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Apostila Experimental A2
Apostila Experimental A2
-3 -2 -1 0 1 2 3
1o Semestre / 2020
Sumário
4 MICROONDAS 12
5 DIFRAÇÃO E INTERFERÊNCIA 15
8 BIRREFRINGÊNCIA 25
9 ATIVIDADE ÓTICA 28
O que você deve saber para fazer esta experiência: energia potencial da partícula na posição indicada
• Movimento de um pêndulo; na figura é dada por:
• Oscilação massa-mola; x
U (x) = mgl[1 − cos( )]. (1.1)
• Equação do oscilador harmônico; l
Para pequenas oscilações, i.e. x << l, o po-
tencial V (x) pode ser aproximado por (série de
Introdução Taylor):
mg 2
Um grau de liberdade U (x) = x . (1.2)
2l
O estudo dos movimentos oscilatórios de siste- Questão 1: Derive o potencial e encontre a força
mas físicos com mais de uma partícula pode ser restauradora. Monte a equação do movimento
bastante complicado dependendo do número de usando a 2a lei de Newton. Mostre que para um
partículas e das interações entre elas. No entanto pêndulo simplespa frequência de oscilação é dada
se nos restringirmos às oscilações em que as partí- por f = (1/2π) (g/l).
culas executam pequenos deslocamentos em torno
de suas posições de equilíbrio, simplifica-se bas- O mesmo tratamento se aplica aos sistemas massa-
tante o estudo. Isto se deve ao fato de que as for- mola das figuras 1.1(b) e 1.1(c). Neste caso, o
ças existentes no sistema dependerão linearmente limite de deslocamento x, para o qual o termo de
de tais deslocamentos. 2a ordem no potencial é predominante, também
é uma característica de cada mola. Dentro deste
(a) (b) (c) limite dizemos que as molas obedecem à lei de
Hooke, em que a força restauradora F = −k.x, é
linearmente proporcional à deformação da mola.
Nos três casos acima temos um oscilador harmô-
nico simples e a solução geral é:
Figura 1.1: Exemplos de osciladores harmônicos sim- Os valores de A e δ dependem das condições ini-
ples que apresentam um grau de liberdade: (a) O ciais. A frequência angular ω é a frequência natu-
pêndulo simples; (b) e (c) sistemas massa-mola. ral do sistema, resultante da oposição entre for-
ças elásticas e inerciais. Ela é dada pela raiz
Seja o pêndulo da figura 1.1(a), restrito ao quadrada da força restauradora por unidade de
plano da página. Ele terá apenas um grau de li- massa, e por unidade
p de deslocamento (sistema
berdade, definido pelo ângulo θ ou pelo arco x. A massa-mola: ω = k/m).
2
EXPERIMENTO 1. MODOS NORMAIS DE VIBRAÇÃO 3
Estes são os dois autovetores do sistema e cor- comprimento L? Meça com o sonar (Motion Plot-
respondem: ter) o movimento do pêndulo (para dezenas de pe-
ríodos) e calcule as frequências fo e ωo . Use, por
(a) a uma vibração pura (fig. 1.2(b)), em que o
exemplo, o algorítmo de transformada de Fourier
centro de massa do sistema fica parado e as
do programa Origin (FFT). Compare o valor ob-
massas comprimem e distendem a mola com
tido com o esperado para a frequênciapde resso-
frequência ωA (modo anti-simétrico) ;
nância de um pêndulo simples (ω = g/l). Se
(b) à oscilação pendular pura (fig. 1.2(c)) discu- for muito diferente procure a causa do erro e re-
tida anteriormente (modo simétrico). faça as medidas.
Bibliografia
• Física Matemática, Eugen Butkov, Cap. 10
– Espaços Lineares de Dimensão Finita.
• Curso de Física Básica 2 - Fluidos, Oscila-
ções e Ondas, Calor, H. Moizés Nussenzweig,
5a edição, Cap. 4 – Oscilações amortecidas
e forçadas, Seção 4.6 – Oscilações Forçadas.
• Física II, Young & Freedman, 14a edição,
Cap. 16 – Som e Audição, Seção 16.7 –
Batimento.
EXPERIMENTO 2
6
EXPERIMENTO 2. OSCILADORES NÃO LINEARES 7
Material
p
L = L2o + x2 (2.6)
- Sistema de trilho e carrinho
- Gominhas Sendo a força dada por:
- Barbante p
- Sensor de posição F = k(L − Lo ) = k[ (L2o + x2 ) − Lo ]. (2.7)
- Pesos
- Balança
Montagem Experimental
kx2
F ≃ . (2.8)
2Lo
Procedimento
Problema (opcional):
Bibliografia
• “The x3 oscilator”, A. Cromer, The Physics
Teacher 30, 249-250 (1992).
