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Guia de Laboratório

Física Experimental AII

Espectro de difração de uma lâmpada de vapor de mercúrio

-3 -2 -1 0 1 2 3

Departamento de Física - ICEx - UFMG


Universidade Federal de Minas Gerais

1o Semestre / 2020
Sumário

1 MODOS NORMAIS DE VIBRAÇÃO 2

2 OSCILADORES NÃO LINEARES 6

3 ANÁLISE FOURIER DO SOM 9

4 MICROONDAS 12

5 DIFRAÇÃO E INTERFERÊNCIA 15

6 DISPERSÃO DA LUZ EM UM PRISMA 18

7 LEIS DE FRESNEL PARA REFLEXÃO 22

8 BIRREFRINGÊNCIA 25

9 ATIVIDADE ÓTICA 28

10 MEDIDA DA VELOCIDADE DA LUZ 30


EXPERIMENTO 1

MODOS NORMAIS DE VIBRAÇÃO

O que você deve saber para fazer esta experiência: energia potencial da partícula na posição indicada
• Movimento de um pêndulo; na figura é dada por:
• Oscilação massa-mola; x
U (x) = mgl[1 − cos( )]. (1.1)
• Equação do oscilador harmônico; l
Para pequenas oscilações, i.e. x << l, o po-
tencial V (x) pode ser aproximado por (série de
Introdução Taylor):
mg 2
Um grau de liberdade U (x) = x . (1.2)
2l

O estudo dos movimentos oscilatórios de siste- Questão 1: Derive o potencial e encontre a força
mas físicos com mais de uma partícula pode ser restauradora. Monte a equação do movimento
bastante complicado dependendo do número de usando a 2a lei de Newton. Mostre que para um
partículas e das interações entre elas. No entanto pêndulo simplespa frequência de oscilação é dada
se nos restringirmos às oscilações em que as partí- por f = (1/2π) (g/l).
culas executam pequenos deslocamentos em torno
de suas posições de equilíbrio, simplifica-se bas- O mesmo tratamento se aplica aos sistemas massa-
tante o estudo. Isto se deve ao fato de que as for- mola das figuras 1.1(b) e 1.1(c). Neste caso, o
ças existentes no sistema dependerão linearmente limite de deslocamento x, para o qual o termo de
de tais deslocamentos. 2a ordem no potencial é predominante, também
é uma característica de cada mola. Dentro deste
(a) (b) (c) limite dizemos que as molas obedecem à lei de
Hooke, em que a força restauradora F = −k.x, é
linearmente proporcional à deformação da mola.
Nos três casos acima temos um oscilador harmô-
nico simples e a solução geral é:

x(t) = Acos(ωt + δ). (1.3)

Figura 1.1: Exemplos de osciladores harmônicos sim- Os valores de A e δ dependem das condições ini-
ples que apresentam um grau de liberdade: (a) O ciais. A frequência angular ω é a frequência natu-
pêndulo simples; (b) e (c) sistemas massa-mola. ral do sistema, resultante da oposição entre for-
ças elásticas e inerciais. Ela é dada pela raiz
Seja o pêndulo da figura 1.1(a), restrito ao quadrada da força restauradora por unidade de
plano da página. Ele terá apenas um grau de li- massa, e por unidade
p de deslocamento (sistema
berdade, definido pelo ângulo θ ou pelo arco x. A massa-mola: ω = k/m).

2
EXPERIMENTO 1. MODOS NORMAIS DE VIBRAÇÃO 3

Dois graus de liberdade A solução do sistema de equações (1.6) e (1.7)


pode ser feita de várias maneiras. Aqui vamos
Seja um sistema de dois pêndulos de comprimento resolver este sistema usando soluções harmônicas
l e massa m, acoplados por uma mola de cons- do tipo x1 = A1 cos(ωt+δ1 ) e x2 = A2 cos(ωt+δ2 )
tante elástica k, como mostrado na figura 1.2(a). onde as amplitudes e as fases dependem das con-
Considerando pequenas oscilações em torno das dições iniciais do sistema. Fazendo-se δ1 = δ2 =
posições de equilibro, pode-se mostrar que: 0, derivando duas vezes x1 e x2 , e substituindo
nas equações (1.6) e (1.7) temos, na notação ma-
mg
F1 = − x1 + k(x2 − x1 ), (1.4) tricial:
l     
mg p −q x1 x1
F2 = − x2 − k(x2 − x1 ), (1.5) = ω2 . (1.8)
l −q p x2 x2
onde F1 e F2 são as forças restauradoras nas mas- onde:
sas 1 e 2, e x1 e x2 os deslocamentos dos pêndulos g k k
p= + , q= . (1.9)
1 e 2, respectivamente. Usando a 2a lei de New- l m m
ton, as equações de movimento podem ser encon- A solução é dada por:
tradas:
p − ω2 −q
g k k det =0 (1.10)
x¨1 = −( + )x1 + x2 (1.6) −q p − ω2
l m m
k g k E após calcular o determinante, teremos:
x¨2 = x1 − ( + )x1 (1.7)
m l m ω2 = p ± q (1.11)

Ou, substituindo a equação (1.9), temos:


r
g k
ωA = +2 (1.12)
l m
r
g
ωS = (1.13)
l
Estas duas soluções ωA e ωA são os autova-
lores da equação (1.8) e correspondem às duas
frequências conhecidas como modos normais de
vibração do sistema acoplado, que possui por sua
vez dois graus de liberdade x1 e x2 . Qualquer mo-
vimento dos dois pêndulos da Figura 1.2 é uma
composição dos dois movimentos harmônicos xA =
AA cos(ωA t + δA ) e xS = AS cos(ωS t + δS ) com as
frequências dadas por (1.12) e (1.13) respectiva-
mente.
Figura 1.2: (a) Sistema de duas massas acopladas Intuitivamente podemos notar que ωS corres-
por uma mola; (b) modo anti-simétrico ωS ; (c) modo ponde ao caso de dois pêndulos simples desaco-
simétrico ωA ; (d) modo composto. plados pois esta frequência é a mesma de um
único pêndulo isolado. Neste caso a mola não
é nem comprimida nem distendida e os desloca-
Estas equações de movimento constituem um mentos são iguais e na mesma direção. Substi-
sistema de equações diferenciais lineares acopla- tuindo (1.12) e (1.13) nas equações de movimento
das, de segunda ordem. Por exemplo, um cristal obtém-se que
pode ser apresentado por um sistema deste tipo
para N átomos vibrando em torno de suas posi- ωA → x1 = −x2 (1.14)
ções de equilíbrio em três dimensões. As soluções
deste sistema de equações geram as frequências ωS → x1 = x2 (1.15)
fundamentais dos modos de vibração do cristal.
EXPERIMENTO 1. MODOS NORMAIS DE VIBRAÇÃO 4

Estes são os dois autovetores do sistema e cor- comprimento L? Meça com o sonar (Motion Plot-
respondem: ter) o movimento do pêndulo (para dezenas de pe-
ríodos) e calcule as frequências fo e ωo . Use, por
(a) a uma vibração pura (fig. 1.2(b)), em que o
exemplo, o algorítmo de transformada de Fourier
centro de massa do sistema fica parado e as
do programa Origin (FFT). Compare o valor ob-
massas comprimem e distendem a mola com
tido com o esperado para a frequênciapde resso-
frequência ωA (modo anti-simétrico) ;
nância de um pêndulo simples (ω = g/l). Se
(b) à oscilação pendular pura (fig. 1.2(c)) discu- for muito diferente procure a causa do erro e re-
tida anteriormente (modo simétrico). faça as medidas.

Se o movimento se iniciar em uma destas duas E2) Determinação da constante de mola:


configurações ele se manterá nela indefinidamente. Pendure uma massa pequena na mola e meça
sua frequência de vibração (utilize novamente o
Questão 2: Mostre que, se ωA e ωS forem muito sonar, agora na posição horizontal embaixo do
próximas, ocorrerá o fenômeno de batimento, no peso) e faça a análise de Fourier da oscilação.
qual o movimento de cada esfera pode ser descrita Pese a massa e calcule k. (Como alternativa você
por uma oscilação com uma frequência próxima pode obter o k da mola através da Lei de Hooke,
às frequências dos modos normais ( frequência de pendurando diversos pesos na mola e medindo o
portadora - ωport ) modulada por uma oscilação deslocamento gerado.)
de baixa frequência (ωenvelope ). Encontre a rela-
ção entre (ωport ) e (ωenvelope ) e as frequências dos Parte B: Pêndulos Acoplados por uma Mola
modos normais (ωA e ωS ). Dois graus de liberdade

E3) Monte dois pêndulos iguais (mesma massa e


Parte Experimental comprimento) acoplados por uma mola. Use mas-
sas iguais àquela usada no pêndulo da 1a parte
Objetivo: desta prática e a mola cujo k foi determinado tam-
Determinar as frequências dos modos normais de bém na 1a parte.
vibração de um sistema (acoplado) com dois graus
de liberdade. E4) Coloque dois pêndulos de mesma massa e
comprimento para oscilar. Inicie o movimento de
Material: duas maneiras diferentes, como mostrado nas Fi-
- duas bolas (chumbo) de mesma massa guras 1.2 (b) e (c). Para cada caso, meça a(s)
- uma mola frequência(s) do movimento através da transfor-
- fios (para pêndulos) mada de Fourier dos sinais do sonar. Relacione as
- sensor de movimento frequências medidas com as frequências dos mo-
- balança dos normais para os dois casos.

