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Rio de Janeiro
Por Fernanda Fernandes
A crítica social
“Rio de Janeiro
Cidade que nos seduz
De dia falta água
De noite falta luz”.
Questões habitacionais estiveram em voga, criticando a desenfreada
exploração dos aluguéis, os processos de despejos e remoções de favelas:
As duras condições de vida da população mais pobre foram tratadas por meio
de protesto social:
Se, por um lado, trabalhadores sofriam com a rotina pesada, a burocracia que
compunha o aparelho de Estado usufruía de privilégios, a exemplo de um alto
cargo (referido como “letra O”), em Maria Candelária (1952), de Armando
Cavalcanti e Klecius Caldas, uma sátira a funcionários apadrinhados:
“Maria Candelária
É alta funcionária
Saltou de paraquedas
Caiu na letra ‘O’, oh, oh, oh, oh
Começa ao meio-dia
Coitada Maria
Trabalha, trabalha, trabalha de fazer dó oh, oh, oh, oh
A uma vai ao dentista
Às duas vai ao café
Às três vai à modista
Às quatro assina o ponto e dá no pé
Que grande vigarista que ela é”.
E qualquer novidade era satirizada. Nos anos 1920, a moda de calças largas
com paletó justo e curto para os homens também deu o que falar:
“Essa gente de jaquetas bem curtinhas
Tem a cara bonitinha
Tem a cara bonitinha
Oh! Que turma esquisita e encrencada
Calça larga bem folgada
Rastejando na calçada”.
(Os calças-largas, 1927, de Lamartine Babo e Francisco Gonçalves de
Oliveira).
“Alô John
Cambeque pra folia
Se não reve mone
Não faz mal
Alô, ô, ô, ô
Alô John
Cambeque pra folia
Inde Brasil
Reve muito chope
Opp opp (bis)
American if drinque
Não estope”.
Ou, ainda, do mesmo ano, Good bye, boy, de Assis Valente, que estourou na
voz de Carmen Miranda, e criticava o excesso de americanismos na língua
brasileira:
Também versavam sobre a mulher, presente por seu nome próprio – Carolina,
Maria Rosa, Amélia – ou pela beleza da loira, da morena e das tão exaltadas
“mulatas”. Em 1947, Braguinha cantava:
“Branca é branca
Preta é preta
Mas a mulata é a tal, é a tal!”
(A mulata é a tal).
Fontes: