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23/02/2022 14:43 CE produz para grifes de luxo - Negócios - Diário do Nordeste

Mega-Sena Carnaval é feriado? Valores a receber Novo saque do FGTS Biden anuncia sanções contra a

CE produz para grifes de luxo


Escrito por Redação,
20:38 - 01 de Setembro de 2007.

Legenda:
Foto: José Leomar

O Estado é um dos principais pólos exportadores de confeccionados de grifes de


luxo

Muita gente nem imagina mas aquela calça jeans de grife que custa um
dinheirão ou aquele par de tênis esportivo descolado podem ter sido fabricados
logo ali, na periferia de Fortaleza ou no interior do Estado. Desde o início da
década de 90, o Ceará tem sido pólo exportador de confeccionados de marcas de
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luxo, principalmente no segmento têxtil e calçadista. É o chamado private label:


desenvolvimento de marcas de terceiros, com matéria-prima e mão-de-obra da

fábrica local. Chegaram a ser produzidas aqui itens da Zoomp e Fórum.

De acordo com Verônica Perdigão, presidente do Sindicato das Indústrias de


Fiação e Tecelagem do Ceará (Sinditêxtil), diversas empresas locais produzem
peças para grandes grifes nacionais e até internacionais. ´Não temos como
contabilizar porque este tipo de trabalho exige sigilo de contrato. Ou seja, quem
faz, não pode divulgar´, comenta. De qualquer forma, ela defende que a prática
reforça a qualidade dos confeccionados do Estado, ´já que para produzir com a
chancela de uma marca, é preciso ter padrão de excelência´.

Não é por acaso que os segmentos calçadista e têxtil estão hoje no topo da pauta
de exportações do Ceará. Empresas atraídas impulsionaram a busca por
altíssimo padrão de qualidade, ao lado de outras indústrias de tradição, como a
Esplanord. O presidente do Sindicato das Indústrias de Confecções
(Sindiconfecções), José Moreira Sobrinho, admite a prática mas prefere não
comentar.

Tênis esportivo

Maior fabricante de calçados do País, a Vulcabrás do Nordeste produz na Região


Metropolitana de Fortaleza (RMF), mais precisamente em Horizonte, desde 1999,
os tênis Reebok. Além das linhas de calçados esportivos, que incluem produtos
licenciados com exclusividade pelas marcas internacionais Reebok e Keds, a
empresa, que conta com 9.000 funcionários, fabrica botas e confecções
esportivas.

A Vulcabrás, de Pedro Grendene, desembarcou no Ceará em 1994. De lá para cá,


a empresa do irmão gêmeo de Alexandre Grendene — que controla outra gigante
do ramo, também com unidade no Estado (a Grendene, em Sobral) — triplicou
seu tamanho e se tornou o segundo maior fabricante de calçados do País, com
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faturamento de R$ 1,2 bilhão por ano. Graças à compra da Azaléia, em junho
último, negócio estimado em R$ 350 milhões.

´Tanto Vulcabrás como Azaléia possuem operações no Nordeste e com


benefícios fiscais. A fusão dá resultado a uma sinergia de negócios importante´,
citou uma fonte, que não quis ser identificada. A Vulcabrás detém exclusividade
da marca Reebok no País, Argentina e Paraguai. Na área esportiva, a Azaléia
opera a marca Olympikus, além de calçados femininos como Dijean e Funny.
Com sede em Parobé, a Azaléia tem 17 mil colaboradores, a maioria distribuídos
nas 18 fábricas que opera na Bahia.

A Guerino Cipolla é outra indústria têxtil local que aposta no private label. Das
30 mil peças que produz por mês, atualmente, cinco mil são da marca própria. O
restante é private label. ´A Daslu é um dos nossos clientes neste segmento´,
comenta a empresaria Bianca Cipolla. O ´currículo´ da empresa inclui Le Lis
Blanc e Div Z.

´As grifes nacionais são melhores de fechar negócio que as internacionais. Aqui,
a gente negocia preço, consegue desconto e tem alguma vantagem´, comenta a
empresária. Ela acrescenta que a facção para o Ceará ICMS, o que torna o
negócio mais atraente. As encomendas da Cipolla, tanto no private quanto de
facção, exigem pedidos mínimos de 120 peças por modelo.

SAMIRA DE CASTRO

Repórter

CONFECÇÕES ESPLANORD

Private label responde por 30% da produção

A Esplanord, indústria de confecção da tradicional família Otoch, atua há sete


anos com private label, já tendo fabricado peças para a Zoomp. Segundo o gente
comercial da empresa, Irapuã Silva, cerca de 30% da produção hoje equivale a
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peças das grifes Sete Sete Cinco, Luigi Bertolli, Lorran e Sxpirit (da Otoch). Os
70% são de itens das marcas próprias Piemont (peças masculinas) e Moda Ativa
(itens femininos).

