Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Diante de uma busca por melhores práticas no que envolve a Gestão de Processos de Negócio, a qual é
uma possível fonte de vantagem competitiva, e principalmente se alinhando ao tema projetos que este
estudo visa contemplar a união entre estes temas, principalmente no que diz respeito ao processo de
eventos do PMI-SC, pois este, além de ser um dos processos principais, é um dos que mais entrega
valor, como projeto, aos membros e comunidade de gerenciamento de projetos do capítulo. O estudo
foi desenvolvido de modo empírico junto a um embasamento bibliográfico, onde identificou-se os
resultados obtidos através de entrevistas e observações com stakeholders e nos eventos. Embora o
PMI-SC esteja inserido em um ambiente globalizado que segue determinados padrões e boas práticas,
este por sua vez foi além, procurando implementar o que há de mais atual no tema gestão de processos
de negócio aliado a gestão de projetos.
1 Introdução
Em ambientes de negócios globalizados como os da atualidade, a busca de
competitividade tem demandado uma capacidade cada vez maior de lidar com as mudanças
(SMITH; FINGAR, 2003; BURLTON, 2001). Neste contexto, as organizações se veem
forçadas a adequar seus padrões e procedimentos (HAMMER, 2001).
A definição dos processos básicos é essencial para algumas estratégias de
aperfeiçoamento do funcionamento das empresas, já que grupos serão alocados a eles, tanto
para execução como para gestão (GRAHAM; LEBARON, 1994).
Identificar o processo como a maneira típica de realizar o trabalho é importante para
definir a forma básica de organização das pessoas e demais recursos da empresa
(DREYFUSS, 1996).
Dreyfuss (1996) vai além quando aborda sobre a união de processos e projetos, onde
as empresas procuram entregar seus produtos (bens x serviços) a seus clientes por meio da
implantação de processos, utilizando projetos.
Com base nisso, o Project Management Institute (PMI®), capítulo Santa Catarina
(PMI-SC), sofre fortemente com uma falta de padronização e conhecimento do seu processo
de eventos e por isso anseia por uma padronização, melhoria e otimização deste, para
possibilitar com que seus eventos sejam os mais aderentes possíveis as proposições de
qualidade do PMI® e a sociedade a qual ele se dispõe a atender.
2 Processos de Negócio
Pode-se vislumbrar o enfoque em processos em inúmeras literaturas: BPM (SMITH;
FINGAR, 2003), qualidade (DEMING, 1990); análise da cadeia de valor (PORTER, 1980);
excelência (PETERS; WATERMAN, 1983); reengenharia (HAMMER; CHAMPY, 1994);
inovação em processos (DAVENPORT, 1994); empresas orientadas para o cliente (DAY,
2001); gestão do conhecimento (DAVENPORT; PRUSAK, 1998); cadeia de suprimentos
(COUGHLAN et al, 2002).
Harrington, Esseling e Nimwegen (1997, p. 1) ressaltam o conceito de agregação de
valor através dos processos envolvidos, definindo processo como “uma série de atividades
que recebe um insumo, agrega-lhe valor e produz um produto ou uma saída (aplicação de
habilidades adicionando valor a um insumo)”.
Schaeller (1997) tipifica processos em: processos de produção, são aqueles que
produzem produtos ou serviços diretamente; processos baseados em atividades ou projeto,
aqueles que são geralmente invisíveis para o cliente final, são executados para administrar,
obter, controlar e coordenar recursos; processos de distribuição ou baseados em agentes, são
aqueles focados na definição de ações ou quais atividades a serem executadas; processos
comportamentais ou baseados no cliente, são focado nos fluxos de trabalho para fornecer
serviços e apoio ao cliente onde tempo é uma variável importante.
Assim sendo, o projeto ou a arquitetura dos processos deve considerar o aumento da
complexidade e o nível de concorrência do ambiente, particularmente pela necessidade de
integração, atender à dinâmica, prover flexibilidade e inovação (VERNADAT, 1996;
SALERNO, 1999; GROVER; KETTINGER, 2000; AALST; OBERWEIS; DESEL, 2000).
