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A Tirania na Grécia antiga

Transição entre a cidade aristocrática/oligárquica e a cidade democrática

RECAPITULANDO TRANSIÇÃO SÉC. VII – VI:


Em algumas cidades, foram escolhidas lideranças políticas, revestidas de cargos
como o cargo de arconte, para implantarem reformas legais que propiciassem a
estabilidade da pólis. A historiografia os denomina legisladores . Em Atenas,
destacaram-se Drácon, no final do século VII, e Sólon, no começo do século VI.
As reformas de Sólon incluíram: a chamada seisachteia, que incluía a absolvição
das dívidas , libertação daqueles rebaixados à escravidão por dívidas e proibição
que, a partir daí, novamente alguém pudesse ser submetido à escravidão por
dívidas; a criação do Conselho dos 400 (retirando poderes do Areópago, que se
limitará às funções de justiça), baseada na divisão do território da Ática em 4
Tribos (cada tribo escolhia por eleição 100 integrantes deste Conselho); a reforma
censitária (dividindo a população cidadã em quatro classes conforme nível de
riqueza: pentacosiomedimnoi, hyppeis, zeugitas e tetas).
A Tirania na Grécia antiga
Transição entre a cidade aristocrática/oligárquica e a cidade democrática

RECAPITULANDO TRANSIÇÃO SÉC. VII – VI:


Paralelamente à solução por meio de legisladores escolhidos pela
pólis, muitas cidades neste período passaram pelo regime da tirania .
Como exemplo, em Corinto a tirania foi instalada em 650 com
Cípselos, regime que perdurou até 582; em Mileto na Jônia foi
instalada em 610, com Trasíbulos; em Agrigento na Sicília, entre 571
e 555, com Phalaris.
O termo tyrannos é de origem lídia e significa um governo pessoal,
autocrático, acima das leis instituídas. O período de tirania, nas
cidades mencionadas, foi acompanhado por uma fase de grande
desenvolvimento econômico, sustentado no estímulo às atividades
urbanas, às manufaturas.
Tirania de Pisístrato em Atenas
Transição entre a cidade aristocrática/oligárquica e a cidade democrática

O governante foi Pisístrato, por quase meio século (561 – 528 a.C.).
[não foi um governo contínuo, com duas interrupções ao longo deste
tempo – segundo Aristóteles, destes 33 anos, teria governado por 17].
Hípias e Hiparco, filhos de Pisístrato, chamados Pisistrátidas,
governam juntos por 15 anos, quando morre Hiparco, e Hípias
governa por ainda mais dois anos. .
Governo oposto às aristocracias tradicionais (como dos
Alcmeônidas).
Aliou-se ao demos urbano, conferindo-lhe muita aceitação popular.
Política econômica: obras públicas, artesanato,vinda de estrangeiros.
Tirania de Pisístrato em Atenas
Política cultural:
556: Reformulação das Panateneias em Atenas, passando a contar com uma grande festa
quadrienal, as “Grandes Panatenaicas”, que vão incorporar competições musicais, aos
moldes dos Jogos Píticos em Delfos, e vão instituir as recitações homéricas, inspirados em
competição instaurada pelo tirano da cidade de Sícion;
534:Criação dos concursos de tragédia nas Dionisíacas em Atenas – eleva uma festa popular
à categoria de festa oficial, tendo um significado de empoderamento simbólico dos demoi
urbano e rural à pólis;
Fomento ao cosmopolitismo cultural: neste período, muitos músicos e poetas são convidados
para viver em Atenas, como Anacreonte (que antes atuava na corte do falecido tirano
Polícrates de Samos, morto em 525), que traz consigo novos hábitos emodas, eSimônides,
acolhido na própria casa do tirano;
Vinculação da figura do tirano Pisístrato ao herói Héracles, muito popular; valorização da
deusa Atena, que além de guerreira, é deusa do artesanato, daí também sua vinculação ao
demos urban
Construção de um templo de Apolo, para rivalizar com a oposição alcmeônica, refugiada em
Delfos, e daí tentando derrubar os pisistrátidas.
Grande ânfora ática de figuras negras
com tampa.
Cena de apoteose de Héracles. Vaso
atribuído ao Pintor de Antímenes ou a sua
maneira, cerca de 520-510 B.C.

