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Aula 02 — Projeto de

texto
Redação
Fuvest 2021

Professor Fernando Andrade


Professor Fernando Andrade
Aula 02: FUVEST 2021

Sumário
Apresentação .................................................................................................................. 3
1. A Leitura e a Escrita ..................................................................................................... 3
1.1. Mapa Mental ............................................................................................................................ 6
1.2. Como Fazer um Mapa Mental de Leitura ................................................................................ 7
1.2.1 Passo a Passo ....................................................................................................................... 10
1.3 Exercícios ................................................................................................................................. 10
2. Do Mapa Mental para o Texto ................................................................................... 14
2.1 Brainstorming .......................................................................................................................... 14
2.2 Mapa Mental do Brainstorming.............................................................................................. 16
2.3 Fazendo um Texto a partir do Mapa Mental .......................................................................... 17
3. Esboço ....................................................................................................................... 22
4. Folha de Esboço ......................................................................................................... 26
5. Folha de Redação e Grade.................................................. Erro! Indicador não definido.
6. Propostas de redação ................................................................................................ 28
6.1. Possibilidades de Encaminhamento das Propostas.................................................. 36
7. Considerações Finais .................................................................................................. 49

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Apresentação
Querido aluno,
Agora que você já entendeu a importância de interpretação do tema e da elaboração da
tese, resta praticar e muito.
Vale a pena repetir: a tese é importante, não comece um texto sem ela. Ela é a alma do seu
texto, os alicerces da sua futura construção. Isso é tão importante que este livro digital basicamente
representa uma parada no estudo da dissertação para o que deve ser mais importante para você,
vestibulando, que tem como alvo a nota dourada do 10: a prática.
Vamos discutir o que for necessário para que você elabore um ótimo esboço dissertativo.
Para que você entenda como funciona a estrutura textual, começaremos pela análise de uma
técnica de estudo: o mapa mental. Esse tipo de anotação de ideias principais permite resgatar a
estrutura profunda do texto e a compreender o movimento contrário: fazer um texto completo a
partir de uma estrutura mínima.
A seguir, iremos considerar como usar o mapa mental para fazer um brainstorm
(tempestade mental ou processo de incitação criativa) e depois passaremos para a produção de
um esboço.
Além disso, essa aula digital é uma espécie de caderno de exercícios, ou melhor, de
propostas. Você encontrará 5 propostas de eixos temáticos diferentes para você treinar bastante.
Boa aula, boa escrita e boa diversão.

1. A Leitura e a Escrita
Um dos conselhos dados para qualquer aluno que
deseja escrever bem é: leia bastante. Isso parece óbvio demais
para ficar batendo nessa tecla, não é? Bom, não vou repetir
isso, senão ficarei parecendo mãe que gosta de martelar o que
já se sabe.
Fonte: Pixabay
Neste capítulo, a ideia é fazer você entender a estrutura
da escrita, porque se você souber ler estruturalmente um
texto, você entenderá melhor como deve ser a construção
textual. Dois lados da mesma moeda.
Primeiramente, é importante destacar que a leitura não é algo tão fácil como se imagina.
Em 2016, uma reportagem do UOL destacava que “no Brasil, apenas 8% têm plenas condições de

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compreender e se expressar” 1. O leitor pleno, segundo o Instituto Paulo Montenegro 2, é aquele


que:

Observe que a última habilidade é a mesma que se exige de alguém que saiba escrever com
competência.
Talvez não percebamos a situação crítica em que nos encontramos no quesito leitura, pois
vivemos em uma sociedade na qual estamos em contato com textos o tempo todo, basta acessar
as mensagens do WhatsApp. Mas, nesse caso, trata-se de leitura curta e circunstancial. Ler um
texto longo, em que as informações vão sendo concatenadas até a construção de ideias mais
complexas, não é trabalho fácil.
Mas onde está o problema? Para chegar ao problema, é preciso entender o que é exigido
na leitura do texto escrito.
Segundo o professor J.R. Whitaker Penteado 3, a leitura é um processo que “compreende
seis atividades distintas, a saber:
1ª- O reconhecimento dos vocábulos;
2ª- A interpretação do pensamento do autor;
3ª- A associação das ideias do autor com as ideias do leitor, levando este à compreensão;
4ª-A retenção dessas ideias;
5ª- A capacidade de reprodução dessas ideias, sempre que for necessário. “
Quanto ao item um, nenhuma novidade e, normalmente, é o que um analfabeto funcional
consegue fazer. A segunda atividade já é mais complicada e tem a ver com a terceira. Tomemos a
frase da filósofa Simone de Beauvoir (1908-1986): “Ninguém nasce mulher, torna-se”.
Qualquer pessoa minimamente alfabetizada pode entender cada palavra, entretanto, a
expressão requer mais do leitor. A pensadora era feminista, ou seja, isso significa que um leitor que

1
Disponível em https://educacao.uol.com.br/noticias/2016/02/29/no-brasil-apenas-8-escapam-do-analfabetismo-
funcional.htm?cmpid=copiaecola, acessado em 04.07.2019.

2
Disponível em https://nossoid.wordpress.com/2017/05/28/escala-de-proficiencia-do-inaf-voce-e-os-20/, acessado
em 04.07.2019.
3
PENTEADO, J.R. Whitaker. A técnica da Comunicação Humana. São Paulo: Livraria Pioneira
Editora, 8ª edição, 1982.
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não levasse em conta esse contexto ou que não tivesse outras referências do feminismo, faria uma
associação precária entre as suas ideias e as ideias da autora, interpretando mal a intenção da
escritora.
Só para se ter uma ideia, em 1993, no dia em que se comemorava o dia internacional da
mulher, os ônibus de São Paulo circularam com um cartaz com esses dizeres da filósofa. As
interpretações foram diversas. Um motorista de ônibus dizia que não tinha entendido, porque na
sua terra quem nascia mulher, morria mulher. Um rapaz achou que a frase era uma “sem-
vergonhice”. Outro afirmou que a frase era boba, porque todo mundo nascia criança.
Na época, a Folha de São Paulo fez uma reportagem sobre o fato, e o jornalista, ao
entrevistar os usuários, chegou a um balanço assustador: somente um dos dez entrevistados
entendia claramente a frase do cartaz (paráfrase da matéria publicada em 9 de março de 1993).
Faltou referência aos leitores, ou seja, faltaram mais leituras complexas que pudessem dar
o repertório necessário para a compreensão da frase.
A quarta atividade se refere aos textos mais longos. Na leitura, temos que colher uma ideia
em uma frase e associá-la à seguinte, e, assim, sucessivamente. Se esquecermos aquilo que foi
dito nas linhas anteriores, não entenderemos o texto. Por isso, fala-se em capacidade de retenção.
Principalmente em textos mais difíceis, o leitor tem que fazer duas atividades ao mesmo tempo,
(1) colher novas informações e (2) associar a novidade ao que já foi lido. Esse processo leva a uma
constante reelaboração da compreensão do que se lê, fazendo da leitura uma espécie de
construção.
Tome como exemplo esse texto dado pela FUVEST como questão de interpretação:

(Fuvest/2004))

O OLHAR TAMBÉM PRECISA APRENDER A ENXERGAR


Há uma historinha adorável, contada por Eduardo Galeano, escritor uruguaio, que diz que um pai,
morador lá do interior do país, levou seu filho até a beira do mar. O menino nunca tinha visto
aquela massa de água infinita. Os dois pararam sobre um morro. O menino, segurando a mão do
pai, disse a ele: "Pai, me ajuda a olhar". Pode parecer uma espécie de fantasia, mas deve ser a
exata verdade, representando a sensação de faltarem não só palavras, mas também capacidade
para entender o que é que estava se passando ali.
Agora imagine o que se passa quando qualquer um de nós para diante de uma grande obra de arte
visual: como olhar para aquilo e construir seu sentido na nossa percepção? Só com auxílio mesmo.
Não quer dizer que a gente não se emocione apenas por ser exposto a um clássico absoluto, um
Picasso ou um Niemeyer ou um Caravaggio. Quer dizer apenas que a gente pode ver melhor se
entender a lógica da criação.
(Luís Augusto Fischer, Folha de S. Paulo)

Ao começar a ler, o leitor vai se deliciando com a narrativa do menino e vai se perguntando
qual a finalidade do escritor em lhe contar essa história. Quando o menino pede, “pai, me ajuda a

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olhar”, as possibilidades temáticas são variadas: o texto pode enveredar pelo tema do amor
paterno; da necessidade de ajuda para desenvolvimento da criança; do olhar como aprendizado
etc.
Quando acaba de ler frase seguinte, o leitor é obrigado a
reelaborar a ideia anterior, pois o escritor restringe a
interpretação do fato ao mencionar que faltam palavras e
capacidade para entender o que se passa. Porém, o tema só se

Fonte: Pixabay
define no próximo parágrafo, quando Galeano introduz o tema da
arte.
A observação desse entrelaçamento de temas e como se
dá o progresso temático é o que define o bom leitor e o BOM
ESCRITOR. O desafio desta aula é entender como um texto está
estruturado para, em seguida, elaborar um projeto ou esboço de
texto que apresente essas qualidades.
Há uma ferramenta extremamente eficaz para dissecar um texto, o mapa mental. Aliás, por
conta dessa qualidade, o mapa mental é um gênero muito apropriado para seus estudos. Ao fazer
um mapa mental de um tópico, você estará exercitando sua capacidade de escrita e de elaboração
de estrutura de pensamento.

1.1. Mapa Mental

Mapa mental é um gênero textual


desenvolvido pelo inglês Tony Buzan (1942-2019)
com a finalidade de organizar a informação de
forma muito próxima à maneira como o nosso
cérebro absorveu os dados. Grosso modo, parece
um “esquemão” que serve para organizar,
memorizar e analisar ideias. Pode ser usado como
resumo de aula presencial, leitura de livro,
Fonte: Pixabay
anotação de palestra etc.
Na verdade, o uso do mapa mental vai para
além do processo de aprendizado, serve também
como organizador de brainstorm (processo criativo baseado na livre associação) de tarefas a serem
realizadas, de orçamento, de projetos etc.
Ele se baseia na apresentação gráfica das relações que vamos fazendo na nossa mente em relação
a determinado tema. As setas, as cores diferentes, os balões ou outros recursos gráficos devem
registrar a forma como o cérebro vai concatenando dados. Por esse motivo, o mapa mental tem
um traço bastante pessoal e intransferível.
Incialmente, vamos discutir o mapa mental como forma de leitura de um texto.

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1.2. Como Fazer um Mapa Mental de Leitura

Um texto representa um produto final de reflexão e de sinapses entre ideias. A tarefa do


leitor é perceber como o escritor estruturou essas relações.
Considere o tema abaixo e preste muita atenção a ele. Trata-se de um tema possível no
vestibular.