A Esplanord iniciou sua atividades em 1972, ainda com o nome de Confecções


Landau. Transformou-se em Esplanord definitivamente em 1976, onde se
instalou em seu atual parque industrial de 15.000 metros quadrados, sendo
8.000 deles de área construída, na Avenida Sargento Hermínio, no bairro Olavo
Bilac, em Fortaleza.

A capacidade de produção da empresa hoje é de 100 mil peças/mês, entre


calças jeans masculinas e femininas, e camisas para homens. Gera 480
empregos diretos. Silva não revela faturamento nem volumes envolvidos nos
contratos com as grifes, mas acredita que os negócios da empresa, que emprega
atualmente 480 funcionários, serão melhores no segundo semestre. ´O cearense
sempre tem esperança´, diz o gerente, que destaca a saúde financeira da
empresa. (SC)

CÂMBIO DESFAVORÁVEL

Jeans local perde até para a Turquia

O dólar baixo e o euro em queda estão inviabilizando a produção de


confeccionados para grifes internacionais no Ceará. Nos tempos áureos do
câmbio, a Santista Têxtil, por exemplo, arrendou a fábrica da LAN Confecções,
no interior do Estado, para fazer a base de produção da grife de jeans LEE.
Segundo a empresária Bianca Gadioli Cipolla, da Guerino Cipolla, o jeans
produzido no Estado tem qualidade, mas perde, no quesito preço, para
fabricantes da Turquia.

´A gente faz private label para grifes internacionais só para não deixar a fábrica
parada´, adianta a empresária. O preço que as multinacionais querem pagar,
segundo ela, ´está longe de ser exeqüível para a realidade brasileira´, marcada
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por alta carga tributária e pesados custos de mão-de-obra formal. ´O crédito
aqui é caro e o adiantamento dessas empresas, no caso, a carta de crédito, serve
para bancar o tecido e mal´.

Além dos custos operacionais brasileiros, Bianca Cipolla destaca que a logística
no Estado hoje também é um empecilho. ´Quem vem produzir no Brasil precisa
fechar um contêiner por semana. É o equivalente a uma carga de 40 mil peças.
Mas não há freqüência de navios suficiente no Pecém ou Mucuripe, para Europa,
EUA e outros centros compradores´.

Ela cita o caso da lavanderia portuguesa Ibatex. ´Eles traziam as peças da


Turquia, China, EUA e Portugal para lavar em Maracanaú e exportar de volta.
Com o câmbio, a concorrência com a China e os custos de exportação, acabaram
quebrando´. Vale ressaltar que a empresa tinha incentivos fiscais do Estado.

Explicando que o preço de uma peça private label depende de inúmeros fatores
— desde matéria-prima, tecidos, aviamentos e estrutura de produção —, Bianca
Cipolla revela que algumas grifes querem pagar apenas 1,5 euro (cerca de R$
4,00) pela sua mão-de-obra na confecção de uma calça jeans básica. ´Isso não dá
para eu pagar impostos, 13º salário, férias, vale transporte ou mesmo o salário
dos meus funcionários´, reclama ela.

Para cobrir os custos e lucrar, ainda que pouco, ela teria de cobrar pelo menos 6
euros (R$ 16,00). ´O problema é que essas empresas hoje têm como regra o
mercado chinês, que explora mão-de-obra e nunca ouviu falar em direitos
trabalhistas´. Bianca Cipolla diz que muitas grifes internacionais têm contratos
cheios de regras e que é comum aplicarem calote. nas fábricas locais. (SC)

PADRÃO DE QUALIDADE

Grife nacional é mais vantajosa

´Na facção, o cliente dá a matéria-prima e os aviamentos e só utiliza a nossa


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mão-de-obra. No private label, a fábrica entrega a peça pronta, com a marca dele
´, explica Irapuã Silva, gente comercial da Esplanord. Para ele, o mercado
nacional de grifes é ´muito interessante´ para as indústrias de confeccionados
têxteis locais. Ao contrário da exportação, inviabilizada pelo dólar e pela
concorrência com a China.

Silva acrescenta que o requisito número um para o mercado de private label é a


qualidade. ´A grife de fora é conceituada e não vende pelo preço e sim pela
qualidade´. Para produzir, a indústria local precisa seguir rigorosos padrões da
marca de fora, como modelagem, acabamento e tecidos. ´E precisa ter saúde
financeira porque a encomenda é como uma venda qualquer. Você não recebe
carta de crédito ou adiantamento, como na exportação´. (SC)

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