O que você deve saber para fazer esta experiência: vre) ou fechada (fixa), determinam quais frequên-
• Conceito de função periódica; cias continuam a oscilar quando você sopra no
tubo (ou puxa a corda). Estas frequências são as
• Ondas sonoras;
frequências naturais ou modos normais de oscila-
• Série de Fourier. ção do sistema que vibra. A frequência mais baixa
denomina-se frequência fundamental, e todas as
outras superiores a essa, chamam-se sobretons.
Introdução Os sobretons, cujas frequências são múltiplos in-
Som é a propagação de uma onda através de meios teiros da frequência fundamental, constituem o
materiais, uma frente de compressão mecânica que denominamos uma série harmônica.
(onda mecânica) produzindo uma onda longitudi- Dependendo das condições iniciais (forma da
nal em meios que têm massa e elasticidade, como corda ao ser solta, velocidade do sopro) vários
sólidos, líquidos ou gases. O som é captado por modos serão observados: ωo , 2ωo , 3ωo , ... O som
nós através do tímpano, através de vibrações no que o tubo (corda) transmite ao ar e que chega
mesmo. O caráter que define uma nota musical, aos nossos ouvidos deve conter também os mes-
do ponto de vista da pressão do ar em função do mos harmônicos. O que pode mudar talvez seja a
tempo, é a sua periodicidade T . intensidade desses harmônicos, que vai depender
Em música, chama-se timbre a característica da eficiência do acoplamento do tubo-ar (corda-
sonora que distingue sons da mesma frequência ar). O timbre do som de uma determinada nota
(f = 1/T ), porém produzidos por diferentes fon- musical tocada por um instrumento é determi-
tes sonoras. Quando se ouve uma nota tocada nado pelo número de sobretons presentes e por
por um piano e a mesma nota produzida por um suas respectivas intensidades. Um som com so-
violino, apesar dos dois sons possuirem a mesma mente o primeiro harmônico é um tom puro e um
frequência (ou período) possuem características com muitos harmônicos fortes é um tom rico. É
sonoras bastante distintas. O que nos permite di- esta proporção que diferencia uma mesma nota
ferenciar os dois sons de mesma nota musical é o produzida por dois instrumentos diferentes.
timbre instrumental. Seja p(t) a pressão do ar em função do tempo
O som produzido por uma corda vibrando ou para um tom musical. Podemos descrevê-la como
um tubo ressoando é determinado pelo movimento uma soma de um número de funções harmônicas
das ondas que são produzidas. Elas se propagam simples, dada por:
e são refletidas nas extremidades, e assim será es- X X
tabelecida uma onda estacionária. O período T p(t) = ao + an cos(nωt) + bn cos(nωt),
de repetição é o tempo que a onda gasta para (3.1)
viajar dois comprimentos do tubo (ou corda). onde as constantes an e bn nos dizem quanto
As condições de contorno de um tubo (ou corda), de cada modo esta presente na oscilação. A série
como o comprimento e as extremidades aberta (li- acima é chamada “Série de Fourier”. As constan-
9
EXPERIMENTO 3. ANÁLISE FOURIER DO SOM 10
2 2.3a2
Z
an = p(t)cos(nωt)dt (3.3) ∆b = √ , (3.7)
T lb
2
Z
bn = p(t)sen(nωt)dt (3.4) onde l e b são o comprimento e a largura da boca,
T respectivamente. Evidentemente, para um tubo
Nesta prática você fará uma análise de Fou- fechado, só a segunda correção é necessária.
rier do som produzido por dois tubos de órgão. Obs. 1: No aparato experimental, a boca (ou
Tubos de órgão podem ser abertos, fechados ou bocal) é o orifício que fica próximo a entrada de
parcialmente fechados e são feitos de madeira ou ar na parte inferior do tubo.
metal. Os tubos de metal são cilíndricos e alguns Obs. 2: Para tubos não cilíndricos, as correções
são afunilados para reduzir os extremos abertos. acima devem ser determinadas a partir de uma
A abertura do bocal é cortada numa parte acha- valor aproximado para o raio a.
tada da parede do tubo e pode ter qualquer ra-
zão desejada em relação à circunferência do tubo.
