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LOJA DOUS DE DEZEMBRO – A Abertura do Livro da Lei no Grau de Companheiro

A ABERTURA DO LIVRO DA LEI


NO GRAU DE COMPANHEIRO

Na Loja do Grau Dois, o Livro Sagrado será aberto em Amós capítulo 7


versículos 7 e 8, a saber:

“Mostrou-me, também, isto: Eis que o Senhor estava sobre um muro,


levantado a prumo, e tinha na mão um prumo. O Senhor me disse: “Que
vês tu Amós?” Eu respondi: um prumo. Então disse o Senhor: Eis que
porei um prumo no meio do meu povo de Israel, e não tornarei mais a
passar por ele.”

O Ritual consagrou esses dois versículos das profecias de Amós, tendo, apenas,
em vista o instrumento de construção que é o PRUMO.

Três são os instrumentos indispensáveis a toda construção de alvenaria e que se


originaram no passado: O PRUMO, o NÍVEL e a TROLHA.

Não basta que o Oficiante proceda à leitura do Livro Sagrado, é necessário que
todos os presentes ouçam a sua voz e compreendam o significado da leitura.

Algumas versões bíblicas substituem o instrumento prumo pela trolha.

Devemos distinguir prumo da trolha; cremos que o uso do vocábulo trolha foi
inadequado; trata-se de uma tradução imperfeita.

Trolha, que alguns confundem com colher de pedreiro, na realidade é a


desempenadeira que serve para alisar o reboco da construção.

O prumo é um instrumento manejado pelo Segundo Vigilante e simboliza a


retidão, o acerto, a perfeição.

O Senhor referia-se a Jesus Cristo, o Prumo que representava o fiel do


julgamento dos pecadores. Uma vez “colocado” o Prumo Crístico sobre Israel, o Senhor
deixaria de interferir, antes porém assolaria os santuários e justiçaria os da casa de
jeroboão.

A visão dizia respeito a problemas internos do povo de Israel, porém,


maçonicamente, representava o papel simbólico do instrumento usado em Maçonaria.

A leitura é a advertência permanente de que o Companheiro deve pautar a sua


vida como se fora um prumo.

A abertura do Livro Sagrado faz surgir a “Egrégora”, esse “ser místico” que tem
vida enquanto dure a sessão da Loja; não há Grau que dispense essa abertura e a sua
leitura.

O Livro de Amós, o menor das Sagradas Escrituras, é formado de, apenas, nove
curtos capítulos e ocupa menos de seis páginas do Livro Sagrado.
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É um Livro Profético.

Amós significa: “carregar um fardo”; simples camponês, foi chamado pelo


Senhor para profetizar, pois o “pecado” do Reino do Norte, no oitavo século antes de
cristo, crescia.

Amós era um camponês nascido na cidade de Técua, distante cerca de doze milhas ao sul
de Belém, cidade onde nasceu Jesus Cristo. Foi profeta durante o reinado dos reis Ozias,
de Judá (781 – 740 A. C.), e Jeroboão II, de Israel (783 – 743 A. C). Amós é o mais
antigo profeta de Israel, e sua profecia era inspirada na teodiceia. Um Santo Homem cuja
descrição profética está carregada na tinta poética, com impressionante simplicidade: Ele
usa as imagens do contexto rural para denunciar a crueldade de Jeroboão II, assim como
a destruição e a ruína iminente de Israel.

A mensagem mais incisiva de Amós foi: “Corra o juízo com as águas, e a justiça
como ribeiro perene”.

Seguindo a numerologia do Segundo Grau, podemos dividir o Livro de Amós


em cinco partes, a saber: o pronunciamento do juízo; o juízo divino é inimitável por
causa do pecado; Deus roga a Israel que volte para ele; alguns fenômenos relacionados
com o juízo; a restauração final de Israel.

AS VISÕES DE AMÓS
1ª Visão - A Praga dos Gafanhotos (Am 7, 1 – 3);
2ª Visão – A Devastação pelo Fogo (Am 7, 4 -6);
3ª Visão – O Prumo (Am 7, 7- 9);
4ª Visão – O Cesto de Frutos (Am 8, 1 - 3) e a Destruição de Israel (Am 9, 1 – 4);
5ª Visão – Restauração Espiritual de Israel (Am 9, 11 - 15).

