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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 4ª VARA DO TRABALHO DE

SOROCABA/SP.

Reclamação Trabalhista n. 0011182-89.2021.5.15.0135

ROGÉRIO JOSÉ BASSO, brasileiro, divorciado,


Escrevente Técnico Judiciário Aposentado, portador do RG 11.907.905-7-SP e do CPF
044.487.368-65, residente e domiciliado na Rua Major Joaquim Silvério, n. 177 – Vila
Gabriel – Sorocaba – SP, perante Vossa Excelência, por seu advogado, nos termos do art.
847 da CLT, apresentar tempestivamente sua CONTESTAÇÃO às suposições narradas por
DOROTÉIA DE FÁTIMA DOS SANTOS, rechaçando-os integralmente e com toda
veemência, nos termos em que passa a expor:

I – SÍNTESE DOS FATOS NARRADOS NA INICIAL

Trata-se de reclamação trabalhista ajuizada por Dorotéia de Fátima dos Santos em


face de Rogério José Basso, para requerer o vínculo empregatício do período de 10.09.2019
a 15.10.2020, com jornada das 08h às 17h., de segunda a sexta, sem intervalo para almoço e
despedida sem justa causa.

Alega que os reflexos trabalhistas sobre seu salário de R$ 1.300,00 (um mil e
trezentos reais), totalizam aqui o valor de R$ 27.172,10 (vinte e sete mil, cento e setenta e
dois reais e dez centavos), mais honorários advocatícios de R$ 4.075,81 (quatro mil, setenta
e cinco reais e oitenta e um centavos), atribuindo à causa o valor de R$ 31.247,91 (trinta e
um mil, duzentos e quarenta e sete reais e noventa e um centavos).

A reclamante alega que foi contratada por ROGÉRIO BASSO, como empregada
doméstica e para prestar serviço como cuidadora da idosa Leonor, alegando que a idosa
tinha problemas neurológicos e de memórias, além da articulação.

Alega, ainda, ter adquirido covid-19 da idosa Leonor, de 99 anos, aduzindo na peça
vestibular que a idosa “...tinha muitos parentes e amigas para visitar a senhora Leonor, esta
acabou contraindo o vírus da Covid-19 e transmitindo para a Reclamante, sendo este o
motivo do falecimento da idosa”. Esta alegação será importante para demonstrarmos que
age com má fé a reclamante.

A reclamante alega que ela era insubstituível, indispensável e que “...o trabalho da
Reclamante era cuidar da idosa como dar banho, arrumar a rupa, vesti-la e outros cuidados
estéticos, como cabelo, unha etc.”, alegando prestava serviço com habitualidade e
pontualidade, sujeitando-se a comandos da idosa e com todos os riscos dessa atividade
(Quais? Se houve riscos, deixou de apontá-los).

Com efeito toda a narrativa da reclamante está desvinculada da realidade como


passaremos a comprovar, RECHAÇANDO CADA UMA DAS SUAS TEMERÁRIAS E ESPÚRIAS
NARRATIVAS.

II – PRELIMINARMENTE

DA ILEGITIMIDADE PASSIVA

O contestante jamais entrou em contato com a reclamante solicitando qualquer tipo


de prestação de serviço para ele ou para a sua tia Leonor, porque ele SEQUER CONHECIA A
RECLAMANTE.

O contestante Rogério não mora no mesmo bairro em que residia sua tia e a
reclamante, de modo que o contestante apenas conheceu Dorotéia por conta das visitas
esporádicas que fazia à sua tia idosa Leonor, que contava, em 2019, com 98 anos de idade.
Restará comprovado durante a instrução que o contestante NUNCA ENTROU EM
CONTATO COM A RECLAMANTE SOLITANDO SERVIÇOS PARA ELE OU OUTRAS PESSOAS.

Isso, porque quem indicou Dorotéia para fazer companhia à idosa Leonor, foi
Alessandra, que é vizinha de apartamento da idosa e que conhecia a reclamante “de vista”,
por residirem muito próximas.

A idosa Leonor teve contato com a Reclamante através da sua vizinha Alessandra,
que a indicou como companheira, mas jamais como empregada doméstica ou cuidadora de
idosos.

Desta forma, requer seja acolhida a preliminar de ilegitimidade passiva do


contestante Rogério Basso para excluí-lo do polo passivo e extinguir o feito sem julgamento
do mérito, posto que o vínculo entre a idosa e a reclamante se deu por meio da Alessandra,
vizinha da idosa, e que foi citada pela própria reclamante em sua peça inicial.