A viralização do senso comum


Por Michel Carvalho da Silva em 21/08/2015 na edição 864
Quem já recebeu alguma mensagem via WhatsApp informando que o governo vai confiscar
a caderneta de poupança ou que o Congresso vai votar um projeto que acaba com o 13º salário?
Outro conteúdo falso que “viralizou” no Facebook nos últimos tempos se refere ao auxílio-reclusão,
que seria pago diretamente ao criminoso, ou, ainda, que o benefício se multiplicava conforme o
número de filhos do preso ou da presa.
Muitas mensagens circulam pela internet e nem sempre são verdadeiras. Mas como pode o
cidadão comum distinguir, num volume pulverizado de informação, entre aquela confiável, verídica
e relevante, e aquela errônea, imprecisa e falsa? É evidente que essa questão está relacionada ao
nível de empoderamento do indivíduo, o qual varia de acordo com o grau de instrução, a
consciência política e os hábitos midiáticos de cada um.

Uma pesquisa divulgada recentemente pelo Pew Research Center mostra que cresceu, nos
últimos dois anos, a influência das redes sociais na tarefa de manter os cidadãos informados. Os
sites de notícias, antes tradicionais fontes de informação, foram descritos no estudo como fontes
secundárias na hora de saber sobre um assunto ou acontecimento.

As redes sociais podem impulsionar o engajamento cívico devido à sua flexibilidade ao


permitir aos usuários acessar informações sob demanda, receber notícias de maneira instantânea,
aprender sobre diversos temas, personalizar conteúdo de acordo com seus interesses e aprofundar
a discussão em torno de assuntos mais complexos.

Acesso à informação é um direito


No entanto, o potencial da internet para ampliar o grau de informação do indivíduo ainda é
limitado por fatores como o desinteresse da coletividade ou a inabilidade das pessoas em assimilar
grandes volumes de dados e relacionar fatos. Daí a importância de uma educação que subsidie o
cidadão a entender a burocracia governamental e o funcionamento do sistema político
(conhecimento das regras gerais, familiaridades com as estatísticas e as plataformas de governo).
Só uma pessoa que reúna essas competências poderá acompanhar e fiscalizar as políticas públicas
implementadas pelos agentes públicos.

A desinformação, fruto da imprecisão, da mentira ou do ruído informacional contribui para


a ignorância das pessoas e inviabiliza o debate democrático. Aliás, é preocupante quando
observamos que uma informação é manipulada, simplesmente com o propósito de causar pânico
ou revolta, com vistas a beneficiar um segmento político. Não podemos nos esquecer, também, do

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triste episódio, ocorrido no ano passado, no Guarujá, em que uma mulher foi espancada até a
morte após boato espalhado em rede social que a acusava de sequestro e bruxaria.

Diante disso, é preciso verificar se a informação veiculada é de uma fonte confiável, como
sites institucionais, páginas de jornais conhecidos e blogues de profissionais respeitados. Também
é importante pesquisar se mais de uma fonte publicou a notícia, isso denota maior credibilidade à
mensagem. Outro aspecto relevante é identificar se o conteúdo divulgado não é oriundo de um
site de notícias falsas ou de conteúdo exclusivamente humorístico, como o Sensacionalista.

Michel Carvalho da Silva é jornalista, professor e mestre em Ciências da Comunicação

(Disponível em http://observatoriodaimprensa.com.br/redes-sociais/a-viralizacao-do-senso-comum/, acessado em


09.07.2019)
Este seria um possível mapa mental do texto acima.

Problema:
O que fazer? Informação é direito
-Verificação de fonte Cidadania
-Considerar várias fontes Politização

Cresceu a
Grau de influência
Mensagens Falsas redes
Instrução Como sociais
identificar?

Hábitos
Midiáticos
Redes sociais

✓ Desinteresse ✓ Flexibilidade Engajamento


por informação Limitação ✓ Diversidade cívico
✓ Inabilidade de temas
assimilar ✓ Personalização
informações ✓ Aprofundamen
to discussões

✓ Imprecisão
✓ Mentira Desinformação
✓ Ruído
informacional

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Observe que todas as setas saem do círculo central, o qual contém o tema que estrutura
todas as informações, “mensagens falsas”. A partir daí, saem os subtemas, que desenvolverão a
tese de que o acesso à informação verdadeira é um direito do cidadão. Mas o que o mapa mental
revela, sobretudo, é como as ideias se relacionam no texto.
Primeira coisa importante a se ressaltar é que as ideias mais importantes são expressas por
substantivos ou verbos.
No primeiro parágrafo, basicamente, o autor faz uma introdução bonitinha para atrair o
leitor. Não há nada de significativo nesse primeiro parágrafo, a não ser a ênfase no que é o tema
central.
No segundo parágrafo, o autor acrescenta alguns temas importantes. Reveja o parágrafo:

“Muitas mensagens circulam pela


internet e nem sempre elas são verdadeiras.
Mas como pode o cidadão comum distinguir,
num volume pulverizado de informação, entre
aquela confiável, verídica e relevante, e aquela
errônea, imprecisa e falsa? É evidente que essa
questão está relacionada ao nível de
Fonte: Pixabay

empoderamento do indivíduo, que varia de


acordo com o grau de instrução, a consciência
política e os hábitos midiáticos de cada um.”

A primeira oração coloca o problema, a


segunda faz uma pergunta (“como pode o cidadão comum distinguir...?”). Na resposta à pergunta,
deve haver algo significativo para o desenvolvimento do texto. O que reter desse parágrafo?
“Empoderamento do indivíduo” é uma expressão que diz pouco, melhor assinalar “grau de
instrução”, “consciência política” e “hábitos midiáticos”.
Escolhi apenas dois, “grau de instrução” e “hábitos midiáticos”. Porém, se simplesmente
jogasse os termos no mapa mental, não seria possível fazer a conexão, portanto, usei a pergunta
“Como identificar mensagens falsas?” para dar sentido às duas respostas a essa pergunta.
Esse é um dos caminhos de argumentação, cada percurso argumentativo foi assinalado com
uma cor (entre laranja e rosa). Como o autor não continuou a desenvolver esse caminho, o outro
subtema que ele introduz me leva à outra seta e à outra trilha argumentativa. Ele agora passa a
explorar a relevância das novas mídias: cresceu o número de pessoas que acessam as redes sociais
à procura de informação. Enquanto esse tema for desenvolvido, com relações de causas e
consequências, eu uso as mesmas cores e continuo a acrescentar balões e setas ao mesmo veio
argumentativo.
Pegou qual é o método?

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1.2.1 Passo a Passo

Comece pelo tema central e tenha em mente qual a tese do autor.

Se for possível, perceba quantas ramificações terá seu mapa mental.


Cada critério de argumentação configura uma ramificação: em um
parágrafo ele fala das causas, no outro das consequências, no outro faz
uma comparação etc.

Faça as sub-ramificações que devem desenvolver os subtemas


centrais.

Utilize cores diferentes e balões com formatos variados que permitem


dar sentidos diferentes às ramificações.

Lembre-se de que as palavras inscritas nos balões devem ser as mais


importantes de um parágrafo, não podem ser substantivos vagos,
indeterminados.

1.3 Exercícios

No vestibular do meio do ano de 2019, a FATEC propôs o seguinte tema: “Tecnologia e


Informação: como transformar opinião em conhecimento?” Tratava-se de um tema afim do
apresentado acima. A banca oferecia um texto que analisava o fenômeno de transformação de
opiniões em verdades. A seguir, você encontrará os textos da coletânea, sendo um dissertativo e
outro figurativo, uma charge. Faça o mapa mental de ambos.

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No caso do primeiro texto, você deve fazer como já exemplificado: leia cuidadosamente
cada parágrafo, circule as palavras-chave, comece a construção do mapa mental a partir do tema
central e, depois, faça as ramificações.
No caso do cartum, você deve perceber qual o tema central, depois dividir em “antes” e
“depois” e começar a fazer as ramificações a partir das suas observações.

Parcialmente, você tem razão, corujinha desconfiada. Trata-se de um treino de leitura


atenta, mas você vai ter que fazer um “esquemão” e essa aula é sobre projetos de texto. Nesse
primeiro momento, você vai fazer um esquema de textos já feitos, mas, depois, você fará um
esquema das suas ideias, o que o ajudará a construir o texto. Pode confiar, e “bora” fazer o
exercício, até porque essas ideias sobre o fenômeno de fake news são matéria quentíssima em
relação aos temas redacionais.
Q.1 Faça um mapa mental sobre o texto abaixo.
TEXTO I

Na era digital, a opinião predomina sobre a ação. Passamos a viver no reino das opiniões:
todos têm alguma opinião formada sobre tudo e se sentem na obrigação de opinar sobre
qualquer coisa. Esse fenômeno é consequência direta da hiperconectividade e, em
particular, do modelo de negócios das empresas detentoras de redes sociais: a venda de
dados de usuários para marketing. A fim de obter um perfil completo e apurado de cada
usuário, é preciso estimulá-lo a revelar suas preferências sobre o maior número possível
de temas.
[...]
Com isso, tudo se tornou opinião em uma arena na qual não existem hierarquias. A análise
política de um especialista equivale à opinião de qualquer pessoa que nunca abriu um livro
sobre política. Trata-se de uma perversão do direito à liberdade de expressão: muito
embora cada um tenha o direito de opinar sobre o que quiser e uma opinião não se
sobreponha à outra, nem tudo é da ordem da opinião. Análises, pesquisas e evidências são
de outra esfera. Não se questiona o resultado de uma pesquisa científica dizendo
simplesmente que não se concorda com ela, mas analisando sua metodologia ou
apresentando uma pesquisa sobre o mesmo tema que possa colocar em xeque as
conclusões.
Na era do Facebook, entretanto, é como se isso não fosse necessário, pois basta
concordar ou discordar, clicar like ou dislike. A ação, o trabalho, a especialidade, tudo perde
lugar para a opinião. No reino da opinião não existe mais espaço para a autoridade. No
perfil do papa no Twitter, os internautas brasileiros se sentem no direito de contradizer as

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análises teológicas dele. As redes sociais tornam o dono de botequim um especialista em


exegese bíblica do mesmo quilate que o chefe da Igreja Católica.
<https://tinyurl.com/yxovqcqz> Acesso em: 20.06.2019. Adaptado (material usado na
prova de Redação da FATEC/2019, vestibular do meio do ano)

Q.2 Faça um mapa mental sobre o texto abaixo.

<https://tinyurl.com/ya42xtrr> Acesso em: 20.06.2019. Original colorido.