Davenport (1994, p. 6) elucida que processo de negócio “é uma ordenação específica
das atividades de trabalho no tempo, com um começo, um fim e entradas e saídas claramente
identificados: uma estrutura para a ação”.
Para o Business Process Management Common Body Of Knowledge (2014, p. 35),
“processos são compostos por atividades inter-relacionadas que solucionam uma questão
específica. Essas atividades são governadas por regras de negócio e vistas no contexto de seu
relacionamento com outras atividades para fornecer uma visão de sequência de fluxo”.
Sendo o estudo uma abordagem de união entre projetos e processos primários da
cadeia de valor, estes temas serão melhor trabalhados na seção seguinte.
4 Melhoria de processos
A melhoria de processos exige um certo cuidado e uma abordagem cirúrgica. Dentro
das organizações existem atividades as quais se encadeiam em redes de processos e
subprocessos, os quais perpassam por diversos departamentos. Sendo assim, uma boa prática
para identificar se um processo necessita de melhoria, deve-se primeiro identificar o chamado
"macroprocesso" do negócio (CANO, 2006).
Para Cano (2006, p. 25) macroprocesso “é aquele que integra grande parte das
atividades que estejam diretamente ligadas com a entrega de valor ao cliente”. A melhoria de
processo deve, então, buscar sempre melhorar toda e qualquer atividade que esteja
principalmente conectada ao macroprocesso. Cano (2006, p. 25) compara o “macroprocesso o
que seria para a organização o que um motor é para um automóvel, você não consegue ser
líder de mercado se o seu motor não estiver funcionando perfeitamente”.
É justamente nesse ponto onde reside o diferencial, não basta ter um motor potente se
todos os concorrentes também o possuem. O essencial é que o macroprocesso busque sempre
melhorias contínuas, para que seu desempenho fique sempre acima da média. Assim, fica
claro a existência de uma necessidade de melhoria contínua de todos os processos (CANO,
2006).
Takeuchi e Nonaka (2008) descrevem casos reais de empresas japonesas e americanas
que se utilizaram da criação de conhecimento para contemplar a melhoria de seus processos,
em certos pontos até o uso extremo desse meio, para possibilitar que os mesmos fossem os
mais eficientes e eficazes possíveis, e assim, gerarem um valor extremamente benéfico tanto
para a organização, como para seus clientes e até mesmo em certos aspectos a sociedade em
geral.
Um exemplo é o caso do projeto Toyota Prius, que utilizou de melhoria nos processos
de engenharia simultânea, baseados na criação de conhecimento, e acabou gerando um
benefício não só para os clientes da Toyota, como também para o meio ambiente em geral,
com a redução de gases prejudiciais a camada de ozônio bem como o reaproveitamento de
material reciclado e reutilizado para a construção do carro (TAKEUCHI; NONAKA, 2008).
5 Metodologia
O presente estudo foi desenvolvido em três etapas. A primeira delas foi uma pesquisa
bibliométrica orientada pela busca de evidências a partir do tema gestão de processos de
negócio (BPM). Aliados ao BPM, procurou-se verificar os assuntos gestão de projetos
(Project Management) e PMI. Foram formuladas palavras chaves que combinavam esta
necessidade e escolhidas com base nos resultados da base Scopus e Web of Knowledge
(WOK) para melhor embasar este estudo.
Diante das buscas de referencias nessas bases, observou-se que os materiais
encontrados não contemplavam a união entre projetos e processos de negócio principalmente
no que se referencia a gestão de projetos de eventos, por meio de processos padronizados, dos
capítulos do PMI espalhados pelo mundo. Com base nessa falta de bibliografia a respeito
destes temas específicos, optou-se por extrair o conhecimento e informações de algumas das
referências mais consagradas a respeito de assuntos que envolviam este estudo.
Por fim, foi feita a análise empírica do processo atual a fim de ilustrar como os
projetos de eventos não utilizavam um processo padrão, onde este poderia gerar além de
eventos melhores gerenciáveis e de melhor qualidade, além da falta de indicadores, de visão
holística e de integração. Diante disto o estudo preconizou a atuação prática, de forma a atuar
junto aos envolvidos com questionários, entrevistas e dinâmicas para contemplar a melhoria
do processo de Eventos, e assim, torná-lo padrão com seus devidos indicadores e sua gestão
mais adequada.
6 Análise e resultados
O processo de gestão de eventos, como visto na cadeia de valor do PMISC, é um dos
mais importantes. Possui o envolvimento de todas as camadas do organograma interno da
organização e atinge de alguma forma todos os clientes do PMISC.
Tendo em vista a importância, complexidade e valor que este processo entrega para os
clientes do PMI-SC, o mesmo foi selecionado para sua devida melhoria, como objeto deste
estudo.
S01 Não existe um processo mapeado para eventos grandes (apesar de existir um gateway G01
que separa eventos grandes dos médios e pequenos), devido a isto o processo utilizado
para todos os eventos é o mesmo (ignorando este gateway)
S02 Existe uma desconexão e excesso de atividades no início para a diretoria, no qual todas T01,
deveriam andar em paralelo ou então serem a mesma atividade (tipo de evento, T02,
categoria/foco, categorias de participação) visto que são atividades intimamente T03
relacionadas, e que a decisão de uma deve participar da decisão de outra, mas sendo
simultâneas para que nenhuma saia prejudicada
S03 Existe uma definição de público alvo, para divulgação do marketing, após todo o T01,
evento já estar fechado. Esta etapa não deveria existir (já vindo com esta definição T05
pronta) ou então o marketing deveria estar envolvido logo no início do processo, junto
com as definições de como será o evento
S04 A definição da equipe do projeto deveria partir da diretoria ou então do responsável T07
pelo voluntariado, e não pela área de logística
S06 As datas do evento precisariam ser definidas antes ou em conjunto com o local, para T06,
evitar a possibilidade de não disponibilidade dos mesmos T11
S07 A definição da programação do evento deveria ser definida antes ou em conjunto com a T04,
definição dos palestrantes, para evitar a possibilidade de não disponibilidade dos T11,
mesmos T12
S08 A gestão do pré-evento deveria ser um item em paralelo a todos, pois deve acompanhar T14
as atividades e não apenas ser acionada ao final
Item baseado
na sugestão
Cod. Melhoria
(da tabela
2.4)
M02 Não existe mais distinção entre o tamanho de eventos, sendo S01
necessário ativar todas as etapas. A diferença será no plano do
projeto de cada área, que terá mais ou menos tarefas dentro de seus
subprocessos e de acordo com o modelo vigente.
M03 A equipe do projeto realiza um estudo de viabilidade e identifica S02, S03, S06
melhores opções de temas, palestrantes, entre outras opções. Tudo
feito de forma simultânea. A diretoria fica responsável apenas por
aprovar ou reprovar o(s) estudo(s) feito(s). O marketing se envolve
para ações de comunicação, já recebendo os requisitos prontos. As
datas e local já são definidas na etapa de viabilidade.
7 Conclusão
Conforme vislumbrado durante todo o estudo, pôde-se constatar a importância e a
relevância do tema Gestão de Processos de Negócio, por meio de todo embasamento teórico,
o qual mostrou o relato de diversos autores consagrados demonstrando que o mesmo há muito
se faz um assunto ao qual as organizações estão enxergando seu valor, e que estas, aos
poucos, estão cada vez mais institucionalizando em suas práticas este tema, principalmente,
conforme demonstrado, as empresas que procuram se manter competitivas ao longo do tempo
(DAVENPORT, 1994; FUJIMOTO, 1999; HAMMER, 2001; TAKEUCHI e NONAKA,
2008; GONZALEZ e MARTINS, 2011).