Procedimento: E5) Para o movimento composto, correspondente


à Fig. 1.2(d), determine a frequências da porta-
As bolas com ganchinhos para esta prática devem dora e do envelope. Calcule a partir delas, as
possuir massas quase idênticas - confira pesando frequências dos modos normais. Nesse caso, você
ambas. deve medir os períodos correspondentes direta-
Observação: O sensor de movimento precisa de mente dos gráficos de posição versus tempo.
uma distância mínima para medir adequadamente
o movimento oscilatório de uma massa. A deter- E6) Calcule também todas as frequências usando
minação desta distância deverá ser feita antes da os parâmetros: massa, comprimento do fio e k
coleta de dados! da mola, determinados na 1a parte deste experi-
mento.
Parte A: Pêndulo Simples
Um grau de liberdade E7) Monte uma tabela comparando as frequên-
cias determinadas em E4 e E5 com os valores cal-
E1) Monte um pêndulo simples de aproximada- culados em E6. Discuta os resultados.
mente 30cm. Que pontos do pêndulo definem seu
EXPERIMENTO 1. MODOS NORMAIS DE VIBRAÇÃO 5

Bibliografia
• Física Matemática, Eugen Butkov, Cap. 10
– Espaços Lineares de Dimensão Finita.
• Curso de Física Básica 2 - Fluidos, Oscila-
ções e Ondas, Calor, H. Moizés Nussenzweig,
5a edição, Cap. 4 – Oscilações amortecidas
e forçadas, Seção 4.6 – Oscilações Forçadas.
• Física II, Young & Freedman, 14a edição,
Cap. 16 – Som e Audição, Seção 16.7 –
Batimento.
EXPERIMENTO 2

OSCILADORES NÃO LINEARES

O que você deve saber para fazer esta experiência: por


• Movimento do sistema massa-mola; F = −hx3 . (2.2)
• Equação do oscilador harmômico simples. Pela segunda lei de Newton temos:

Introdução d2 x(t) d2 x(t) h


F =m 2
⇒ 2
= − x3 (t). (2.3)
dt dt m
Os fenômenos oscilatórios ocorrem quando exis-
tem forças restauradoras que puxam o sistema Esta é uma equação diferencial não linear e
para um ponto de equilíbrio que é o mínimo de que não possui solução analítica. Mesmo assim
um potencial (integral de trabalho da força) côn- podemos obter informações acerca desse sistema
cavo. O balanço entre restauração e inércia, ou através de uma análise dimensional. A frequên-
em outras palavras, energias potencial e cinética, cia de ressonância do sistema deve depender dos
fará o sistema oscilar em torno do ponto de equi- parâmetros fixos do mesmo (h e m). Em analogia
líbrio. com o caso do oscilador harmônico teremos que a
Estamos habituados a analisar os osciladores frequência angular será dada por:
lineares, como em molas ou pêndulos que exe- r
h
cutam pequenas oscilações. No sistema massa- ω= .g, (2.4)
mola, onde a força restauradora obedece a Lei m
de Hooke (F = −kx), ao aplicarmos a 2a Lei de onde g é uma função que depende das condi-
Newton teremos uma equação diferencial linear ções de contorno iniciais. A constante de força,
facilmente solúvel. A solução descreverá um mo- h, desse sistema tem unidades (no sistema SI) de
vimento harmônico com frequência indepen- N.m−3 , ou Kg.m−2 .s−2 . Desta forma g deve ter
dente da amplitude, ou seja unidades de comprimento. Apesar de não-linear,
p ou anarmônico, esse sistema deve apresentar uma
ω = k/m. (2.1) oscilação com amplitude característica. Assim, é
razoável assumir que g deve ser então proporcio-
No caso de uma força não linear, ainda temos os-
nal à amplitude, xo , de oscilação do sistema, ou
cilações, mas estas não são mais harmônicas. Tais
seja, a frequência natural é proporcional à ampli-
sistemas são conhecidos como osciladores anarmô-
tude de oscilação deste sistema:
nicos. Via de regra, em tais sistemas, a frequência
dependerá da amplitude da oscilação. r
h
ω = c. .xo , (2.5)
Oscilador Cúbico m
Nesta prática, você estudará o movimento de um onde c é uma constante de proporcionalidade.
oscilador cúbico cuja força restauradora é dada

6
EXPERIMENTO 2. OSCILADORES NÃO LINEARES 7

Parte Experimental O carrinho, ao se deslocar de uma distância


x na horizontal, fará com que a gominha fique
Objetivo com um comprimento L (como pode ser visto na
Estudar oscilador anarmônico. Figura 2.2b). L é dado por:

Material
p
L = L2o + x2 (2.6)
- Sistema de trilho e carrinho
- Gominhas Sendo a força dada por:
- Barbante p
- Sensor de posição F = k(L − Lo ) = k[ (L2o + x2 ) − Lo ]. (2.7)
- Pesos
- Balança

Montagem Experimental

O funcionamento do oscilador x3 é esquematizado


na na Figura 2.1.

Figura 2.2: (A) configuração inicial; (B) configura-


ção do carrinho deslocado; (C) forças atuando no car-
rinho.

P1) Expanda a raiz quadrada da equação 2.7 por


série de Taylor e mostre que para pequenas am-
plitudes (x/Lo << 1) temos

kx2
F ≃ . (2.8)
2Lo

P2) Em seguida, mostre que a componente da


força na direção do trilho é:
k 3
Fx = −hx3 ≃ − x . (2.9)
2L2o

Procedimento

1) Construa um oscilador x3 , ligando duas go-


minhas (em série) ao carrinho sobre o trilho sem
atrito bem nivelado, como mostrado na Figura
2.1. Observação: Não dê nó nas gominhas, use
um fio para amarrá-las. A mola (gominha) verti-
cal deve ser posicionada com o cuidado de estar
ligeiramente alongada com o carrinho na posição
de repouso (comprimento L = Lo ). Meça previa-
mente ou posteriormente o valor de k da gominha
- você precisará desse valor para os cálculos.

2) Desloque o carrinho de uma distância x na ho-


rizontal, e com auxílio de um medidor PASCO,
Figura 2.1: Esquema da montagem experimental meça a variação da amplitude x em função do
EXPERIMENTO 2. OSCILADORES NÃO LINEARES 8

período para, pelo menos, 8 (oito) oscilações, e


faça um gráfico.

3) Do gráfico com as oscilações, meça para cada


ciclo a amplitude e o período da oscilação. Faça
um outro gráfico, agora da frequência angular ω
(ω = 2π/T ) em função da amplitude xo . Verifi-
que se a relação linear descrita pela equação 2.5
é válida. Discuta o resultado.

P3) Em todo sistema oscilante real existe algum


tipo de amortecimento. Qual é o efeito desse
amortecimento no caso deste oscilador? Como
ele se reflete no gráfico obtido em 3 ?

Problema (opcional):

Escreva um programa (Pascal ou outra lingua-


gem de programação), usando a metodologia des-
crita no artigo de A. Cromer para simular o movi-
mento de um oscilador x3 amortecido (constante
de amortecimento b), cuja força sobre a partícula
seja:
F = −hx3 (t) − bv(t) (2.10)
Faça três simulações (e os gráficos de x(t) e v(t))
para os casos em que b é muito grande, bv ≃ hx3
e b muito pequeno. Discuta os três gráficos do
ponto de vista energético.

Bibliografia
• “The x3 oscilator”, A. Cromer, The Physics
Teacher 30, 249-250 (1992).

• “Efeitos de amortecimento sobre um osci-


lador X3 ”, A.J. Santiago e H. Rodrigues,
Revista Brasileira de Ensino de Física 27,
245-249 (2005)
EXPERIMENTO 3

ANÁLISE FOURIER DO SOM

O que você deve saber para fazer esta experiência: vre) ou fechada (fixa), determinam quais frequên-
• Conceito de função periódica; cias continuam a oscilar quando você sopra no
tubo (ou puxa a corda). Estas frequências são as
• Ondas sonoras;
frequências naturais ou modos normais de oscila-
• Série de Fourier. ção do sistema que vibra. A frequência mais baixa
denomina-se frequência fundamental, e todas as
outras superiores a essa, chamam-se sobretons.
Introdução Os sobretons, cujas frequências são múltiplos in-
Som é a propagação de uma onda através de meios teiros da frequência fundamental, constituem o
materiais, uma frente de compressão mecânica que denominamos uma série harmônica.
(onda mecânica) produzindo uma onda longitudi- Dependendo das condições iniciais (forma da
nal em meios que têm massa e elasticidade, como corda ao ser solta, velocidade do sopro) vários
sólidos, líquidos ou gases. O som é captado por modos serão observados: ωo , 2ωo , 3ωo , ... O som
nós através do tímpano, através de vibrações no que o tubo (corda) transmite ao ar e que chega
mesmo. O caráter que define uma nota musical, aos nossos ouvidos deve conter também os mes-
do ponto de vista da pressão do ar em função do mos harmônicos. O que pode mudar talvez seja a
tempo, é a sua periodicidade T . intensidade desses harmônicos, que vai depender
Em música, chama-se timbre a característica da eficiência do acoplamento do tubo-ar (corda-
sonora que distingue sons da mesma frequência ar). O timbre do som de uma determinada nota
(f = 1/T ), porém produzidos por diferentes fon- musical tocada por um instrumento é determi-
tes sonoras. Quando se ouve uma nota tocada nado pelo número de sobretons presentes e por
por um piano e a mesma nota produzida por um suas respectivas intensidades. Um som com so-
violino, apesar dos dois sons possuirem a mesma mente o primeiro harmônico é um tom puro e um
frequência (ou período) possuem características com muitos harmônicos fortes é um tom rico. É
sonoras bastante distintas. O que nos permite di- esta proporção que diferencia uma mesma nota
ferenciar os dois sons de mesma nota musical é o produzida por dois instrumentos diferentes.
timbre instrumental. Seja p(t) a pressão do ar em função do tempo
O som produzido por uma corda vibrando ou para um tom musical. Podemos descrevê-la como
um tubo ressoando é determinado pelo movimento uma soma de um número de funções harmônicas
das ondas que são produzidas. Elas se propagam simples, dada por:
e são refletidas nas extremidades, e assim será es- X X
tabelecida uma onda estacionária. O período T p(t) = ao + an cos(nωt) + bn cos(nωt),
de repetição é o tempo que a onda gasta para (3.1)
viajar dois comprimentos do tubo (ou corda). onde as constantes an e bn nos dizem quanto
As condições de contorno de um tubo (ou corda), de cada modo esta presente na oscilação. A série
como o comprimento e as extremidades aberta (li- acima é chamada “Série de Fourier”. As constan-