Gabarito: parâmetros da escrita

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Questão Comentário.
01 Um mapa mental é bastante individualizado, mas as ideias principais não. Abaixo, fiz um
resumo escrito dos pontos mais importantes e destaquei as palavras que são mais relevantes.
Essas palavras ou seus sinônimos deveriam estar no seu mapa mental. As ramificações
dependem da hierarquia que você fez das informações na sua mente.
O texto trazia a tese logo na primeira oração: “na era digital, a opinião predomina sobre a
ação”. As ideias contidas nele davam a noção do tamanho do problema. Num primeiro
momento, o autor destacava a causa de vivermos numa época em que a opinião se tornou a
rainha do mundo: a hiperconectividade.
Tal necessidade de conexão, na verdade, é estimulada pelas empresas detentoras de redes
sociais como uma estratégia para conseguir informações que valem ouro para o Marketing,
as quais consistem em dados sobre gostos pessoais dos usuários. Esse estímulo e a falta de
uma instância que limite a circulação de informações falsas levam à desierarquização do
conhecimento, ou seja, qualquer informação ou opinião na internet parece ter o mesmo
valor. Afirmações baseadas em evidências que demandam estudo e cuidado passam a ter o
mesmo estatuto de opiniões baseadas no gosto pessoal e na análise superficial.

Questão Comentário.
02 A charge cujo título é “Mundo Avesso” figurativiza esse processo de inversão de valores,
dando uma ideia do perigo que isso representa. O tema é sobre informação e o balão
principal deveria ter essa palavra ao centro. No primeiro quadrinho, um professor dirige-se
aos alunos dizendo que vai instruí-los a partir de uma fonte de água única, um bebedouro. A
água, metáfora de informação, é direcionada por um cano e oferecida na medida em que
pode ser absorvida pelos alunos. Como se observa no canto do cartum, isso era o que
acontecia “antes”, antigamente.
No segundo quadro, a água, que era pouca e direcionada, toma todo o céu como uma nuvem
preta que produz a enxurrada de informação. Nesse novo ambiente, o professor está
perdido, os alunos, um tanto quanto desesperados, pedem que o professor os ajude a nadar,
enquanto um dos meninos, encantado com essa onda informacional, fica deslumbrado com
o fato de poder acreditar inclusive que a terra é plana.

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2. Do Mapa Mental para o Texto

Agora, a brincadeira é outra. Vamos supor que você se depare com o seguinte tema: Qual a
responsabilidade política de quem divulga fake news?
Inicialmente, você deve criar ideias, depois, rabiscar suas ideias no papel e, por fim, criar um
roteiro de escrita (mapa mental).

2.1 Brainstorming

Esse termo, Brainstorming, foi utilizado pelo


publicitário Alex Osborn (1888-1966) para nomear um
método criativo necessário para que uma equipe de
trabalho pudesse desenvolver campanhas que não
trilhassem os caminhos do que seria óbvio. A tradução
Fonte: Pixabay

em português seria algo como tempestade mental.


A proposta de Osborn era voltada para o trabalho
em grupo. Contudo, podemos fazer adaptações para a
elaboração de uma dissertação, já que se trata de um
texto que exige uma certa criatividade. Fiz algumas adaptações.

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A finalidade do Brainstorming em uma redação é evitar que você fique apenas com uma
ideia na cabeça e que faça um texto pobre ou redundante, aquele em que você fica “enchendo
linguiça”.
Vamos aos passos.

Compreenda a proposta

Prepare-se para escrever, estando certo de que você entendeu bem a proposta. Note que o
tema dado dialoga com vários outros temas parecidos: fake news na política, uso de algoritmos
para influenciar o eleitor, a bolha informacional e a divisão social etc. O tema preciso é sobre a
responsabilidade política do indivíduo na disseminação de fake news.
Além disso, é preciso, como vimos na aula passada, que você tente perceber a proposta na
conjuntura maior das discussões sobre o tema. Ou seja, sempre pense como esse tema é visto
dentro do senso comum.

Fragmente-a

Considere os termos da proposta, separando cada um e associando a ele definições. O que


é “responsabilidade? O que é “política”? E “responsabilidade política”? E “fake news”?

Puxar Palavras

Agora, é um momento de um pouco de diversão com palavras aleatórias. A criatividade é


um bichinho que vive solto. Coloque no centro de uma folha em branco duas ou três palavras
importantes para o tema. A partir daí, faça uma livre associação com todas as palavras que surgirem
na sua cabeça, até as palavras “proibidas”, não se reprima.
Uma palavra puxa a outra e nos leva a ter pensamentos mais complexos. Carlos Drummond
dizia “Penetra surdamente no reino das palavras./
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.” Podemos fazer uma adaptação, “penetra no
universo do vocabulário do seu tema, lá estará seu texto esperando que a ligação entre os
vocábulos o faça nascer.

Pensamento Lateral

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Force-se a pensar fora do pensamento linear que você começou a trilhar. Há algumas
técnicas:
✓ Combine ideias. Responsabilidade política pode se associar com que outros conceitos ou
termos? Cidadania? Ética? Liberalismo? Com qual você conseguiria juntar?
✓ Analogia. Pense no tema associando-o a uma metáfora, a uma comparação, ou a uma
ilustração. Pode-se comparar uma fake news como uma carta comercial cujas informações
são falsas; ou ilustrar seus efeitos pela história da Joana D’Arc, que foi morta por ter sido
considerada uma bruxa, obviamente uma mensagem falsa.
✓ Inversão. Imagine como seria se alguém tivesse uma postura política irresponsável e usasse
fake news para suas finalidades; ou, ao contrário, suponha uma eleição baseada na
circulação de informações seguras, como seria?
✓ Exagero. Pense em situações-limite: e se todas as informações sobre política fossem falsas?
✓ Reordenação. Esse passo deve ser posterior à fixação escrita do seu brainstorming, tem a
ver com a escolha de qual ramificação você vai desenvolver primeiro. Portanto, tem a ver
com aquele momento próximo da escrita do texto. Você deve alterar a ordem das
ramificações, trocando-as de lugar. Por exemplo, você poderia começar o desenvolvimento
argumentativo a partir das causas do fenômeno das fake news. Pense em como ficaria o
texto se você começasse pelas consequências. Lembre-se de que, antes de ser escrito, o
texto é um projeto bastante flexível na sua cabeça.

2.2 Mapa Mental do Brainstorming

Depois de ter forçado o processo criativo e ter enchido uma folha em branco com palavras
soltas, agora é a hora da “colheita”:
1. Coloque o tema no centro da folha.
2. Olhe para a folha com as palavras que você rabiscou. Procure aglutiná-las a partir de
alguma lógica em comum: algumas se referem às causas, outras, às consequências,
outras podem ser usadas para criar uma analogia ou comparação etc.
3. Use a lógica da organização por categoria para fazer as grandes ramificações. Por
exemplo, ao falar sobre responsabilidade do cidadão ao compartilhar fake news, você
pode considerar três grandes competências que gerarão três ramificações: a
competência de votar, a de obter informações e a de compartilhar dados.
4. Desenvolva cada ramificação e, quando possível, indique exemplos, fatos etc.
5. Feita a primeira versão do mapa mental, elimine as ideias que são muito difíceis de
desenvolver ou as que não são adequadas à sua tese.
6. Se precisar, volte ao estágio do brainstorming e deixe “chover” ideias no seu texto.

Para se ter uma ideia de como seria um mapa mental de brainstorming, segue um mapa mental
do tema proposto.

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2.3 Fazendo um Texto a partir do Mapa Mental

Bom, agora chegamos à hora da diversão. Que tal fazer o exercício inverso? Com um mapa
mental nas mãos, faça o texto.

Não é bem assim, corujinha redatora. Veja que o mapa mental traz ideias, não traz a tese.
Aquilo que você vai defender deve direcionar esse mapa, o qual apenas organizou as ideias que
alguém teve. Vamos lá, retomando a pergunta do tema: “Qual a responsabilidade política de quem
divulga fake news?”podemos imaginar algumas respostas e teses possíveis:
✓ O indivíduo, como um cidadão que compartilha informações públicas, deve ser
responsabilizado pelas escolhas erradas feitas na política.
✓ O indivíduo não pode ser responsabilizado, já que ele é manipulado pelos dados de pessoas
que usam todos os recursos virtuais para atender a interesses particulares.

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✓ O indivíduo deve ser parcialmente responsabilizado, já que ele poderia verificar as


informações políticas a que ele tem acesso.
Essas teses se concentram na questão da responsabilidade do indivíduo, porém, um texto
que dialogue bem com o tema deve considerar o perigo político de uma escolha equivocada, ou
seja, em algum ponto do seu texto você deve considerar a importância da política.
Bem, antes de começar a escrever você vai precisar de repertório. Então “bora” considerar
algumas ideias e referências relacionadas ao tema: política, algoritmo, bolha, robôs e um estudo
de caso: as eleições americanas.

Política

Considerando a origem grega da palavra, o termo significa administração da cidade (polis).


O aspecto mais importante da palavra para o entendimento da proposta tem a ver com a relação
entre o governante e o governado nas sociedades democráticas. Os
políticos são escolhidos e são pressionados pela opinião pública. Em
contrapartida, os governantes definem as ações que serão tomadas, o
que, invariavelmente, irá prejudicar um grupo e beneficiar outro.
Pense em uma coisa simples: a ampliação de uma avenida. O
empreendimento deverá proporcionar maior fluidez, os imóveis na
região serão valorizados, mas quem for desapropriado será prejudicado.
Fonte: Pixabay

Não há ação administrativa que não produza efeitos contraditórios.


Qual o parâmetro para a escolha, então? O que for melhor para a
maioria. O que pode ocorrer de condenável? Alguém se apropriar do
governo para conseguir alguma ação administrativa que beneficie o seu
grupo.
Considere o exemplo clássico. No começo da República, os cafeicultores tomaram o Estado.
Nesse período, o país privilegiou essa classe em detrimento dos interesses da maioria, de tal
maneira que foi preciso uma revolução (a de 1930 que empossou Getúlio Vargas) para que os
interesses dos industriais também fossem atendidos.

Algoritmo

Refere-se a um tipo de equação que consegue selecionar determinadas regularidades num


sistema complexo. Na internet, essa modelagem estatística traça perfis a partir dos acessos dos
usuários. Os grandes provedores, as redes sociais e as plataformas virtuais se valem de algoritmos
para reconhecer os gostos dos usuários e oferecer essas informações a empresas de Marketing que
usam os dados conforme o interesse de quem compra tal serviço.

Bolha

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O uso do algoritmo acaba fazendo com que o servidor sempre ofereça informações às quais
o usuário já está predisposto a aceitar, ele não entra em
contato com o contraditório, além de desenvolver a
ilusão de que todo mundo pensa como ele.
Por exemplo, suponha que um usuário do Google

Fonte: Pixabay
acesse com frequência matérias relacionadas ao
feminismo na rede, um algoritmo registrará essa
preferência. Numa outra pesquisa sobre qualquer tema
que esse indivíduo fizer, sites relacionados
indiretamente ao feminismo serão indicados como
resposta à sua pesquisa.

