assim como em todo o país, em que grande número de pessoas vivia
miseravelmente e sem alternativas, começaram a se espalhar, à sombra da alegria do
Parque de Asakusa, fileiras de casas cujos moradores trabalhavam dia após dia, sem
saber se teriam o que comer no dia seguinte.
Mokiti Okada, o fundador da Igreja Messiânica Mundial, veio ao mundo no bairro
de Hashiba, situado em Asakusa, às margens do Rio Sumida, no dia 23 de dezembro de
1882. Eram os primórdios do Japão contemporâneo, época em que a imagem da nação
ideal – embora com inúmeras contradições –, ia configurando-se a passos firmes e sendo
delineada em todo o país.
Curiosamente, 23 de dezembro corresponde ao dia seguinte do solstício de
inverno no Hemisfério Norte, dia em que o período noturno é o mais longo do ano. O
dia 23 é a data em que o período diurno pouco a pouco volta a estender-se. Realmente,
é o primeiro dia em que [no Hemisfério Norte] começamos a ficar mais voltados para o
Sol novamente.
Por esse motivo, tanto no Ocidente como no Oriente, existia a crença de festejar
o solstício de inverno como sinal de respeito à luz do Sol, origem da vida, como o
momento em que a luz ressurge e todas as coisas renascem. Um bom exemplo disso é
que a data do nascimento de Jesus Cristo apontada pela história não corresponde à data
verdadeira; foi modificada para as proximidades do dia do solstício de inverno,
tornando-se Natal para os cristãos. Sendo assim, o fundador de nossa Igreja veio a este
mundo no misterioso dia que simboliza o alvorecer do ano. É um incontestável fato
histórico e não se assemelha ao calendário cristão, cujo conteúdo foi modificado pela
fé. Isso faz com que se torne muito maior o “mistério” relacionado ao seu nascimento.

O alvorecer de um novo tempo – A nova era, Luz do Oriente, V.1, 4ª ed, p.77 a 83 -
TRECHOS
UNIDADE DEUS-HOMEM

Desde os tempos antigos, há a expressão “unidade Deus-Homem”. Todavia, eu


creio que até hoje não houve nenhum ser humano nessa condição. De fato, os três
grandes homens santos – Buda Sakyamuni, Jesus Cristo e Maomé –, eram vistos como
em unidade com Deus. Na verdade, eles eram portadores da Vontade Divina. Em termos
mais claros, eram representantes de Deus. No fundo, as pessoas não sabiam distinguir
a atuação da unidade Deus-Homem da atuação dos representantes de Deus.
Os representantes de Deus agem através de possessão divina ou seguindo as
determinações Divinas. Por esse motivo, sempre rezam a Deus ou a Buda e pedem Sua
proteção. Eu, porém, não faço nada disso. Como os fiéis sabem, nem fico orando a Deus
nem Lhe peço orientação. Basta-me agir de acordo com minha vontade, o que torna
tudo muito fácil. Visto que poderão estranhar o que estou dizendo, por ser algo inédito,
explanarei apenas os pontos mais importantes.
Como sempre digo, há uma bola de luz em meu ventre: trata-se da alma do
Supremo Deus. Por conseguinte, Ele próprio maneja livremente meus atos, minhas
palavras, tudo. Ou seja: em mim não há distinção entre Deus e o ser humano. Esta é a
verdadeira união do ser humano com Deus. Como o Deus que habita o meu ser é o mais
elevado, não existindo nenhum deus superior a este, não faz sentido reverenciar outras
divindades. A melhor prova são os milagres manifestados diariamente pelos fiéis. Ora,
se esses constantes milagres são superiores aos de Jesus Cristo, então os meus
discípulos não são inferiores a ele. Através desse único fato, é possível imaginar o status
da minha divindade.
Acrescente-se que todos os homens santos existentes até agora previram a
concretização de um mundo paradisíaco, mas não disseram que eles próprios seriam os
construtores desse mundo. Isto porque seu status divino não era tão elevado nem sua
força, suficiente. Pelo que já foi exposto, eu afirmo que construirei o Paraíso Terrestre,
um mundo sem doença, pobreza e conflito. Daqui para a frente, realizarei inúmeras
obras surpreendentes, nunca vistas até agora, e gostaria que as observassem com muita
atenção, pois serão inconcebíveis pela força humana. 7 de maio de 1952