9
EXPERIMENTO 3. ANÁLISE FOURIER DO SOM 10

tes ao , an e bn são as constantes de Fourier, dadas cilíndrico de raio a, ∆e é aproximada por:


pelas expressões:
∆e ≃ 0.6a. (3.6)
1
Z
ao = p(t)dt (3.2)
T Já ∆b pode ser aproximada por (ver Ref. 3)

2 2.3a2
Z
an = p(t)cos(nωt)dt (3.3) ∆b = √ , (3.7)
T lb
2
Z
bn = p(t)sen(nωt)dt (3.4) onde l e b são o comprimento e a largura da boca,
T respectivamente. Evidentemente, para um tubo
Nesta prática você fará uma análise de Fou- fechado, só a segunda correção é necessária.
rier do som produzido por dois tubos de órgão. Obs. 1: No aparato experimental, a boca (ou
Tubos de órgão podem ser abertos, fechados ou bocal) é o orifício que fica próximo a entrada de
parcialmente fechados e são feitos de madeira ou ar na parte inferior do tubo.
metal. Os tubos de metal são cilíndricos e alguns Obs. 2: Para tubos não cilíndricos, as correções
são afunilados para reduzir os extremos abertos. acima devem ser determinadas a partir de uma
A abertura do bocal é cortada numa parte acha- valor aproximado para o raio a.
tada da parede do tubo e pode ter qualquer ra-
zão desejada em relação à circunferência do tubo.
Tubos de madeira são quadrados ou retangulares. Parte Experimental
Estas alterações têm a finalidade de produzir so-
noridades diferentes. Objetivo:
Os tubos de órgão contêm uma coluna de ar -Determinar a frequência fundamental e seus harmô-
que pode executar uma vibração estacionária. A nicos para tubos de seção quadrada e de seção re-
onda estacionária deve ter um nó de deslocamento tangular.
na extremidade fechada, já que, nessa extremi-
dade, o movimento de ar é impedido pela parede Material:
do tubo. A onda deve ter um anti-nó de deslo- - Tubos de órgão de seção quadrada e retangular
camento em algum ponto próximo à extremidade - Microfone conectado a um computador
aberta. Os tubos fechados só contêm os harmô- - Ar comprimido
nicos ímpares ao passo que o tubo aberto possui
harmônicos pares e ímpares. Procedimento:
A mudança de natureza das ondas de quase
estacionárias e planas dentro do tubo para on- 1) Desenhe os modos normais de um tubo de
das progressivas e quase esféricas a partir do ex- órgão aberto, semi-aberto (aberto-fechado) e es-
tremo aberto, conduzem a uma descontinuidade creva as equações da frequência fundamental e
que impõe restrições às equações de ondas pla- seus harmônicos em função da velocidade do som
nas. Tudo se passa como se o tubo fosse um e do comprimento do tubo.
pouco mais longo. Assim correções devem ser
feitas de forma a obter um valor efetivo para o 2) Usando o programa Sound recorder no com-
comprimento do tubo. Qualquer obstáculo colo- putador, coloque o microfone próximo ao bocal e
cado próximo à saída do tubo pode modificar o faça uma aquisição de dados do som produzido
seu som. Alguns são feitos com terminações que pelo tubo de seção quadrada aberto com a uti-
permitem o seu ajuste ou afinação. lização de ar comprimido. O tempo de gravação
Para um tubo de órgão com a extremidade deve ser de 1 a 2 segundos para evitar um arquivo
superior aberta, o comprimento efetivo, Lef , pode muito grande. O arquivo gravado deve ser salvo
ser calculado por: na terminação *.wav.

Lef = Lo + ∆e + ∆b , (3.5) 3) Depois que fizer as gravações, feche os arquivos


e use o programa Origin para analisar seus dados.
onde Lo é o comprimento físico do tubo, ∆e é a Importe os resultados como sound (*.wav). Faça
correção devido à extremidade aberta e ∆b é a um gráfico da amplitude p(t)× tempo (s), e cal-
correção devido à boca do tubo. Para um tubo cule a transformada de Fourier - FFT (clique em
Analysis, depois FFT).
EXPERIMENTO 3. ANÁLISE FOURIER DO SOM 11

4) Determine a frequência fundamental deste tubo


a partir dos valores das frequências e das inten-
sidades dos harmônicos. Este tubo pode ser con-
siderado abertos nos dois extremos ou aberto-
fechado? Calcule a frequência esperada para este
tubo em função de suas dimensões e das corre-
ções, conforme descrito pelas Eqs. 3.5-3.7. Com-
pare com o valor medido e procure justificar as
possíveis discrepâncias.

5) Repita os itens de 2) a 4) agora com o tubo


quadrado fechado.

6) Repita os itens de 2) a 4) para o tubo de seção


retangular aberto.

Bibliografia
• “Física”, D. Halliday and R. Resnick – Vol.
2, Cap. 20.
• Física II, Young & Freedman, 14a Edição,
Cap.16 - Som e Audição, Seção 16.4 – On-
das Estacionárias e Modos Normais.
• “The physics of musical instruments”, N. H.
Fletcher and T. D. Rossing (N. York – Sprin-
ger - 1993).
• Curso de Física Básica 2, H. Moizés Nus-
senzweig, Cap. 6 – Som.
EXPERIMENTO 4

MICROONDAS

O que você deve saber para fazer esta experiência: mas em direções opostas, elas formam uma onda
• Conceito de onda eletromagnética; estacionária. Os nós aparecem quando os campos
• Propagação de ondas eletromagnéticas em meios. elétricos das duas ondas se cancelam e os antinós
quando o campo superposto oscila entre um má-
ximo e um mínimo. Assim, a distância entre os
Introdução nós de uma onda estacionária é exatamente meio
comprimento de onda (d = 1/2λ).
Microonda é uma onda eletromagnética cujo com- Se a distância entre o transmissor e o receptor
primento tem aproximadamente entre 1 mm e 10 é igual a nλ/2, onde λ é o comprimento de onda
m e é utilizada, por exemplo, na emissão de sinais da radiação e n é um número inteiro, então todas
de televisão e de radar. Existem muitas vantagens as ondas refletidas estarão em fase com a primeira
no estudo de fenômenos ópticos na frequência da onda transmitida. Quando isto ocorre, o receptor
ordem de microondas. Usando uma microonda fornecerá um valor máximo.
com um comprimento de 2,85 cm, transforma-se
por completo a escala experimental, ou seja mí- Refração
crons tornam-se centímetros. Dimensões até en- Quando uma onda eletromagnética incide com a
tão de difícil acesso, devido a uma escala tão pe- direção de incidência fora da normal a uma in-
quena de experimentos ópticos tradicionais, po- terface entre dois meios, a direção de propagação
dem ser facilmente vistos e manipulados ao tra- da onda sofrerá uma alteração. Esta mudança na
tarmos com microondas. direção é chamada de refração, e é descrita pela
A montagem utilizada (WA-9312B de Óptica expressão matemática, conhecida como lei da re-
de Microondas da PASCO Scientific) possui um fração, ou Lei de Snell:
transmissor de microondas e um receptor com
amplificação variável para investigar fenômenos n1 senθ1 = n2 senθ2 , (4.1)
ondulatórios (interferência, difração, refração, etc).
Serão realizadas duas experiências: onde θ1 é o ângulo entre a direção de propagação
1) Determinação do comprimento de onda – on- da onda incidente e a normal à superfície entre
das estacionárias; os dois meios e θ2 é o ângulo correspondente para
2) Refração através de um prisma. a onda refratada. Todo material pode ser carac-
terizado por seu índice de refração n. O valor
Ondas estacionárias de n de cada meio é definido como a razão entre
Quando ondas eletromagnéticas se propagam no a velocidade da onda eletromagnética no vácuo
espaço, elas se superpõem. Se considerarmos duas e a velocidade da onda no meio. Aqui eles são
ondas eletromagnética, o campo elétrico resul- denotados n1 e n2 . A diferença entre os índices
tante será dado pela soma dos campos elétricos de refração (e a diferença entre as velocidades das
criados por ambas as ondas naquele dado ponto. ondas) é a causa da refração de uma onda quando
Se duas ondas viajam com a mesma frequência, atravessa uma interface entre dois meios distintos.

12
EXPERIMENTO 4. MICROONDAS 13

Parte Experimental
Objetivos:
- Determinar o comprimento de onda de um trans-
missor de microondas;
- Determinar o índice de refração de bolinhas de
estireno.

