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Biocombustíveis

Um estudo sobre o efeito de misturas de biodiesel e instante de injeção no


desempenho e nas emissões de motores diesel common rail

Eduardo Borges Frateschi Ra: 181012138


Guilherme Falguera Gonçalves: Ra: 181012782
Matheus Valentim: Ra: 181011263
Introdução
Introdução
• Nos motores de combustão interna são usados
muitos métodos para:
• Reduzir as emissões que impactam o meio
ambiente e são nocivos aos seres humanos;
• Aumentar a potência do motor.

• Dentre esses métodos, pode-se citar:


• Mudança do design e formato da cabeça do
pistão;
• Usar estratégias de injeção (aumento da
pressão de injeção, número de sprays e
entre outros);
• Usar combustíveis alternativos.
Introdução

• Dentre essas soluções, o uso de biocombustíveis


mostra-se vantajoso, pois são renováveis,
reduzem o consumo de combustíveis fósseis e
diminuem as emissões de poluentes.
• No mercado há diferentes tipos de
biocombustíveis como: o etanol,
biodiesel, butanol, metanol e entre outros.
Introdução
• Dentre esses biocombustíveis, o biodiesel
destaca-se, devido as suas propriedades físico
químicas que trazem benefícios.
• A principal matéria prima para fabricação do
biodiesel são usados os óleos de origem
animal ou vegetal. Alguns exemplos são: óleo
de truta, óleo de linhaça óleo de semente
de algodão, óleo de semente de amendoim,
óleo de soja, óleo de palma e etc.
• O principal método para a produção
desses óleos é a transesterificação.
Introdução
• Atualmente, são incluídas misturas de 5% a
20% de biodiesel no diesel comum, usado em
motores de combustão interna sem nenhuma
modificação.
• Porções de misturas maiores poderiam
trazer benefícios, no entanto para isso
acontecer é necessário realizar estudos
experimentais para identificar e entender os
problemas, advindos dessas quantidades
maiores de misturas e consequentemente
auxiliar os fabricantes no desenvolvimento
de novos motores de combustão interna.
Metodologia
Metodologia

• O processo de pesquisa usando modelos


físicos é dificultada por razões financeiras
e técnicas, assim nessa pesquisa foi usado a
simulação numérica, com a meta de prever
o desempenho do motor sem a necessidade
de um modelo físico. O software escolhido
para isso foi o AVL BOOST ™.
Metodologia

• Neste software, é construído e validado um


modelo do motor.
• Essa construção inicia-se com a escolha dos
componentes presentes e sua posterior
transferência para a área de trabalho, onde
podem ser conectados por dutos. Em seguida,
são inseridos dados gerais do motor e dados de
cada elemento. Feito isso, são determinados
pontos de medida, curvas desejadas e os
parâmetros para o controle da simulação, a fim
de que finalmente seja possível a simulação
numérica do motor e análise do desempenho
desse.
Metodologia

• Neste estudo, o motor escolhido foi um


monocilíndrico diesel common rail e montou-se
o seguinte modelo na área de trabalho do
software.
• Os componentes presentes neste modelo são:
fronteiras do sistema (SB1 e SB2), restrições (R1
e R2), plenums (PL1 e PL2), filtro de ar (CL1),
catalizador (CAT1), cilindro (C1) e pontos
de medição (MP1,MP2, MP3, MP4 e MP5).
Metodologia

Nº PARÂMETRO VALOR
• Para a calibração do modelo
foram usados parâmetros do 1 Diâmetro do cilindro 85 [mm]
motor real, ensaiado com o uso do
combustível B0. 2 Curso 90 [mm]

• Ademais, foram usadas 3 Cilindrada 510.7 [cm3]


as especificações do motor
real, disponíveis na tabela ao 4 Razão de compressão 17:1
lado.
5 Taxa potência/velocidade 9/3200 [kW/rpm]
Metodologia

• Para o modelo de transferência de calor, o


software usou-se da seguinte equação:

[Equação 1]

• Na qual, foi definido no programa o modelo


woschini 1978 para o cálculo do coeficiente de
transferência de calor :

[Equação 2]
Metodologia -Propriedades do Combustível
Testado
• No programa, foi definido também as
características do combustível.