Tubos de madeira são quadrados ou retangulares. Parte Experimental
Estas alterações têm a finalidade de produzir so-
noridades diferentes. Objetivo:
Os tubos de órgão contêm uma coluna de ar -Determinar a frequência fundamental e seus harmô-
que pode executar uma vibração estacionária. A nicos para tubos de seção quadrada e de seção re-
onda estacionária deve ter um nó de deslocamento tangular.
na extremidade fechada, já que, nessa extremi-
dade, o movimento de ar é impedido pela parede Material:
do tubo. A onda deve ter um anti-nó de deslo- - Tubos de órgão de seção quadrada e retangular
camento em algum ponto próximo à extremidade - Microfone conectado a um computador
aberta. Os tubos fechados só contêm os harmô- - Ar comprimido
nicos ímpares ao passo que o tubo aberto possui
harmônicos pares e ímpares. Procedimento:
A mudança de natureza das ondas de quase
estacionárias e planas dentro do tubo para on- 1) Desenhe os modos normais de um tubo de
das progressivas e quase esféricas a partir do ex- órgão aberto, semi-aberto (aberto-fechado) e es-
tremo aberto, conduzem a uma descontinuidade creva as equações da frequência fundamental e
que impõe restrições às equações de ondas pla- seus harmônicos em função da velocidade do som
nas. Tudo se passa como se o tubo fosse um e do comprimento do tubo.
pouco mais longo. Assim correções devem ser
feitas de forma a obter um valor efetivo para o 2) Usando o programa Sound recorder no com-
comprimento do tubo. Qualquer obstáculo colo- putador, coloque o microfone próximo ao bocal e
cado próximo à saída do tubo pode modificar o faça uma aquisição de dados do som produzido
seu som. Alguns são feitos com terminações que pelo tubo de seção quadrada aberto com a uti-
permitem o seu ajuste ou afinação. lização de ar comprimido. O tempo de gravação
Para um tubo de órgão com a extremidade deve ser de 1 a 2 segundos para evitar um arquivo
superior aberta, o comprimento efetivo, Lef , pode muito grande. O arquivo gravado deve ser salvo
ser calculado por: na terminação *.wav.
Bibliografia
• “Física”, D. Halliday and R. Resnick – Vol.
2, Cap. 20.
• Física II, Young & Freedman, 14a Edição,
Cap.16 - Som e Audição, Seção 16.4 – On-
das Estacionárias e Modos Normais.
• “The physics of musical instruments”, N. H.
Fletcher and T. D. Rossing (N. York – Sprin-
ger - 1993).
• Curso de Física Básica 2, H. Moizés Nus-
senzweig, Cap. 6 – Som.
EXPERIMENTO 4
MICROONDAS
O que você deve saber para fazer esta experiência: mas em direções opostas, elas formam uma onda
• Conceito de onda eletromagnética; estacionária. Os nós aparecem quando os campos
• Propagação de ondas eletromagnéticas em meios. elétricos das duas ondas se cancelam e os antinós
quando o campo superposto oscila entre um má-
ximo e um mínimo. Assim, a distância entre os
Introdução nós de uma onda estacionária é exatamente meio
comprimento de onda (d = 1/2λ).
Microonda é uma onda eletromagnética cujo com- Se a distância entre o transmissor e o receptor
primento tem aproximadamente entre 1 mm e 10 é igual a nλ/2, onde λ é o comprimento de onda
m e é utilizada, por exemplo, na emissão de sinais da radiação e n é um número inteiro, então todas
de televisão e de radar. Existem muitas vantagens as ondas refletidas estarão em fase com a primeira
no estudo de fenômenos ópticos na frequência da onda transmitida. Quando isto ocorre, o receptor
ordem de microondas. Usando uma microonda fornecerá um valor máximo.
com um comprimento de 2,85 cm, transforma-se
por completo a escala experimental, ou seja mí- Refração
crons tornam-se centímetros. Dimensões até en- Quando uma onda eletromagnética incide com a
tão de difícil acesso, devido a uma escala tão pe- direção de incidência fora da normal a uma in-
quena de experimentos ópticos tradicionais, po- terface entre dois meios, a direção de propagação
dem ser facilmente vistos e manipulados ao tra- da onda sofrerá uma alteração. Esta mudança na
tarmos com microondas. direção é chamada de refração, e é descrita pela
A montagem utilizada (WA-9312B de Óptica expressão matemática, conhecida como lei da re-
de Microondas da PASCO Scientific) possui um fração, ou Lei de Snell:
transmissor de microondas e um receptor com
amplificação variável para investigar fenômenos n1 senθ1 = n2 senθ2 , (4.1)
ondulatórios (interferência, difração, refração, etc).
