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O ARTIGO INAL
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Estudo epidemiológico de pacientes com prurido urêmico
S Mistik,*† S Utas,‡ A Ferahbas,‡ B Tokgoz,§ G Unsal,† H Sahan,† A Ozturk,¶ C Utas§
Departamentos de †Medicina de Família, ‡Dermatologia, §Medicina Interna, Faculdade de Medicina da Universidade de
Erciyes; ¶Kayseri Health Training Institute, Kayseri, Turquia
Palavras-chave
CAPD (diálise peritoneal ambulatorial
contínua), hemodiálise, homens, prurido
* Autor correspondente, Faculdade de Medicina da
Universidade Erciyes, Departamento de Medicina
Familiar, TR-38039 Kayseri, Turquia,
tel. +90 352 4374937/23851;
fax +90 352 4375285;
E-mail: smistik@erciyes.edu.tr
Recebido: 5 de janeiro de 2005,
aceito em 10 de maio de 2005
DOI: 10.1111/j.1468-3083.2006.01570.x
Introdução
O prurido é um problema muito comum que afeta
pacientes com uremia.1A prevalência de prurido urêmico
varia de 22% a 90%.2–5
Não temos uma explicação clara dos mediadores do prurido.
A etiologia do prurido urêmico é pouco compreendida. Um
acúmulo de compostos mal dialisados que atravessam as
membranas de diálise mais lentamente tem sido proposto como
hipótese para a formação de prurido urêmico.6Existem poucos
estudos epidemiológicos em pacientes com prurido urêmico.4,7
Dados obtidos de estudos epidemiológicos com amostras
maiores de pacientes possivelmente poderiam ajudar a
encontrar os mecanismos na patogênese do prurido urêmico.
O objetivo deste estudo foi descrever a prevalência e as
características do prurido em pacientes com CAPD e em
hemodiálise usando um questionário abrangente de coceira. o
672
JEADV ISSN 1468-3083
Abstrato
FundoO prurido é um problema comum em pacientes em diálise peritoneal
ambulatorial contínua (DPAC) e em hemodiálise. Existem poucos estudos sobre as
características clínicas do prurido urêmico, cuja causa ainda é desconhecida.
ObjetivosO objetivo deste estudo foi definir a prevalência e as características
clínicas do prurido em pacientes com CAPD e em hemodiálise.
MétodosUm questionário foi usado para avaliar o prurido em 52 CAPD e 289 pacientes
em hemodiálise em duas unidades de diálise. A relação de vários fatores e parâmetros
médicos com a coceira foi examinada.
ResultadosDos 341 pacientes, 177 (51,9%) apresentavam prurido no momento do
exame, 97 (28,4%) apresentavam prurido no passado. O prurido estava presente em 145
(50,2%) dos pacientes em hemodiálise e 32 (61,5%) dos pacientes com CAPD. Homens,
pacientes com doença hepática e pacientes com prurido antes de iniciar o tratamento de
diálise eram mais propensos a ter prurido urêmico.
ConclusõesEste estudo nos mostrou que o prurido urêmico foi mais observado em
homens do que em mulheres. A alta prevalência de prurido urêmico em nosso
estudo não suporta a diminuição do prurido devido à melhora no manejo dos
pacientes em diálise.
estudo também examinou o efeito de vários fatores e
parâmetros médicos na coceira. Os resultados deste estudo
fornecem novas informações sobre as propriedades dos
pacientes com prurido urêmico.
Materiais e métodos
Pacientes
Este estudo foi realizado entre junho e outubro de 2004. Os
pacientes estavam em tratamento regular de hemodiálise
em duas unidades de diálise: uma era um hospital
universitário e outra uma unidade privada de hemodiálise
em Kayseri, Turquia. Os pacientes com CAPD estavam em
tratamento no hospital universitário.
O consentimento informado foi obtido dos pacientes.
Três pacientes foram excluídos do estudo por problemas
de comunicação ou recusa do paciente em
JEADV2006,20, 672–678 © 2006 Academia Europeia de Dermatologia e Venereologia
Mistiket ai.
participar. Não houve pacientes com prurido crônico
secundário a doença conhecida antes da insuficiência renal.
prurido urêmico
O prurido foi considerado urêmico nas seguintes circunstâncias:
(1) pelo menos 3 episódios de prurido durante um período de 2
semanas ou menos, com os sintomas ocorrendo algumas vezes
ao dia, durando pelo menos alguns minutos e incomodando o
paciente ; e (2) a ocorrência regular de prurido durante um
período de 6 meses, mas com menos frequência do que a lista
acima. Além disso, o prurido urêmico foi definido como prurido
