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Universidade Católica de Pernambuco - UNICAP

Escola de Ciências Jurídicas - ECJ


Núcleo de Prática Jurídica
- Prática Real Cível -

Relatório n.º 001/2022


Estagiário/a: Brunna Theresa Nunes Barbosa Peixoto
Professora: Dra. Paloma Mendes Saldanha
Processo n.º: 0043481-44.2021.8.17.2001
Tipo da Ação: Ação de REINTEGRAÇÃO / MANUTENÇÃO DE POSSE
Vara: 12ª Vara Cível
Autor/a: Jameciane Batista de Souza
Réu: Willian Rodrigues Jerônimo de Barros

A audiência de instrução foi realizada no dia 4 de maio, às 10h30, de forma presencial visto
que, por coincidência, todos se encontravam no local. Estavam presentes o juiz Dr. Marcus
Vinícius Nonato Rabelo Torres, a analista judiciária, duas testemunhas da parte ré, duas
testemunhas da parte autora, a defensora pública, a advogada da autora e a autora.
Presença do réu se fez dispensável, porém ele chegou quase no fim da audiência.

A autora, Jameciane, é filha de dona Nevinha, amiga de dona Nair. Dona Nair possui um
imóvel que é o objeto da ação, e não possui herdeiros. De acordo com Jameciane, dona
Nair morava na mesma casa que ela e dona Nevinha, e a conhecia desde que a mesma era
pequena. Dona Nair, enquanto em vida, deixou a posse de sua casa, documentos e
responsabilidades do imóvel sob os cuidados de Jameciane, que recebia os aluguéis de
forma devida enquanto auxiliava dona Nair no dia a dia, com variadas coisas. A parte ré,
Willian, é sobrinho de Jameciane, e ambos não possuem nenhum laço sanguíneo com a
proprietária do imóvel, dona Nair. Quando Willian nasceu, dona Nair se ofereceu para
batizar a criança, e de acordo com a defesa do réu, ele foi um homem presente na casa que
dona Nair morava, visto que era a casa de sua mãe também. Certo dia, Willian tomou posse
do imóvel e realocou sua família na casa, sem pedir autorização de Jameciane, que até
então considerava-se proprietária, pois após a morte de dona Nair ela lhe disse que o
imóvel era dela e deixou os documentos consigo. Inconformada com a situação, Jameciane
abriu uma ação contra Willian buscando seus direitos em relação ao imóvel.

A parte autora alega que Willian se apossou da casa que é sua por direito sem autorização
ou explicação, já a parte ré alega que Jameciane não possui direito sob a casa e sim ele,
que é afilhado de Nair e foi batizado por ela.

Foram ouvidas duas testemunhas de cada parte, sendo as primeiras as testemunhas da


autora. A primeira testemunha foi Eurisnaide Cordeiro de Araújo, amiga de Jameciane há
muitos anos, portanto ficando sob condição de informante. Ela informou que mora em
Recife desde 1982 e que conhece a família há quase 20 anos. Ela conhecia dona Nair, e
sabia do parentesco amor e afeto da mesma por Jameciane, dizendo que ela a amava
como filha adotiva. Explicou que dona Nair tinha um imóvel, sendo ele o objeto da ação, e
que Jameciane era quem locava a casa. O imóvel, segundo ela, se encontra ocupado
atualmente pelo sobrinho de Jameciane, que foi para lá enquanto a noite da missa de
sétimo dia da mãe dele ocorria, e na calada da noite se mudou para o imóvel. Eurisnaide
conta que Jameciane ligou para ela desesperada avisando que foi recebida por ele e pela
esposa dele dizendo que a casa agora era dele. Foi um choque para todos. Reforçou a todo
momento que Nair vivia na casa da mãe de Jameciane e que ela dizia que a casa seria
sempre de Jameciane. Atualmente Jameciane vive com a mãe e com duas filhas menores,
trabalhando com faxina. Ela não tem local de moradia para si mesma e suas filhas, pois
Willian se apossou do local.