Serão realizadas duas experiências: onde θ1 é o ângulo entre a direção de propagação
1) Determinação do comprimento de onda – on- da onda incidente e a normal à superfície entre
das estacionárias; os dois meios e θ2 é o ângulo correspondente para
2) Refração através de um prisma. a onda refratada. Todo material pode ser carac-
terizado por seu índice de refração n. O valor
Ondas estacionárias de n de cada meio é definido como a razão entre
Quando ondas eletromagnéticas se propagam no a velocidade da onda eletromagnética no vácuo
espaço, elas se superpõem. Se considerarmos duas e a velocidade da onda no meio. Aqui eles são
ondas eletromagnética, o campo elétrico resul- denotados n1 e n2 . A diferença entre os índices
tante será dado pela soma dos campos elétricos de refração (e a diferença entre as velocidades das
criados por ambas as ondas naquele dado ponto. ondas) é a causa da refração de uma onda quando
Se duas ondas viajam com a mesma frequência, atravessa uma interface entre dois meios distintos.
12
EXPERIMENTO 4. MICROONDAS 13
Parte Experimental
Objetivos:
- Determinar o comprimento de onda de um trans-
missor de microondas;
- Determinar o índice de refração de bolinhas de
estireno.
Material:
- gerador de Microondas
- receptor de Microondas
Figura 4.1: Arranjo experimental de ondas estacio-
- trilhos
nárias.
- goniômetro (0-360o)
- bolinhas de estireno
- prisma em espuma ethafoam
Procedimento
Aparato
A) Determinação do comprimento de onda
O sistema de Microondas a ser utilizado con-
tém: 1) Monte o arranjo experimental esquematizado
Um transmissor que consiste de um diodo na Figura 4.1 e ligue o transmissor de microondas.
Gunn dentro de uma cavidade ressonante de 10,525 Ajuste os controles do receptor de modo a obter
GHz (comprimento de onda de 2,85 cm), dando um sinal de leitura aproximadamente na metade
origem a uma radiação coerente com 15 mW de da escala. Lentamente mova o receptor ao longo
potência. A radiação é linearmente polarizada ao do trilho na direção do transmissor. Como isso
longo do eixo do diodo. afeta a leitura de intensidade?
Um receptor que consiste de um diodo Schottky
que responde somente à radiação polarizada li- Questão: Como este efeito observado se relaci-
nearmente ao longo do seu eixo, dando origem ona com o comprimento de onda (λ) da micro-
a uma tensão DC que varia em magnitude de onda?
acordo com a intensidade da radiação de micro-
ondas. A tensão DC pode alternativamente ser 2) Coloque uma distância entre o receptor e o
lida diretamente com um voltímetro conectado transmissor ao longo do goniômetro a fim de ob-
aos terminais disponíveis no receptor. O receptor ter o máximo de intensidade no medidor. Anote
possui um seletor de ganho (INTENSITY) com o valor da posição do receptor na escala.
quatro opções: 1×, 3×, 10× e 30×. Esses valores
indicam o fator pelo qual a leitura do medidor 3) Mova o receptor na direção oposta ao do trans-
deve ser multiplicada para normalizar as medi- missor até que o receptor passe através de 8 a 10
das efetuadas em diferentes escalas, contanto que posições de mínimo de intensidade e retorna a
o controle contínuo de sensibilidade (VARIABLE posição de máximo. Anote a nova posição do re-
SENSITIVITY) não seja alterado de uma escala ceptor e o número de mínimos.
para outra. Como regra geral, ajuste a sensibi-
lidade para que o medidor forneça uma leitura 4) Use os dados acima para calcular o compri-
aproximadamente na metade da escala. Se neces- mento de onda (λ) da radiação de microondas.
sário, mude o ganho do receptor.
Conjunto trilho-goniômetro como mostrado 5) Repita as medidas acima três vezes, e calcule o
na figura 4.1. O transmissor e o receptor são mon- valor do comprimento de onda. Obtenha o com-
tados (e podem deslizar) ao longo de dois trilhos primento médio e o seu respectivo erro.
com escala em centímetros. Desta forma a distân-
cia entre transmissor e detetor pode ser continua- 6) Use a relação v = λν para calcular a frequência
mente variada. Um goniômetro entre os dois tri- ν do sinal de microonda, assumindo que a veloci-
lhos permite que o ângulo entre os mesmos possa dade de propagação no ar é v =3.00×108m/s.
ser ajustado.
EXPERIMENTO 4. MICROONDAS 14
Bibliografia
• “Física”, Resnick, Halliday and Krane – Vol.
4 - Cap. 42,43.
• Física IV, Ótica e Física Moderna, Youg &
Freedman, 14a Edição, Cap. 33 – Natureza
e propagação da luz, Seção 3.3.2 – Reflexão
Figura 4.2: Arranjo experimental da refração de um e Refração.
prisma.