Robôs

“Os robôs são programas que postam coisas automaticamente. Têm


um repertório de contas falsas, que são operadas por uma máquina,
normalmente com o intuito de fazer trending topics (lista em
tempo real das palavras mais postadas). Você cria uma hashtag
Fonte: Pixabay

que está bombando por meio de uma ação falsa, e não porque as
pessoas estão falando.”
(Disponível em https://g1.globo.com/economia/tecnologia/noticia/o-que-
e-um-robo-na-web-e-como-ele-pode-influenciar-o-debate-nas-redes-especialistas-explicam.ghtml, acessado em
10.07.2019)

Eleições americanas

No caso das eleições americanas, dois fatos diferentes, porém, complementares, ajudaram
a eleger o presidente Trump. Nos dois casos, o uso da tecnologia de informação estava no centro
das práticas de manipulação do eleitor.
O caso da Rússia
Dentro do jogo da política internacional, o
presidente Wladimir Putin acreditava que a eleição de
Trump atenderia melhor aos interesses dos russos e, por
isso, resolveu influenciar a eleição americana. Segundo a
BBC Brasil on line, “o relatório divulgado pelos serviços
de inteligência dos Estados Unidos não traz provas
Fonte: Pixabay

concretas sobre o papel de Putin na campanha contra


Hillary Clinton, mas afirma que as ações da Rússia
incluíram:

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- Hackear e-mails de contas do Comitê Nacional Democrata e de membros da alta cúpula do


partido;

- Usar intermediários como WikiLeaks, DCLeaks.com e Guccifer 2.0 para publicar informações
adquiridas no hackeamento;

- Usar propaganda financiada pelo Estado e pagar usuários de mídia sociais ou "trolls" para fazer
comentários desagradáveis sobre Hillary.”

(Disponível em https://www.bbc.com/portuguese/internacional-38525951, acessado em 11.07.2019)

O caso da Analytica
A empresa Cambridge Analytica foi contratada pelos responsáveis pela campanha de Donald
Trump. O trabalho dela era traçar um perfil dos eleitores e sugerir ações de marketing eleitoral
para conseguir a adesão, sobretudo de indecisos. Para tanto, a empresa se valeu de um software
de perguntas e respostas que rendiam bônus para o usuário. A pessoa deveria, em troca, permitir
que o programa tivesse acesso à sua conta pessoal do Facebook. Valendo-se de uma brecha no
sistema de segurança do Facebook, o aplicativo captava informações da lista de amigos da pessoa
que participava desse processo. Acredita-se que 50 milhões de pessoas tiveram seus dados
utilizados sem consentimento pela Analytica.
De posse desses dados, a empresa começou a mapear os eleitores, determinando zonas em
que havia simpatizantes, indecisos e contrários a Trump. A partir daí, valendo-se de propagandas
pagas no Google ou no YouTube, a empresa direcionou propagandas eleitorais e informações
conforme o perfil do eleitor.

Q.1 Considere o mapa mental e faça um texto a partir do tema: Qual a responsabilidade política de
quem divulga fake news?

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Observe que os termos centrais estão nos quadrados do mapa. A dificuldade maior é
escolher com que ramificação começar. De certa forma, isso depende da tese que você escolheu.
Depois disso, vá ligando as palavras com verbos e conectivos como se estivesse ligando os pontos.
Exemplo: O cidadão na sociedade democrática tem várias responsabilidades, dentre elas, podemos
destacar: votar, acessar informações e compartilhar dados.
Não se esqueça de que você deve fazer um parágrafo de introdução ilustrativo.

Questão Comentário.
01 Nesse comentário, você terá acesso a como ficaria uma redação a partir das
coordenadas dadas pelo mapa mental. Note que essa é uma possibilidade dentre
outras. O caráter desta resolução é meramente ilustrativo.

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Esse texto privilegiou a questão política. A tese era de que há responsabilidade política
no caso de o indivíduo divulgar fake news. A ramificação escolhida foi da política. O
texto partiu da explicação de como a política funciona e de qual a sua importância,
para, em seguida, mostrar a responsabilidade do indivíduo. Claro que o caminho
poderia ser outro, até mesmo a tese poderia ter sido outra.

3. Esboço

O mapa mental é uma das ferramentas de leitura ou de organização de ideias para produzir
um texto. Contudo, no mapa mental, você não apresenta a tese, nem direciona com mais precisão
a construção do texto.

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Um esboço é um planejamento que inclui o processo de brainstorming, a elaboração da tese


e a indicação dos argumentos que serão usados. Deve ser uma espécie de “mapa da mina”, no
caso, da escrita, pois esse mapa vai sendo reelaborado conforme você vai escrevendo o texto.
Funciona mais ou menos assim: tendo um plano de saída, você começa a escrever tentando
seguir o planejamento, mas a escrita é marota e, às vezes, leva você para outros argumentos não
previstos. Você não precisa reelaborar o esboço, ele foi um plano de saída, mas o caminho pode
ser diferente. Ele garante que você tenha pensando em várias possibilidades de escrita do texto,
mesmo que você descubra outras no processo.
O que estou oferecendo a você é uma série de possibilidades de planejamento do texto.
Você pode usar o mapa mental, o esboço de forma parcial ou o esboço mais completo.
Experimente-os e utilize aquele que melhor se adequa ao seu tipo de planejamento.
Somente não comece um texto como se o espírito de Machado de Assis tivesse incorporado
em você. Não comece um texto sem planejamento. E esse planejamento não deve ser mental. Faça
um rascunho escrito, pode ser rabiscado ou mais elaborado, sempre de acordo com as suas
técnicas e predileções.
Na cartilha do candidato de ENEM, é possível ler o seguintes comentário sobre a importância
do projeto de texto:
““Projeto de texto é o planejamento prévio à escrita da redação. É o esquema que se deixa
perceber pela organização estratégica dos argumentos presentes no texto. É nele que são
definidos quais os argumentos que serão mobilizados para a defesa de sua tese, quais os
momentos de introduzi-los e qual a melhor ordem para apresentá-los, de modo a garantir
que o texto final seja articulado, claro e coerente. Assim, o texto que atende às
expectativas referentes à Competência 3 é aquele no qual é possível perceber a presença
implícita de um projeto de texto, ou seja, aquele em que é claramente identificável a
estratégia escolhida por quem está escrevendo para defender seu ponto de vista.”

Então chegou a hora de fazer um projeto de texto ou esboço. Segue um modelo que inclui
os dois momentos de criação do esboço. A primeira parte refere-se ao brainstorming, a segunda
parte seria o esboço propriamente dito.

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Observe que esse esboço tem


duas partes: uma para o
brainstorming e outro para o pré-
projeto.

Lembre-se de que seu texto deve


dialogar com os discursos que
circulam na sociedade. Pense em
todas as ideias do senso comum:
ditados, frases prontas, defesas
simplistas do tema etc.

Preencha o quadro com os


argumentos favoráveis e
contrários à sua possível tese, é
importante que você esteja
ciente dos argumentos.

Anote nessas linhas qualquer tipo


de repertório que possa ser
usado: fatos históricos, citações,
exemplos, estatísticas etc.

Finalmente, pense na tese. Olhe


para os argumentos que você
enumerou e decida, a partir do
que você possui como
informação, qual tese você vai
defender

Agora é só fazer o
inverso. Escreva
qual é a tese, os
argumentos e o
repertório.

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Como ficaria um esboço daquele tema discutido? Confira.


Brainstorming
Tema: Responsabilidade política do indivíduo ao compartilhar fake news.
Ideias do senso comum sobre o assunto:
✓ O político faz o que quer, o cidadão não decide nada;
✓ O sistema é assim;
✓ As empresas nos enganam.
A favor: o indivíduo é responsável Contra: o indivíduo não é responsável
✓ Quem acessa é o usuário; ✓ Google e Facebook usam algoritmos;
✓ Como cidadão, ele deve se ✓ Uso de robôs sem que a pessoa saiba;
preocupar com o bem ✓ Pouco tempo para verificar
público; informações;
✓ A própria internet permite ✓ Pouco conhecimento do assunto leva
que ele verifique as as pessoas a aceitarem o que se diz.
informações.

Possibilidades de intertexto/referência histórica/ intertexto/repertório


✓ Definição de Política;
✓ Eleições do Trump;
✓ Linchamento no Guarujá por fake news.
Tese (resumo do que você irá defender no seu texto):
A política é muito importante, o indivíduo que compartilha fake news sobre a política compromete
o futuro da nação.
Argumento 1:
A importância da política: interesse público, porém, que pode ser sequestrado por interesses
particulares através de fake news.
Argumento 2:
Nas eleições americanas vários roubos de informações, robôs e esquemas de influência foram
utilizados.
Argumento 3:
O indivíduo que não checa as informações e as compartilha é culpado de inconsequência
política.

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Agora é sua vez. Abaixo, você encontrará uma folha de esquema e esboço e cinco
propostas de redação. Faça o esboço das cinco. Escolha uma ou duas e produza o texto.

4. Folha de Esboço

Brainstorming
Tema: _____________________________________________________________________
Ideias do senso comum sobre o assunto
________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________

A favor: Contra:

Possibilidades de intertexto/referência histórica/ intertexto/repertório


________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
Tese (resumo do que você irá defender no seu texto):
________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
Esboço final
Tese____________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
Argumento 1:
_____________________________________________________________________________
Fatos, exemplos,
citações______________________________________________________________________
Argumento 2:
_____________________________________________________________________________
Fatos, exemplos, citações:_______________________________________________________

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5. Organização
Vale a pena relembrar a estrutura dissertativa, abaixo esquematizada.

Título - Criativo, diferente


do tema proposto.
Redação

1º parágrafo: Introdução
Argumento principal
e apresentação da tese.

2º, 3º e 4º parágrafos:
Argumentos Secundários
Desenvolvimento

5º parágrafo: Conclusão Contra-argumento

Instruções de preenchimento da folha de Redação

Para a efetiva correção, o corretor deve estar bem consciente de qual proposta está sendo desenvolvida
pelo aluno. Portanto, preste atenção:

VOCE DEVE ENVIAR SUA REDAÇÃO (ESCANEADA OU


FOTOGRAFADA) PARA O E-MAIL:
redacao@estrategiavestibulares.com.br

- No e-mail, identifique:

- A proposta, assinalando onde ela se encontra nos pdfs, ou seja, você deve assinalar a qual aula pertence
a proposta e o número da proposta.

Exemplos:

Pelo número: Proposta 1 da aula 2 (inédita);

Pelo título: “As Humanidades perderam a função no século XXI ? (aula 01);

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Pela anexação da proposta: Isso deve ser feito, se você produzir uma redação de outra proposta
que não consta dos livros digitais.

6. Propostas de redação
Nesse livro digital você terá acesso a 5 propostas. Minha sugestão é que você faça um mapa
mental de todas elas ou um esboço, escolha duas propostas e faça duas redações. Claro, se você
se empolgar pode fazer todas.

