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Instituto Federal de Brasília

Motores de Combustão Interna


História

Rodrigo Abdo

rodrigo.abdo@ifb.edu.br

Brasília
2022
1 Máquinas térmicas [2]

De uma forma bem simples, máquinas térmicas são dispositivos que permitem transfor-
mar calor em trabalho, sendo este proveniente de qualquer outra fonte de energia, sejam ela:
combustão, elétrica, química, gravitacional.
Nesse curso, dentre as várias fontes possíveis e existentes para produção de calor, focaremos
somente no fenômeno que possibilita o funcionamento dos motores veiculares: a combustão,
que possibilitou, consequentemente a confecção dos motores de combustão interna.

2 Um pouco de história... [3]

Segundos os primeiros relatos, com o advento das armas de fogo e a descoberta do potencial
presente em uma explosão, começou-se a investigar a possibilidade de se criar uma máquina
capaz de produzir movimento por meio dessa energia térmica. Esses experimentos são data-
dos aproximadamente na segunda metade do século XVII. Consta, em 1508, que até mesmo
Leonardo da Vinci propôs a elevação de um peso por meio de fogo.
Um dos motores a pólvora mais conhecidos foi o desenvolvido por Huygens, na gura 1. Ele
consiste de um cilindro (A), um pistão móvel (B) inserido no topo cercado por uma quantidade
de água, tubulações de exaustão (C), base (E), polia (G), corda (F), roldana (D) e uma carga
explosiva (H) depositada no fundo da máquina. O seu funcionamento é relativamente simples.
Assim que a carga explosiva é acionada, uma quantidade de ar quente é impulsionada pelo
cilindro até sair pela tubulação, logo abaixo do êmbolo. Ao sair, em alta velocidade, cria-se um
vácuo, promovendo a descida do pistão e consequentemente a elevação da carga.

Figura 1: Máquina térmica de Huygens [5]

Seguindo a história, após o motor de pólvora, Denis Papin, ajudante de Huygens, desenvol-
veu uma máquina a vapor, possibilitando a Revolução Industrial.
Posteriormente, diversas mudanças e modicações foram surgindo, chegando a Henry Ford,
em 1759, que propôs a utilização de ar quente a invés vapor. Simultaneamente a esse fato,
surgiram os motores de combustão externa, sendo eles: Stirling e Ericson.
Somente em 1860, mais de 100 anos depois da proposta de Ford, que Lenoir desenvolveu o
primeiro motor com pistão. O seu ciclo já seguia aproximadamente os padrões atuais de funcio-
namento, ou seja, na primeira metade do seu deslocamento, combustível e ar eram introduzidos
no pistão. Uma faísca produzia a combustão, aumentando a pressão e empurrando o pistão até
o m do curso. Na segunda metade do deslocamento, os gases produzidos eram expelidos. O
ponto negativo se concentra no fato de que a exaustão era impulsionada pela explosão ocorrida
na outra câmara, não havendo compressão dos gases, como é mostrado na gura 2.

Figura 2: Motor de Lenoir

Poucos anos depois, em 1867, Nicolaus Otto e Eugene Langen, apresentaram um motor
semelhante ao de Lenoir, porém, com características melhores de desempenho. Otto e Langen
zeram um motor que promovia a abertura e fechamento da válvula de admissão e ignição com
um pistão livre que produzia trabalho mecânico no retorno, entretanto, ainda sem compressão
dos gases antes da combustão, como mostrado na gura 3.

Figura 3: Motor de Otto e Langen [1]

Depois desse fato, Beau de Rochas, indicou as operações desejáveis a um motor, sendo:
admissão durante o deslocamento do pistão "para fora", compressão durante o movimento do
pistão "para dentro", ignição da carga de combustível + ar no ponto morto superior do pistão,
seguida por expansão durante o deslocamento seguinte do pistão, para fora e exaustão durante
a corrida seguinte do pistão, para dentro. Sendo esses padrões mais conhecidos por 4 tempos
(admissão, compressão, explosão, exaustão).
Figura 4: Ciclo Otto [4]

10 anos depois da apresentação do seu primeiro motor, Otto desenvolveu um novo modelo
seguindo os 4 tempos, apresentando um rendimento de 14%, conforme gura 4.
Paralelamente ao motor Otto, um engenheiro alemão chamado Rudolf Diesel, desenvolvia
um outro tipo de motor, capaz de promover a ignição somente por compressão dos gases, dis-
pensando completamente a centelha. Seu funcionamento depende de um complexo sistema de
injeção de ar+combustível, uma vez que é necessário que já venha previamente com tempera-
turas elevadas.

Referências

[1] W. P. Blake. http://www.ndl.go.jp/exposition/e/data/r/496r.html. Internet, 16/02/2018.


[2] F. Brunetti. Motores de Combustão Interna - Volume 1. Blucher, 2012.
[3] C. A. da Costa Tillmann. Motores de Combustão Interna e seus Sistemas. e-Tec, 2013.
[4] Demetrius. http://slideplayer.com.br/slide/5653003/. Internet, 16/02/2018.
[5] C. Huygens. A new motive power by means of gunpowder and air. Royal Academy of
Sciences, 1680.

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