sem evidência de qualquer outra doença ativa que pudesse
explicar o prurido. 'Prurido no passado' foi definido como uma
coceira que cessou pelo menos 6 meses antes do estudo ser
realizado.7
Questionário
Foi utilizado um questionário abrangente e validado, que
foi elaborado para avaliar várias dimensões e
características clínicas do prurido.8,9Os dados foram
obtidos de pacientes com CAPD e em hemodiálise em
entrevista pessoal.
Qualidade da diálise
O regime de tratamento de hemodiálise foi realizado 3 vezes por
4 h/semana para pacientes em hemodiálise. A prescrição
padronizada de CAPD, trocas de 2.000 mL 4 vezes ao dia, foi
utilizada para todos os pacientes. A qualidade da diálise foi
avaliada pelo cálculo de Kt/V conforme descrito nas diretrizes da
Iniciativa de Qualidade de Resultados de Diálise.10
Determinações laboratoriais
hematológico, bioquímico,e parâmetros endocrinológicos
foram comparados com os resultados do questionário. Esses
parâmetros foram os seguintes: hemoglobina, hematócrito,
nitrogênio ureico no sangue, creatinina, aspartato
transaminase, alanina transaminase, cálcio total, fósforo,
ácido úrico, fosfatase alcalina, colesterol total, triglicerídeos,
proteína total, albumina e paratormônio.
Métodos estatísticos
O teste de McNemar foi utilizado para definir o
significado de ter prurido antes e após o início do
tratamento dialítico. O teste do qui-quadrado foi utilizado
para comparar as variáveis qualitativas entre CAPD e
pacientes em hemodiálise, e entre homens e mulheres
com prurido. Mann-Whitneyvocê-teste e alunot-teste
foram usados para avaliar a relação entre hematológico,
JEADV2006,20, 672–678 © 2006 Academia Europeia de Dermatologia e Venereologia
prurido urêmico
parâmetros bioquímicos, endocrinológicos e prurido. A
análise de regressão logística univariada foi realizada para
definir os efeitos de 15 fatores em relação às propriedades
dos pacientes, doenças concomitantes e medicamentos
usados para prurido e não prurido. O método de
eliminação de Backward: Wald foi usado para análise
multivariada. A análise multivariada de regressão logística
foi realizada para os fatores comP-valores inferiores a 0,25
na análise univariada. Esses fatores foram: sexo,
hepatopatia, diabetes mellitus, tipo de diálise, uso de α-
bloqueador, uso de eritropoietina e prurido antes da diálise.
P<0,05 foi considerado estatisticamente significativo.
Resultados
Características do paciente
A média de idade dos pacientes foi de 51,1±15,0 anos (média
±SD); faixa de 17 a 84 anos. Dos pacientes, 58,7% (200) eram
homens e 48,1% (141) eram mulheres. Um total de 52
pacientes estavam sendo tratados por CAPD e 289 por
hemodiálise. Dos pacientes com CAPD 59,6% eram homens,
e o percentual de homens entre os pacientes em
hemodiálise foi de 58,4%. Houve muitas diferenças nas
propriedades dos pacientes com CAPD e em hemodiálise
(Tabela 1). Os pacientes com doença hepática eram
pacientes Hbs Ag e Anti-HCV positivos. Vinte e um deles
eram Hbs Ag positivos,51 eram anti-HCV positivos e havia 69
pacientes com doença hepática no total.
Prevalência de prurido urêmico
Dos 341 pacientes, 177 (51,9%) apresentavam prurido no
momento do exame, enquanto 97 (28,4%) apresentavam
prurido antes do início da diálise. O significativo±SD de
tempo em hemodiálise foi de 27,21±34,36 meses e 40,92±
23,75 meses em CAPD. O prurido estava presente em 145
(50,2%) dos pacientes em hemodiálise e 32 (61,5%) dos
pacientes com CAPD. Embora não tenha havido diferença
estatisticamente significativa, o prurido foi maior em
pacientes com CAPD (P>0,05).
O aparecimento do prurido não se relacionou
estatisticamente com as características sociodemográficas
dos pacientes, como idade, escolaridade e estado civil.P>
0,05). A duração da diálise não teve efeito sobre o prurido no
grupo total ou entre homens e mulheres (P>0,05). Não
houve diferença na taxa de homens e mulheres em
pacientes com CAPD e hemodiálise e no grupo total (P>0,05).
No entanto, houve diferença de gênero quando o prurido foi
considerado:o prurido foi mais prevalente em homens em
hemodiálise e no grupo total (63,8% vs. 36,2%;P <0,05), mas
não houve diferença em homens e mulheres quando os
pacientes com CAPD foram avaliados
673
prurido urêmico Mistiket ai.