Representação da
realidade

Proposta 1

(Questão autoral)
Texto 1

(...)Errar, falsear ou mentir, portanto, é não ver os seres tais como são, é não falar deles tais como
são. Como é isso possível? A resposta dos gregos é dupla:
1. o erro, o falso e a mentira se referem à aparência superficial e ilusória das coisas ou dos seres e
surgem quando não conseguimos alcançar a essência das realidades...; são um defeito ou uma falha
de nossa percepção sensorial ou intelectual;
2. o erro, o falso e a mentira surgem quando dizemos de algum ser aquilo que ele não é, quando
lhe atribuímos qualidades ou propriedades que ele não possui ou quando lhe negamos qualidades
ou propriedades que ele possui. Nesse caso, o erro, o falso e a mentira se alojam na linguagem e
acontecem no momento em que fazemos afirmações ou negações que não correspondem à
essência de alguma coisa...
Se eu formular o seguinte juízo: “Sócrates é imortal”, o erro se encontra na atribuição do
predicado “imortal” a um sujeito “Sócrates”, que não possui a qualidade ou a propriedade da
imortalidade. O erro é um engano do juízo quando desconhecemos a essência de um ser. O falso e
a mentira, porém, são juízos deliberadamente errados, isto é, conhecemos a essência de alguma
coisa, mas deliberadamente emitimos um juízo errado sobre ela.
O que é a verdade? É a conformidade entre nosso pensamento e nosso juízo e as coisas
pensadas ou formuladas. Qual a condição para o conhecimento verdadeiro? A evidência, isto é, a
visão intelectual da essência de um ser. Para formular um juízo verdadeiro precisamos, portanto,
primeiro conhecer a essência, e a conhecemos ou por intuição, ou por dedução, ou por indução.
A verdade exige que nos libertemos das aparências das coisas; exige, portanto, que nos
libertemos das opiniões estabelecidas e das ilusões de nossos órgãos dos sentidos. Em outras
palavras, a verdade sendo o conhecimento da essência real e profunda dos seres é sempre

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universal e necessária, enquanto as opiniões variam de lugar para lugar, de época para época, de
sociedade para sociedade, de pessoa para pessoa. Essa variabilidade e inconstância das opiniões
provam que a essência dos seres não está conhecida e, por isso, se nos mantivermos no plano das
opiniões, nunca alcançaremos a verdade.
(...)
A verdade é, ao mesmo tempo, frágil e poderosa. Frágil porque os poderes estabelecidos podem
destrui-la, assim como mudanças teóricas podem substituí-la por outra. Poderosa, porque a
exigência do verdadeiro é o que dá sentido à existência humana. Um texto do filósofo Pascal nos
mostra essa fragilidade-força do desejo do verdadeiro:
“O homem é apenas um caniço, o mais fraco da Natureza: mas é um caniço pensante. Não é preciso
que o Universo inteiro se arme para esmagá-lo: um vapor, uma gota de água são suficientes para
matá-lo. Mas, mesmo que o Universo o esmagasse, o homem seria ainda mais nobre do que aquilo
que o mata, porque ele sabe que morre e conhece a vantagem do Universo sobre ele; mas disso o
Universo nada sabe. Toda nossa dignidade consiste, pois, no pensamento. É a partir dele que nos
devemos elevar e não do espaço e do tempo, que não saberíamos ocupar.”
(Chaui, Marilena. Convite à Filosofia. São Paulo:Editora Ática, 200)

Texto 2
Como combater deepfakes?
Vídeos ainda são evidências vistas com os próprios olhos.

Folha de São Paulo 11.mar.2019


O termo “deepfake” refere-se à possibilidade de usar inteligência artificial e outras ferramentas
para criar imagens ou vozes falsas, mas incrivelmente parecidas com a realidade. Por esses recursos
dá para gerar uma foto, um áudio ou um vídeo de situação que nunca existiu...

Hoje as pessoas acreditam intuitivamente naquilo que veem, especialmente vídeos. Textos e fotos
geram menos confiança, porque cada vez mais gente sabe que podem ser manipulados. No
entanto, vídeos ainda são evidências vistas “com os próprios olhos”.
(Disponível em https://www1.folha.uol.com.br/colunas/ronaldolemos/2019/03/como-combater-
deepfakes.shtml, acessado em 21.08.2019)

Texto 3

Falsificações de fotografias na União Soviética.


(Wikipedia)

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Depois que Josef Stalin subiu ao poder no Partido Comunista da


União Soviética e tornou- se líder soviético, iniciou uma série de
expurgos que eliminaram inimigos percebidos. No início, os
expurgos significavam a expulsão do Partido Comunista, mas após
o Grande Expurgo na década de 1930, os membros seriam detidos,
encarcerados, enviados para gulags ou ao exílio interno na Sibéria,
ou executados.
O governo soviético tentou apagar algumas figuras que expurgava
da história soviética e tomou medidas que incluíam falsificação e
alterações de imagens, destruindo filmes, e em casos mais
extremos, matando famílias inteiras.[1]
Acusam-se as autoridades da antiga União Soviética, de praticar
modificações e adulterações de fotografias com objetivo de
propaganda do regime e "reescrever o passado." Segundo estas
alegações, as fotografias foram cortadas com um bisturi.

(Disponível em
https://pt.wikipedia.org/wiki/Falsifica%C3%A7%C3%B5es_de_fotografias_na_Uni%C3%A3o_Sovi%C3%A9tica, acessado em
21.07.2019)
Texto 4
Um dos traços mais marcantes do final do século XX foi a
substituição do real pela representação através das imagens
que se tornaram onipresentes devido aos avanços
tecnológicos no que diz respeito às mídias.
O século XXI traz uma novidade, a possibilidade de
manipulação das imagens que serviram até agora como
fontes documentais. O primeiro texto discute
filosoficamente a representação que fazemos do real através
do conceito de verdade. O segundo traz a novidade da
“deepfake”. O texto seguinte relembra o que pode acontecer
com a manipulação das imagens, pois no regime soviético
isso foi feito algumas vezes e tendo por autor o governo
autoritário soviético. A última imagem, um quadro do pintor
surrealista Renée Magrite (1898-1967), figurativiza um
cachimbo, ao mesmo tempo que uma frase embaixo da tela
lembra que aquilo não é um cachimbo.
A partir dessas reflexões, escreva uma dissertação sobre o
(Fonte: Prova de Redação de PUC/GO, tema: um mundo por imagens na época da manipulação
2010-1) midiática.

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Ética/Questão
Social

Proposta 2

FUVEST/2014
O ministro de finanças do Japão, Taro Aso, disse, na segunda-feira (dia 21), que os velhos deveriam
“apressar-se a morrer”, para aliviar a pressão que suas despesas médicas exercem sobre o Estado.
“Deus nos livre de uma situação em que você é forçado a viver quando você quer morrer. Eu
acordaria me sentindo cada vez pior se soubesse que o tratamento é todo pago pelo governo”,
disse ele, durante uma reunião do conselho nacional, a respeito das reformas na seguridade social.
“O problema não será resolvido, a menos que você permita que eles se apressem a morrer”.
Os comentários de Aso são suscetíveis de causar ofensa no Japão, onde quase um quarto da
população de 128 milhões tem mais de 60 anos. A proporção deve atingir 40% nos próximos 50
anos. Aso, de 72 anos de idade, que tem funções de vice-primeiro-ministro, disse que iria recusar
os cuidados de fim de vida. “Eu não preciso desse tipo de atendimento”, declarou ele em
comentários citados pela imprensa local, acrescentando que havia redigido uma nota instruindo
sua família a negar-lhe tratamento médico para prolongar a vida. Para maior agravo, ele chamou
de “pessoas-tubo” os pacientes idosos que já não conseguem se alimentar sozinhos. O ministério
da saúde e do bem-estar, acrescentou, está “bem consciente de que custa várias dezenas de
milhões de ienes” por mês o tratamento de um único doente em fase final de vida.
Mais tarde, Aso tentou explicar seus comentários. Ele reconheceu que sua linguagem fora
“inapropriada” em um fórum público e insistiu que expressara apenas sua preferência pessoal. “Eu
disse o que eu, pessoalmente, penso, não o que o sistema de assistência médica a idosos deve ser”,
declarou ele a jornalistas.
Não foi a primeira vez que Aso, um dos mais ricos políticos do Japão, questionou o dever do Estado
para com sua grande população idosa. Anteriormente, em um encontro de economistas, ele já
dissera: “Por que eu deveria pagar por pessoas que apenas comem e bebem e não fazem nenhum
esforço? Eu faço caminhadas todos os dias, além de muitas outras coisas, e estou pagando mais
impostos”.
theguardian.com, Tuesday, 22 January 2013. Traduzido e adaptado.
Considere as opiniões atribuídas ao referido político japonês, tendo em conta que elas possuem
implicações éticas, culturais, sociais e econômicas capazes de suscitar questões de várias ordens:
essas opiniões são tão raras ou isoladas quanto podem parecer? O que as motiva? O que elas dizem
sobre as sociedades contemporâneas? Opiniões desse teor seriam possíveis no contexto brasileiro?
Como as jovens gerações encaram os idosos?

Crítica brasileira
Proposta 3

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FUVEST/2015

Na verdade, durante a maior parte do século XX, os estádios eram lugares onde os executivos
empresariais sentavam-se lado a lado com os operários, todo mundo entrava nas mesmas filas para
comprar sanduíches e cerveja, e ricos e pobres, igualmente, se molhavam se chovesse. Nas últimas
décadas, contudo, isso está mudando. O advento de camarotes especiais, em geral, acima do
campo, separam os abastados e privilegiados das pessoas comuns nas arquibancadas mais
embaixo. (...) O desaparecimento do convívio entre classes sociais diferentes, outrora vivenciado
nos estádios, representa uma perda não só para os que olham de baixo para cima, mas também
para os que olham de cima para baixo.
Os estádios são um caso exemplar, mas não único. Algo semelhante vem acontecendo na
sociedade americana como um todo, assim como em outros países. Numa época de crescente
desigualdade, a “camarotização” de tudo significa que as pessoas abastadas e as de poucos
recursos levam vidas cada vez mais separadas. Vivemos, trabalhamos, compramos e nos distraímos
em lugares diferentes. Nossos filhos vão a escolas diferentes. Estamos falando de uma espécie de
“camarotização” da vida social. Não é bom para a democracia e nem sequer é uma maneira
satisfatória de levar a vida.
Democracia não quer dizer igualdade perfeita, mas, de fato, exige que os cidadãos compartilhem
uma vida comum. O importante é que pessoas de contextos e posições sociais diferentes
encontrem-se e convivam na vida cotidiana, pois é assim que aprendemos a negociar e a respeitar
as diferenças: ao cuidar do bem comum.
Michael J. Sandel. Professor da Universidade Harvard. O que o dinheiro não compra. Adaptado.

Comentário do Prof. Michael J. Sandel referente à afirmação de que, no Brasil, se teria produzido
uma sociedade ainda mais segregada do que a norte-americana.
O maior erro é pensar que serviços públicos são apenas para quem não pode pagar por coisa
melhor. Esse é o início da destruição da ideia do bem comum. Parques, praças e transporte público
precisam ser tão bons a ponto de que todos queiram usá-los, até os mais ricos. Se a escola pública
é boa, quem pode pagar uma escola particular vai preferir que seu filho fique na pública, e assim
teremos uma base política para defender a qualidade da escola pública. Seria uma tragédia se
nossos espaços públicos fossem shopping centers, algo que acontece em vários países, não só no
Brasil. Nossa identidade ali é de consumidor, não de cidadão.
Entrevista. Folha de S. Paulo, 28/04/2014. Adaptado.