DIFRAÇÃO E INTERFERÊNCIA
Introdução
A interferência ótica pode ser definida como in-
teração de duas ou mais ondas luminosas que re-
sulta em um padrão de intensidade diferente da-
quele que se obtém somando-se as intensidades
individuais de cada onda. Os princípios da inter-
ferência ótica foram pioneiramente descritos por
Thomas Young no início do século XIX a partir Figura 5.1: Esquema simplificado da experiência de
interferência de fendas.
de experimentos baseados em fendas microscópi-
cas. A interferência de feixes de luz que atraves-
sam sistemas de fendas é um dos fenômenos que devido à interferência de duas fendas é dada por
demonstram mais diretamente a natureza ondu-
latória da luz. I = If.u. .cos2 γ, (5.2)
A figura 5.1 descreve um esquema simplificado
da experiência de fenda dupla. Um feixe de luz onde If.u. é a intensidade da radiação emergente
coerente passa por um obstáculo de duas fendas de cada sulco (f.u.=fenda única) e γ é dado pela
(com largura a e separadas de uma distância d) e expressão:
π
incide sobre um anteparo (posicionado a uma dis- γ = d.senθ. (5.3)
λ
tância D do obstáculo), onde é formado o padrão
de interferência. Vale lembrar porém que para uma única fenda
A diferença de caminho entre os dois feixes finita (a 6= 0), devido a efeitos de difração, a in-
que incidem no ponto P do anteparo é aproxi- tensidade emergente não é constante sendo If.u.
madamente d.senθ, e devido à interferência cons- dada pela seguinte expressão:
trutiva, obtém-se a condição para os máximos de
sen2 α
intensidade no padrão como If.u. = Io , (5.4)
α2
d.senθ = nλ, n = 0, 1, 2... (5.1) onde
πa
α= senθ. (5.5)
Uma expressão geral para o perfil de intensidade λ
Para um feixe de luz incidindo sobre várias fendas
é fácil ver que as condições de interferência cons-
15
EXPERIMENTO 5. DIFRAÇÃO E INTERFERÊNCIA 16
B) Redes de difração
Bibliografia
• “Introduction to Moder Optics”, Grant R.
Fowles, Dover Publicatios, Inc., New York.
• “Optics”, Eugene Hecht, Addison-Wesley.
EXPERIMENTO 6
O que você deve saber para fazer esta experiência: onde n = c/v, ele será refratado segundo a Lei
• Propagação da luz em meios dielétricos; de Snell :
senθi = n.senθr , (6.1)
• Refração da luz.
onde i significa raio incidente e r raio refratado.
Os ângulos são medidos com relação a normal à
Introdução superfície.
De um modo geral, o índice de refração n de-
Em materiais condutores a luz não se propaga,
pende do comprimento de onda da luz λ. Esta
mas é refletida pela superfície do condutor, ou
dependência é chamada dispersão cromática. A
seja, metais são bons refletores. O efeito é devido
figura 6.1 mostra a dispersão para vários mate-
à existência de elétrons livre, que são fracamente riais transparentes. A dispersão ocorre devido à
ligados aos núcleos e que se locomovem através
resposta das cargas elétricas do meio material sob
do metal com extrema facilidade ( ou livremente).
a ação do campo elétrico da luz.Para frequências
Se uma onda eletromagnética tenta penetrar no muito grandes (maiores que as frequências de res-
interior do condutor, os elétrons livres se organi-
sonância dos elétrons), estes não respondem mais
zam de tal forma a expulsar o seu campo elétrico.
e o meio se torna praticamente igual ao vácuo.
Se o campo elétrico é zero no interior do metal,
o campo magnético também é anulado - conse-
quentemente a onda não se propaga.
Materiais dielétricos (isolantes) por sua vez
não possuem elétrons livres, em outras palavras
os elétrons são ligados ao núcleo. Consequente-
mente não existirá o efeito da “blindagem” ou ex-
pulsão do campo elétrico. A luz se propaga atra-
vés do interior do material, com uma velocidade
v menor que a velocidade no vácuo c (v < c). A
redução da velocidade ocorre porque o campo elé-
trico oscilatório da onda induz oscilações das par-
tículas eletricamente carregadas (íons, elétrons) e
a resposta do sistema dependerá da natureza do
material através do qual a luz se propaga. Tam-
bém a velocidade de propagação em geral depen-
derá da frequência ν (ou comprimento de onda
λ = v/ν ) caracterizando a dispersão da luz. Figura 6.1: Dependência do índice de refração com o
Se um raio de luz vindo do vácuo penetra em comprimento de onda para vários materiais (Optics,
um meio transparente de índice de refração n, E. Hecht, cap. 5, pags. 189-195).