Material:
- gerador de Microondas
- receptor de Microondas
Figura 4.1: Arranjo experimental de ondas estacio-
- trilhos
nárias.
- goniômetro (0-360o)
- bolinhas de estireno
- prisma em espuma ethafoam
Procedimento
Aparato
A) Determinação do comprimento de onda
O sistema de Microondas a ser utilizado con-
tém: 1) Monte o arranjo experimental esquematizado
Um transmissor que consiste de um diodo na Figura 4.1 e ligue o transmissor de microondas.
Gunn dentro de uma cavidade ressonante de 10,525 Ajuste os controles do receptor de modo a obter
GHz (comprimento de onda de 2,85 cm), dando um sinal de leitura aproximadamente na metade
origem a uma radiação coerente com 15 mW de da escala. Lentamente mova o receptor ao longo
potência. A radiação é linearmente polarizada ao do trilho na direção do transmissor. Como isso
longo do eixo do diodo. afeta a leitura de intensidade?
Um receptor que consiste de um diodo Schottky
que responde somente à radiação polarizada li- Questão: Como este efeito observado se relaci-
nearmente ao longo do seu eixo, dando origem ona com o comprimento de onda (λ) da micro-
a uma tensão DC que varia em magnitude de onda?
acordo com a intensidade da radiação de micro-
ondas. A tensão DC pode alternativamente ser 2) Coloque uma distância entre o receptor e o
lida diretamente com um voltímetro conectado transmissor ao longo do goniômetro a fim de ob-
aos terminais disponíveis no receptor. O receptor ter o máximo de intensidade no medidor. Anote
possui um seletor de ganho (INTENSITY) com o valor da posição do receptor na escala.
quatro opções: 1×, 3×, 10× e 30×. Esses valores
indicam o fator pelo qual a leitura do medidor 3) Mova o receptor na direção oposta ao do trans-
deve ser multiplicada para normalizar as medi- missor até que o receptor passe através de 8 a 10
das efetuadas em diferentes escalas, contanto que posições de mínimo de intensidade e retorna a
o controle contínuo de sensibilidade (VARIABLE posição de máximo. Anote a nova posição do re-
SENSITIVITY) não seja alterado de uma escala ceptor e o número de mínimos.
para outra. Como regra geral, ajuste a sensibi-
lidade para que o medidor forneça uma leitura 4) Use os dados acima para calcular o compri-
aproximadamente na metade da escala. Se neces- mento de onda (λ) da radiação de microondas.
sário, mude o ganho do receptor.
Conjunto trilho-goniômetro como mostrado 5) Repita as medidas acima três vezes, e calcule o
na figura 4.1. O transmissor e o receptor são mon- valor do comprimento de onda. Obtenha o com-
tados (e podem deslizar) ao longo de dois trilhos primento médio e o seu respectivo erro.
com escala em centímetros. Desta forma a distân-
cia entre transmissor e detetor pode ser continua- 6) Use a relação v = λν para calcular a frequência
mente variada. Um goniômetro entre os dois tri- ν do sinal de microonda, assumindo que a veloci-
lhos permite que o ângulo entre os mesmos possa dade de propagação no ar é v =3.00×108m/s.
ser ajustado.
EXPERIMENTO 4. MICROONDAS 14

B) Refração através de um prisma Questões


7) Monte o arranjo experimental mostrado na fi- P1) No diagrama da figura 4.3, nós assumimos
gura 4.2. Gire o prisma vazio e verifique o efeito que a onda incidente não sofre refração ao passar
da onda incidente. Reflete, refrata ou absorve pelo primeiro lado do prisma, ou seja, o ângulo
a onda? Coloque as bolinhas de estireno e ob- de incidência é 0. Esta suposição é válida?
serve o efeito da onda incidente. Para simplificar
o cálculo, alinhe o lado do prisma que está mais P2)Usando este equipamento, como você pode-
perto do transmissor, perpendicularmente ao raio ria verificar que o índice de refração do ar é igual
de microonda incidente. a 1?

P3) Você acha que o valor do índice de refração


de um prisma preenchido de bolinhas de estireno
é o mesmo índice de refração que um prisma só-
lido de estireno?

Bibliografia
• “Física”, Resnick, Halliday and Krane – Vol.
4 - Cap. 42,43.
• Física IV, Ótica e Física Moderna, Youg &
Freedman, 14a Edição, Cap. 33 – Natureza
e propagação da luz, Seção 3.3.2 – Reflexão
Figura 4.2: Arranjo experimental da refração de um e Refração.
prisma.

8) Gire o goniômetro e encontre o ângulo θ no


qual o sinal refratado seja máximo.

Nota: θ é o ângulo que você lê diretamente


na escala graduada do goniômetro.

9) Usando o diagrama mostrado na figura 4.3,


determine o ângulo θ1 e use seu valor para deter-
minar o valor de θ2 .

Figura 4.3: Geometria da refração de um prisma.

10) Usando a Lei de Snell, determine o valor do


índice de refração n1 , sabendo que o índice de
refração do ar (n2 ) é igual a 1.
EXPERIMENTO 5

DIFRAÇÃO E INTERFERÊNCIA

O que você deve saber para fazer esta experiência:


• Difração e interferência em ótica;
• Princípio de Huygens (ou Huygens-Fresnel).

Introdução
A interferência ótica pode ser definida como in-
teração de duas ou mais ondas luminosas que re-
sulta em um padrão de intensidade diferente da-
quele que se obtém somando-se as intensidades
individuais de cada onda. Os princípios da inter-
ferência ótica foram pioneiramente descritos por
Thomas Young no início do século XIX a partir Figura 5.1: Esquema simplificado da experiência de
interferência de fendas.
de experimentos baseados em fendas microscópi-
cas. A interferência de feixes de luz que atraves-
sam sistemas de fendas é um dos fenômenos que devido à interferência de duas fendas é dada por
demonstram mais diretamente a natureza ondu-
latória da luz. I = If.u. .cos2 γ, (5.2)
A figura 5.1 descreve um esquema simplificado
da experiência de fenda dupla. Um feixe de luz onde If.u. é a intensidade da radiação emergente
coerente passa por um obstáculo de duas fendas de cada sulco (f.u.=fenda única) e γ é dado pela
(com largura a e separadas de uma distância d) e expressão:
π
incide sobre um anteparo (posicionado a uma dis- γ = d.senθ. (5.3)
λ
tância D do obstáculo), onde é formado o padrão
de interferência. Vale lembrar porém que para uma única fenda
A diferença de caminho entre os dois feixes finita (a 6= 0), devido a efeitos de difração, a in-
que incidem no ponto P do anteparo é aproxi- tensidade emergente não é constante sendo If.u.
madamente d.senθ, e devido à interferência cons- dada pela seguinte expressão:
trutiva, obtém-se a condição para os máximos de
sen2 α
intensidade no padrão como If.u. = Io , (5.4)
α2
d.senθ = nλ, n = 0, 1, 2... (5.1) onde
πa
α= senθ. (5.5)
Uma expressão geral para o perfil de intensidade λ
Para um feixe de luz incidindo sobre várias fendas
é fácil ver que as condições de interferência cons-

15
EXPERIMENTO 5. DIFRAÇÃO E INTERFERÊNCIA 16

trutiva são as mesmas que para o caso de uma Aparato


fenda dupla, descritas pela Eq. 5.1. Ou seja, a
posição do máximos depende somente de λ e d. O Nesse sistema uma fibra ótica é afixada ao suporte
número de fendas influencia porém a intensidade da caneta do plotter que pode ser deslocado line-
da radiação. Para um obstáculo com Ns fendas, a armente a uma velocidade constante controlada.
intensidade do padrão de interferência será dada A intensidade da luz recolhida pela fibra ótica é
por: medida em um detector ligado a um computador
sen2 (Ns γ) por um sistema de aquisição de dados. Assim
I = If.u . , (5.6)
sen2 γ pode-se obter no computador a medida da inten-
onde If.u. e γ foram definidos anteriormente. sidade do padrão desejado em função do tempo
O fenômeno de interferência de muitas fren- [I(t)], que pode ser convertida facilmente para in-
tes de onda é aproveitado nas redes de difração tensidade em função da posição sabendo-se a ve-
(Note, que nesse caso o termo difração se refere locidade de varredura do plotter.
ao fenômeno de geração de frentes de ondas por Observação: Em caso de dúvida consulte o pro-
muitos centros espalhadores). As redes de difra- fessor.
ção são muito usadas em espectroscópios para a
separação espacial das diferentes componentes de Procedimento
um feixe policromático.
Uma rede de difração é confeccionada abrindo- A) Difração e Interferência de fendas
se sulcos paralelos e igualmente espaçados em uma
placa de vidro ou outro material. Normalmente 1) Através do sistema de aquisição descrito acima,
o número de sulcos é da ordem de algumas cente- meça o padrão de difração de uma fenda simples
nas de sulcos por milímetro. Diferentemente do de largura a (valor sugerido de 0.04 mm).
caso de duas fendas, onde temos regiões que per-
mitem a passagem integral da radiação incidente Observação: Não esqueça de medir a distância
e outras regiões completamente opacas, a rede de D entre a fenda e a entrada da fibra ótica, pois
difração é transparente em toda a sua extensão. este valor será importante mais à frente para tra-
Os padrões de interferência são conseguidos tamento dos dados.
porque os sulcos mudam o caminho óptico, o que
acarreta uma variação periódica da fase. As redes 2) Meça o padrão de interferência de fendas du-
assim construídas são denominadas redes de fase plas, estas devem ter a mesma largura a do item
e são as mais amplamente usadas. Dependendo anterior, e com separação d entre as fendas.
da forma do sulco é possível interferir nas dis-
tribuições de intensidades, rompendo a simetria 3) Escolha agora uma fenda dupla com uma outra
do padrão que deveria existir sobre θ = 0. Essa separação d entre as fendas. Faça uma análise dos
característica é algumas vezes vantajosa para re- padrões obtidos em 2) e 3), e comprove a relação
forçar a intensidade de algum reflexo. descrita pela Eq. 5.1.

4) Para efeito de comparação dos três padrões,


Parte Experimental plote-os em um mesmo gráfico, ou imprima os
três padrões com a mesma escala x. Faça um
Objetivo : Estudar os fenômenos de difração e tratamento nos dados de forma que tanto a posi-
interferência em fendas e redes de difração. ção como a intensidade do máximo central seja a
mesma para os três padrões. Discuta as diferen-
Material ças entre os três padrões.
- Placas com fendas simples e duplas
- Macaco 5) A partir das equações 5.4 e 5.5, e introdu-
- Microscópio zindo os parâmetros D (medido), a, d e α (no-
- Laser He-Ne (λ=632.8 nm); minais) simule as curvas I(x) teóricas para cada
- Redes de difração de 300 e 600 linhas/mm; um dos casos e compare com as curvas experi-
- Sistema para aquisição de padrões de interfe- mentais. Discuta as possíveis semelhanças e as
rência e difração adaptado a partir de um plotter diferenças.
(registrador XY) antigo.
EXPERIMENTO 5. DIFRAÇÃO E INTERFERÊNCIA 17

B) Redes de difração

6) Coloque a rede de difração de 300 fendas/mm


próxima ao olho e observe através dela uma lâm-
pada incandescente e uma lâmpada de hidrogênio
(ou mercúrio). Coloque a rede em frente a um
"spot"de LASER projetado na parede. Descreva
o observado. Qual é a diferença entre os espectros
destes três tipos de fontes luminosas? Qual é a
origem desta diferença?

