Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Bol Bepa1104
Bol Bepa1104
Atualização do Calendário Vacinal do Estado de São Divisão de Doenças de Transmissão Respiratória e Divisão de
Imunização - Centro de Vigilância Epidemiológica
Paulo................................................................pág. 3 “Professor Alexandre Vranjac” (CVE)
Grupo Técnico de Vigilância Epidemiológica,
Toxinfecção Alimentar por Salmonella em Evento DIR XXIII Sorocaba
Núcleo Regional de Vigilância Epidemiológica de Itapeva,
Científico, São Paulo-SP, setembro de 2004 ....pág. 4 DIR XXIII - Secretaria Municipal de Saúde de Itapeva
meningococo, a Secretaria de Estado da Saúde optou e sintomas, vômitos, recusa alimentar, sonolência,
pela aquisição da vacina conjugada contra o meningo- irritabilidade e convulsões, principalmente em recém-
coco C, eficaz para a utilização nessa faixa etária. nascidos e lactentes.
As equipes do CVE, da DIR XXIII e da Secretaria Vale ressaltar que a meningite pode ser causada por
Municipal de Saúde de Itapeva realizaram, com a cola- diferentes agentes como bactérias, vírus e fungos. As
boração de diversos segmentos governamentais e meningites bacterianas constituem grave problema de
não-governamentais, uma campanha de vacinação saúde pública em função da sua alta morbimortalidade
contra a doença meningocócica sorogrupo C (DMSC), e seqüelas, atingindo notadamente crianças e adoles-
com a aplicação de mais de 80.000 doses entre os dias centes. A transmissão ocorre pela tosse e/ou espirro,
8 de outubro e 5 de novembro, correspondendo à totali- através de gotículas eliminadas pelo trato respiratório.
dade da população-alvo estimada (Tabela1). Partici- Dentre as bactérias, as mais comuns são Neisseria
param da organização e execução da campanha cerca meningitidis (meningococo), Haemophilus influenzae
de 400 pessoas. tipo b (Hib) e Streptococcus pneumoniae (pneumococo).
O esquema vacinal para as pessoas entre 1 e 49 A Doença Meningocócica (DM) é causada pela
anos consiste de dose única; já para as crianças entre 2 Neisseria meningitidis, apresentando incidência
e 11 meses é necessária a aplicação de uma segunda endêmica e epidêmica no mundo inteiro. É uma
dose, programada para final de dezembro. doença comum em climas temperados e tropicais,
Campanhas dessa natureza acarretam dificuldades com casos esporádicos durante todo o ano nas áreas
na execução, pois ao mesmo tempo em que promovem rurais e urbanas, com aumentos sazonais no inverno
consternação social desencadeando invasão da popu- e início da primavera. Apresenta incidência significati-
lação vizinha e de outras faixas etárias, podem gerar va nos menores de 5 anos e pode manifestar-se de
resistência entre alguns setores que deixam de se bene- várias formas, de acordo com o quadro clínico. Os
ficiar com o imunobiológico pela ausência de informa- sorogrupos mais freqüentes são o A, B e C.
ção adequada.
A avaliação do impacto da estratégia adotada deve- Nota do editor
rá ser criteriosa, tendo em vista a análise adequada das Não há doença que tenha tamanho impacto na opinião pública como a
coberturas vacinais obtidas durante a campanha. doença meningocócica. A doença afeta pessoas previamente hígidas,
Neste momento, as equipes local e regional de saúde geralmente crianças e adolescentes. Pessoas que num dia estão brincan-
estão realizando trabalho em campo, para identificar do, estudando, trabalhando, vivendo enfim, no seguinte dão entrada num
munícipes da faixa etária alvo ainda não vacinados, e hospital em choque séptico, no mais das vezes morrendo horas depois.
finalizar a avaliação e as ações da campanha. Ainda está viva a lembrança das epidemias de doença meningocócica
do início da década de 1970, das quais São Paulo foi o epicentro além de
Tabela 1 pagar o preço mais elevado em vidas e sofrimento. Hoje vivemos momen-
Vacina contra o meningococo C - Doses aplicadas e cobertura tos diferentes, ao longo dos 30 anos decorridos desde então, a vigilância
vacinal no município de Itapeva, ESP, outubro/2004
epidemiológica melhorou, assim como os recursos laboratoriais, permitin-
FAIXA ETÁRIA ESTIMATIVA DE DOSES APLICADAS COBERTURA do que seja possível evitar a repetição de epidemias, interrompendo a
transmissão epidêmica no seu nascedouro.