A segunda testemunha da parte autora se chama Isaura Rosalina Nascimento da Silva, que
conviveu por muito tempo na residência de dona Jameciane e também atuou como
informante. Ela diz que viu Jameciane nascer. Conheceu dona Nair, que de acordo com ela
morreu há mais ou menos 15 anos. Alega que Nair e Jameciane tinham uma relação de
mãe e filha. Sobre os pertences de dona Nair, citou o imóvel objeto da ação, dizendo que
ela morou lá e depois foi morar com a mãe de Jameciane, fazendo então de seu imóvel
apto para aluguel. Isaura deixa claro que apesar de não ter herdeiros nem filhos, Jameciane
era como uma filha para ela, diferente de Willian, com quem ela não teria relação alguma.

A terceira testemunha da audiência foi também a primeira testemunha do réu, a senhora


Jaciane Batista Rodrigues de Barros, mãe de Willian e irmã de Jameciane. Percebe-se
certa falta de concordância nas falas de Jaciane no começo de suas falas ao dizer que
“conhece dona Nair desde que nasceu”, mas logo depois esclareceu que quis dizer que
dona Nair a criou. Afirmou que dona Nair era madrinha de Willian e que eles tinham contato
constante pois Nair morava na casa da mãe delas, Maria das Neves. Ela refuta que foi Nair
que se voluntariou para batizar Willian. Quando dona Nair faleceu a casa ficou na mão de
Jameciane que ficou recebendo aluguel da casa durante mais de 10 anos. Ela entende que
Willian sempre teve direito a casa por ser afilhado, e que a casa estava abandonada
quando ele foi morar lá há dois anos. Jameciane acabou por se manifestar dizendo que ele
não tinha autorização para entrar sem mais nem menos, e que ele conseguiu uma chave da
casa de forma que ninguém da família sabe. Ele não tinha os documentos da casa.

A quarta e última testemunha foi da parte ré, a mesma se chama Rosemery Jerônimo de
Barros. Ela é irmã do pai de Willian e conheceu dona Nair. Assim como as outras
testemunhas, diz que dona Nair morava com a mãe de Jaciane e Jameciane. Afirmou que
Nair possuía uma casa, mas não tinha documentação dela, e que a casa era dela mesmo
que ela não morasse lá. De acordo com ela, Jameciane que alugava a casa para dona Nair
enquanto ela estava viva e após a sua morte, e que ela pegava o dinheiro para ela. Willian
foi morar na casa por necessidade, diz, mesmo sem autorização. Foi morar lá porque
precisava da casa e a casa estava jogada, cheia de cupim. Ele tinha uma chave, mas ela
não sabe quem deu a chave. Disse que Jameciane alugou a casa enquanto Nair estava
viva e depois que ela faleceu ela deixou a casa sem alugar. Quando perguntado sobre a
convivência de Willian e Nair, disse que ele ia na casa de Nevinha sempre, visitando, mas
que não sabia se ele ajudava Nair com questões pessoais e de saúde.

O juiz se manteve calmo e interrompeu em alguns momentos quando as testemunhas se


exaltavam. Quando o réu chegou na audiência, propôs acordo, que foi negado pela autora.
O juiz pediu para que as partes dessem suas razões finais. A parte autora afirma que
sempre possuiu toda a documentação relacionada ao presente imóvel que foi deixado por
Senhora Nair, a parte autora era quem alugava a casa com a autorização da mesma e após
o falecimento ela continuou alugando pois Nair deixou para ela. Ela não possui documento
que confirme a posse e autoridade do imóvel, mas tem todos os documentos da casa.
Quem passou o tempo desde a morte de Nair até hoje com os documentos foi Jameciane. A
defensoria pública não reforçou nada em suas razões finais, apenas manteve o que
continha na contestação. Diante disso, o juiz decretou o processo concluso. A audiência
durou cerca de duas horas.

É o relatório.

Recife, 06 de maio de 2022.

Brunna Theresa Nunes Barbosa Peixoto


Estagiário/a

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