Cuidado: Não olhe diretamente para o feixe do


LASER nem toque no filme das redes de difração.

7) Use uma outra rede de difração (600 fendas/mm)


e observe o espectro da lâmpada de hidrogênio (ou
mercúrio). Qual é a diferença no espectro com re-
lação à rede anterior?

8) Use o LASER He-Ne (λ=632.8nm) e deter-


mine com a máxima precisão possível, o número
de fendas por unidade de comprimento da rede.
Compare com o valor nominal (600 fendas/mm).

Bibliografia
• “Introduction to Moder Optics”, Grant R.
Fowles, Dover Publicatios, Inc., New York.
• “Optics”, Eugene Hecht, Addison-Wesley.
EXPERIMENTO 6

DISPERSÃO DA LUZ EM UM PRISMA

O que você deve saber para fazer esta experiência: onde n = c/v, ele será refratado segundo a Lei
• Propagação da luz em meios dielétricos; de Snell :
senθi = n.senθr , (6.1)
• Refração da luz.
onde i significa raio incidente e r raio refratado.
Os ângulos são medidos com relação a normal à
Introdução superfície.
De um modo geral, o índice de refração n de-
Em materiais condutores a luz não se propaga,
pende do comprimento de onda da luz λ. Esta
mas é refletida pela superfície do condutor, ou
dependência é chamada dispersão cromática. A
seja, metais são bons refletores. O efeito é devido
figura 6.1 mostra a dispersão para vários mate-
à existência de elétrons livre, que são fracamente riais transparentes. A dispersão ocorre devido à
ligados aos núcleos e que se locomovem através
resposta das cargas elétricas do meio material sob
do metal com extrema facilidade ( ou livremente).
a ação do campo elétrico da luz.Para frequências
Se uma onda eletromagnética tenta penetrar no muito grandes (maiores que as frequências de res-
interior do condutor, os elétrons livres se organi-
sonância dos elétrons), estes não respondem mais
zam de tal forma a expulsar o seu campo elétrico.
e o meio se torna praticamente igual ao vácuo.
Se o campo elétrico é zero no interior do metal,
o campo magnético também é anulado - conse-
quentemente a onda não se propaga.
Materiais dielétricos (isolantes) por sua vez
não possuem elétrons livres, em outras palavras
os elétrons são ligados ao núcleo. Consequente-
mente não existirá o efeito da “blindagem” ou ex-
pulsão do campo elétrico. A luz se propaga atra-
vés do interior do material, com uma velocidade
v menor que a velocidade no vácuo c (v < c). A
redução da velocidade ocorre porque o campo elé-
trico oscilatório da onda induz oscilações das par-
tículas eletricamente carregadas (íons, elétrons) e
a resposta do sistema dependerá da natureza do
material através do qual a luz se propaga. Tam-
bém a velocidade de propagação em geral depen-
derá da frequência ν (ou comprimento de onda
λ = v/ν ) caracterizando a dispersão da luz. Figura 6.1: Dependência do índice de refração com o
Se um raio de luz vindo do vácuo penetra em comprimento de onda para vários materiais (Optics,
um meio transparente de índice de refração n, E. Hecht, cap. 5, pags. 189-195).

18
EXPERIMENTO 6. DISPERSÃO DA LUZ EM UM PRISMA 19

A figura 6.2 mostra a "curva de dispersão",


isto é a variação do índice de refração (n) em fun-
ção da frequência da radiação (ω), para um meio
com três frequências de ressonância devido à ab-
sorção de luz pelo material. Esta curva pode ser
calculada a partir da teoria de osciladores harmô-
nicos forçados, e se observa o seguinte comporta-
mento:
- para ω grande (λ pequeno) n tende para 1;
- para ω = 0 (λ → ∞) n se aproxima de um
1/2
valor limite Ke (Ke = constante dielétrica);
- ocorrem máximos e mínimos causados pelas
ressonâncias (ω1 , ω2 , ...).
Entre as ressonâncias, o índice de refração au-
menta com o aumento de ω, ou seja, com o de-
Figura 6.3: Esquema geométrico da luz incidente no
créscimo de λ (dn/dλ < 0). Esta é a chamada
prisma para a medida do desvio mínimo.
dispersão normal. Por outro lado bem próximo
às ressonâncias o comportamento é inverso, ou
seja, dn/dλ é positivo, caracterizando a disper-
são anômala. Refração em um prisma de vidro

Considere um prisma com seção formada por um


triângulo isósceles (veja a figura 6.3). É possível
demonstrar que o feixe de luz após refratar nas
duas interfaces, ar-vidro e vidro-ar, desviará de
um ângulo (δ) passando por um mínimo (δmin )
se o raio passar paralelamente à base do prisma,
oposta ao vértice de ângulo A.

O ângulo δ é bem determinado nesta situação,


e por isso, ele é usado para medir n, através da
equação:

senθ1 sen( δmin2 +A )


n= = (6.3)
senθ2 sen A 2

Figura 6.2: Curva de Dispersão, variação do índice Questão 1: Demonstre a equação acima.
de refração em função da frequência da radiação (In-
troduction to Modern Optics, G. R. Fowles, Second
Edition, 1975, cap. 6, pág. 159).

Parte Experimental
Como consequência da dispersão, a luz se de- Objetivo:
compõe em componentes espectrais quando passa Determinar a curva de dispersão de uma material
através de um prisma. Se a luz deflete de um ân- transparente utilizando um espectroscópio.
gulo δ(n) temos:
Material:
dδ(n) dδ dn
= × , (6.2) - Espectroscópio
λ dn dλ
- Lâmpada de mercúrio de baixa pressão
onde o segundo termo dn/dλ, a dispersão, de- - Prisma
pende somente do material do prisma, enquanto
o primeiro termo dδ/dn pode ser considerado uma Obs: Consultar a guia de operação do espectros-
propriedade da instrumentação. cópio na bancada do experimento.
EXPERIMENTO 6. DISPERSÃO DA LUZ EM UM PRISMA 20

Procedimento

1) Coloque o prisma com o vértice a ser medido


dirigido para o feixe de luz no centro do espectros-
cópio (veja figura 6.4). Determine as posições dos
raios refletidos nas duas faces, ou seja, os ângulos
φ1 e φ2 , e calcule a diferença:

R = φ1 − φ2 . (6.4)

Questão 2: Mostre que R = 2A.

Faça 5 medidas de φ1 e φ2 , movendo o prisma


ligeiramente de lugar, caso necessário para a vi-
sualização das duas imagens, e determine o valor
de A e ∆A.

Observações:
- Cuidado ao aproximar a lâmpada de gás do co-
limador. Quanto menor a distância mais nítida é
a imagem da fenda, porém, por segurança, o co-
limador nunca deve encostar na lâmpada!
- A posição do prisma deve ser bem alinhada ao
feixe, senão você não poderá ver os dois feixes re-
fletidos nos dois lados do prisma (veja fig. 6.4).
Figura 6.4: Esquema geométrico da luz incidente no
A reflexão no vidro é baixa em relação a intensi- prisma, para a medida de A.
dade da luz incidente (≃ 4%).

2) Observe atentamente a figura 6.3 e identifique próximos só podem ser vistas aumentando a reso-
as direções dos feixes incidente e emergentes, es- lução do espectrômetro, ao reduzir a fenda na en-
tes últimos de diversas cores. Procure posicionar trada do colimador. Se isso não for suficiente para
seu prisma no espectroscópio de maneira a obser- resolvê-las, considere a raia desta cor como tendo
var as raias espectrais. Gire a mesa se for preciso. a média dos comprimentos de onda das duas raias
Quando a imagem das raias for localizada, con- não resolvidas.
tinue girando a mesa lentamente e acompanhe a
imagem. Usando o telescópio localize exatamente 3) Agora inverta a posição do vértice do prisma,
a posição de retorno das raias e faça a leitura do com relação ao raio incidente, e determine as no-
ângulo (δmin ) para cada cor (forte) do espectro vas posições do feixe refratado quando o desvio
da lâmpada utilizada (ver tabela 6.1). for mínimo, isto é, na posição de retorno da ima-
gem. Determine o valor médio de δ e seu desvio.

COR λ (Å) 4) A partir dos valores de δ e A, determine n


vermelho 6907.2 (fraco) para as cores do espectro a partir da equação 6.3.
amarelo 5790.7; 5769.62 (forte) Faça um gráfico n × λ, e compare com a figura
verde 5460.7 (forte)
6.1. Determine o tipo de vidro de que é feito o
verde-azul 4916.0 (médio)
prisma utilizado.
azul 4358.3 (forte)
violeta 4077.8 (médio); 4046.5 (fraco)
Determinação semi-quantitativa de parâme-
tros microscópicos
Tabela 6.1: Cores, comprimentos de onda (em Å)
e intensidades relativas das principais linhas da lâm- Considerando os núcleos e elétrons do vidro como
pada de mercúrio. osciladores harmônicos forçados, é possível formu-
lar um modelo simples para o índice de refração
Observação: As raias de mesma cor e λ muito a partir da resposta do meio a um campo elétrico
EXPERIMENTO 6. DISPERSÃO DA LUZ EM UM PRISMA 21

aplicado E em função da frequência ω. onde f = N e2 /(ωo2 εo me ) é a chamada "força de