Amós é conhecido como o profeta da Justiça e, fundamentalmente, da justiça


social. Ele denuncia a opressão dos mais fortes aos menos favorecidos; como arauto
divino, Amós proclama a justiça como uma ordem exigida por Deus... Na qual os
homens, a natureza e todo o universo vibram irmanados em uma única sinfonia: O
AMOR FRATERNO INCONDICIONAL.

AS CINCO VISÕES E AS CINCO VIAGENS


A 1ª VISÃO E A 1ª VIAGEM

A Primeira Visão fala da destruição das plantações, por uma nuvem de


gafanhotos, afetando os agricultores, parte da população mais pobre. O profeta intercede
junto a Deus pedindo para que Israel fosse poupada da devastação no que é atendido.

Qual a mensagem velada nesta 1ª visão e qual a ligação com a primeira viagem
do Companheiro que se eleva?

A primeira viagem do Companheiro, feita com o malho e o cinzel, instrumentos


com os quais iniciou seus trabalhos na “Arte Real”, simboliza, respectivamente, à
vontade e justa aplicação da sabedoria, isto é, o livre-arbítrio.

A primeira viagem do Companheiro é dedicada ao estudo dos cinco sentidos,


que representam o mundo físico.

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Os gafanhotos simbolizam:
• EGOÍSMO; AMBIÇÃO; PODER; DINHEIRO; POSIÇÃO SOCIAL.

A buscas dessas conquistas ilusórias podem nos escravizar e nos fazer esquecer das
conquistas espirituais e nos causar grandes decepções. Sabemos da importância do
‘TER’ no mundo capitalista, mas, sem o indispensável auxílio do ‘SER’ as conquistas
são efêmeras.

A 2ª VISÃO E A 2ª VIAGEM

A Segunda Visão trata do julgamento pelo fogo que consumiu o grande abismo,
as fontes de água subterrâneas, alcançando todas as pessoas e devastando também parte
das terras agrícolas ou as pessoas mais pobres de Israel.

Mais uma vez o profeta intercede junto ao Criador solicitando que Jacó (Israel)
fosse preservado e, novamente, Deus cede aos apelos de Amós.

Qual a mensagem velada nesta 2ª visão e qual a ligação com a segunda viagem?

Na segunda viagem o Companheiro porta uma régua, instrumento que nos ajuda
a traçar as linhas retas do caráter e o compasso com o qual delimitamos nossos sonhos.

A segunda viagem é dedicada ao estudo das cinco “Ordens de Arquitetura”; com


o auxílio delas podemos construir os mais belos templos.

Qual a leitura que fazemos hoje desta 2ª visão com a devastação pelo fogo?

O fogo simboliza as emoções e desejos que se não forem administrados com


prudência e disciplina podem se transformar em:
• Comoções avassaladoras;
• Paixões devastadoras;

Assim, a perda do controle da emoção e do desejo se transforma em fogo


devorador que fulmina:
• ÉTICA; MORAL; ESPIRITUALIDADE.

A 3ª VISÃO E A 3ª VIAGEM

A Terceira Visão nos fala do julgamento pelo “PRUMO”.

Na antiguidade o prumo era constituído por um pedaço de chumbo suspenso por


um cordel.

Quando no diálogo de Amós com Deus surge a Expressão. “Eis que eu porei o
prumo no meio do meu povo Israel; nunca mais passarei por ele”. Ele anuncia que está
prestes a ocorrer um “Julgamento Severo” sobre todo Israel. Nas duas primeira visões o
profeta intercede junto ao Criador solicitando que o julgamento cessasse, nesta terceira
visão o profeta se cala em face da gravidade do julgamento.

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O PRUMO REPRESENTA:
• RETIDÃO DE JULGAMENTO;
• EQUIDADE;
• PESQUISA COM PROFUNDIDADE;
• EQUILÍBRIO.

Na terceira viagem o Companheiro porta uma régua na mão direita e uma


alavanca apoiada sobre o ombro esquerdo nu.
 A alavanca representa a potência e deve ser apoiada numa resistência. A
alavanca representa a fé que remove montanhas.
 A régua, símbolo da retidão, aliada a alavanca, símbolo da potência, regulam e
dominam nossos instintos primitivos.

