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DOUTRINA DO PARAMÉDICO MILITAR

NO SÉCULO XXI
Prof. Dr. Eder Ricardo Biasoli

O Prof Biasoli pertence ao quadro docente da Faculdade de portava arma e sua formação e treinamento
Odontologia da Universidade Estadual Paulista Julio de Mesquita eram idealizados e realizados por médicos e
Filho – UNESP / Campus de Araçatuba. Foi enfermeiros com experiência no atendimento
residente de cirurgia buco-maxilo-facial
do Hospital do Câncer A.C.Camargo,
a ferido em área dominada.
em São Paulo. É mestre e doutor em Esse modelo de formação do paramédi-
cirurgia e traumatologia buco-maxilo- co militar se manteve praticamente inalte-
facial, livre-docente em estomatologia, rado até a Guerra do Golfo, entre agosto de
professor adjunto, Vice-Diretor da 1990 e fevereiro de 1991, e a missão Unified
Faculdade de Odontologia, Diretor de
Task Force (UNITAF), criada pelo Conselho de
Fomento à Pesquisa e Diretor Presidente
da Fundação para o Desenvolvimento, Segurança da Organização das Nações Unidas
tudo da UNESP. É Membro da Special (ONU), em abril de 1992, como missão de paz
Operations Medical Association - SOMA e baseada em Mogadíscio na Somália, denomi-
instrutor de Law Enforcement First Response e Tactical Combat nada de Operação Serpente Gótica. Em 1996 é
Casualty Care (biazolla@gmail.com). publicado o projeto Tactical Combat Casualty
Care (TCCC) pelo Comando Especial de Guerra
“Nós soldados do Corpo de Saúde, Naval (Naval Special Warfare Command) e o
sem temermos o rugido da metralha. Comando de Operações Especiais dos Estados
Aos heróis que tombam na vanguarda, Unidos (U.S. Special Operations Command)
lhes levamos o socorro na batalha.” [1] com diretrizes para conduta do trauma no
campo de batalha com adição de táticas de
A participação de paramédicos junto combate para o paramédico militar. Desde
a grupos de combate (GC) foi concretizada então essas diretrizes foram absorvidas pelo
durante a Segunda Guerra Mundial, Departamento de Defesa Norte-Americano
notadamente pelo exército norte-americano e, atualmente, o comitê que propõe atuali-
com o objetivo de atuar dentro da chamada zação no protocolo de atendimento do TCCC
“golden hour”, “golden time” ou “hora de (CoTCCC) está subordinado ao Comando de
ouro”, termo criado por Adams Cowley Operações Especiais dos Estados Unidos (U.S.
(1917-1991). Para atender o mais rápido Special Operations Command - USSOCOM).
possível os feridos em combate, naquela Paralelamente a esse movimento oficial
época, os paramédicos acompanhavam os GC de mudança da doutrina militar norte-ame-
durante patrulhas ou tomadas de assalto a ricana na área médica, se destaca a Special
posições inimigas. Na ocorrência de feridos, Operations Medical Association (SOMA).
o paramédico se deslocava até a vítima para Fundada em 1987, é uma associação especia-
prestar os primeiros socorros e garantir uma lizada formada por militares médicos, dentis-
possibilidade de sobreviver. Comumente tas, veterinários e paramédicos norte-ameri-
nos confrontos ocorriam mais de um ferido, canos, diretamente voltada para a formação e
fazendo com que o paramédico se deslocasse treinamento de Forças Especiais e Operações
entre um e outro durante o confronto. Esses Especiais Médicas e do socorrista combatente.
deslocamentos contavam apenas com a sorte, Sua missão é contribuir para a arte e a ciên-
não sendo raro também se tornar mais uma cia na área de operações especiais médicas por
baixa. Os soldados do Corpo de Saúde tinham meio do desenvolvimento profissional e edu-
identificações exageradas, cruz vermelha cacional. Atualmente, congrega civis, bombei-
sobre fundo branco, estampadas tanto ros e policiais fornecendo espaço para discus-
no capacete quanto na manga da gandola são, evolução, proposição de novos métodos e
tornando-os um alvo visível. Somado a meios de pesquisa, visando à redução de mor-
esses fatores relevantes, o paramédico não te em ambientes hostis.

