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- a Polícia Federal utiliza nas interceptações um software que realiza a organização e
indexação dos dados recebidos das operadoras de telefonia. Estas, por sua vez, utilizam
para a coordenação e implementação das medidas o software Vigia, que contém os
dados originais de como as interceptações telefônicas e telemáticas foram efetivamente
realizadas;
- para que se possa realizar uma auditoria (e detectar a necessidade de uma perícia no
material) necessário que seja apresentado o material original, diretamente do sistema
Vigia, já que o sistema dos órgãos investigativos, por ser uma cópia, é impossível de ser
periciado;
O TRF também negou o pleito, razão pela qual a defesa interpôs recurso ordinário ao
STJ.
NÃO.
Conforme já explicado acima, a defesa pediu para ter acesso aos arquivos do sistema
Vigia, utilizado pelas companhias de telefonia para viabilizar os procedimentos de
interceptação telefônica autorizados pela Justiça no curso de investigações criminais.
Para o STJ, os elementos de prova estão disponíveis para a defesa, de maneira que não
se pode falar em vício por ser um formato de arquivo preferível a outro. A
disponibilização dos arquivos com os diálogos interceptados supre a demanda da defesa
quanto ao acesso do conteúdo das interceptações, em observância às garantias
constitucionais no âmbito do processo penal democrático, não sendo viável a imposição
de ônus ao Estado quanto à conversão dos arquivos digitais contendo os elementos de
prova para o formato mais conveniente para a defesa.
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A análise das nulidades no processo penal envolve, por um lado, a observância da
regularidade formal, mas também a necessidade de preservação dos atos processuais,
ainda que tenham sido realizados de maneira diversa da estabelecida na norma, sob
pena de se privilegiar o formalismo em detrimento da substância dos atos.
Deve-se registrar, ainda, que a autenticidade das mídias é a regra, uma vez que os
agentes investigadores possuem fé pública. Dessa forma, não cabe ao Poder Público
demonstrar a autenticidade das interceptações, mas sim à parte impugnar sua
veracidade, com fundamento em elementos concretos. Nesse contexto, não tendo o
impetrante demonstrado eventual dúvida acerca da autenticidade das mídias em
momento oportuno, não há se falar em disponibilização dos Sistemas “Guardião” ou
“Vigia”, para tal finalidade.
Por tudo isso, não é viável o reconhecimento do vício indicado, pois, a teor do art. 563 do
CPP, mesmo os vícios capazes de ensejar nulidade absoluta não dispensam a
demonstração de efetivo prejuízo, em atenção ao princípio do pas de nullité sans grief.
Em suma:
STJ. 5ª Turma. AgRg no RHC 155.813-PE, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca,
julgado em 15/02/2022 (Info 731).
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