A terceira viagem é dedicada às artes liberais:


• GRAMÁTICA;
• RETÓRICA;
• LÓGICA;
• MÚSICA;
• ASTRONOMIA.

As artes liberais nos auxiliam a discernir entre o bem e o mal, entre o profano e
o sagrado, entre o físico e o espiritual.

Qual a leitura que fazemos hoje desta 3ª visão com o julgamento pelo prumo?

Os atributos do prumo somados a ‘Fé’ e ao ‘Conhecimento’ irão viabilizar o


surgimento da Justiça.

A 4ª VISÃO E A 4ª VIAGEM

A Quarta Visão indica que o ‘Povo de Israel’ não será destruído, mas sim
igualado com a perda do bem sublime, ou seja, a perda da liberdade.

O profeta tem a antevisão do terremoto que vai arrasar o Reino do Norte e, mais
tarde, a invasão Babilônica e o consequente ingresso das elites no estado de cativeiro na
região da mesopotâmia.

Qual a mensagem velada nesta 4ª visão e qual a ligação com a quarta viagem?

Na quarta viagem o Companheiro porta a régua e o esquadro, as linhas retas do


caráter e a junção do mundo material com o espiritual.

A quarta viagem é dedicada ao estudo da filosofia por intermédios dos cinco


filósofos. SÓLON; SÓCRATES; PLATÃO; PITÁGORAS; LICURGO.

Qual a leitura que fazemos hoje desta 4ª visão com a destruição e a perda da
liberdade?

O cesto de frutas de verão (maduras) indica a destruição.

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Hodiernamente, isso está a nos apontar a possibilidade da destruição planetária,


por intermédio dos sinais que já se fazem presentes:
• Devastação dos Santuários Florestais, atingindo a flora e a fauna;
• Exploração inconsequente do reino mineral, poluindo rios e mares;
• Aquecimento global, causador da elevação dos oceanos e dos desequilíbrios
climáticos;
• Experiências com artefatos atômicos, para utilização bélica.

Tudo isso resultando de uma intolerância expressa nos campos:


• POLÍTICO;
• ECONÔMICO;
• SOCIAL;
• RELIGIOSO.

A 5ª VISÃO E A 5ª VIAGEM

Na Quinta Visão o profeta nos fala de um tempo de reconstrução geográfica e


teológica do Estado de Israel.

Na Quinta Viagem o Companheiro nada porta nas mãos, apenas segura a ponta
de uma espada em seu peito sobre o coração, indicando, essa simbologia, um tempo
vindouro de restauração e esperança.

Qual a leitura que fazemos hoje desta 5ª visão com a reconstrução e o fim do
exílio?

Essa metáfora, na “Ordem Maçônica”, pode ser entendida como o retorno do


homem ao estado de paraíso, do qual foi expulso devido a sua desmedida ambição.

A ‘Misericórdia Divina’ permitiu a reconstrução de Israel; a Maçonaria, à luz da


tríplice argamassa, irá permitir ao Aprendiz, elevado a Companheiro, polir a sua Pedra
Bruta.

A Maçonaria, assim como o profeta Amós, está indicando ao Companheiro que


deve exercitar o dever de ação – ‘Retidão e Justiça’ – em direção ao próximo...

Pois, somente procedendo dessa forma poderá, em um tempo futuro...

RENASCER!
Como o Nostradamus dos séculos passados, a história do povo israelita
alicerçar-se nas curtas profecias de Amós.

O Prumo é um dos instrumentos de construção manejados pelo companheiro.

O Prumo de Amós, contudo, reveste-se de características “mágicas” pois,


somente ele o pudera ver nas mãos de Deus.

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Certamente, Amós não chegara a “ver” a Jeová; apenas o ouvia, mas aquele
Prumo era bem visível.

O Senhor o colocara entre o povo de Israel, mas era, para ele, totalmente
invisível.

Somente Amós teve acesso a esse Prumo, que seria um dos instrumentos mais
preciosos de Deus e da humanidade.

Sob o aspecto religioso, de redenção, primeiramente para o povo hebreu e


depois, para os “gentios”, o Cristo seria colocado permanentemente em Israel.

Temos, portanto, sob o ponto de vista esotérico, a absoluta certeza de que, cerca
de oitocentos anos antes do nascimento de Jesus, já o seu espírito fora colocado em
Israel! E o povo não sabia; não acreditava nas palavras proféticas de Amós.