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Fonte: http://www.traumamonkeys.com/homeblab/
O paramédico deve prestar os primeiros socorros ao ferido dentro da “hora de ouro”.

Após estudos e pesquisas foram Assim, a formação do paramédico militar


implementadas mudanças radicais na deixa de seguir o protocolo do Advanced
formação atual do socorrista militar, Trauma Life Support (ATLS) e adota o
tornando-o mais eficiente. Essa mudança protocolo do Tactical Combat Casualty Care
alterou o clássico modelo na formação do (TCCC) publicado no Prehospital Trauma Life
paramédico militar, até então padronizada Support (PHTLS). Dessa maneira, a formação
no modelo civil, principalmente quanto do paramédico militar passa a ser mais lógica
ao modelo de atendimento desprezando e, consequentemente, seu resultado supera
cobertura e procedimentos táticos básicos muito aos anteriores.
durante o confronto. Além desse fato, como Esse novo método ativou pesquisas de
descrito anteriormente, o paramédico militar novos materiais e equipamentos médicos e
era treinado nos padrões civis, dessa forma o veterinários específicos para utilização no
protocolo utilizado era baseado no Advanced campo de batalha. A indústria de equipamen-
Trauma Life Support (ATLS). Atualmente, a to e materiais médicos desenvolvem apare-
ação do socorrista militar está alicerçada no lhos portáteis e materiais contendo torni-
atendimento ao ferido na área quente, no quetes, substâncias hemostáticas, expansor
momento do confronto, e acrescenta técnicas de volume, bandagens embaladas a vácuo,
e táticas de combate na sua formação, como curativo oclusivo, talas flexíveis, agulha de
treinamentos de assalto e defesa, atuação em descompressão torácica, embalagens hidró-
regime de ausência de luz, lidar com ferimentos fobas e de fácil e rápida aplicação reduzindo
múltiplos, equipamentos limitados no campo o tempo no atendimento ao soldado ferido.
de combate, risco de causar mais vítimas Os aparelhos portáteis visam mais aos hos-
durante o atendimento, conhecimento de pitais de campanha e às viaturas de trans-
manobras táticas, tempo maior para chegar porte especializado, fornecendo ao ferido
ao hospital de campanha e grupos de combate o suporte mais efetivo, como doações e
com diferentes treinamento e experiência. transfusões sanguíneas imediatas, envio de