18
EXPERIMENTO 6. DISPERSÃO DA LUZ EM UM PRISMA 19
Figura 6.2: Curva de Dispersão, variação do índice Questão 1: Demonstre a equação acima.
de refração em função da frequência da radiação (In-
troduction to Modern Optics, G. R. Fowles, Second
Edition, 1975, cap. 6, pág. 159).
Parte Experimental
Como consequência da dispersão, a luz se de- Objetivo:
compõe em componentes espectrais quando passa Determinar a curva de dispersão de uma material
através de um prisma. Se a luz deflete de um ân- transparente utilizando um espectroscópio.
gulo δ(n) temos:
Material:
dδ(n) dδ dn
= × , (6.2) - Espectroscópio
λ dn dλ
- Lâmpada de mercúrio de baixa pressão
onde o segundo termo dn/dλ, a dispersão, de- - Prisma
pende somente do material do prisma, enquanto
o primeiro termo dδ/dn pode ser considerado uma Obs: Consultar a guia de operação do espectros-
propriedade da instrumentação. cópio na bancada do experimento.
EXPERIMENTO 6. DISPERSÃO DA LUZ EM UM PRISMA 20
Procedimento
R = φ1 − φ2 . (6.4)
Observações:
- Cuidado ao aproximar a lâmpada de gás do co-
limador. Quanto menor a distância mais nítida é
a imagem da fenda, porém, por segurança, o co-
limador nunca deve encostar na lâmpada!
- A posição do prisma deve ser bem alinhada ao
feixe, senão você não poderá ver os dois feixes re-
fletidos nos dois lados do prisma (veja fig. 6.4).
Figura 6.4: Esquema geométrico da luz incidente no
A reflexão no vidro é baixa em relação a intensi- prisma, para a medida de A.
dade da luz incidente (≃ 4%).
2) Observe atentamente a figura 6.3 e identifique próximos só podem ser vistas aumentando a reso-
as direções dos feixes incidente e emergentes, es- lução do espectrômetro, ao reduzir a fenda na en-
tes últimos de diversas cores. Procure posicionar trada do colimador. Se isso não for suficiente para
seu prisma no espectroscópio de maneira a obser- resolvê-las, considere a raia desta cor como tendo
var as raias espectrais. Gire a mesa se for preciso. a média dos comprimentos de onda das duas raias
Quando a imagem das raias for localizada, con- não resolvidas.
tinue girando a mesa lentamente e acompanhe a
imagem. Usando o telescópio localize exatamente 3) Agora inverta a posição do vértice do prisma,
a posição de retorno das raias e faça a leitura do com relação ao raio incidente, e determine as no-
ângulo (δmin ) para cada cor (forte) do espectro vas posições do feixe refratado quando o desvio
da lâmpada utilizada (ver tabela 6.1). for mínimo, isto é, na posição de retorno da ima-
gem. Determine o valor médio de δ e seu desvio.
e2 N E(t)
P (t) = eN X(t) = = (ε − εo )E(t),
me (ωo2 − ω 2 )
(6.8)
onde ε e εo são a permissividade elétrica do meio
e do vácuo, respectivamente. Como n2 = ε/εo ,
tem-se:
N e2 f 2 ωo2
n2 = 1 + = 1 + , (6.9)
εo me (ωo2 − ω 2 ) (ωo2 − ω 2 )
EXPERIMENTO 7
Introdução
O comportamento da luz atravessando uma in-
terface de dois meios isotrópicos foi estabelecido
em 1821 por Fresnel, sem que ele se desse conta
da natureza eletromagnética da luz. Mais tarde
as “equações de Fresnel” foram verificadas pelas
equações de Maxwell.
No experimento a seguir a intensidade de luz
refletida por uma interface de dois meios trans-
parentes à luz (ar e vidro) será investigada em
função do ângulo de incidência e da polarização.
As propriedades de polarização, de refração e da
reflexão da luz poderão ser utilizadas para a ve-
rificação das leis de Fresnel, assim como para a
determinação do índice de refração.
Como na fig. 7.1A, seja Eo⊥ o vetor campo
elétrico da luz incidente que oscila perpendicular-
mente ao plano de incidência-reflexão, enquanto
k
o vetor campo magnético Bo oscila paralelo a este
plano. De acordo com a lei de continuidade das
componentes tangenciais, e levando-se em conta
as direções dos feixes tem-se que:
22
EXPERIMENTO 7. LEIS DE FRESNEL PARA REFLEXÃO 23
√
Er⊥ ( n2 − sen2 α − cosα)2
ζ⊥ = = , (7.9)
Eo⊥ n2 − 1
k √
Er n2 cosα − n2 − sen2 α
ζk = k
= √ . (7.10)
Eo n2 cosα + n2 − sen2 α
Casos Especiais:
Parte Experimental
5) Com estes dados experimentais, determine ζ k
Objetivo: e ζ ⊥ e faça um gráfico dos mesmos em função
- Verificar experimentalmente a validade das equa- do ângulo de incidência α. Lembre-se que os co-
ções de Fresnel; eficientes de Fresnel correspondem à razão entre
- Determinar o índice de refração de um vidro uti- amplitudes de campos elétricos e os valores me-
lizando as leis de Fresnel. didos correspondem às intensidades.