Tais fatos serão comprovados durante a instrução processual, que, além de


comprovar a inexistência de vínculo ou responsabilidade do contestante, se demonstrará a
total má-fé da reclamante.

Ante o exposto, requer seja acolhida a preliminar de ilegitimidade passiva do


contestante, e seja extinto o feito sem julgamento do mérito, com remessa direta ao arquivo.

III – DO MÉRITO

No mérito, igual improcedência se impõe sobre todos os pedidos da reclamante, que


foram construídos ardilosamente no intuito lesivo premeditado e único de obter vantagem
financeira indevidamente sobre o contestante.

A má-fé da reclamante pode ser identificado em diversos momentos, como por


exemplo, quando a reclamante exigiu entregar as chaves do apartamento da idosa apenas
para “alguém da família”. Explicaremos melhor:

Veja, Excelência, quando a idosa Leonor faleceu, a reclamante se negou a entregar


as chaves do apartamento à Alessandra, que é a pessoa (vizinha) que a indicou à própria
idosa, e disse que somente as entregaria para alguém da família.
Perceba-se que a reclamante estava pensando que, ao entregar as chaves do
apartamento a pessoa da família, poderia usar esse fato como prova do vínculo empregatício.

Embora isso não faça o menor sentido, foi exatamente esse o pensamento da
reclamante, tanto, que juntou o comprovante de entrega das chaves pela reclamante ao
contestante. Embora esse documento não comprove a relação de emprego, comprova a má-
fé da reclamante.

O que existe por parte da reclamante, é uma tentativa desmedida e irresponsável de


obter vantagem financeira a qualquer custo, ainda que tenha que movimentar as estruturas
do Poder Judiciário em favor de seus interesses espúrios e reprováveis

Destacamos, portanto, que a reclamante (i) não foi contratada pelo


contestante, (ii) não foi contratada pelo contestante para ser cuidadora de idosa,
(iii) e não foi contratada pelo contestante como empregada doméstica.

Ressaltamos que a reclamante começou a fazer companhia para a idosa por conta
da pandemia em meados de dezembro de 2019, não havendo precisão da data devido a
informalidade da relação e ausência de subordinação, pessoalidade e habitualidade que
sempre marcaram a forma como a reclamante se comportou. Apenas alguém que já estava
premeditado com essa intenção de obter vantagem indevida poderia ser capaz de tal
memória eidética.

Não procede a alegação da reclamante de que foi despedida sem justa causa em
15.10.2020 porque a idosa Leonor foi internada com covid no Hospital em 05.10.2020, ou
seja, 10 dias antes do que a reclamante alega ter sido despedida. A reclamante falta com a
verdade, portanto, novamente!

A idosa Leonor, embora contasse com 99 anos quando faleceu, era extremamente
lúcida e consciente de todos seus atos, tanto que nunca foi interditada. É totalmente
inverídico que a idosa tinha problemas neurológicos ou de memória, o que pode ser
comprovado pelo fato de que a idosa fazia caça-palavras e palavras cruzadas diariamente,
revistas que eram compradas e levadas a ela pelo contestante e pela vizinha Alessandra.

Tanto a Alessandra quanto o contestante levavam para a idosa, de uma só vez, mais
de 10 revistas de palavras cruzadas e caça-palavras, o que pode ser confirmado pela própria
autora, já que há informação de que ela também gostava dessas revistas, constantemente
fazendo uso delas, embora fossem da idosa.

Certamente, Excelência, a inverdade que mais chocou e indignou a todos os


familiares e conhecidos da idosa (como as vizinhas Alessandra e Sandra, citadas pela
reclamante na inicial) foi a autora dizer que foi a idosa quem lhe transmitiu
covid, alegando que a idosa tinha muitos parentes e amigas para visitar.

Essa alegação é indigna, vazia, espúria e extremamente irresponsável!!

Isso porque a idosa Leonor, por conta justamente da covid, raramente


foi visitada por seus parentes, de modo que a visita foi substituída por
chamadas de vídeos, e a idosa não tinha amigas.

Tal alegação é um absurdo que beira o indescritível, pois todos que tiveram
conhecimento desses fatos, acham que foi justamente a AUTORA QUEM PASSOU COVID
PARA A IDOSA e para as vizinhas Alessandra e Sandra - e não o contrário!

Contudo, como não havia como provar a transmissão do vírus, ninguém cometeu a
irresponsabilidade (que pode levar a consequências criminais, inclusive!) de acusar a autora,
(embora a autora fosse diariamente vista circulando sem máscara em plena pandemia, entre
2019 e 2020) como ela está – questionavelmente – fazendo ao acusar a idosa que sequer
pode se defender devido ao falecimento ocasionado pela covid.