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dados clínicos a um médico no hospital de no Afeganistão e no Iraque. As estatísticas
campanha, orientação em tempo real ao en- mais conhecidas são as norte-americanas,
fermeiro, o procedimento e medicação ne- pois nos outros países não há descrição na
cessária ao ferido durante o deslocamento, literatura sobre suas experiências com esse
realização de procedimentos para manter a protocolo. As descrições na literatura nor-
via aérea, entre outros. te-americana evidenciam que o protocolo
Seguindo as mudanças na formação dos de TC3 proporcionou aos seus soldados o
paramédicos militares, a nova atribuição menor índice de morte em combate de toda
dos mesmos fez com que sua identificação sua história militar, com índices decrescen-
no uniforme também sofresse adaptações tes de 19,1% na Segunda Guerra Mundial,
no sentido de camuflá-los. Antigamente 15,8% na Guerra do Vietnam e 9,4% no
o paramédico militar era facilmente iden- Afeganistão e Iraque, Operation Enduring
tificado pelo emprego da clássica cruz, de Freedom Afghanistan (OEFA) e Operation
cor vermelha sobre fundo branco, tanto no Iraq Freedom (OIF), respectivamente.
capacete quanto na manga da gandola que Eastridge et al, em 2012, observou que as
o expunha demasiadamente em permeio à mortes de soldados norte-americanos em
movimentação dos combate decorrentes
membros do GC, tor- Na ocorrência de de hemorragia de ex-
nando-o alvo fácil e
um elemento que ge-
feridos, o paramédico se tremidade atingiram
os índices de 7,4% na
ralmente denunciava deslocava até a vítima Guerra no Vietnã e
a presença de solda- para prestar os primeiros de 7,8% nos primei-
dos na área. Assim, a socorros e garantir ros anos das guerras
identificação atual é uma possibilidade de no Afeganistão e no
bem discreta e em cor
semelhante ao uni-
sobreviver. Comumente Iraque. Após a imple-
mentação pela OTAN
forme ou à cobertura nos confrontos ocorriam das recomendações
utilizada no capace- mais de um ferido, do TC3, notadamen-
te, ao invés da cruz fazendo com que o te a difusão e treino
nos uniformes norte- paramédico se deslocasse sobre o uso do torni-
-americanos, há as in-
sígnias PJ (parajum-
entre um e outro durante quete, esses índices
caíram para 2,6%, no
pers), Pararescueman o confronto. período entre 2001 e
[2], Corpsman [3], 2017.
TCCC (Tactical Combat Casualty Care), MED O TC3 é dividido em três objetivos e três
(Medic) ou DOC (Doctor) aplicadas prefe- fases. Os objetivos correspondem a: tratar o
rencialmente no colete, na manga da gan- ferido (treat the casualty), evitar mais baixa
dola e/ou no capacete. Quando se opta pela (prevent additional casualties) e comple-
cruz, seu tamanho é discreto e possui cores tar a missão (complete the mission). As fa-
semelhantes ao uniforme, ou seja, no caso ses correspondem a: socorro sob fogo (care
norte-americano geralmente a cruz na cor under fire - CUF), cuidados táticos durante
marrom escuro sobre fundo marrom claro. o atendimento (tactical field care - TFC) e
A consolidação do protocolo de TCCC cuidados na evacuação do ferido (tactical
ou TC3 foi proporcionada pela adoção do evacuation care - TACEVAC).
mesmo pela Organização do Tratado do Em relação aos objetivos, a prioridade é
Atlântico Norte (OTAN), a partir de 2002. tratar o soldado ferido dentro da denominada
Nessa oportunidade, a OTAN adotou o TC3 “hora de ouro”, entretanto a nova formação
como padrão para as forças armadas, prin- e treinamento do paramédico faz com que
cipalmente as que participaram da coalizão ele saiba, tanto qual é o melhor momento

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quanto como deve agir sobre o ferido. A de hemostasia e curativo oclusivo, se possível.
exposição demasiada de outrora agora foi Às vezes não há oportunidade do paramédico
substituída pela técnica de combate. Essa chegar até o ferido, devido ao local que ainda
ação, per si, já reduz a probabilidade de está sob fogo.
aumentar o número de baixa no confronto e A segunda fase, cuidados táticos durante
associada às técnicas de extricação [4], que o atendimento, é determinada quando há
orientam obedecer à proporção de extricação oportunidade de atendimento sob cobertura
de um ferido por apenas um soldado e, ou barricado, nesse momento deve-se
este, em condições de empunhar sua arma realizar rapidamente revisão de hemostasia
e efetuar disparos, propiciando manter e procura por outros ferimentos e preparar
o poder de fogo do GC. Essas alterações o ferido para remoção. Na preparação do
somadas aumentam a probabilidade de um ferido para remoção, se houver necessidade
ferido em combate não colocar em risco o e oportunidade, o paramédico poderá realizar
cumprimento da missão, que é o terceiro traqueostomia alta, utilização de agulha
objetivo do TC3. de descompressão torácica, flebotomia
Quanto às fases, a primeira denominada ou acessar via intraóssea, administrar
de socorro sob fogo (care under fire -CUF) coagulante, solução expansora de volume,
corresponde ao atendimento no instante que evitar hipotermia, analgesia entre outras
o soldado é ferido, devendo o paramédico intervenções.
militar avaliar a oportunidade de chegar ao A terceira fase, cuidados na evacuação
ferido, extricá-lo para barricar e prosseguir do ferido (Tactical Evacuation -TACEVAC) en-
com o primeiro atendimento, com a finalidade volve a escolha do meio de remoção da área

complexo-do-alemao/baixa-em-combate-militar-atingido-durante-operacao-no-complexo-do-alemao/
Fonte:http://www.forte.jor.br/2010/11/26/baixa-em-combate-militar-atingido-durante-operacao-no-

O protocolo de TC3 também pode ser empregado em operações de cooperação e coordenação com agências.

