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Carnaval politizado

Carnaval politizado

Brasil faz um de seus carnavais mais politizados

Celebrações em todo o país ridicularizaram líderes políticos locais e mundiais, se voltaram


contra violência, corrupção e intolerância - e desafiaram limites. Ápice foi "Brasil
monstruoso" pintado no Sambódromo.

Beija-Flor fez críticas ao "Brasil monstruoso" e sua violência e corrupção

Com um desfile chocante da Beija-Flor, o Brasil encerrou na madrugada desta terça-feira (13/02)
um Carnaval fortemente marcado por críticas e reivindicações, num levante simbólico contra
males como a violência e a corrupção, sem esquecer a intolerância e a discriminação.

As celebrações do Carnaval em todo o país ridicularizaram líderes locais e mundiais, pediram


tolerância e desafiaram limites. A festa foi aproveitada por muitos brasileiros para fazer
críticas num momento de intensa insatisfação com a classe política e temores de problemas
econômicos como consequência da recessão.
Um dos maiores destaques da festa politizada deste ano no Sambódromo do Rio de Janeiro foi o
desfile da Paraíso do Tuiuti, cuja comissão de frente recebeu o Estandarte de Ouro do jornal O
Globo, considerado a segunda premiação mais importante do Carnaval carioca.

A escola da zona central do Rio, que questionou se a escravidão realmente acabou no Brasil,
satirizou o presidente Michel Temer e suas reformas neoliberais, especialmente a reforma
trabalhista e sugestões de redefinição do trabalho escravo, com um destaque chamado de
"Vampiro do Neoliberalismo", no carro alegórico que representava um navio negreiro dos dias
atuais. O enredo "Meu deus, meu deus, está extinta a escravidão?", lembrou os 130 anos da Lei
Áurea e falou do trabalho precário.

Paraíso do Tuiuti retratou Michel Temer como "Vampiro do Neoliberalismo"

Destaque contra a intolerância

As críticas implacáveis do Carnaval foram dirigidas a políticos e empresários corruptos,


pregadores de todas as religiões e incorporaram também denúncias contra a discriminação.

Em homenagem à comunidade LGBT, a Beija-Flor convidou para o seu desfile na segunda duas
estrelas da contracultura brasileira do momento, a cantora drag queen Pabllo Vittar e a revelação
do funk Jojo Todynho. Elas foram destaques em um carro alegórico que falava sobre a
intolerância, numa festa que comemora tanto a sexualidade quanto a diversidade – mas num país
que está entre os que têm as taxas mais altas de violência contra pessoas gay e transgênero na
América Latina.
Pabllo Vittar tem vários vídeos com milhões de visualizações no YouTube. O da música Todo
Dia atraiu 216 milhões de cliques. Sensação da cena pop brasileira, Vittar havia dito, em
entrevista recente à revista Época, que tratar de temas como homofobia e transfobia nas ruas do
Brasil é importante "para divulgar essa mensagem [de tolerância] todos os dias".

Também na segunda, a organização Grupo Gay da Bahia organizou seu concurso anual de
fantasias LGBT em Salvador, incluindo performances que destacaram as altas taxas de violência
contra mulheres, gays e transgêneros no país.

Já na cidade pernambucana de Olinda, os foliões desfilaram com bonecos gigantes que


satirizaram figuras políticas como o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o líder
norte-coreano Kim Jong-un, além de homenagearem celebridades tanto brasileiras quanto
internacionais, como Michael Jackson e os Beatles.

"Brasil monstruoso"

A Marquês de Sapucaí serviu de palco para a Beija-Flor retratar um "Brasil monstruoso",


inspirado no romance Frankenstein, e apresentar as cenas de violência vividas por milhões de
pessoas nas favelas do Rio.

A escola, última das seis a se apresentar no segundo dia de desfiles cariocas, é tida como uma
das favoritas desta edição e, além de fazer sucesso com o público – que continuou cantando o
enredo após o encerramento do desfile –  chegou a receber aplausos de jurados, segundo mostrou
foto divulgada pela Folha de S. Paulo.