• A tabela seguinte apresenta as


propriedades de poder calorífico, número de
cetano, densidade, viscosidade cinemática,
ponto de fulgor, teor de enxofre e teor de
água utilizando os métodos da American
Society for Testing and Materials (ASTM).

• O biodiesel utilizado foi sintetizado à partir


de gordura de peixe.
Metodologia -Propriedades do
Combustível Testado
Propriedades Unidade Método B0 B10 B20 B30 B40 B50 B100

Poder calorífico MJ/kg ASTM D240 42,76 42,26 41,84 41,29 41,03 41,29 37,58

Número de cetano ASTM D613 49 50 51 52 53 54 56


ASTM
Densidade à 15°C Kg/m³ 838 840 845 848 852 857 866
D1298

Viscosidade
ASTM D445 3.22 3.31 3.47 3.56 3.67 3.76 4.4
cinemático à 40 °C

Flah Point cSt ASTM D93 67 71 75 80 84 89 142

ASTM
Teor de Enxofre ppm 428 430 433 436 439 441 26
D5453
ASTM
Teor de Água Ppm 62 84 96 110 122 136 215
D6304
Metodologia

Combustível fornecido ao
Velocidade de
Ciclo gct(g) para dadas
Rotação (RPM)
• A tabela ao lado indica a injeção de cargas parciais
combustível em unidades de massa para
determinadas cargas do motor. 75% 50% 25%

2200 0,0175 0,01225 0,00715


Metodologia - Massa de Combustível Injetada
para os Modos de Carregamento Parciais

• Para a rotação do motor de 2200 rpm, o


tempo de injeção mais eficiente foi de 18º
de ângulo do virabrequim e o a pressão
de injeção foi de 600 bar.
• Como existem diferenças de viscosidade
e densidade entre diesel e biodiesel, para
garantir o mesmo volume injetado em
cada modo, foi necessário mudar o tempo
de injeção para cada proporção de
biodiesel.
Carga do Motor Tempo de Injeção
Combustível
(%) (ms)
B0 372
B30 376
B20 387

Metodologia -
25
B30 394

Tempo de
B40
B50

injeção para B0 581

diversas cargas B30


B20
607
636
50
B30 639
B40 648
B50
Resultados e Discussões
Validação
do Modelo
• Na figura ao lado, temos as
curvas experimentais (Ex) e
usando a simulação (Si) de
potência e de consumo
de combustível específico
(BSFC), considerando as
características do motor.
• Para a potência, o maior desvio
observado foi de 5.7% (1400
rpm) e o menor foi de 3.4%
(2000 rpm). O desvio médio
observado foi de 4.5% no
intervalo
Validação
do Modelo
• Ainda na validação, a curva de
consumo de combustível
apresentou maior desvio para
1200 rpm, sendo de 5.8%. O menor
valor encontrado se deu para 2600
rpm, 3.7%.
• A diferença média entre modelo e
simulação foi menor que 5%,
confirmando sua confiabilidade e
possibilidade de uso para
averiguação de diferentes
combustíveis.
Efeitos da Mistura de
Biodiesel – Potência
• Os resultados apontam decaimento da potência do
motor com o aumento do teor de biodiesel. Essa relação
é observada para todas as cargas analisadas (25%,
50%, 75%)
• Observou-se que a queda de performance de potência
do motor com o aumento do teor do biodiesel foi linear
através de um ajuste de curva.
• Tal fato decorre do menor poder calorífico do biodiesel,
dessa forma, a taxa de calor convertido é menor.
• Devido ao maior número de cetano, a ignição tende a
ser mais rápida e o conjunto de ciclos compressão e
combustão tendem a gerar uma potência reduzida
Efeitos da Mistura de Biodiesel – Potência
𝑦 = −0,0983𝑥 − 0,0305 , onde y a variação percentual de potência e 𝑥 o teor de biodiesel

Combustível Potência kW Percentual em relação a B0


B0 1,92
B10 1,9 - 1.04% 25% de
B30 1,86 - 3,12% Carga
B40 1,84 - 4,17%
B50 1,68 - 5,15%