tabela 1Diferença nas propriedades de pacientes

CAPD Hemodiálise
em diálise peritoneal ambulatorial contínua
(CAPD) e em hemodiálise
Variáveis n % n % χ2 P-valor

Educação
Ensino fundamental e inferior 27 51,9 228 78,8
Superior ao ensino fundamental 25 48,1 61 21.2 19.407 0,002

Doença isquêmica do coração

Sim 2 3.8 44 15.2
Não 50 96,2 245 84,8 3.963 0,047

Doença hepática

Sim 2 3.8 78 27,0

Não 50 96,2 211 73,0 11.888 = 0,001

ÁS*inibidores
Sim 17 32,7 44 15.2
Não 35 67,3 245 84,8 9.154 0,002

β-bloqueadores

Sim 13 25,0 27 9.3

Não 39 75,0 262 90,7 10.434 = 0,001

α-bloqueadores

Sim 13 25,0 19 6.6

Não 39 75,0 270 93,4 17.595 < 0,001

Aspirina
Sim 1 1,9 44 15.2
Não 51 98,1 245 84,8 6.807 0,009

Eritropoietina
Sim 15 28,8 225 77,9
Não 37 71,2 64 22.1 50.777 < 0,001

Frequência de prurido
Todos os dias 14 43,8 66 45,5
Alguns dias por semana Uma 6 18,8 51 35.2
vez por semana 3 9.4 20 13,8
Uma vez por mês 9 28,0 8 5,5 16.558 = 0,001

Aparência diária
Noite 9 28.1 75 51,7
Dia 2 6.3 21 14,5
Sem diferença de dia ou noite 21 65,6 49 33,8 11.160 0,004

* ACE: Enzima conversora de angiotensina.

separadamente (P>0,05). A análise de doenças concomitantes,
medicamentos utilizados, tipo de diálise e propriedades do prurido
não revelou diferença entre homens e mulheres que apresentaram
prurido.P>0,05).
Não houve relação entre prurido e parâmetros
médicos (p.P <0,05).
Nenhuma relação com prurido foi demonstrada com o uso regular
dos seguintes medicamentos: inibidores da ECA (enzima conversora
da angiotensina), furosemida, β-bloqueadores, bloqueadores dos
canais de cálcio, α-bloqueadores, nitratos, aspirina, eritropoietina ou
uma combinação dos anteriores (P>0,05).
Os pacientes que apresentavam prurido antes de iniciar o
tratamento de diálise eram mais propensos a ter prurido (P <0,001).
O efeito dos parâmetros laboratoriais na coceira
Não houve diferença estatisticamente significativa quanto
aos parâmetros laboratoriais entre o prurido e o não prurido
no grupo total de estudo ou entre homens e mulheres (P>
0,05). No entanto, os valores de creatinina e proteína total
foram maiores no prurido em pacientes em hemodiálise.P <
0,05). Embora aspartato transaminase e alanina
transaminase estivessem elevadas nos pacientes com
doença hepática.P <0,05), a relação entre esses parâmetros e
o prurido não foi significativa (P>0,05).

674 JEADV2006,20, 672–678 © 2006 Academia Europeia de Dermatologia e Venereologia

Mistiket ai. prurido urêmico

Quando todos os parâmetros foram avaliados entre homens e
mulheres, os valores de creatinina, hemoglobina e hematócrito
foram maiores nos homens, e o colesterol foi maior nas
mulheres.P <0,05).
Localização, duração, frequência, aparência diária e
intensidade do prurido
As áreas mais comumente envolvidas foram costas 23,8%
(81), braços 18,2% (62), abdômen 9,4% (32) e cabeça
4,1% (14). Quarenta e oito (14,1%) dos pacientes apresentaram
prurido generalizado.
O prurido esteve presente por 1 mês a 11 anos (31,28±
37,99 meses [média±SD]).
Em 44,0% (78) dos pacientes o prurido apareceu
diariamente, em 32,8% (58) alguns dias por semana, em
13,6% (24) uma vez por semana e em 9,6% (17) uma vez
por mês. Por outro lado, em 57,1% (100) dos pacientes o
prurido durou minutos, em 28,0% (49) horas e em 14,9%
(26) o dia todo.
O prurido foi mais comum à noite: em 48,0% dos
pacientes apareceu à noite e em 12,7% durante o dia. Em
39,3% dos pacientes o prurido ocorreu durante o dia e a
noite.
A intensidade do prurido avaliada em todos os pacientes em
uma escala visual analógica (0 = sem prurido a 10 = prurido
insuportável) foi de 1,3±1,6 (média±SD) no seu melhor, 6,7±2,4
no seu pior, e 2,3±2.6 no momento atual. Houve
não houve diferença na intensidade do prurido entre
homens e mulheres de acordo com a escala visual
analógica (P>0,05). Além disso, a duração da diálise não
teve relação com a intensidade do prurido (r = –0,12P=
0,15 no momento atual,r= −0,14P=0,11 no seu melhor, e r
= −0,07P=0,43 no seu pior).
Efeitos das atividades diárias no prurido
Os fatores mais comuns associados à exacerbação foram
alimentação, suor, banhos quentes e frios em pacientes com CAPD
(Tabela 2). Entretanto, nos pacientes em hemodiálise a ordem desses
fatores foi diferente: calor, suor, estresse e alimentação.
Banhos frios, frios, diálise e banhos quentes foram associados
à diminuição do prurido em alguns pacientes em hemodiálise.
Em pacientes com CAPD, a diálise e os banhos quentes tiveram
os maiores efeitos de melhora.
Descanso e frio não tiveram efeito substancial sobre o prurido em
pacientes com CAPD. O esforço físico não teve efeito sobre o prurido;
uma proporção maior de pacientes em hemodiálise não relatou
nenhum efeito em contraste com pacientes com CAPD.
Prurido e humor
Dos pacientes, 77,4% (137) relataram que ficaram agitados como
resultado do prurido, 3,4% (6) ficaram mais deprimidos como
resultado do prurido e 19,2% (34) não relataram nenhum efeito
sobre o humor.

mesa 2Fatores que influenciam o prurido em

pacientes em diálise peritoneal ambulatorial Sem efeito (%) Melhorando (%) Exacerbando (%)
contínua (DPAC) e em hemodiálise
Fatores CAPD HD* CAPD HD CAPD HD

Descanso 90,4 56,3 4,8 16,3 4,8 27,4

Pele seca 73,1 58,4 0,0 5,8 26,9 35,8
Aquecer 69,2 43,9 0,0 4.3 30,8 51,8
Suor 59,3 44,8 0,0 5,8 40,7 49,6
Confecções 73,1 62,3 0,0 2.3 26,9 35,4
Estresse 70,8 57,5 0,0 3.7 29.2 38,8
Comendo 57,1 59,0 0,0 4,5 42,9 36,6
Atividade 88,9 77,8 0,0 7.4 11.1 14,8
Dorme 83,3 63,6 5.6 23,5 11.1 12,9
Banho quente 63,7 47,0 22,7 29,5 13.6 23,5
Banho gelado 69,2 53,3 0,0 40,1 30,8 6.6
Resfriado 90,4 54,2 4,8 39,7 4,8 6.1
Cansaço 84,2 78,8 0,0 4,5 15,8 16,7
Esforço físico 72,2 87,3 0,0 0,8 27,8 11,9
Antes da diálise 72,4 66,2 6.9 7.2 20,7 26,6
Durante a diálise 77,8 64,5 11.1 23.2 11.1 12.3
Após diálise 56,7 50,4 36,7 32,4 6.6 17.2

* HD: Hemodiálise.
Nota: São destacados os valores superiores a 20% para fatores de melhora e agravamento.