[No Brasil, com o aumento da presença de classes populares em centros de compras, aeroportos,
lugares turísticos etc., é crescente a tendência dos mais ricos a frequentarem espaços exclusivos,
que marquem sua distinção e superioridade.] (...) Pode ser que o fenômeno “camarotização”, isto
é, a separação física entre classes sociais, prospere para muitos outros setores. De repente, os

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supermercados poderão ter ala VIP, com entrada independente, cuja acessibilidade, tacitamente,
seja decidida pelo limite do cartão de crédito.

Renato de P. Pereira. www.gazetadigital.com.br, 06/05/2014. [Resumido] e adaptado.


Até os anos de 1960, a escola pública que eu conheci, embora existisse em menor número, tinha
boa qualidade e era um espaço animado de convívio de classes sociais diferentes. Aprendíamos
muito, uns com os outros, sobre nossas diferentes experiências de vida, mas, em geral, nos
sentíamos pertencentes a uma só sociedade, a um mesmo país e a uma mesma cultura, que era de
todos. Por isso, acreditávamos que teríamos, também, um futuro em comum. Vejo com tristeza
que hoje se estabeleceu o contrário: as escolas passaram a segregar os diferentes estratos sociais.
Acho que a perda cultural foi imensa e as consequências, para a vida social, desastrosas.
(Trecho do testemunho de um professor universitário sobre a Escola Fundamental e Média em
que estudou.)
Os três primeiros textos aqui reproduzidos, referem-se à “camarotização” da sociedade, nome
dado à tendência a manter segregados os diferentes estratos sociais. Em contraponto, encontra-
se também reproduzido um testemunho no qual se recupera a experiência de um período em que,
no Brasil, a tendência era outra.
Tendo em conta as sugestões desses textos, além de outras informações que julgue relevantes,
redija uma dissertação em prosa, na qual você exponha seu ponto de vista sobre o tema
“Camarotização” da sociedade brasileira: a segregação das classes sociais e a democracia.

Questão social

Proposta 4

UNESP/2015
Texto 1
O Brasil era o último país do mundo ocidental a eliminar a escravidão! Para a maioria dos
parlamentares que se tinham empenhado pela abolição, a questão estava encerrada. Os ex-
escravos foram abandonados à sua própria sorte. Caberia a eles, daí por diante, converter sua
emancipação em realidade. Se a lei lhes garantia o status jurídico de homens livres, ela não lhes
fornecia meios para tornar sua liberdade efetiva. A igualdade jurídica não era suficiente para
eliminar as enormes distâncias sociais e os preconceitos que mais de trezentos anos de cativeiro
haviam criado. A Lei Áurea abolia a escravidão, mas não seu legado. Trezentos anos de opressão
não se eliminam com uma penada. A abolição foi apenas o primeiro passo na direção da
emancipação do negro. Nem por isso deixou de ser uma conquista, se bem que de efeito limitado.
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(Emília Viotti da Costa. A abolição, 2008.)


Texto 2
O Instituto Ethos, em parceria com outras entidades, divulgou um estudo sobre a participação do
negro nas 500 maiores empresas do país e lamentou, com os jornais, o fato de que 27% delas não
souberam responder quantos negros havia em cada nível funcional. Esse dado foi divulgado como
indício de que, no Brasil, existe racismo. Um paradoxo. Quase um terço das empresas demonstra
a entidades seríssimas que “cor” ou “raça” não são filtros em seus departamentos de RH e,
exatamente por essa razão, as empresas passam a ser suspeitas de racismo. Elas são acusadas por
aquilo que as absolve. Tempos perigosos, em que pessoas, com ótimas intenções, não percebem
que talvez estejam jogando no lixo o nosso maior patrimônio: a ausência de ódio racial.
Há toda uma gama de historiadores sérios, dedicados e igualmente bem-intencionados, que
estudam a escravidão e se deparam com esta mesma constatação: nossa riqueza é esta, a
tolerância. Nada escamoteiam: bem documentados, mostram os horrores da escravidão, mas
atestam que, não a cor, mas a condição econômica é que explica a manutenção de um indivíduo
na pobreza. [...]. Hoje, se a maior parte dos pobres é composta por negros, isso não se deve à cor
da pele. Com uma melhor distribuição de renda, a condição do negro vai melhorar
acentuadamente. Porque, aqui, cor não é uma questão.
(Ali Kamel. “Não somos racistas”. www.oglobo.com.br, 09.12.2003.)

Texto 3
Qualquer estudo sobre o racismo no Brasil deve começar por notar que, aqui, o racismo é um tabu.
De fato, os brasileiros imaginam que vivem numa sociedade onde não há discriminação racial. Essa
é uma fonte de orgulho nacional, e serve, no nosso confronto e comparação com outras nações,
como prova inconteste de nosso status de povo civilizado.

(Antonio Sérgio Alfredo Guimarães. Racismo e antirracismo no Brasil, 1999. Adaptado.)


Texto 4
Na ausência de uma política discriminatória oficial, estamos envoltos no país de uma “boa
consciência”, que nega o preconceito ou o reconhece como mais brando. Afirma-se, de modo
genérico e sem questionamento, uma certa harmonia racial e joga-se para o plano pessoal os
possíveis conflitos. Essa é sem dúvida uma maneira problemática de lidar com o tema: ora ele se
torna inexistente, ora aparece na roupa de alguém outro.
É só dessa maneira que podemos explicar os resultados de uma pesquisa realizada em 1988, em
São Paulo, na qual 97% dos entrevistados afirmaram não ter preconceito e 98% dos mesmos
entrevistados disseram conhecer outras pessoas que tinham, sim, preconceito. Ao mesmo tempo,
quando inquiridos sobre o grau de relação com aqueles que consideravam racistas, os
entrevistados apontavam com frequência parentes próximos, namorados e amigos íntimos. Todo
brasileiro parece se sentir, portanto, como uma ilha de democracia racial, cercado de racistas por
todos os lados.
(Lilia Moritz Schwarcz. Nem preto nem branco, muito pelo contrário, 2012. Adaptado.)
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Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva uma redação de
gênero dissertativo, empregando a norma-padrão da língua portuguesa, sobre o tema:
O LEGADO DA ESCRAVIDÃO E O PRECONCEITO CONTRA NEGROS NO BRASIL

Política

Proposta 5

UNESP/2014
Texto 1
Dos 594 deputados e senadores em exercício no Congresso Nacional, 190 (32%) já foram
condenados na Justiça e/ou nos Tribunais de Contas.
As ocorrências se encaixam em quatro grandes áreas: irregularidades em contas e processos
administrativos no âmbito dos Tribunais de Contas (como fraudes em licitações); citações na Justiça
Eleitoral (contas de campanha rejeitadas, compra de votos, por exemplo); condenações na Justiça
referentes à lida com o bem público no exercício da função (enriquecimento ilícito, peculato etc.);
e outros (homicídio culposo, trabalho degradante etc.).
(Natália Paiva. www.transparencia.org.br. Adaptado.)

Texto 2
Nossa tradição cultural, por diversas razões, criou um ideal de cidadania política sem vínculos com
a efetiva vida social dos brasileiros. Na teoria, aprendemos que devemos ser cidadãos; na prática,
que não é possível, nem desejável, comportarmo-nos como cidadãos. A face política do modelo de
identidade nacional é permanentemente corroída pelo desrespeito aos nossos ideais de conduta.
Idealmente, ser brasileiro significa herdar a tradição democrática na qual somos todos iguais
perante a lei e onde o direito à vida, à liberdade e à busca da felicidade é uma propriedade
inalienável de cada um de nós; na realidade, ser brasileiro significa viver em um sistema
socioeconômico injusto, onde a lei só existe para os pobres e para os inimigos e onde os direitos
individuais são monopólio dos poucos que têm muito.
Preso nesse impasse, o brasileiro vem sendo coagido a reagir de duas maneiras. Na primeira, com
apatia e desesperança. É o caso dos que continuam acreditando nos valores ideais da cultura e não
querem converter-se ao cinismo das classes dominantes e de seus seguidores. Essas pessoas
experimentam uma notável diminuição da autoestima na identidade de cidadão, pois não aceitam
conviver com o baixo padrão de moralidade vigente, mas tampouco sabem como agir
honradamente sem se tornarem vítimas de abusos e humilhações de toda ordem. Deixam-se assim
contagiar pela inércia ou sonham em renunciar à identidade nacional, abandonando o país. Na
segunda maneira, a mais nociva, o indivíduo adere à ética da sobrevivência ou à lei do vale-tudo:
pensa escapar à delinquência, tornando-se delinquente.
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(Jurandir Freire Costa. http://super.abril.com.br. Adaptado.)


Texto 3
Se o eleitorado tem bastante clareza quanto à falta de honestidade dos políticos brasileiros, não se
pode dizer o mesmo em relação à sua própria imagem como “povo brasileiro”. Isto pode ser um
reflexo do aclamado “jeitinho brasileiro”, ora motivo de orgulho, ora de vergonha.
De qualquer forma, fica claro que há problemas tanto quando se fala de honestidade de uma forma
genérica, como quando há abordagem específica de comportamentos antiéticos, alguns ilegais: a
“caixinha” para o guarda não multar, a sonegação de impostos, a compra de produtos piratas, as
fraudes no seguro, entre outros. A questão que está posta aqui é que a população parece não
relacionar seus “pequenos desvios” com o comportamento desonesto atribuído aos políticos.
(Silvia Cervellini. www.ibope.com.br. Adaptado.)
Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva uma redação de
gênero dissertativo, empregando a norma-padrão da língua portuguesa, sobre o tema:
CORRUPÇÃO NO CONGRESSO NACIONAL: REFLEXO DA SOCIEDADE BRASILEIRA?

6.1. Possibilidades de Encaminhamento das Propostas

Representação da
realidade

Comentário/Proposta 1
A proposta apresentava 4 textos como repertório, seguidos de instruções sobre como
encaminhar a produção textual e um tema explícito: um mundo por imagens na época da
manipulação midiática. A coletânea apresenta uma visão filosófica, uma perspectiva histórica,
uma pintura surrealista e um texto informativo sobre deepfake.
Um possível mapa mental do primeiro texto, poderia ser semelhante a esse que fiz abaixo.