Dessa forma, repudiamos veementemente tal acusação de transmissão do vírus, que


será avaliada para eventual ação de responsabilização, pois não podemos nos curvar aos
impropérios daqueles que, sob a proteção dos direitos trabalhistas visam obter vantagem
indevida e lucrar com a dor alheia. Sobretudo, porque ao contrair o vírus a idosa Leonor
veio a falecer. E o que todos na vizinham acreditam é que o vírus foi transmitido pela autora
à idosa e não o contrário.

A reclamante nunca cumpriu horário, chegava todos os dias depós das 09hs e ia
embora sempre entre 13h. e 14hs., após ter almoçado e ter separado comida para levar
embora para a sua casa. Inclusive a autora chegou até a levar a sua filha para almoçar na casa
da idosa.
Relatos dão conta de que a autora pegava restos de frutas na feira (chepa) e levava
para a idosa. Diariamente eram encontradas frutas e alimentos podres na geladeira da idosa.
Isso demonstra o cuidado que a reclamante NUNCA TEVE. A reclamante nunca ajudou a idosa
em cuidados com estética, como unhas ou cabelo, se tratando de mais um verdadeiro
absurdo.

Desta forma, vemos que não há habitualidade, pois a autora, quando ia, chegava
após as 9hs e ia embora antes das 14hs., e toda semana deixava de ir à casa da idosa por
algum motivo que alegava aleatoriamente, como, p. ex., dores na costa ou de cabeça etc.

Toda vez que a autora deixava de ir à casa da idosa, as vizinhas Alessandra e Sandra
faziam companhia à idosa, de modo que a reclamante nunca foi insubstituível, pelo contrário,
era substituída constantemente.

Jamais houve subordinação, pois como dito, era uma relação tida como amistosa,
assim como a relação que a idosa tinha com as vizinhas Alessandra e Sandra, que também a
ajudavam de forma altruísta, pois estamos falando de uma senhora de 99 anos. Somente
alguém com muita má fé poderia usar tal situação para tentar lucrar indevidamente e sem
qualquer incômodo moral.

Não havia pessoalidade, subordinação, habitualidade, nenhum


elemento que indicasse a existência de um vínculo trabalhista, seja como
empregada doméstica ou como cuidadora da idosa.

Desta forma, contesta-se veementemente todos os pedidos da autora, já que são


reflexo de uma relação que nunca existiu.

A reclamante nunca foi contratada pelo contestante, e por isso, nunca


solicitou nenhum pagamento, como qualquer empregado comum faria se
tivesse o direito que a autora alega ter.

DA MÁ FÉ DA RECLAMANTE

Conforme preceitua o art. 79 e 80, do Código de Processo Civil, é litigante de má-


fé aquele que altera a verdade dos fatos.
Tendo em vista que a Reclamante está alterando a verdade dos fatos, conforme
já exposto, deve ser responsabilizada pela sua má-fé, lide temerária e falta de colaboração
processual em defesa da dignidade da justiça.
Assim prescreve o novo CPC:

Art. 79. Responde por perdas e danos aquele que litigar de má-fé como
autor, réu ou interveniente.

Art. 80. Considera-se litigante de má-fé aquele que:


I - deduzir pretensão ou defesa contra texto expresso de lei ou fato
incontroverso;
II - alterar a verdade dos fatos;
III - usar do processo para conseguir objetivo ilegal;
IV - opuser resistência injustificada ao andamento do processo;
V - proceder de modo temerário em qualquer incidente ou ato do
processo;
VI - provocar incidente manifestamente infundado;
VII - interpuser recurso com intuito manifestamente protelatório.

Dessa forma, requer seja a autora condenada em litigância de má-fé, nos termos
do art. 80, inc II e III do CPC.

DO PEDIDO

Diante do exposto, requer de Vossa de Vossa Excelência:

i) Seja acolhida a preliminar de ilegitimidade passiva do contestante, extinguindo-


se o processo sem julgamento do mérito, remetendo-o ao arquivo;

ii) Requer, no mérito, a improcedência total da reclamação trabalhista,


condenando a autora às custas e demais consectários legais.

iii) Seja a reclamante condenada em litigância de má-fé.


Protesta provar o alegado por todos os meios de prova admitidos, em especial a juntada
de documentos e a oitiva de testemunhas que serão arroladas oportunamente.

Termos em que,
Pede deferimento.

Sorocaba, 25 de maio de 2022.

Cledir Menon Jr.


OAB/SP 241.671

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