BIRREFRINGÊNCIA
Introdução
Os materiais oticamente isotrópicos não apresen-
tam dependência do índice de refração com a di-
reção de propagação e o estado de polarização da
luz incidente. O diamante, os cristais de sal de
cozinha (NaCl), e os líquidos, são bons exemplos
de materiais isotrópicos.
Materiais que apresentam anisotropia no ín-
dice de refração são conhecidos como materiais
birrefringentes. Alguns exemplos destes materi- Figura 8.1: Diagrama da propagação de uma luz
ais são os cristais de calcita (CaCO3), quartzo, linearmente polarizada em um cristal birrefringente.
e polímeros, tais como o acrílico, sob aplicação
de tensão mecânica. Uma parte destes materi-
ais apresenta dois índices principais de refração, Vamos analisar o que ocorre quando uma luz
conhecidos como no , o índice ordinário e ne , o linearmente polarizada e orientada de um ângulo
extraordinário. Materiais mais complexos otica- θ em relação ao eixo y atravessa um cristal bir-
mente possuem três índices principais de refração, refringente de espessura d, como é mostrado na
casos estes que não serão tratados aqui. figura 8.1.
A birrefringência ∆n é definida como a dife- O campo elétrico E da luz incidente é expresso
rença entre os índices principais de refração de um por:
material, ∆n = ne − no . O cristal de calcita apre-
senta uma birrefringência extremamente elevada E = (Ex x + Ey y)cos(kz − ωt), (8.1)
∆n=0,172, com os índices de refração principais
E = (Esenθx + Ecosθy)cos(kz − ωt), (8.2)
iguais a no =1,658, ne =1,486. A maioria dos
materiais anisotrópicos possui birrefringência da onde x e y são as direções perpendiculares à dire-
ordem de 10−5 a 10−7 , de forma que seus efei- ção de propagação da luz incidente z, e Ex e Ey as
tos podem ser raramente observados a olho nu. componentes do campo elétrico, respectivamente.
Ainda assim podem afetar drasticamente a pola- As duas componentes do campo elétrico Ex e
rização da luz ao serem atravessados por um feixe Ey propagam através do cristal linearmente in-
de luz, como veremos a seguir. dependentes uma da outra com velocidades dife-
25
EXPERIMENTO 8. BIRREFRINGÊNCIA 26
Então, a birrefringência é dada pela expressão: 1) Desenhe uma cruz numa folha de papel em
branco e coloque o cristal de calcita em cima dela,
δλ como mostrado na figura 8.2. Gire o cristal em
∆n = (8.6)
2πd cima da cruz desenhada, e descreva o que acon-
tece com as duas imagens. Veja também o que
O campo elétrico da luz ao sair do material pode
ocorre ao visualizar a imagem através de um po-
ser escrito por:
larizador (gire o polarizador).
Ef inal = Ex cos(kz − ωt)x
(8.7) Tente explicar a origem dos fenômenos observa-
+Ey cos(kz − ωt + δ)y dos.
ou
Ef inal = E[senθcos(kz − ωt)x
(8.8)
+cosθcos(kz − ωt + δ)y]
ATIVIDADE ÓTICA
Introdução
A atividade óptica é o equivalente da birrefringên-
cia para polarizações circulares da luz. Materiais
que apresentam atividade óptica têm índices de Figura 9.1: Esquema do processo de rotação do
refração diferentes para os estados de polarização plano de polarização da luz ao atravessar um material
da luz circular para a direita (nD ) e para a es- com atividade ótica
querda (nE ). Sólidos, líquidos e gases apresentam
esta propriedade, originada na simetria helicoi- O açúcar é um material típico que apresenta ati-
dal de certas moléculas ou da estrutura cristalina. vidade óptica. Quando dissolvido em uma solu-
Uma luz linearmente polarizada pode sempre ser ção, o poder rotatório depende da concentração
descrita como uma combinação dos estados de po- c da solução de forma quase linear. Neste caso,
larização circular para a direita e para a esquerda. define-se freqüentemente, o poder rotatório espe-
Devido a isso, uma luz plano polarizada tem seu cífico ρ′ como:
plano de polarização girado de θ, à medida que ρ′ = ρ/c, (9.3)
atravessa uma distância d em um material com
atividade óptica (ver esquema da figura 9.1). O onde c é medido como concentração percentual
ângulo θ é dado pela expressão: em massa, dada pela razão entre as massas (massa
de soluto/massa total)×100.