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O texto da Marilena Chauí traz informações importantes para que se possa perceber qual é
o problema grave da manipulação das imagens. Basicamente, ela define o que é verdade, “a
conformidade entre o que se afirma e o real”, e destaca que a verdade exige o desprendimento
das opiniões sobre as coisas.
O segundo texto traz uma informação bastante assustadora. Com as técnicas que
possuímos, turbinadas pela inteligência artificial, podem-se “criar imagens ou vozes falsas, mas
incrivelmente parecidas com a realidade”. O tamanho do problema pode ser percebido se fizermos
uma analogia histórica.
A difusão das mentiras e a manipulação de imagens nunca foram novidade. Na União
Soviética, Stalin não só expurgou vários inimigos mandando-os para a Sibéria ou eliminando-os
fisicamente, como também apagou o registro dessas pessoas em fotos e vídeos. A foto ao lado do
texto 3 é esclarecedora. Na primeira foto, observa-se a figura de Nikolai Yezhov, cuidadosamente
apagada na foto seguinte.
No texto 4, era possível observar uma alusão ao quadro de René Magritte, no qual vê-se um
cachimbo e os dizeres abaixo. Isso não é um cachimbo. O pintor queria realçar a diferença entre
realidade e imagem da realidade. Toda imagem traz um recorte preciso que manifesta, de algum
modo, um ponto de vista.
Esboço

Tema: Um mundo por imagens na época da manipulação midiática.


Esse tema, por si só, exige que você faça uma redação analítica que enverede por causas e
consequências do fenômeno. Dado o tipo de proposta, pode parecer tentador fazer uma redação

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expositiva. Lembre-se, uma redação desse tipo não fica interessante para o leitor. Tente fazer uma
análise ao mesmo tempo em que você defende uma opinião positiva ou negativa sobre o assunto.
Ideias do senso comum sobre o assunto.
✓ A mídia é vendida no Brasil;
✓ Apareceu no WhatsApp ou no YouTube, então, é verdade;
✓ Uma imagem vale mais do que mil palavras;
✓ O pessoal de esquerda/de direita distorce as informações.

Tamanho do Causas Consequências


Problema
✓ Antes, a ✓ Desenvolvimento das ✓ A informação falsa leva as
manipulação das mídias sociais; autoridades a tomarem
imagens estava ✓ Grupos de interesse decisões que não se
centralizada, agora precisam de outros adequam à realidade;
pode haver mecanismos para ✓ Risco de alienação
proliferação de influenciar as decisões completa das novas
várias fontes; políticas, o velho lobby gerações;
✓ Ações políticas no Congresso Nacional ✓ Falta de senso de realidade;
efetivas dependem não basta; ✓ Controle da informação
de informações ✓ Na internet, os significa ameaça à
fidedignas; falsificadores estão democracia representativa;
✓ Grupos com poder parcialmente ✓ Na sociedade complexa em
financeiro têm protegidos. que vivemos, os desafios
mais condições de devem ser enfrentados a
influenciar. partir de análises coerentes
da realidade, a informação
falsa traz grandes riscos.
✓ Disseminação de ódio pela
internet (Cyberbullying).

Possibilidades de intertexto/referência histórica/repertório


✓ Falsificação de fotos na União Soviética;
✓ Fake news nas eleições do Brasil e dos EUA;
✓ Teoria da representação e da verdade (filosofia);
✓ Mito da Caverna de Platão (vivemos em uma espécie de caverna onde vemos somente as
sombras das coisas).

Tese (resumo do que você irá defender no seu texto):


Exemplos:
✓ A manipulação de imagens em um mundo midiático representa um sério risco à
democracia;
✓ A manipulação de imagens em um mundo midiático pode levar à alienação dos indivíduos;

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✓ A manipulação de imagens em um mundo midiático põe em risco a capacidade da


humanidade em lidar com os grandes desafios do século XXI;
✓ A manipulação de imagens em um mundo midiático tende a acirrar o ódio em sociedades
cada vez mais divididas e intolerantes.

Elabore a sua tese, pense nos argumentos. Bom texto.


Argumento 1:
_____________________________________________________________________________
Fatos, exemplos,
citações______________________________________________________________________
Argumento 2:
_____________________________________________________________________________
Fatos, exemplos, citações:_______________________________________________________

Ética/Questão
Social

Comentário/ Proposta 2

Na proposta de 2014, a banca da FUVEST inovou em alguns aspectos. Não apresentou exatamente
uma coletânea, mas um texto base. Tratava-se de uma reportagem do The Guardian, que narrava
a polêmica envolvendo o Ministro das Finanças do Japão, Taro Aso. O político teria dito que os
“idosos deveriam apressar-se em morrer” para não sobrecarregar o sistema de saúde do país.
O comentário de Taro Aso provocou estranheza por vários motivos. Os japoneses têm um padrão
de vida elevado, o que nos faz imaginar que seria uma mesquinharia o Estado japonês propor a
morte de parte dos cidadãos como forma de fortalecer a economia da nação. Além disso, a cultura
japonesa sempre foi reconhecida pela valorização dos mais velhos; a fala do Ministro parece indicar
uma nova perspectiva em relação à própria tradição do país.
Por outro lado, a fala exagerada de alguém das finanças chama a atenção para um grande problema
econômico que deverá ser enfrentado num futuro próximo. O aumento da expectativa de vida,
aliado à queda no número de nascimentos, tem como consequência uma situação jamais
imaginada. Haverá um número alto de idosos que necessitarão de cuidados médicos
extremamente caros e uma população jovem que deverá arcar com essas despesas sociais. Será
que a sociedade está disposta a aceitar esse sacrifício?
A questão é bastante polêmica, mas a banca teria dado uma luz ao fazer comentários destacando
que o episódio tinha implicações e suscitava perguntas. No processo criativo do candidato, bastava
pensar nas implicações e responder às perguntas como uma espécie de brainstorming.
Esboço
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Tema: Respeito ao idoso.


Ideias do senso comum sobre o assunto:
✓ Idoso já está “fazendo hora extra na terra”;
✓ O idoso deveria ser respeitado;
✓ O idoso já fez muito para nós, chegou a hora de fazermos por ele;
✓ O idoso tem sabedoria de viver.
Segue um mapa mental das ideias sobre o tema, a partir da sugestão do enunciado das instruções:
pensar nas implicações da opinião expressa por Taro Aso e nas perguntas que podem ser feitas.

Possibilidades de intertexto/referência histórica/ repertório:


✓ Crescimento vegetativo e expectativa de vida;
✓ Análise dos déficits governamentais;
✓ Crise do Estado de bem-estar social.

Estrutura
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Esse tipo de proposta, centrada num fato específico, deixa implícito que o candidato faria um artigo
de opinião. Esse gênero textual que circula nos jornais tem um traço muito particular.
Normalmente, o comentador parte de um fato muito específico e usa o incidente para registrar
sua opinião. Isso significa que seu texto deveria ter essa estrutura: paráfrase do que aconteceu (ou
resumo da notícia de Taro Aso), sua opinião sobre o acontecido e argumentos que sustentem sua
tese.
Tese (resumo do que você irá defender no seu texto):
Exemplos:
✓ As opiniões de Taro Aso não são incomuns, já que os déficits dos governos com o Estado de
bem-estar social comprometem a manutenção de apoio aos idosos;
✓ As opiniões de Taro Aso representam uma postura antiética que deve ser repudiada por
uma sociedade que alcançou um nível de produção material que não condiz com o sacrifício
dos idosos;
✓ As opiniões de Taro Aso manifestam um desprezo pelos idosos, próprio de uma sociedade
que exalta a juventude no plano cultural;
✓ Etc.

Elabore a sua tese e pense nos argumentos. Bom texto.


Argumento 1:
_____________________________________________________________________________
Fatos, exemplos,
citações______________________________________________________________________
Argumento 2:
_____________________________________________________________________________
Fatos, exemplos, citações:_______________________________________________________

Crítica brasileira

Comentário/ Proposta 3

Em 2015, a FUVEST fez uma proposta baseada na palavra “camarotização”. O nome remetia a um
tipo lendário que provocou frisson na internet chamado “Rei do Camarote”, em 2013. Alexander
de Almeida, 39, empresário, divulgou, na Veja São Paulo, os dez mandamentos de quem deseja
provocar inveja alheia. A arrogância e exibicionismo de alguém que faz questão de se colocar acima
dos outros mortais serviu para discussões sobre esse orgulho em ser alguém especial na sociedade.
Esse episódio não foi mencionado na coletânea, mas, obviamente, poderia ajudar o candidato a
entender melhor a condenação implícita que os textos da coletânea faziam à segregação social das

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elites. O primeiro texto explicava o termo e defendia a tese de que essa postura ameaça a
democracia. O mapa mental do texto 1 exemplifica esse tipo de leitura.

Os textos 2 e 3 traziam a discussão para a realidade brasileira. Havia uma referência à


afirmação de que o Brasil teria produzido “uma sociedade ainda mais segregada do que a norte-
americana”. O Prof. Michael J. Sandel lamenta o fato de que, no país, os espaços públicos são
estigmatizados por serem coisas de pobre. O segundo texto exemplifica o que é segregação social,
a tendência de a classe superior se retirar dos espaços públicos, o que ameaça qualquer
possibilidade de solidariedade social entre classes.
Finalmente, no texto 4, o candidato entrava em contato com um depoimento de alguém
que tinha frequentado a escola pública nos anos 60, quando as melhores escolas eram públicas e
os alunos que as frequentavam eram oriundos de várias classes sociais. O autor afirmava:
“aprendíamos muito, uns com os outros, sobre nossas diferentes experiências de vida, mas, em
geral, nos sentíamos pertencentes a uma só sociedade.”

Esboço

Tema: Camarotização e Democracia.


Com esse tema, a FUVEST direcionou a redação. Não deixou espaço para discutir se há ou não
camarotização.
Ideias do senso comum sobre o assunto:
✓ Quem pode mais tem o direito de ser V.I.P.;

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✓ A separação social tem a ver com segurança;


✓ Esse negócio de camarotização sempre existiu e não é algo que ocorre só no Brasil;
✓ Aqueles que lutaram e têm mérito, têm o direito de serem tratados de forma diferente;
✓ No Brasil, só rico tem vez.

Camarotização Democracia Problema da camarotização


(Características)
✓ Camarote: lugar especial ✓ Sistema político em ✓ Acirramento dos ódios
que separa quem tem mais que todos devem entre classes;
poder aquisitivo; ter voz; ✓ Normatização da
✓ Prática comum no mundo ✓ O funcionamento humilhação social;
contemporâneo; da democracia ✓ Atendimento às
✓ Problema? Quando isso depende da necessidades dos grupos
extrapola casos particulares, solidariedade e não da sociedade em
como um camarote em um social; geral.
teatro, e passa a ser algo ✓ Estado de direito;
comum no dia a dia; ✓ Liberdade de
✓ Prática de segregação como Expressão.
algo corriqueiro;
✓ Status do camarote;
✓ Exibicionismo da situação
social como forma de acirrar
culturalmente as divisões
sociais.
Possibilidades de intertexto/referência histórica/ repertório:
✓ A história do “Rei do camarote”;
✓ “Homem cordial” de Sérgio Buarque de Holanda;
✓ Risco à democracia segundo Tocqueville: “O individualismo é um sentimento consciente e
tranquilo, que leva o cidadão a isolar-se da massa dos seus semelhantes e a afastar-se, com
a família e os amigos. O homem constitui assim, à sua volta, uma pequena sociedade, para
o seu uso, e deixa voluntariamente de se interessar pela grande sociedade propriamente
dita.”;
✓ Condomínios;
✓ Separação social no período colonial: casa grande e senzala.