Com uma sátira cuja intenção era ser um "grito de alerta" contra o modelo social, político e
religioso do país, seu enredo, "Monstro é aquele que não sabe amar", reproduziu extremos que
sacudiram o público.

Uma mulher que segurava o corpo de um policial morto, evocando a Pietá de Michelangelo,
encerrou uma parada em que se viram crianças baleadas em caixões, pais e mães carregando os
corpos de seus filhos feridos, jovens apontando armas para a cabeça de suas vítimas e arrastões.

Carnaval de protesto

A Portela, campeã do ano passado, criticou a intolerância falando de um grupo de judeus


perseguidos na Europa e refugiados no Brasil, onde passaram a enfrentar discriminação de
colonizadores portugueses.

O Salgueiro encheu a Sapucaí de cor numa denúncia contra o racismo e uma homenagem às
mulheres negras do Brasil, inspirada num tributo carnavalesco a Xica da Silva, há 55 anos.

Apesar de também apresentar enredos mais suaves, observadores apontam a edição de 2018 do
carnaval do Rio como o "Carnaval do protesto" porque a estreia, na noite de domingo, também
foi dominada pela crítica política.
Além das alusões da Paraíso do Tuiuti, a Mangueira atacou o prefeito do Rio, o evangélico
Marcelo Crivella (PRB), que não esconde que considera o Carnaval uma "celebração
pecaminosa" e viajou para a Alemanha depois de ser criticado durante a maior festa brasileira.

No ano passado, Crivella anunciou cortes pela metade nos financiamentos municipais destinados
às escolas de samba, ajudando assim a estimular a politização dos enredos.

Membro da escola Paraíso do Tuiuti "bate panelas" na Sapucaí

A escola verde e rosa transformou Crivella num boneco de Judas numa das alegorias, ostentando
também placas com os dizeres: "Prefeito, pecado é não brincar o Carnaval!". Segundo o jornal O
Estado de S. Paulo, o prefeito divulgou nota se dizendo vítima de "intolerância religiosa" após o
desfile. O nome do prefeito também foi pintado na bunda de um boneco da escola.

Durante a ausência de Crivella, multiplicaram-se os roubos nos blocos de rua, assim como os
arrastões em praias de bairros da zona Sul da cidade, como Ipanema e Leblon.

No olho do furacão, as autoridades do Rio de Janeiro, que inicialmente disseram sentir-se


satisfeitas com o contingente de segurança de 17 mil agentes destacado para o Carnaval, tiveram
que anunciar reforços de segurança nas zonas mais turísticas da cidade.

Algumas escolas do Grupo Especial de São Paulo também aproveitaram o carnaval para criticar
a situação política, econômica e social do Brasil. A X-9 Paulistana abriu o segundo dia de
desfiles no Sambódromo do Anhembi, no último sábado (10/02), e teve um carro alegórico com
pessoas fantasiadas de juízes e políticos com notas em cuecas e malas de dinheiro. Já a Império
da Casa Verde, que desfilou depois da X-9, comparou o Brasil de hoje ao período da Revolução
Francesa.

Grupos feministas também vêm usando o Carnaval para destacar e combater o assédio sexual.
Muitos blocos de rua têm temas feministas e várias mulheres usam tatuagens temporárias ou
adesivos com dizeres como "não é não". Autoridades também lançaram campanhas para
estimular mulheres a denunciar assédio à polícia.

"Manifestoches"

A escola Paraíso do Tuiuti passou de desconhecida a assunto mais comentado do Twitter no


primeiro dia de desfiles do Grupo Especial. O enredo tematizou a escravidão e apresentou
alegorias críticas às leis trabalhistas e à situação política no país. A ala "manifestoches" ironizou
os manifestantes que foram às ruas a favor do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff.

http://www.dw.com/pt-br/brasil-faz-um-de-seus-carnavais-mais-politizados/a-42569307

 Professora Marli - Falando de Educação


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