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prurido urêmico Mistiket ai.

relataram 66% de prurido urêmico no último estudo de

Qualidade da diálise
prevalência em pacientes em hemodiálise.7A alta prevalência
O significativo±O desvio padrão dos valores de Kt/V foi de 1,33±0,67 para (51,9%) de prurido urêmico em nosso estudo também não
pacientes em hemodiálise e 2,10±0,68 para pacientes com CAPD. corrobora a afirmação de Magnus.
Há seis estudos relatando a relevância estatística do
prurido entre pacientes com CAPD e em hemodiálise.5,11-15
Análise de regressão logística univariada e
Não houve diferença em quatro deles. Dos dois estudos restantes, o
multivariada
prurido foi mais comum em pacientes em hemodiálise em um,11
Sexo, doença hepática e prurido antes do início da diálise enquanto em pacientes com CAPD no outro.5
foram estatisticamente significantes na análise de regressão Em alguns estudos, a incidência de prurido foi menor em
logística univariada dos fatores relacionados às pacientes com CAPD do que em pacientes em
propriedades dos pacientes, doenças concomitantes e hemodiálise, e a razão para isso foi a maior eficácia do
medicamentos usados.P =0,044 OU: 1,563,P=0,005 OU: peritônio do que as membranas artificiais.16
1,987, eP=0,03 OU: 1,753, respectivamente). Homens, Nosso estudo mostrou que não houve diferença na prevalência
pacientes com doença hepática e pacientes com prurido de prurido entre pacientes com CAPD e pacientes em
antes do início da diálise eram mais propensos a ter prurido. hemodiálise. A qualidade da diálise é recentemente avaliada com
A análise multivariada de regressão logística revelou mais cuidado de acordo com as diretrizes de prática clínica da
diferenças nos mesmos fatores:sexo, doença hepática, National Kidney Foundation Dialysis Outcomes Quality Initiative
prurido antes da diálise (P =0,045 OU: 1,575,P=0,035 OU: para a adequação da hemodiálise.10Esse pode ser o motivo da
0,575, eP=0,004 OU: 2,056, respectivamente). Isso nos ausência de relevância estatística na prevalência de prurido
mostrou a forte relação entre a presença de prurido e entre pacientes com CAPD e pacientes em hemodiálise em nosso
pacientes do sexo masculino, hepatopatia e prurido estudo.
antes do início da diálise. Embora a maioria dos estudos na literatura não tenha
relatado diferença de gênero no prurido urêmico, em nosso
estudo o prurido foi mais prevalente em homens.4,17Nos dois
Discussão últimos estudos Magnuse outros. não relatou avaliação de
Existem poucos estudos sobre a prevalência e características do gênero no prurido, enquanto Zuckere outros. não relataram
prurido urêmico tanto em pacientes com CAPD quanto em diferença de gênero.5,7Diferenças de gênero na prevalência de
hemodiálise (Tabela 3). Este estudo é o segundo maior em prurido urêmico foram relatadas por Balaskase outros. e
número de pacientes para CAPD e pacientes em hemodiálise. O Szepietowskie outros. como sendo alto em mulheres em
questionário de coceira de Yosipovitche outros. foi usado pela hemodiálise.14,18Okada e Matsumoto relataram que o gel aquoso
primeira vez para pacientes com CAPD, bem como pacientes em com alto teor de água reduziu o prurido e melhorou a xerose em
hemodiálise.8 pacientes com prurido urêmico leve, concluindo que é razoável
Pauli Magnuse outros.5relataram uma diminuição na fornecer cuidados com a pele com um emoliente contendo alto
prevalência de prurido urêmico para 22%. Eles explicaram teor de água para pacientes em hemodiálise com xerose, mesmo
essa diminuição como consequência da melhora no manejo que o façam não sentir coceira.19
dos pacientes em diálise. No entanto, Zuckere outros. Além disso, Szepietowski e Salomon relataram que o cuidado
adequado da pele e a redução do ressecamento da pele pelo uso
regular de emolientes podem ser uma parte importante nas
Tabela 3Estudos relatando prevalência de prurido urêmico em pacientes em modalidades de tratamento da coceira urêmica.20Uma possível razão
diálise peritoneal ambulatorial contínua (DPAC) e em hemodiálise para menos prurido urêmico em mulheres em nosso estudo pode ser
o uso mais frequente de emolientes pelas mulheres.
CAPD HD*
Foi relatado que a hepatite C está associada a um
Estatística
n % n % relevância Estudar
aumento de 4% no prurido.21Nosso estudo incluiu 51
pacientes com hepatite C. Portanto, pode-se esperar um
19 16 54 41 HD > CAPD Bencini 198511 aumento do prurido nesses pacientes. Zuckere outros.
22 50 75 49 NS Parfrey 198812 relataram uma associação entre inibidores da ECA,
26 50 28 64 NS Mettang 199013 frosemida e prurido.7Nosso estudo não mostrou relação
113 62 76 54 NS Balaskas 199314
entre esses fatores e o prurido.
21 48 29 53 NS Balaskas 199815
Tem sido afirmado que as costas foram a área mais
44 43 378 22 CAPD > HD Pauli-Magnus 19995
52 61 289 50 NS Mistik 2004
comum afetada pelo prurido.17Esta observação foi
apoiada pelo nosso estudo. Além disso, foi relatado que
* HD: Hemodiálise. em 46% dos pacientes o prurido apareceu diariamente,