Quando o campo elétrico de uma onda ele- oscilador"e representa fisicamente a contribuição
tromagnética incide sobre um dielétrico, existem de transição eletrônica para o índice de refração
vários mecanismos possíveis para que o meio se n(ω), ou em outras palavras, quão alta é a pro-
polarize. Moléculas polares podem se reorientar babilidade de transição para a absorção na resso-
de modo a se alinharem com o campo E e os íons nância. Veja, por exemplo, na parte de baixo da
podem vibrar na frequência da onda eletromag- Fig. 6.2, que os platôs abaixo de cada transição
nética incidente. Estes mecanismos de polariza- estão deslocados em relação aos platôs acima da
ção envolvendo núcleos e moléculas ocorrem sem- transição. A diferença entre os valores dos platôs
pre para frequências abaixo do visível, devido a abaixo e acima de cada transição é a "força de
sua grande inércia. No entanto, para frequências oscilador"(f) de cada absorção.
no visível e acima do visível, os núcleos e mo-
léculas são incapazes de seguir as variações do 5) Faça um gráfico linearizado [n2 − 1]−1 ver-
campo E. Já os elétrons, com pequena inércia, sus freqüência ao quadrado ω 2 usando os valo-
podem acompanhar variações do campo mesmo res das frequências ω das diversas cores usadas
em frequências ópticas da ordem de 1014 Hz. Le- nesta experiência. Lembre-se que ω = 2πν/λ,
vando em conta esta possibilidade de interação onde v = c/n é a velocidade da luz no vidro.
dos elétrons, iremos derivar uma expressão para
o índice de refração n de um meio em função da 6) Determine, a partir dos coeficientes da regres-
frequência ω da luz incidente, em termos do que são linear deste gráfico, os valores da frequência
está acontecendo a nível atômico. de ressonância ωo e da força de oscilador f . Dis-
Imagine que os elétrons mais externos este- cuta a origem física da dispersão da luz branca
jam ligados a seus respectivos átomos por forças em um prisma, e mostre em qual faixa do espec-
restauradoras elásticas (−me ωo2 X). Estas forças tro eletromagnético se encontra a frequência de
serão proporcionais aos deslocamentos X desses ressonância ωo determinada acima.
elétrons fora de suas posições de equilíbrio. A
força FE , causada por um campo E de uma onda
eletromagnética de frequência ω, atuando em um Bibliografia
elétron é dada por:
• Física, Halliday D. and Resnick R., Vol. 4,
FE = eE(t) = eEo cos(ωt). (6.5) Caps.:43-44.
• Física IV, Ótica e Física Moderna, Young
Mas, pela 2a lei de Newton, temos:
& Freedman, Cap. 33 – Natureza e propa-
d2 X gação da luz, Seção 33.4 – Dispersão, pg.
eEo cos(wt) − me ω 2 X = me . (6.6) 13-14.
dt2
A constante ωo é a frequência natural do oscila- • Optics, E. Hecht, Cap. 5.
dor. A solução para a equação acima é:
• Introduction to Modern Optics, Grant R.
eE(t) Fowles, Cap. 6.
X(t) = Xo cos(ωt) = . (6.7)
me (ωo2 − ω 2 )

O momento do dipolo elétrico é igual à carga ve-


zes seu deslocamento e, se temos N elétrons por
unidade de volume, a polarização elétrica será:

e2 N E(t)
P (t) = eN X(t) = = (ε − εo )E(t),
me (ωo2 − ω 2 )
(6.8)
onde ε e εo são a permissividade elétrica do meio
e do vácuo, respectivamente. Como n2 = ε/εo ,
tem-se:
N e2 f 2 ωo2
n2 = 1 + = 1 + , (6.9)
εo me (ωo2 − ω 2 ) (ωo2 − ω 2 )
EXPERIMENTO 7

LEIS DE FRESNEL PARA REFLEXÃO

O que você deve saber para fazer esta experiência:


• propagação da luz em meios dielétricos;
• reflexão e refraçao da luz.

Introdução
O comportamento da luz atravessando uma in-
terface de dois meios isotrópicos foi estabelecido
em 1821 por Fresnel, sem que ele se desse conta
da natureza eletromagnética da luz. Mais tarde
as “equações de Fresnel” foram verificadas pelas
equações de Maxwell.
No experimento a seguir a intensidade de luz
refletida por uma interface de dois meios trans-
parentes à luz (ar e vidro) será investigada em
função do ângulo de incidência e da polarização.
As propriedades de polarização, de refração e da
reflexão da luz poderão ser utilizadas para a ve-
rificação das leis de Fresnel, assim como para a
determinação do índice de refração.
Como na fig. 7.1A, seja Eo⊥ o vetor campo
elétrico da luz incidente que oscila perpendicular-
mente ao plano de incidência-reflexão, enquanto
k
o vetor campo magnético Bo oscila paralelo a este
plano. De acordo com a lei de continuidade das
componentes tangenciais, e levando-se em conta
as direções dos feixes tem-se que:

Eo⊥ + Er⊥ = Et⊥ , (7.1)


k
(Bok − Brk )cosα = Bt cosβ. (7.2) Figura 7.1: Representação da reflexão e refração da
luz de um feixe de luz incidente. Em A) está re-
Sabendo que |B| = n|E| resulta que: presentado um feixe com polarização do vetor campo
elétrico perpendicular ao plano de incidência-reflexão
(Eo⊥ − Er⊥ )cosα = n(Eo⊥ + Er⊥ )cosβ. (7.3) enquanto em B) o vetor campo elétrico é paralelo a
este plano.

22
EXPERIMENTO 7. LEIS DE FRESNEL PARA REFLEXÃO 23

A seguir, calculando-se a razão das amplitu- perpendiculares entre si (α + β = π/2) então


des de campo elétrico na direção perpendicular
ao plano de incidência-reflexão, e levando-se em ζ k = 0, (7.13)
conta a lei de refração nsenβ = senα tem-se que
ou seja o vetor campo elétrico oscila apenas na
E⊥ cosα − ncosβ sen(α − β) direção normal ao plano de incidência-reflexão.
ζ ⊥ = r⊥ = =− ,
Eo cosα + ncosβ sen(α + β)
(7.4) Usando a lei de Snell temos que:
onde ζ ⊥ é o coeficiente (perpendicular) de refle- π
xão. senα = nsenβ = nsen( − α) = ncosα (7.14)
2
A figura 7.1B mostra um feixe de luz com o ve-
k
tor Eo oscilando paralelo ao plano de incidência- Este ângulo de reflexão em que a luz refletida é
reflexão. totalmente polarizada, é conhecido como “ângulo
Analogamente às equações 7.1 e 7.2 tem-se de Brewster” e, neste caso, vale a relação:
que:
Bo⊥ + Br⊥ = Bt⊥ , (7.5) tanαp = n. (7.15)
k
(Eok − Erk )cosα = Et cosβ. (7.6) Este ângulo pode ser visualizado
na fig. 7.2 como
o mínimo na curva ζ k (α) .
Usando |B| = n|E| resulta que:
1 k
(Eok − Erk )cosα = (E − Erk )cosβ. (7.7)
n o
O coeficiente (paralelo) de reflexão fica portanto:
k
Er ncosα − cosβ tan(α − β)
ζk = k
= =− .
Eo ncosα + cosβ tan(α + β)
(7.8)
As equações de Fresnel 7.4 e 7.8 podem ser ex-
pressas em outra forma, eliminando-se o ângulo
de refração β, usando-se a lei de refração:


Er⊥ ( n2 − sen2 α − cosα)2
ζ⊥ = = , (7.9)
Eo⊥ n2 − 1

k √
Er n2 cosα − n2 − sen2 α
ζk = k
= √ . (7.10)
Eo n2 cosα + n2 − sen2 α

Casos Especiais:

A: Para âgulo de incidência normal (α = β = 0):


Figura 7.2: Curvas experimental e teórica dos mó-

⊥ k
n − 1
ζ =ζ = (7.11) dulos dos coeficientes de reflexão perpendicular ζ ⊥ e
n + 1
paralelo ζ k ao plano de incidência-reflexão em fun-
B: Limite de incidência rasante (α = β = π/2): ção do ângulo de incidência α (Adaptada do texto da
prática da empresa Phywe).
ζ⊥ = ζk = 1 (7.12)

C: Se o feixe refletido e o feixe refratado forem


EXPERIMENTO 7. LEIS DE FRESNEL PARA REFLEXÃO 24

Parte Experimental
5) Com estes dados experimentais, determine ζ k
Objetivo: e ζ ⊥ e faça um gráfico dos mesmos em função
- Verificar experimentalmente a validade das equa- do ângulo de incidência α. Lembre-se que os co-
ções de Fresnel; eficientes de Fresnel correspondem à razão entre
- Determinar o índice de refração de um vidro uti- amplitudes de campos elétricos e os valores me-
lizando as leis de Fresnel. didos correspondem às intensidades.

Material: 6) A partir do seu gráfico determine o ângulo de


Laser Brewster e o índice de refração n do material do
Goniômetro (com adaptador para fibra ótica) prisma.
Prisma
Polarizador 7) Calcule também as curvas teóricas para os mó-
Fibra ótica dulos de ζ k e ζ ⊥ (utilize o valor de n obtido no
Fotômetro Pasco OS-8020 item anterior) e compare com o seu resultado ex-
perimental. (Coloque as curvas teóricas e os da-
Procedimento: dos experimentais todos no mesmo gráfico).

1) Alinhe o laser, lente e goniômetro, de forma


que a luz do laser incida no centro da fibra ótica Bibliografia
quando na posição de 180o do goniômetro.
• “Introduction to Moder Optics”, Grant R.
2) Posicione o prisma no centro do goniômetro Fowles, Dover Publicatios, Inc., New York.
com sua face maior alinhada com a linha central.
• “Optics”, Eugene Hecht, Addison-Wesley
Note que neste experimento o prisma é a superfí-
cie refletora.

3) Peça ao professor para explicar o funciona-


mento do fotômetro. Com menor quantidade pos-
sível de luz na sala, ajuste o zero do fotômetro na
escala mais sensível.

4) Meça a intensidade de reflexão da luz em fun-


ção do ângulo de incidência (α) para as direções
de polarização da luz paralela e perpendiculares
ao plano de incidência-reflexão. A leitura no go-
niômetro do espectrômetro representa o ângulo
de incidência mais o ângulo de reflexão, ou seja,
2α. Para garantir que o fotômetro meça corre-
tamente o ângulo de reflexão (igual ao ângulo de
incidência) procure o máximo na intensidade do
fotômetro, girando-se o prisma para cada nova
medida de α. Atenção: Isto deve ser rea-
lizado com muita cautela, pois um erro de
posicionamento causará um erro na medida
da intensidade.