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quente até o hospital de campanha. Fatores ou bombeiros militares que fazem o curso de
devem ser ponderados como local do confron- TC3, treinados para intervenção em locais
to, se urbano ou rural, quantidade de feridos, dominados. A primeira ação quando chegam
se a área está dominada ou não, entre outros. ao ferido é realizar a análise primária, mesmo
A TACEVAC é subdividida em duas, dependen- sabendo que estão em confronto e necessitam
do do tipo de viatura utilizada na remoção do barricar e proteger o ferido. Esse fato ocorre
ferido. Se a área ainda estiver sob hostilida- com todos os paramédicos não militares em
de a viatura empregada na remoção deve ser todo lugar, pois a memória muscular deles foi
uma de combate, neste caso sendo denomi- moldada no atendimento em área domina-
nada de casualty evacuation (CASEVAC). Por da. Quanto à extricação não é diferente, pois
outro lado, se o ferido estiver grave ou a área treinam sempre a utilização de pranchas com
estiver dominada a fixação para cabeça e
viatura empregada de- Essas considerações corpo e empregam o
verá ser especializada
e, nesse caso, a remo-
sobre oTactical Combat colar cervical. No TC3,
a prancha não é em-
ção será denominada Casualty Care TCCC- ( pregada, pois não há
medical evacuation TC3 ), hoje na sua 10ª lugar para transportá-
(MEDEVAC). edição, mudaram -la em um GC, além do
Atualmente, não completamente o
só militares estão uti-
modus que o importante é sa-

lizando o protocolo
operandi do paramédico car apenas um comba-
tente para cada ferido
de TC3, mas está cada militar, promoveu a para não reduzir mais
vez maior seu empre- redução do número de o poder de fogo.
go em forças policiais mortos em combate e Essas considera-
e socorro civil, nota- aumentou o poder de fogo ções sobre o TC3, hoje
damente nos EUA. Nos na sua 10ª edição, mu-
cursos realizados é do grupo de combate. daram completamente
interessante destacar o modus operandi do
que apesar do treinamento tático da equipe paramédico militar, promoveu a redução do
policial, no momento em que se introduz um número de mortos em combate e aumentou
ferido no confronto, a equipe perde totalmen- o poder de fogo do GC. Portanto, esse pode
te a concentração ficando dispersa sem sa- ser o momento ideal para completa análise do
ber como proceder. Nesse momento, além da protocolo de TC3 nas Forças Armadas brasi-
baixa registrada, todos ficam expostos, pois a leira, pois essa mudança, já implantada pela
desorganização toma conta da equipe baixan- OTAN, deverá em futuro próximo ser implan-
do sua guarda e aumentando muito a chance tada na maioria das forças de defesa dos pa-
de novos feridos. Outro ponto se refere a civis íses aliados.

REFERÊNCIAS
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NOTAS
[1] Trecho da Canção do Corpo de Saúde, letra e música de José dos Santos Rodrigues.
[2] Pararescueman: Paramédico pertencente a GC Paraquedista.
[3] Corpsman: Marinheiro ou fuzileiro naval americano com treinamento para fornecer os primeiros socorros e
tratamento médico básico em situações de combate. O Corpo de Fuzileiros Navais norte-americano é atendido
pelo serviço médico da Marinha dos EUA.
[4] Extricação é um termo muito utilizado em resgate, salvamento e medicina pré-hospitalar em geral. Extricar
significa: “retirar uma vítima de um local do qual ela não pode, ou não deve sair por seus próprios meios”. Rolar
uma vítima para a prancha longa, instalar um Kendrick Extrication Device (KED) ou um colar cervical são
manobras de extricação.

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