676 JEADV2006,20, 672–678 © 2006 Academia Europeia de Dermatologia e Venereologia

Mistiket ai.
enquanto em 52% aparecia semanalmente ou mensalmente.5
Os resultados da frequência de prurido foram compatíveis
com achados anteriores em nosso estudo (44% e 56%,
respectivamente).
Zuckere outros. relataram os principais fatores que
exacerbam o prurido em pacientes em hemodiálise,
como repouso, calor, pele seca e suor. Além disso, os
fatores redutores foram atividade, sono, banhos quentes
e frios e frio. No entanto, cansaço, esforço físico e diálise
não tiveram efeito substancial sobre o prurido.
Nosso estudo revelou que o repouso não foi o fator mais
comum de aumento do prurido. Por exemplo, atividade e sono
não foram eficazes na redução do prurido em nosso estudo.
Assim, em relação aos fatores sem efeito sobre o prurido, nosso
estudo corrobora a afirmação de que o cansaço e o esforço físico
tiveram pouca influência.
Calor e suor, no entanto, também tiveram efeitos exacerbantes
importantes em nosso estudo. Chuveiros quentes e frios e frios
foram igualmente eficazes na redução do prurido em pacientes em
hemodiálise. Em contraste, banhos frios foram declarados como não
tendo nenhum efeito ou uma influência exacerbante em pacientes
com CAPD. O frio teve um efeito de melhora em pacientes em
hemodiálise, enquanto exibiu pouco efeito em pacientes com CAPD.
Além disso, também encontramos uma influência exacerbante da
alimentação no prurido, principalmente em pacientes com CAPD.
Gilchreste outros. relataram que um quarto dos pacientes
durante ou logo após a diálise sofria de prurido.22No entanto, em
nosso estudo a diálise parece estar relacionada a uma
diminuição ou nenhum efeito sobre o prurido.
Em conclusão, o prurido em pacientes com doença renal
terminal (ESRD) é resultado de múltiplos fatores que afetam
os pacientes. Uma diferença na prevalência de prurido entre
pacientes com CAPD e em hemodiálise não pôde ser apoiada
por estudos consecutivos. A avaliação da qualidade da diálise
pode ter aumentado a gestão do cuidado ao paciente em
diálise. Essa condição provavelmente não resultou em
relevância estatística na prevalência de prurido. O fato de o
prurido permanecer assim que se manifesta é corroborado
por nosso estudo.4No entanto, o aumento da prevalência em
homens pode ser devido ao efeito de múltiplos fatores. O
uso de emolientes pode ser uma possível explicação para a
diferença entre homens e mulheres.
Reconhecimentos
Os autores não têm interesse financeiro ou de propriedade em
nenhum dos produtos utilizados neste estudo. Os autores gostariam
de agradecer ao Dr. Sule Erbay por sua assistência na administração
do questionário e ao Professor Victor Cohen por sua ajuda na edição.
JEADV2006,20, 672–678 © 2006 Academia Europeia de Dermatologia e Venereologia
prurido urêmico
Referências
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