Tese (resumo do que você irá defender no seu texto):


Novamente, trata-se um tema que leva o candidato a fazer uma redação expositiva. Na
medida do possível, tente transformá-la em argumentativa. Lembre-se de que você deve usar as
palavras-chave do tema na tese.
Exemplos:
✓ A camarotização traz risco à democracia;

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✓ A democracia, se respeitada, deve servir como barreira ao processo de camarotização;


✓ A camarotização ou segregação não permite que a democracia brasileira seja plena;
✓ O ódio provocado pela camarotização contamina a democracia com violência.

Elabore a sua tese, pense nos argumentos. Bom texto.


Argumento 1:
_____________________________________________________________________________
Fatos, exemplos,
citações______________________________________________________________________
Argumento 2:
_____________________________________________________________________________
Fatos, exemplos, citações:_______________________________________________________

Questão social

Comentário/ Proposta 4
Essa proposta de cunho social solicitava que o candidato refletisse sobre a questão do
racismo no Brasil. A partir de uma coletânea de textos, a banca solicitava que o candidato
produzisse uma redação de gênero dissertativo sobre o seguinte tema explícito: O LEGADO DA
ESCRAVIDÃO E O PRECONCEITO CONTRA NEGROS NO BRASIL.
No geral, os textos apresentavam um recorte temático interessante e delimitado a dois
fatores: o preconceito ainda existente nos dias de hoje e há déficit de emancipação econômica.
Para fazer uma leitura mais atenta, fiz um mapa mental tentando apreender as ideias principais
que serviram de parâmetro para os textos da coletânea.

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O texto 1 ressaltava, basicamente, o fato de que a libertação dos escravos não havia encerrado a
grande vergonha da escravidão, pois a liberdade jurídica não significou liberdade de fato. Os outros
três textos discutiam o racismo “enrustido” do brasileiro.
O mais enigmático dos textos é o segundo. Nele, o autor destaca que algo que parece ser
manifestação da “democracia racial” é justamente o seu contrário. Numa pesquisa entre as 500
maiores empresas do país sobre o número de funcionários negros, 27% não tinham registro de raça
nos departamentos de RH. À primeira vista, essa despreocupação racial dá a entender que não há
nenhuma restrição racista. Na prática ocorre o contrário. Bem documentados, os dados sobre os
negros mostrariam “os horrores da escravidão”. Não documentar significa apagar dos registros as
injustiças sociais, reafirmando a ideia falsa de que no Brasil não existe ódio racial.
O texto 3 vai nessa direção, afirmando que o racismo no Brasil é tabu. A palavra “tabu” é
utilizada no sentido de ser um tema do qual não se fala, para que se tenha a impressão de que ele
não existe.
Finalmente, o texto 4 critica fortemente o senso comum de que o racismo no Brasil é mais
humano e brando. Segundo Lilia Schwarcz, essa postura configuraria a tentativa de manifestar uma
“boa consciência”. Para provar o quanto somos racistas e o quanto nos enganamos, ela cita uma
pesquisa na qual 97% dos brasileiros dizem que não são racistas e 98% dizem conhecer alguém
racista. Ou seja, a conta não fecha.
Esboço

Tema: O LEGADO DA ESCRAVIDÃO E O PRECONCEITO CONTRA NEGROS NO BRASIL.


Com esse tema, a UNESP direcionou a redação. Não deixou espaço para uma polêmica em que
seria possível se posicionar a favor ou contra.
Ideias do senso comum sobre o assunto:
✓ Não há preconceito de forma descarada no Brasil;
✓ O problema no Brasil não é ser negro, mas ser pobre;
✓ A escravidão já foi há muito tempo, nós não temos nada a ver com isso;
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✓ Todo negro é uma vítima da escravidão;


✓ Piadas sobre negro.
Legado social (situação dos negros) Preconceito
✓ Depois da escravidão, os ✓ A negação do racismo é um racismo
negros não receberam apoio às avessas;
(emancipação econômica); ✓ Em nome da democracia de raça no
✓ Demora para reconhecimento Brasil, deixou-se pouco espaço para
dos direitos dos negros no que a luta por direitos, como ocorreu
diz respeito à educação; nos EUA;
✓ A polícia detém, com ✓ Perduram xingamentos em que
frequência, mais negros do nivelam o negro a animais;
que brancos; ✓ Enraizou-se, na cultura brasileira,
✓ Há uma relação entre cor da uma certa tolerância para com a
pele e pobreza no Brasil; crueldade com o outro, já que as
✓ O aspecto físico do negro ainda relações entre brancos e negros, até
é considerado inferior. a escravidão, eram pautadas pela
violência permitida.
Possibilidades de intertexto/referência histórica/repertório:
✓ A estatística apresentada pela Lilia;
✓ Rui Barbosa queimou os arquivos para não pagar indenizações aos senhores; hoje,
apagamos registros para não percebermos que o preconceito existe;
✓ A escola pública só se tornou universal no Brasil depois da década de 50, até então, o acesso
do negro à educação era bastante restrito;
✓ Comparação entre a situação dos negros no Brasil e a situação dos negros nos EUA;
✓ Citação da Constituição, que prevê que todos os homens são iguais perante a lei;
✓ Os negros são mais abordados em batidas policiais e o número de presidiários negros e
pardos é maior do que a porcentagem que eles representam no total da população;
✓ A cena de Memórias Póstumas de Brás Cubas, na qual Brás Cubas brinca de cavalinho com
o menino Prudêncio, um filho de escravos negros que vivia na casa.

Tese (resumo do que você irá defender no seu texto):


Novamente, trata-se um tema que leva o candidato a fazer uma redação expositiva. Na
medida do possível, tente transformá-la em argumentativa. Lembre-se de que você deve usar as
palavras-chave do tema na tese.
Exemplos:
✓ A negação do racismo é um legado da escravidão que não conseguimos apagar;
✓ São dois os legados vergonhosos que permanecem no Brasil, no que diz respeito aos negros:
a situação econômica e social de boa parcela deles, como também o preconceito.
✓ O racismo no Brasil, legado da Escravidão, não é explícito, mas existe;
✓ Etc.

Elabore a sua tese e pense nos argumentos. Bom texto.

Aula 02 — Projeto de texto 46


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Argumento 1:
_____________________________________________________________________________
Fatos, exemplos,
citações______________________________________________________________________
Argumento 2:
_____________________________________________________________________________
Fatos, exemplos, citações:_______________________________________________________

Política

Comentário/ Proposta 5
Em 2014, a banca da UNESP ofereceu 3 textos-estímulo e um tema explícito: CORRUPÇÃO NO
CONGRESSO NACIONAL: REFLEXO DA SOCIEDADE BRASILEIRA?

A partir da leitura dos três textos, fiz o mapa mental abaixo.

Novamente, estamos diante de uma proposta direcionada. A pergunta, de certa forma, é


respondida pela coletânea, da qual se deduz que a culpa da corrupção na política é do próprio

Aula 02 — Projeto de texto 47


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brasileiro, pois o cidadão comum seria tão desonesto quanto os políticos em geral. Claro que essa
resposta direcionada poderia ser negada, mas você precisaria de bons argumentos para tanto.
Esboço

Tema: CORRUPÇÃO NO CONGRESSO NACIONAL: REFLEXO DA SOCIEDADE BRASILEIRA?

Ideias do senso comum sobre o assunto:


✓ Todo político é ladrão;
✓ Brasileiro gosta do jeitinho, é malandro;
✓ Eles (os políticos) fazem o que querem;
✓ No Brasil só tem ladrão.

A corrupção não é reflexo da sociedade A corrupção é reflexo da sociedade


brasileira, a malandragem política é brasileira
algo muito próprio.
✓ O tipo de corrupção do Congresso ✓ O brasileiro é hipócrita porque
Nacional é bem diferente do que condena o outro, mas também age
se observa no dia a dia; com malandragem;
✓ O malandro é um tipo que precisa ✓ O político, imbuído da cultura do
“se virar” para sobreviver; o jeitinho, se comporta no Congresso da
político tem regalias, não mesma maneira que o indivíduo
precisaria de subterfúgios para ter comum;
uma vida boa; ✓ Na sociedade brasileira, na prática,
✓ A corrupção da política decorre de não se respeita a cidadania, o que leva
uma empáfia cultural própria os congressistas a terem um
dessa classe política. comportamento similar.

Possibilidades de intertexto/referência histórica/ repertório:


✓ Definição de jeitinho brasileiro;
✓ Definição de Estado de Direito;
✓ Casos de corrupção na política recente;
✓ Lava Jato;
✓ Anticorrupção como bandeira da última eleição (intolerância do brasileiro à corrupção
política);
✓ Estudo do homem cordial de Sérgio Buarque de Holanda.

Tese (resumo do que você irá defender no seu texto):

Tese 1: A corrupção política não é reflexo direto da sociedade brasileira, pois a malandragem
do cidadão comum é uma forma de sobrevivência, enquanto a malandragem do político tem a ver
com a ideia de tirar proveito de uma situação social já privilegiada.

Aula 02 — Projeto de texto 48


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Tese2: A corrupção política é reflexo de uma sociedade que, na prática, desdenha da cidadania.

Tese 3: A corrupção política é facilitada pela disseminação do “jeitinho brasileiro”, mas


vai além, pois o poder político tem mais atribuições do que o cidadão comum.
Essas são amostras de tese. Há outras possibilidades.
A partir da tese, você deve apontar os 2 argumentos que
poderiam sustentá-los.

Argumento 1:
_____________________________________________________________________________
Fatos, exemplos,
citações______________________________________________________________________
Argumento 2:
_____________________________________________________________________________
Fatos, exemplos, citações:_______________________________________________________

7. Considerações Finais

Querido aluno,
Finalizamos esta aula sobre esboço e planejamento de texto! Quebrei a cabeça para
elaborar uma aula que mostre a você a importância do planejamento. Mais do que isso,
sistematizei o que dizem manuais e sites sobre mapa mental e adaptei esse material para suas
necessidades em redação.
A seleção das propostas e a proposição de encaminhamento foram pensadas para que você
desenvolvesse o hábito de começar um texto pelo brainstorming e pelo planejamento. Os mapas
mentais e os esboços produzidos para cada tema proposto devem ajudá-lo a fixar esse tipo de
procedimento. Mas falta você em tudo isso. Mãos à obra, exercite-se nessa atividade de preparo
para a redação.

Bom texto!
Espero você na próxima aula.

Aula 02 — Projeto de texto 49


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Professor Fernando Andrade
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Versão Data Modificações

1 08/02/2019 Segunda versão do texto.

Aula 02 — Projeto de texto 50


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