Combustível Potência kW Percentual em relação a B0


B0 5,66
50% de
B10 5,62 -0.71%
Carga
B20 5,52 -2.47%
B30 5,50 -2.82%
Efeitos da Mistura
de Biodiesel – BSFC
• A taxa de consumo de combustível cresceu
gradativamente com o aumento da razão de
biodiesel na mistura.
• Isso pode ser explicado pelo fato de que a
massa de combustível injetada por ciclo é
constante para os tipos de combustível
analisado e também pela diminuição da
potência do motor.
• As figuras ao lado demonstram o
comportamento inverso do BSFC em
comparação com a potência.
Efeitos da Mistura
de Biodiesel – BSFC
• Os resultados referentes aos aumentos Mistura de 𝚫 BSFC [%]
percentuais de BSFC para os combustíveis Combustível
analisados são dispostos na tabela ao lado. B0 0,00
• Por meio de um ajuste de curva, chegou-se na B10 1,27
seguinte relação entre as grandezas: B20 2,58
𝑦 = 0.01097𝑥 + 0.1605 B30 3,57
onde: 𝑦 é a mudança no BSFC e 𝑥 é a proporção B40 4,39
da mistura de biodiesel. B50 5,61
Efeitos da Mistura de
Biodiesel – Razão A/F

• Mantendo constante o suprimento de


combustível, a razão de ar-
combustível (A/F) do motor para
biodiesel é sempre maior que a de
diesel convencional.
• Esta diferença se dá porque o próprio
biodiesel em si já apresenta A figura acima demonstra a variação da
moléculas de 𝑂2 . Como, para um razão de ar-combustível encontradas na
mesmo modo de trabalho, a simulação para as porcentagens de
quantidade de ar entrando no motor biodiesel da mistura. Todos os modos de
é sempre a mesma para todos os trabalho apresentaram ligeiro aumento
combustíveis, a presença de oxigênio comparado com B0, conforme aumentou-se
implica em uma maior razão A/F. a taxa da mistura.
Efeitos da Mistura de
Biodiesel – CO
• Oriundo do processo de combustão na ausência de
gás oxigênio. Ela surge devido a formação de
misturas heterogêneas, isto é, áreas ricas em
combustível e pobres em oxigênio.
• Em virtude da presença de moléculas de oxigênio
no biodiesel, ocorre uma redução da emissão de
monóxido de carbono.
• Mantendo-se o fornecimento de combustível
constante, a capacidade de oxidação do biodiesel é
maior reduzindo a emissão de monóxido de
carbono
𝑦 = −0,5402𝑥 + 0,621 onde y indica a variação percentual de 𝐶𝑂 e 𝑥
indica o teor de biodiesel
Efeitos da Mistura
de Biodiesel – 𝑁𝑂𝑥
• Como o nitrogênio apresenta muitas valências,
óxidos nitrosos existem em diferentes formas,
conhecidas por um conjunto 𝑁𝑂𝑥 .
• Os 𝑁𝑂𝑥 são produzidos através da oxidação de
nitrogênio presente no ar, em condições de alta
temperatura.
• Na exaustão de motores de combustão, as
formas mais comum nas quais o óxidos
nitrosos se apresentam são 𝑁𝑂 e 𝑁𝑂2 .
• Nas figuras ao lado, temos os resultados
referentes à emissão de 𝑁𝑂𝑥 .
Efeitos da Mistura
de Biodiesel – 𝑁𝑂𝑥
• Os resultados mostrados no slide anterior, Mistura de Variação da
apresentam um acréscimo proporcional da emissão Combustível Emissão de
de 𝑁𝑂𝑥 com o aumento da proporção de biodiesel 𝑵𝑶𝒙 [%]
na mistura. Isto se dá porque a mistura de
biodiesel queima mais rápido, gerando maior B0 0,0
produção de calor B10 2,43
• Por meio de um ajuste de curva, dos resultados B20 4,00
dispostos na tabela ao lado, chegou-se na seguinte
relação entre as grandezas: B30 5,53
𝑦 = 0.208𝑥 − 0.0343 B40 8,30
onde: 𝑦 é a mudança na emissão de 𝑁𝑂𝑥 e 𝑥 é a B50 10,73
proporção da mistura de biodiesel.
Efeitos da Mistura de
Biodiesel – Fuligem
• A fuligem é um poluente presente na exaustão de
motores diesel.
• Percebe-se a redução de emissão de fuligem com um
aumento do teor de biodiesel, mas a fuligem tende a
aumentar com o aumento de carga do motor.