Obs. 1) As escalas de intensidade do fotômetro


estão muito bem calibradas, portanto utilize sem-
pre a escala mais sensível, sempre atento ao valor
de fundo de escala escolhido.
Obs. 2) Meça também a intensidade do feixe in-
cidente (I0 ), retirando o prisma do goniômetro
para as duas posições do polarizador.
EXPERIMENTO 8

BIRREFRINGÊNCIA

O que você deve saber para fazer esta experiência:


• refração da luz;
• polarização da luz;

Introdução
Os materiais oticamente isotrópicos não apresen-
tam dependência do índice de refração com a di-
reção de propagação e o estado de polarização da
luz incidente. O diamante, os cristais de sal de
cozinha (NaCl), e os líquidos, são bons exemplos
de materiais isotrópicos.
Materiais que apresentam anisotropia no ín-
dice de refração são conhecidos como materiais
birrefringentes. Alguns exemplos destes materi- Figura 8.1: Diagrama da propagação de uma luz
ais são os cristais de calcita (CaCO3), quartzo, linearmente polarizada em um cristal birrefringente.
e polímeros, tais como o acrílico, sob aplicação
de tensão mecânica. Uma parte destes materi-
ais apresenta dois índices principais de refração, Vamos analisar o que ocorre quando uma luz
conhecidos como no , o índice ordinário e ne , o linearmente polarizada e orientada de um ângulo
extraordinário. Materiais mais complexos otica- θ em relação ao eixo y atravessa um cristal bir-
mente possuem três índices principais de refração, refringente de espessura d, como é mostrado na
casos estes que não serão tratados aqui. figura 8.1.
A birrefringência ∆n é definida como a dife- O campo elétrico E da luz incidente é expresso
rença entre os índices principais de refração de um por:
material, ∆n = ne − no . O cristal de calcita apre-
senta uma birrefringência extremamente elevada E = (Ex x + Ey y)cos(kz − ωt), (8.1)
∆n=0,172, com os índices de refração principais
E = (Esenθx + Ecosθy)cos(kz − ωt), (8.2)
iguais a no =1,658, ne =1,486. A maioria dos
materiais anisotrópicos possui birrefringência da onde x e y são as direções perpendiculares à dire-
ordem de 10−5 a 10−7 , de forma que seus efei- ção de propagação da luz incidente z, e Ex e Ey as
tos podem ser raramente observados a olho nu. componentes do campo elétrico, respectivamente.
Ainda assim podem afetar drasticamente a pola- As duas componentes do campo elétrico Ex e
rização da luz ao serem atravessados por um feixe Ey propagam através do cristal linearmente in-
de luz, como veremos a seguir. dependentes uma da outra com velocidades dife-

25
EXPERIMENTO 8. BIRREFRINGÊNCIA 26

rentes, iguais a vo = c/no e ve = c/ne , respecti- - Investigar fenômenos de birrefringência em cal-


vamente. Estas duas componentes sofrerão uma cita e acrílico;
variação de fase ao atravessarem o material, que - Estudar efeitos de placas de 1/2 e 1/4 de onda.
pode ser expressa por:
Material:
δo = no kd, (8.3) cristal de calcita
placas de 1/2 onda
δe = ne kd, (8.4) placas de 1/4 de onda
onde k é o módulo do vetor de onda da luz que polarizadores com goniômetro
corresponde a 2π/λ, sendo λ o comprimento de laser
onda. Assim, a diferença de fase δ entre as duas anteparo
componentes do campo elétrico é expressa por:
Procedimento
2πd(ne − no ) 2πd∆n
δ= = . (8.5)
λ λ Birrefringência em cristal de calcita

Então, a birrefringência é dada pela expressão: 1) Desenhe uma cruz numa folha de papel em
branco e coloque o cristal de calcita em cima dela,
δλ como mostrado na figura 8.2. Gire o cristal em
∆n = (8.6)
2πd cima da cruz desenhada, e descreva o que acon-
tece com as duas imagens. Veja também o que
O campo elétrico da luz ao sair do material pode
ocorre ao visualizar a imagem através de um po-
ser escrito por:
larizador (gire o polarizador).
Ef inal = Ex cos(kz − ωt)x
(8.7) Tente explicar a origem dos fenômenos observa-
+Ey cos(kz − ωt + δ)y dos.
ou
Ef inal = E[senθcos(kz − ωt)x
(8.8)
+cosθcos(kz − ωt + δ)y]

Nas equações 8.5 e 8.8 acima, podemos obser-


var que o estado de polarização da luz emergente
do material depende do ângulo θ entre a polari-
zação da luz incidente e o eixo y, do comprimento
de onda da luz incidente λ e também da espessura
d do material. Para o caso geral, observa-se que
Figura 8.2: Cristal de calcita com desenho esquemá-
ao sair do material a direção de polarização da tico à direita, mostrando a propagação de uma luz
luz varia com o tempo (a não ser quando δ = 0 inicialmente não polarizada através do cristal, que se
e múltiplos inteiros de π), ou seja, podemos di- divide em duas componentes com polarizações per-
zer que a luz sai elipticamente polarizada. Isto pendiculares, o raio ordinário (o), e o raio extraordi-
porque o vetor Ef inal da equação acima descreve nário (e).
uma elipse, para uma posição fixa z.
Placas de meia onda e quarto de onda
P1) Desenhe a trajetória do vetor campo elétrico
em uma posição fixa z após a luz atravessar um Para um dado λ podemos controlar a espessura
material birrefringente, nos seguintes casos: d de um material birrefringente para se obter um
(a) θ = 300 , δ = π defasamento específico quando a luz sair do ou-
(b) θ = 450 , δ = π/2 tro lado do material. Podemos assim construir
componentes ópticos que mudam o estado de po-
larização da luz incidente. Assim, quando temos
Parte Experimental δ = π/2 obtemos a placa de um quarto de onda.
Objetivo: Se a luz incidente estiver linearmente polarizada
e orientada a θ = 45o do eixo y, a luz sairá do
EXPERIMENTO 8. BIRREFRINGÊNCIA 27

material circularmente polarizada. Para δ = π, que a direção de polarização esteja perpendicular


temos uma placa de meia onda, que é usada para à direção em que você está olhando a amostra.
alterar a direção de polarização de uma luz line-
armente polarizada. 6) Perceba os máximos e mínimos de espalha-
mento da luz. Marque com um lápis o maior
2) Mostre como combinar duas placas de λ/4 número de distâncias de mínimos (regiões escu-
para formar uma de λ/2, e como combiná-las ras). Meça esta distância d com uma régua, e
de modo a se anularem. Verifique experimental- divida pelo número de mínimos observados. De-
mente. termine a birrefringência ∆n do acrílico com o
uso da equação 8.6, considerando que a diferença
3) Incida um laser através dois polarizadores cru- de fase δ entre os mínimos corresponde a 2π.
zados entre si, de modo a observar a extinção
completa do laser em um anteparo. Coloque uma
placa de meia onda entre os dois polarizadores de Bibliografia
maneira a manter a extinção da luz. Agora gire
• Física IV – Ótica e Física Moderna, Cap.
o ângulo θ1 da placa, observe que não há mais
33 – Natureza e propagação da luz, Seção
extinção total da luz. Gire o segundo polarizador
de um ângulo θ2 até obter extinção da luz. Anote 33.5 – Polarização, pg. 15-23.
os pares de valores de θ1 e θ2 a cada 10o e faça um • “Introduction to Moder Optics”, Grant R.
gráfico de um em função do outro. Faça regressão Fowles, Dover Publicatios, Inc., New York,
linear e calcule a inclinação θ2 /θ1 . Cap. 2.

Birrefringência devido à tensão mecânica • “Optics”, Eugene Hecht, Addison-Wesley.

Vamos agora estudar a propagação de um feixe


de laser em um bloco de acrílico, que apresenta
uma birrefringência devido a tensão mecânica in-
troduzida pelos canos internos no material.

4) Incida um laser (λ= 632.8 nm) em dois po-


larizadores cruzados entre si, ou seja, com os seus
eixos de polarização orientados a 90o um do ou-
tro. Você deve observar a extinção completa do
laser em um anteparo. Coloque agora a peça de
acrílico entre os polarizadores, e determine as di-
reções dos eixos ópticos do bloco de acrílico. Para
isso, gire os dois polarizadores no mesmo sentido
até que obtenha novamente a melhor extinção de
luz no anteparo.

5) Faça o laser incidir com a luz linearmente po-


larizada a aproximadamente 45o de um dos eixos
do acrílico. O feixe de laser através do acrílico se
torna visível pelo espalhamento dos defeitos mi-
croscópicos do acrílico. Devido à birrefringência
do material, o espalhamento das duas componen-
tes do feixe incidente é diferenciado. Observe a
luz espalhada dentro do material a certas inclina-
ções, em que regiões claras e escuras serão visí-
veis. A parte mais escura corresponde a uma luz
linearmente polarizada na direção em que você
está olhando a amostra. A parte mais clara cor-
responde também a uma polarização linear, tal
EXPERIMENTO 9

ATIVIDADE ÓTICA

O que você deve saber para fazer esta experiência:


• Refração da luz;
• Conceito de Birrefringência.