π(∆n)d
θ= , ∆n = |nE − nD | (9.1)
λ
Parte Experimental
A luz gira no mesmo sentido da componente que
encontra maior facilidade de viajar no meio (me- Objetivo:
nor índice de refração). Como o ângulo θ depende Determinar o poder rotatório de soluções aquosas
da distância d da luz percorrida no meio com ati- de açúcar.
vidade óptica, é conveniente definir o poder ro-
tatório de um material como sendo o ângulo de Material
rotação por unidade de comprimento (em geral Polarímetro
tabelado para 10cm): Cubetas de acrílico
Laser
ρ = θ/d (9.2) Refratômetro de Abbe
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EXPERIMENTO 9. ATIVIDADE ÓTICA 29
Procedimento
Bibliografia
• Física, Halliday e R. Resnick, Vol. 4, Cap.48,
4a Edição..
EXPERIMENTO 10
O que você deve saber para fazer esta experiência: De acordo com a teoria de Maxwell, todas as
• Conceito de ondas eletromagnéticas; ondas eletromagnéticas percorrem o espaço vazio
• Velocidade da luz em meios. com a mesma velocidade c. A definição da velo-
cidade da luz, obtida pelas equações de Maxwell,
é dada por:
Introdução 1
c= √ , (10.1)
ε o µo
Galileu (1564-1642) fez as primeiras medidas da
velocidade da luz. Em 1638, ele publicou um tra- onde εo = 8.854× 10−12 F/m é a constante de per-
missividade elétrica do vácuo e µo = 1.257×10−6H/m
balho na revista Duas Novas Ciências, discutindo
a constante de permeabilidade magnética do vá-
a respeito da velocidade da luz, conforme trecho
da conversa entre dois personagens: cuo.
O índice de refração n de um meio é definido
como o quociente da velocidade da luz no vácuo
Simplício: A experiência diária mostra que a
c e a velocidade da luz no meio v:
propagação da luz é instantânea, pois quando ve-
mos o disparo de um canhão, a grande distância, c εµ
r
a luz chega aos nossos olhos sem perda de tempo; n= = , (10.2)
v ε o µo
enquanto o som só atinge o ouvido após um apre-
ciável intervalo. onde ε e µ são as constantes de permissividade
elétrica e permeabilidade magnética do meio, res-
Sagredo: Bom, Simplício, a única coisa que posso pectivamente.
inferir dessa familiar experiência é que o som
para alcançar os nossos ouvidos, leva mais tempo
que a luz; ela não me informa se a chegada da Parte Experimental
luz é instantânea ou se, embora extremamente rá-
pida, ainda consome algum tempo... Objetivos:
- Determinar a velocidade da luz no ar;
Em sequência a Galileu que apenas conclui que a - Determinar a velocidade da luz na água e cal-
velocidade da luz é muito grande, aparecem his- cular o seu respectivo índice de refração.
toricamente os seguinte valores obtidos por dife-
rentes métodos e experimentos científicos: Material
- 1675 Ole Roemer: 2.0×108m/s; LED emissor de luz (modulado a 50.1MHz)
- 1728 James Bradley: 3.01x 108 m/s. Sensor (photodetetor) de luz
- 1849 Hippolyte Louis Fizeau: 3.133×108m/s; 2 espelhos biconvexos e 2 lentes convergentes
- 1862 Leon Foucault 2.99796×108m/s.; trilho (suporte)
O valor aceito hoje é de 2.99792458×108m/s. tubo com água
Osciloscópio
30
EXPERIMENTO 10. MEDIDA DA VELOCIDADE DA LUZ 31
k
t2 = t1 + , k = 0, 1, 2... (10.6)
f
A partir das equações 10.4, 10.5 e 10.6 mostre que
o índice de refração da água será dado por:
c 2∆x kc
nagua = = +1− , (10.7)
vagua lm f lm
Bibliografia
• Fundamentos de Física, Vol. 3 – D. Halli-
day, R. Resnick, K. Krane, 5a edição, Cap
38 – Equações de Maxwell e Ondas Eletro-
magnéticas.
• Física de Física, Vol. 4 – D. Halliday, R.
Resnick, K. Krane, 5a edição, Cap 39 – On-
das Luminosas.