Unidade Deus-homem, Alicerce do Paraíso, V.1, 6ª ed, p.190


MEISHU-SAMA ERA ASSIM

Nós devemos reverenciar Meishu-Sama não só como um ser de caráter Divino,


mas porque ele trilhou seu caminho com fervor e convicção, dedicando-se de corpo e
alma à Obra Divina. Por isso, busquemos trilhar nosso caminho, tendo-o como exemplo.
Com o passar dos anos, como nosso respeito por ele vai aumentando, tendemos
a sacralizá-lo, conferindo-lhe a imagem de uma pessoa inacessível. Todavia, se o
fizermos, Meishu-Sama deixará de ser quem é e nós não mais conseguiremos senti-lo
tão próximo. Obviamente, sua espiritualidade era única e não podemos nos equiparar a
ele. Seu caminho, porém, não teve início através de revelações Divinas. Desde muito
cedo, como qualquer outra pessoa, ele se deparou com as dificuldades da vida, como a
pobreza e a doença. Lutou contra as frustrações e os fracassos, passou por diversas
alegrias, sofrimentos, enfrentou várias amarguras para, finalmente, descobrir sua
missão de salvar a humanidade. Neste fato reside a grandiosidade de Meishu-Sama e
também a nossa felicidade.

(Sem desperdiçar um minuto sequer, Reminiscências sobre Meishu-Sama, V.1, 3ª ed,


p.65-67)
AQUILO QUE APRENDI COM MEU PAI, MEISHU-SAMA

Meu pai tinha por princípio deixar os filhos agir livremente. Entretanto, sabíamos
que ele possuía um caloroso sentimento paternal mesmo que não o expressasse por
meio de palavras. Desde criança, sempre fui muito sensível e, por isso, logo percebia
esse sentimento. Ele jamais procurava impor sua autoridade paterna e respeitava nossa
opinião, dizendo: “ As crianças têm sua própria maneira de pensar.”

Certa ocasião, eu queria uma pipa e, por diversas vezes, pedi-lhe que a
comprasse. Todavia, não houve meios de convencê-lo. Senti-me realmente frustrado.
Então, eu mesmo cortei o bambu, colei o papel e fiz a pipa.

(Aquilo que aprendi com meu pai, Meishu-Sama, Reminiscência sobre Meishu-Sama,
V.3, 3ª ed, p.157 e 158)
MUITO OBRIGADO, ESTAVA UMA DELÍCIA

Uma vez, fui a Hakone levar truta para Meishu-Sama, que apreciava muito este
tipo de peixe. Por solicitação sua, fui conduzido a uma sala do Shinzan-So.

Momentos depois, Meishu-Sama entrou rapidamente e apenas disse: “ Muito


obrigado. Estava uma delícia” – e se retirou.

Apesar do seu cotidiano atarefado, ele dispôs do seu precioso tempo para
agradecer-me pessoalmente. Esse espírito de levar em consideração o amor das pessoas
contido nas pequeninas coisas era uma característica de Meishu-Sama.

Nunca senti tanto, como naquela ocasião, a importância de perceber o amor das
pessoas.

(Muito obrigado, estava uma delícia, Reminiscências sobre Meishu-Sama, V.5, 3ª ed,
p.36)
NO ANO-NOVO, MEISHU-SAMA, INFALIVELMENTE, EMPINAVA PIPA

Meishu-Sama e Nidai-Sama sempre passavam os primeiros dias do ano em


companhia de toda a família. O casal, como que retornando ao espírito infantil, brincava
com os filhos.

Com a proximidade do final do ano, costumávamos ir a Guinza comprar pipa e


linha, pois Meishu-Sama gostava muito de soltá-la nessa ocasião e era hábil nisso. Até
nos dias se semana, para relaxar durante as horas de folga, soltava pipa com os filhos.

Como o jardim da residência de Shofu-So não era amplo, e as árvores, frondosas,


Meishu-Sama soltava pipa do primeiro andar da casa e, às vezes, subia no telhado. Nós
o acompanhávamos e, realmente, ele a manejava com destreza, de acordo com a
mudança da direção do vento. Quando a pipa subia, ele dava gritos de alegria
juntamente com Nidai-Sama e os filhos, mostrando grande satisfação.

(No ano-novo, Meishu-Sama, infalivelmente, empinava pipa, Reminiscências sobre


Meishu-Sama, V.3, 3ª ed, p.175-176)

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