O significado de uma vinda tão prematura abala os alicerces de uma fé milenar;


até hoje, o povo hebreu está aguardando a esse Cristo, o Messias que há de vir; Ele veio,
passou, mas o Prumo permanece até que todos os israelitas se reúnam; para que a
Diáspora cesse; para que o pecado não volte; para que a Justiça seja “ribeiro” e não
como as águas que correm.

Amós, ao ver o Prumo, viu ao Filho, o Cristo; foi o primeiro dos homens a
contemplá-lo.

O Senhor estava sobre “um muro”.

O muro simboliza a “construção”; Israel estava prestes a sucumbir e havia


necessidade de uma reconstrução, como realmente sucedeu; a profecia de Amós foi
integralmente confirmada.

Por que o criador do Rito escolheu esse trecho bíblico para a leitura por ocasião
da abertura dos trabalhos?

Amós, nesse trecho faz referência, com essas palavras: “mostrou-me também,
isto, de que havia visto muito mais.

O Prumo na mão do Senhor para o companheiro é o símbolo da retidão; estar a


prumo significa correção, disciplina, ordem.

O muro onde estava o Senhor, “era levantado a prumo”; significa um muro


estável, que não seria destruído; acredita-se ser o atual Muro das Lamentações; tudo o
que estiver construído a prumo, o será por longo tempo; o Muro das Lamentações tem
vencido todos os percalços e se mantém como “testemunho”, porque sobre ele, estará
sempre o Senhor erguendo o “Prumo”, como “Aliança” entre Ele e o homem.

Para que fosse possível “ver” aquele Prumo, Amós necessitou usar de sua
“terceira visão”, os olhos do espírito, de seu mundo interior.

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Nós podemos contemplar esse Muro, mas se não soubermos usar a “terceira
visão”, não enxergaremos o Prumo.

Não basta, no entanto, “vermos” o Prumo; será preciso confessarmos que, na


realidade o vimos.

Somente depois que o Senhor “ouviu” Amós responder é que fez a promessa:
“Sei que eu porei o Prumo...”.

Esse Prumo não existia; foi um acréscimo que Israel recebeu, uma dádiva
preciosa.

A parte final da promessa é polêmica, pois afirma Deus que, posto o Prumo,
jamais passaria por ele.

Isto significa que em seu lugar, colocaria a Jesus o Cristo e a ele “entregaria”
Israel, pois, jamais retornaria àquele lugar para julgar o povo; Jesus veio e o povo o
julgou; Jesus retornará e julgará o povo; são situações distintas.

Aos companheiros, dentro da Maçonaria, cabe à busca do Prumo, que equivale à


Palavra Perdida.

Filosoficamente, essa tarefa pertence aos companheiros, de modo que isso não
só os valoriza, como os torna “participantes” do grande plano divino.

Existe, contudo, outra interpretação; “jamais passarei por ele”, significa que a
entrega do Prumo seria definitiva e não mais seria retirado; não corresponderia,
necessariamente, à “ausência de Deus”, mas o Prumo seria o símbolo da Justiça.

Feita a leitura de Amós, colocados, entrelaçados, sobre o Livro Sagrado, o


Esquadro e o Compasso, surge, em cada sessão, luminoso, entre o Livro Sagrado e a
Abóbada Celeste, qual Ostensório, o Prumo, visível por todos aqueles que aprenderam a
usar os cinco sentidos espirituais, cultivados no Segundo Grau.

Permaneça em nós esse Prumo, de forma eterna.

Aristeu Augusto Mattos Neto


Fontes:
 A Bíblia Sagrada – Editora Vozes, 1996, com concessão de Paulo Evaristo, CARDEAL ARNS,
Arcebispo Metropolitano de São Paulo.
 Jones Rodrigues Neves e José Ricardo Laricchia – Palestra apresentada na Loja Lauro Sodré
em 25/05/2010, tema: “A Abertura do Livro da Lei No Grau de Companheiro”.
 Nicola Aslan – Grande Dicionário Enciclopédico de Maçonaria e Simbologia – Editora A
Trolha, 2000.
 Rizzardo da Camino – O Companheirismo Maçônico – Editora Madras, 1995.
 Rizzardo da Camino – Simbolismo do Segundo Grau – Editora Madras, 1998.

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