POPULAÇÃO* VACINAL
Foi o que aconteceu em Itapeva no mês de outubro. A ocorrência de um
2 a 11 meses 1.590 1.478 92,96 número de casos acima do esperado, devidamente identificados quanto à
etiologia e sorotipo, desencadeou uma série de medidas que culminaram
12 a 23 meses 1.794 1.806 100,67 com a vacinação no município de todas as pessoas até os 49 anos. O breve
2 a 4 anos 5.726 5.888 102,83 relato dessa ação, publicado neste número do BEPA, poderia passar sem
5 a 19 anos 27.289 30.857 113,07 maiores comentários, mas isso não pode acontecer. A vacinação em Itapeva
é produto de décadas de amadurecimento da saúde pública paulista, ela não
20 a 49 anos 37.225 39.987 107,42 aconteceria se não houvesse uma feliz associação de capacidade técnica
em vigilância, que permitiu identificar prontamente o problema; flexibilidade
TOTAL 73.624 80.016 108,7 administrativa, que permitiu adquirir em tempo curto as vacinas necessárias
Fonte: estimativa população menor de 5 anos = Seade; população 5 a 49 anos = e capacidade logística, que permitiu organizar e realizar a vacinação
IBGE
rapidamente e atingir uma elevada cobertura vacinal.
Meningite Foi a saúde pública paulista que primeiro empregou a vacina conjuga-
da contra o meningococo C para controle de surto, em Sertãozinho, no ano
Meningite é uma inflamação das meninges, cujas passado. Essa medida foi adotada pelo Ministério da Saúde, passando a
membranas envolvem o encéfalo (cérebro, bulbo e ser norma. Esperamos que em breve o uso dessa vacina possa ser
cerebelo) e a medula espinhal. Em geral, caracteriza- ampliado, como no Reino Unido, Irlanda, Holanda, França, Espanha e
se por febre alta, cefaléia e rigidez de nuca, sintomas Austrália. O impeditivo ainda é financeiro, porém, longe do lamento
comuns principalmente em crianças maiores e adultos, imobilizante, a saúde pública paulista vem desenvolvendo ações e
podendo desenvolver-se em dois dias ou apresentar- programas que permitem otimizar o uso dessa importante vacina.
se em poucas horas. Destacam-se, entre outros sinais Luiz Jacintho da Silva ed.
TETRAVALENTE (DTP+Hib)
4 MESES POLIOMIELITE,
TETRAVALENTE (DTP+Hib)
TETRAVALENTE (DTP+Hib)
9 MESES FEBRE AMARELA***
* O intervalo mínimo entre a primeira e a segunda doses da vacina contra a hepatite B é de 30 (trinta) dias.
** O intervalo entre a segunda e terceira dose é de dois meses, desde que o intervalo de tempo decorrido da primeira dose seja, no mínimo, de quatro meses e a criança
já tenha completado 6 meses de idade.
*** Nas regiões onde houver indicação, de acordo com a situação epidemiológica. Reforço a cada dez anos.
**** A partir da Campanha Nacional de Seguimento contra o sarampo - set./04, está sendo incluída a 2ª dose da SCR.
***** Reforço a cada dez anos por toda a vida. Em caso de gravidez e na profilaxia do tétano após alguns tipos de ferimentos, deve-se reduzir este intervalo para cinco
anos.
BCG: vacina contra a tuberculose
DPT: vacina contra a difteria, a coqueluche e o tétano.
dT: vacina dupla, tipo adulto, contra a difteria e o tétano.
SCR: vacina contra o sarampo, caxumba e rubéola
vírus e parasitas. Três amostras de fezes foram A data do início dos sintomas do primeiro caso foi
processadas no Instituto Adolfo Lutz Central e duas dia 20/9/2004 e do último, 22/9/2004. A duração da
por laboratório regional do IAL. A sorotipagem dos doença mais curta foi de um dia e da mais longa, sete
isolados de Salmonella e os testes de susceptibilida- dias, sendo a mediana de quatro dias. O período de
de aos agentes antimicrobianos foram realizados no incubação mais curto foi de 2 horas e 30 minutos e o
Setor de Enterobactérias, IAL Central-SP. mais longo de 57horas e 30 minutos, sendo a media-
Assintomáticos não foram testados. na de 26 horas e 30 minutos (Figura 1). Para o cálculo
do período de incubação, considerou-se que o
Investigação sanitária almoço foi consumido às 12h30.
No segundo dia do evento, na parte da tarde, foi Figura 1
Curva epidêmica do surto em 20/10/2004
realizada, primeiramente, a visita à cozinha por um
dos técnicos da DDTHA/CVE. A inspeção sanitária da Curva epidêmica
8
equipe da Vigilância Sanitária do município de São
Paulo ocorreu entre 15h30 e 16h30, não tendo sido 7 7
possuía cozinha fixa nem documentação necessá- mesmo do Estado. Um dos fornecedores que fatia os
ria exigida pela legislação sanitária vigente. Como produtos apresentava condições sanitárias inade-
não havia sobras dos alimentos servidos no dia 20, quadas no momento da vistoria da VISA. O produto
foram coletados, para a análise laboratorial de com tomates secos apresentava-se em desacordo
alimentos, produtos fechados (matéria-prima) com a legislação vigente quanto às inscrições exigi-
adquiridos de dois fornecedores e de várias marcas, das em sua rotulagem.
ou sobras dos que foram utilizados no dia 21. Das Os laudos de exames não foram ainda liberados e a
amostras dos produtos, somente a maionese era investigação sanitária só será concluída após a investi-
sobra do produto utilizado nos sanduíches prepara- gação de todos os fornecedores e fabricantes dos
dos no dia anterior. produtos utilizados na preparação dos sanduíches.
A VISA constatou também o uso inadequado da Cabe destacar, ainda, que a cozinha do local
maionese, bem como obteve a informação de que os utilizado pela instituição pública para o evento
sanduíches foram preparados no local do evento e que a possui uma geladeira/freezer, um fogão e uma
alface utilizada nos sanduíches havia sido lavada e bancada com pia, mas com características domésti-
higienizada na residência de um funcionário. Como no cas e não suficientes para servir grande quantidade
momento da vistoria não havia mais manipulação não foi de refeições. Isso exige que o bufê contratado
possível observar e avaliar as práticas de manipulação. disponha de equipamentos complementares para
A VISA realizou, ainda, vistorias aos fornecedores prevenir contaminações na manipulação e preparo
da matéria-prima, atacadistas que fornecem produtos do alimento, para garantir a refrigeração e conser-
fatiados ou embalados em sua origem de fabricação, vação ou aquecimentos necessários, assim como
bem como desencadeou investigação junto aos para prevenir, no momento de servir as refeições, a
fabricantes de alguns produtos ou solicitou a investi- exposição prolongada e imprópria em temperatura
gação para outras equipes de VISA, no caso de ambiente e o crescimento/proliferação de bactérias
produtos fabricados fora da cidade de São Paulo ou ou toxinas.