Disponível em: <http://www.sothebys.com/en/auctions/ecatalogue/2013/antiquities-n09056/lot.24.html> Acesso em abril, 2021.


“Return of Peisistratus to Athens with the false Minerva” Illustration from 1838 by M. A. Barth depicting the
return of Peisistratos to Athens, accompanied by a woman dressed as Athena, as described by the Greek
historian Herodotus

Disponível em:
https://en.wikipedia.org/wiki/Peisistratos#/media/File:Return_of_Peisistratus_to_Athens_with_the_false_Miner
va.jpg
Acesso em 30 abr. 2021
Governo dos Pisistrátidas

Hípias (527-510 a.C.): sequência com sucesso às políticas


econômicas, realizando importantes obras (ampliação das
muralhas que fortificavam Atenas e a instalação de
canalização hidráulica), que representaram oportunidade
de trabalho na cidade para as camadas populares.
Vestígio das canalizações do final do séc. VI da época do Hípias, tipo 525-510 a.C.
The Athenian Agora: a guide to the
excavation and museum.
Athens, American School of Classical
Studies at Athens, 1990.
FLORENZANO, Maria Beatriz Borba. A cidade grega antiga em imagens : um glossário ilustrado / Maria Beatriz Borba
Florenzano; colaboração Elaine Farias Veloso Hirata, Daniela Bessa Puccini e Rodrigo Araújo de Lima. São Paulo:
Laboratório de Estudos sobre a Cidade Antiga (Labeca), Museu de Arqueologia e Etnologia, Universidade de São Paulo:
FAPESP, 2015.
Governo dos Pisistrátidas

Hi par co (527-512 a.C.) ocupa-se mais com a vida


religiosa e principalmente com a cena cultural da cidade,
contribuindo para criar o ambiente de uma corte no
entorno dos tiranos. Neste período, muitos músicos e
poetas são convidados para viver em Atenas, como
Anacreonte, que traz consigo novos hábitos e modas, e
Simônides, acolhido na própria casa do tirano.
Governo dos Pisistrátidas
N a segunda metade do séc. V I, Atenas assume progressivamente a
hegemonia econômica do Mar Egeu e de boa parte do Mediterrâneo.
A cerâmica produzida na ática substitui a cerâmica coríntia, como
importação, em boa parte do mundo grego e etrusco.
Aperfeiçoamento da técnica de pintura de vasos desenvolvida pelos
coríntios, e desenvolvimento da técnica de figuras negras.
Em torno de 525, as olarias atenienses produzem uma inovação,
introduzindo a técnica de figuras vermelhas.
Boom econômico da cidade sob o domínio dos tiranos.
Migração para Atenas de muitos estrangeiros vindos da Jônia (costa da
Turquia), em razão do avanço dos persas.
Técnica de
figuras
vermelhas

Ribeiro Jr., W.A. Atena,


Héracles, Cérbero, Dioniso.
Portal Graecia Antiqua, São
Carlos.
UR L :
greciantiga.org/img.asp?num=
0523.
Consulta: 30/04/2021.
Técnica de figuras negras

Atena Promachos
Ânfora ática de figuras negras de
tipo panatenaico
Atenas, Museu Arqueológico
Nacional

Disponível: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Cer%C3%A2mica_de_figuras_negras#/media/Ficheiro:Anforagrega -atenas.jpgl> Acesso em abril, 2021.


Governo dos Pisistrátidas
Hípias (527-510 a.C.), com o passar do tempo, passou a governar de
modo mais autoritário, personalista, querendo criar uma corte aos
moldes de uma monarquia oriental, o que despertou forte oposição.
Em 512 a.C. a tirania sofre grande abalo com a morte de Hiparco,
atribuída aos tiranicidas Harmódio e Aristogiton.
Hípias foi derrubado pelas famílias aristocráticas, exiladas em
Delfos, destacadamente os Alcmeônidas, com apoio do rei
espartano Cleômenes (510 a.C.).
Assasinato de
Hiparco pelos
“ tiranicidas ” ,
que se tornam
heróis da
democracia

Disponível em:
<https://antikleidi.com/201
8/05>
Acesso em abril, 2021.
Harmódion e
Aristogiton
“ os tiranicidas ”

Nápoles, Museo Archeologico Nazionale


Disponível em:
<https://www.museoarcheologiconapoli.it/en/sculpt
ures/>
Acesso em abril, 2021.

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