𝑦 = −0,5984𝑥 + 0,9991

• 𝑦: indica a variação percentual de fuligem


• 𝑥: indica o teor de biodiesel
Efeito no ângulo
de injeção - Potência

• Influência do ângulo de injeção é calculado numa


carga de 75% e 2200 rpm.
• O aumento da razão de biodiesel na Percentual de
Biocombustível (%)
Ângulom de Injeção (°)
mistura, ocasiona uma necessidade do ângulo de
B0 18
injeção ser mais próximo do ponto morto
superior (PMS) para atingir a máxima potência. B10 17
• Isso acontece, pois o número de cetano do biodiesel
B20 16
é elevado, implicando numa maior facilidade para
ocorrer sua autoignição e um menor período de B30 16
atraso da combustão, com isso é b40 15
necessário um ângulo de injeção ser mais
próximo do PMS para evitar a perda de potência. B50 14
Efeito no ângulo
de injeção - BSFC

• Dado que o consumo especifico de combustível


(BSFC) é uma métrica para medir a eficiência da
conversão da energia química do combustível em
potência e quanto menor o seu valor, mais eficiente
é o motor, o ângulo de injeção que ocasiona a
máxima potência em cada mistura é onde
identificou-se os menores valores de BSFC em cada
mistura.
Efeito no ângulo
de injeção - CO

• Com o aumento do ângulo de injeção leva ao


diminuição das emissões de monóxido de carbono
(CO).
• A Razão disso acontecer é o aumento do tempo de
combustão com o ângulo de injeção , por sua vez,
isso facilita numa maior oxidação do CO em CO2.
Efeito no ângulo
de injeção - NOx

• Em relação às emissões de NOx em cada mistura,


elas são máximas no ângulo de injeção que
proporciona a maior potência.

• Isso acontece, pois para esse ângulo haverá maior


potência, maior pressão e com isso maior
temperatura no cilindro, facilitando a geração
de NOx.
Efeito no ângulo
de injeção - Fuligem

• Em relação às emissões a fuligem, elas decaem


com o aumento do ângulo de injeção.
Efeito no ângulo de injeção -
Relação ângulo de injeção com
misturas de combustível

Desenvolvimento de uma
expressão matemática do
percentual de biocombustível
na mistura e o ângulo de
injeção que gere o menor
consumo de combustível para o
funcionamento do motor.
Conclusão
Conclusão

• Êxito na construção de um modelo de motor common-rail para simulação de misturas de


biodiesel.
• Demonstrou-se a relação entre o teor de biocombustível e o ângulo de injeção.
• Uso de biodiesel leva a redução da potência do motor, a redução da emissão CO, fuligem
enquanto que BSFC e NOx tendem a aumentar.
• Determinou-se uma relação a matemática entre o teor de biodiesel e BSFC, CO e Nox .
• Como os parâmetros econômicos, técnicos, de emissão de gás e da estratégia de injeção precoce de
combustível, estão todos relacionados com a proporção de biodiesel na mistura de combustível,
expressou-os através de determinadas funções pelos pontos simulados.
Artigo de Referência

• NGHIA, Nguyen Tuan et al. A Study the Effect of Biodiesel Blends


and the Injection Timing on Performance and Emissions of Common
Rail Diesel Engines. Energies, v. 15, n. 1, p. 242, 2021.
Outras bibliografias

• Heywood, J. B. Internal combustion engine fundamentals, New York, McGraw-


Hill, 1988. pp. 228-261.
• FERGUSON, Colin R.; KIRKPATRICK, Allan T. Internal combustion engines:
applied thermosciences. John Wiley & Sons, 2015.
• AVL BOOST ™ Boost Theory.
• AVL BOOST ™ Users Guide.

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