Tabela 2
Análise dos alimentos consumidos no evento
Alimento suspeito Risco Relativo (RR) Intervalo de confiança Chi quadrado Valor do p
Sanduíche de salame com queijo cheddar 1,02 0,56-1,87 0,05 0,8174774
Sanduíche de tomate seco com queijo branco 2,46 1,02-5,96 4,69 0,0303936
Sanduíche de peito de peru com mussarela 1,03 0,59-1,80 0,04 0,8466811
Sanduíche de queijo 1,05 0,62-1,80 0,01 0,921952
Suco de caju 0,9 0,53-1,53 0,02 0,902185
Suco de tangerina 1,13 0,70-1,83 0,05 0,823288
Salada de fruta 1,03 0,60-1,77 0,03 0,8584041
Bolo simples 0,61 0,23-1,60 0,62 0,4302604
Água 0,95 0,56-1,63 0,01 0,921952
novembro de 2004 Agência Paulista de Controle de Doenças Página 7
Boletim Epidemiológico Paulista
Regionais de
Municípios Hospitais de Referencia Fone e Horário de Atendimento
abrangência
Hospital das Clínicas (11|) 30696392 - 8 às 16h DIR I capital
São Paulo (FMUSP) (11) 30696226 - após 16h DIR II Sto André
Inst.de Infectologia Emílio Ribas (11) 38961200 atendimento 24h DIR III Mogi das Cruzes
atendimento 24h DIR IV F. Da Rocha
DIR V Osasco
Hosp.de Base da Faculdade de Medicina de (17)2105000 - ramal 1423 DIR XXII S. J. Rio Preto
S.José do Rio Preto S.José do Rio Preto DIR VI Araçatuba
atendimento 24 h
(17) 35313026 - ramal 3031
Catanduva Lab.Hospital Padre Albino atendimento 24h DIR XXII S. J. Rio Preto
DIR VII Araraquara
(16)6021166
DIR IX Barretos
Ribeirão Preto Hosp.da Clínicas de Ribeirão Preto 2ª as 6ª feiras 7às 21h
DIR XIII Franca
finais de semana 10 às16h
DIR XVIII Rib. Preto
DIR XII Campinas
(19)37888770
Campinas Unicamp atendimento 24 h
DIR XV Piracicaba
DIR XX S. J. Boa Vista
(14) 31037777
Bauru Hospital Regional de Bauru Ramais 3263/ 3565 DIR X Bauru
atendimento 24h
(14) 34021717 DIR VIII Assis
Marília Hospital das Clínicas de Marília
atendimento 24 h DIR XIV Marília
(18)2101-8000
Presidente Prudente Santa Casa de Presidente Prudente atendimento 24h
DIR XVI Pres. Prudente
DADOS EPIDEMIOLÓGICOS
CASOS NOVOS
Pulm.Bacilosc. Pulm.Bacilosc.
2001 Pulm.Bacilífero Extrapulmonar* Meníngea Total
Negativa N/Realizada
0 A 14
109 122 309 130 36 706
ANOS
15 ANOS
8850 2902 2093 2799 199 16843
E MAIS
IDADE
22 4 6 7 1 40
IGN.
TOTAL 8981 3028 2408 2936 236 17589
CASOS NOVOS
Pulm.Bacilosc. Pulm.Bacilosc.
2002 Pulm.Bacilífero Negativa N/Realizada Extrapulmonar* Meníngea Total
0 A 14
ANOS 87 102 248 138 34 609
15 ANOS
E MAIS 8990 2897 2137 3017 266 17307
IDADE
IGN. 20 5 6 20 2 53
TOTAL 9097 3004 2391 3175 302 17969
Ano 2001 - dados fev 2003 emissão 10/3/2003
Ano 2002 - dados - atualização: maio/03
CASOS NOVOS DE TUBERCULOSE POR FORMA CLÍNICA E FAIXA ETÁRIA
* Extrapulmonar exceto meníngea
Fonte: CVE/SES-SP
CASOS NOVOS
Pulm.Bacilosc. Pulm.Bacilosc.
2004 Pulm.Bacilífero Negativa N/Realizada Extrapulmonar* Meníngea Total
0 A 14
ANOS 35 27 85 30 4 181
15 ANOS
E MAIS 2984 875 764 945 47 5615
IDADE
IGN. 9 2 2 8 1 22
TOTAL 3028 904 851 983 52 5818
Ano 2003 - dados provisórios até junho/04
Ano 2004 - dados provisórios até junho/04
CASOS NOVOS DE TUBERCULOSE POR FORMA CLÍNICA E FAIXA ETÁRIA
* Extrapulmonar exceto meníngea
Fonte: CVE/SES-SP