Introdução
A atividade óptica é o equivalente da birrefringên-
cia para polarizações circulares da luz. Materiais
que apresentam atividade óptica têm índices de Figura 9.1: Esquema do processo de rotação do
refração diferentes para os estados de polarização plano de polarização da luz ao atravessar um material
da luz circular para a direita (nD ) e para a es- com atividade ótica
querda (nE ). Sólidos, líquidos e gases apresentam
esta propriedade, originada na simetria helicoi- O açúcar é um material típico que apresenta ati-
dal de certas moléculas ou da estrutura cristalina. vidade óptica. Quando dissolvido em uma solu-
Uma luz linearmente polarizada pode sempre ser ção, o poder rotatório depende da concentração
descrita como uma combinação dos estados de po- c da solução de forma quase linear. Neste caso,
larização circular para a direita e para a esquerda. define-se freqüentemente, o poder rotatório espe-
Devido a isso, uma luz plano polarizada tem seu cífico ρ′ como:
plano de polarização girado de θ, à medida que ρ′ = ρ/c, (9.3)
atravessa uma distância d em um material com
atividade óptica (ver esquema da figura 9.1). O onde c é medido como concentração percentual
ângulo θ é dado pela expressão: em massa, dada pela razão entre as massas (massa
de soluto/massa total)×100.
π(∆n)d
θ= , ∆n = |nE − nD | (9.1)
λ
Parte Experimental
A luz gira no mesmo sentido da componente que
encontra maior facilidade de viajar no meio (me- Objetivo:
nor índice de refração). Como o ângulo θ depende Determinar o poder rotatório de soluções aquosas
da distância d da luz percorrida no meio com ati- de açúcar.
vidade óptica, é conveniente definir o poder ro-
tatório de um material como sendo o ângulo de Material
rotação por unidade de comprimento (em geral Polarímetro
tabelado para 10cm): Cubetas de acrílico
Laser
ρ = θ/d (9.2) Refratômetro de Abbe

28
EXPERIMENTO 9. ATIVIDADE ÓTICA 29

Procedimento

1) Faça uma solução aquosa de açúcar com uma


concentração de 10%. Utilize a quantidade de
açúcar para completar 100ml de água. Depois de
pronta a solução, meça o ângulo de giro do plano
de polarização da luz para diferentes comprimen-
tos de cubetas de acrílicos. Para isso, alinhe o
laser no polarímetro, e obtenha a extinção da luz
girando um dos polarizadores, e anote o ângulo do
analisador. Este será o seu zero (θo ). Encha uma
das cubeta, e ajuste o polarizador até obter no-
vamente a extinção da luz. Faça uma tabela para
todos os comprimentos l de cubeta, medindo os
ângulos de rotação da polarização (θ). Faça um
gráfico de θ × l , e calcule a inclinação ρ.

2) A relação entre o índice de refração e a concen-


tração de uma solução de açúcar é experimental-
mente bem determinada, conforme tabela anexa
ao experimento. Use o Refratômetro de Abbe
para medir o índice de refração da solução de açú-
car e conferir a concentração de açúcar. (Solicite
ajuda ao professor para operar o Refratômetro).

3) Refaça a experiência para uma concentração


de 20% e 30% de açúcar e calcule ρ também para
estes dois casos.

4) Calcule o poder rotatório específico para 10%,


20% e 30% e compare os resultados.

Bibliografia
• Física, Halliday e R. Resnick, Vol. 4, Cap.48,
4a Edição..
EXPERIMENTO 10

MEDIDA DA VELOCIDADE DA LUZ

O que você deve saber para fazer esta experiência: De acordo com a teoria de Maxwell, todas as
• Conceito de ondas eletromagnéticas; ondas eletromagnéticas percorrem o espaço vazio
• Velocidade da luz em meios. com a mesma velocidade c. A definição da velo-
cidade da luz, obtida pelas equações de Maxwell,
é dada por:
Introdução 1
c= √ , (10.1)
ε o µo
Galileu (1564-1642) fez as primeiras medidas da
velocidade da luz. Em 1638, ele publicou um tra- onde εo = 8.854× 10−12 F/m é a constante de per-
missividade elétrica do vácuo e µo = 1.257×10−6H/m
balho na revista Duas Novas Ciências, discutindo
a constante de permeabilidade magnética do vá-
a respeito da velocidade da luz, conforme trecho
da conversa entre dois personagens: cuo.
O índice de refração n de um meio é definido
como o quociente da velocidade da luz no vácuo
Simplício: A experiência diária mostra que a
c e a velocidade da luz no meio v:
propagação da luz é instantânea, pois quando ve-
mos o disparo de um canhão, a grande distância, c εµ
r
a luz chega aos nossos olhos sem perda de tempo; n= = , (10.2)
v ε o µo
enquanto o som só atinge o ouvido após um apre-
ciável intervalo. onde ε e µ são as constantes de permissividade
elétrica e permeabilidade magnética do meio, res-
Sagredo: Bom, Simplício, a única coisa que posso pectivamente.
inferir dessa familiar experiência é que o som
para alcançar os nossos ouvidos, leva mais tempo
que a luz; ela não me informa se a chegada da Parte Experimental
luz é instantânea ou se, embora extremamente rá-
pida, ainda consome algum tempo... Objetivos:
- Determinar a velocidade da luz no ar;
Em sequência a Galileu que apenas conclui que a - Determinar a velocidade da luz na água e cal-
velocidade da luz é muito grande, aparecem his- cular o seu respectivo índice de refração.
toricamente os seguinte valores obtidos por dife-
rentes métodos e experimentos científicos: Material
- 1675 Ole Roemer: 2.0×108m/s; LED emissor de luz (modulado a 50.1MHz)
- 1728 James Bradley: 3.01x 108 m/s. Sensor (photodetetor) de luz
- 1849 Hippolyte Louis Fizeau: 3.133×108m/s; 2 espelhos biconvexos e 2 lentes convergentes
- 1862 Leon Foucault 2.99796×108m/s.; trilho (suporte)
O valor aceito hoje é de 2.99792458×108m/s. tubo com água
Osciloscópio

30
EXPERIMENTO 10. MEDIDA DA VELOCIDADE DA LUZ 31

2) Para determinar a velocidade da luz na água,


posicione inicialmente o suporte com espelhos em
uma posição próxima a x1 medida anteriormente
(pode arredondar para um valor inteiro para faci-
litar a medida) e ajuste a fase entre os sinais para
0 ou π. Coloque o tubo com água no caminho
do feixe de luz, tal que suas faces planas laterais
estejam perpendiculares ao eixo de propagação.
Reposicione o suporte com espelhos para que a fi-
gura de Lissajou original seja recuperada (ou seja
para a fase entre o sinal emitido e detectados seja
a mesma que a original) e meça a nova posição
x2 (veja figura 10.2(2)). Realize o mesmo proce-
Figura 10.1: Foto da montagem utilizada para a me- dimento anterior seis vezes. Determine a média
dida da velocidade da luz. de x2 e calcule o seu respectivo erro.

Aparato: A figura 10.1 mostra a montagem a ser


utilizada para a medida da velocidade da luz. O
suporte com os dois espelhos e as duas lentes bi-
convexas servem para alinhar os feixes incidente
e emergente paralelos à base graduada do experi-
mento e focalizar no detector. Alinhe os espelhos
e as lentes de forma a obter sinal durante todo o
deslocamento do suporte com os espelhos sobre a
base graduada antes de realizar o experimento.
A diferença de fase entre o sinal transmitido
da luz do LED e o recebido é representada por
uma figura de Lissajous formada na tela do osci-
loscópio (modo XY). Se ela está na forma de uma
linha reta diagonal, a diferença de fase é zero no
Figura 10.2: Diagrama dos caminhos ópticos.
caso de uma inclinação positiva, e π no caso da in-
clinação ser negativa. A frequência de modulação
Análise dos Resultados:
do sinal de 50.1 MHz é reduzida para aproxima-
damente 50 KHz tal que o sinal possa ser visto
Para se determinar a velocidade da luz no ar é
na tela do osciloscópio.
necessário considerar o caminho total percorrido
pela luz do emissor ao receptor (l1 ) e o tempo no
PROCEDIMENTO
qual a luz percorre esta distância (t1 ).
1) Para medir a velocidade da luz no ar, primei-
Q1) Mostre que ∆t é dado por
ramente, coloque o suporte com os espelhos no
ponto zero da escala da base graduada. Na tela 1
do osciloscópio (modo XY) aparecerá uma figura t1 = , (10.3)
2f
de Lissajous na forma de uma elipse, transforme-a
em uma linha reta com inclinação positiva, ajus- onde f=50.1 MHz é a frequência de modulação do
tando o botão de “fase” (“phase”) da unidade de sinal emitido.
operação. Deslize o suporte com espelhos sobre Logo, a velocidade da luz no ar será dada por:
a base graduada até uma distância x1 (veja fi-
gura 10.2(1)) em que a fase sofra uma variação de l1
c= = 4.f.x1 . (10.4)
π. Para isso, modifique as escalas do osciloscópio t1
para observar claramente a figura de Lissajous em
Para se determinar a velocidade da luz na água,
toda a tela. Meça seis vezes o deslocamento x1
deve-se calcular o tempo que a luz gasta no tra-
do suporte afim de calcular o valor médio e o res-
pectivo erro.
EXPERIMENTO 10. MEDIDA DA VELOCIDADE DA LUZ 32

jeto com a coluna da água (t2 )


1 1
t2 = (l2 − lm ) + lm , (10.5)
c vagua

e comparar t2 com o tempo gasto no trajeto sem


a coluna da água (t1 ):

k
t2 = t1 + , k = 0, 1, 2... (10.6)
f
A partir das equações 10.4, 10.5 e 10.6 mostre que
o índice de refração da água será dado por:
c 2∆x kc
nagua = = +1− , (10.7)
vagua lm f lm

onde ∆x = x1 − x2 . Para se determinar o valor


do índice de refração da água, suponha k=0, ou
seja, t1 = t2 , e que para o tubo com água temos
lm =1m. Explique o significado físico em tomar-
mos k=0.

3) Calcule a velocidade da luz no ar, o índice


de refração da água e a velocidade da luz na água
com seus respectivos erros. Compare os valores
com valores conhecidos:
c = 2.998×108 m/s
nagua =1.333 e vagua =2.248×108m/s

Bibliografia
• Fundamentos de Física, Vol. 3 – D. Halli-
day, R. Resnick, K. Krane, 5a edição, Cap
38 – Equações de Maxwell e Ondas Eletro-
magnéticas.
• Física de Física, Vol. 4 – D. Halliday, R.
Resnick, K. Krane, 5a edição, Cap 39 – On-
das Luminosas.

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