A abordagem na Gestão de Processos de Negócio pode então trazer implicações
práticas de suma necessidade para o PMI-SC, tanto para a estruturação de seus processos,
principalmente os finalísticos nesse caso, como o processo para projetos de Eventos,
conforme abordado no estudo, quanto para toda Cadeia de Valor da instituição, possibilitando
a organização a melhor gestão e controle de seus processos, o que hoje devido a inúmeras
características, principalmente a falta de aplicação de boas práticas de BPM, esta gestão se
torna difícil.
Este estudo embora tenha trazido resultados tangíveis e práticos, teve suas restrições e
limitações, onde o tempo das partes interessadas do PMI-SC, como por exemplo os
integrantes da diretoria desta instituição foi uma delas. Além disso, não foi encontrado na
literatura um estudo sobre a aplicação das boas práticas de BPM em um capítulo do PMI, seja
ele no Brasil ou fora dele. Por fim, um outro ponto que causou limitações para o trabalho, e
que é um dos maiores problemas do PMI-SC, é a rotatividade de voluntários, bem como, a
falta de padronização dos processos, o que torna ainda mais necessário a utilização de boas
práticas de BPM, pois estas poderão gerar uma melhoria contínua efetiva nos processos da
instituição, inclusive o processo de Eventos, o qual foi a fonte de estudo.
Com base no exposto e diante das lacunas encontradas, fica como sugestão futura uma
possível implantação de um BPMO para poder melhor auxiliar nos estudos de modelagem,
análise, desenho, implementação e implantação dos processos do PMI-SC, tornando padrão
então não só o processo de Eventos, mas também, todos os processos finalísticos e não
finalísticos da instituição.
Referências
AALST, W. V. D.; OBERWEIS, A.; DESEL, J. Business process management: models,
techniques. New York: Springer-Verlag, 2000.
BUSINESS PROCESS MANAGEMENT COMMON BODY OF KNOWLEDGE. Guia para o
gerenciamento de processos de negócio: corpo comum de conhecimento. 3. ed. Lexington:
ABPMP Brasil, 2014.
BRITTO, G. C. Guia para formação de analistas de processos: BPM. Rio de Janeiro: Gart
Capote, 2011.
BURLTON, R. T. Business process management. USA: Sams Publishing, 2001.
CANO, I. S. Gerenciamento estratégico e políticas de execução: melhoria dos processos.
São Paulo, 2006. 46f. Monografia (Graduação em Administração de Empresas) - Faculdade
Carlos Drummond de Andrade.
COUGHLAN, A. T. et al. I. Canais de marketing e distribuição. Porto Alegre: Bookman,
2002.
DAVENPORT, T. H. Reengenharia de processos: como inovar a empresa através da
Tecnologia de Informação. Rio de Janeiro: Campus, 1994.
DAVENPORT, T. H., PRUSAK, L. Conhecimento empresarial: como as organizações
gerenciam o seu capital intelectual. Rio de Janeiro: Campus, 1998.
DAY, G. S. A Empresa orientada para o mercado. Porto Alegre: Bookman, 2001.
DEMING, W. E. Qualidade: a revolução da administração. Rio de Janeiro: Editora Marques
Saraiva, 1990.
DREYFUSS, C. As redes e a gestão das organizações. Rio de Janeiro: Guide, 1996.
FUJIMOTO, T. The evolution of a manufacturing system at Toyota. New York: Oxford
University Press, 1999.
GARVIN, D. The processes of organization and management. Sloan Management Review,
v. 39, n. 4, 1998.
GONZALEZ, R. V.; MARTINS, M. F. Melhoria contínua e aprendizagem organizacional:
múltiplos casos em empresas do setor automobilístico. Gestão & Produção, São Carlos, SP,
v. 18, n. 3, p. 473-486, 2011.
GRAHAM, M.; LEBARON, M. The horizontal revolution. San Francisco: Jossey-Bass,
1994.
GROVER, V.; KETTINGER, W. R. Process think: winning perspectives for business change
in the information age. Hershey: Idea Group Inc, 2000.
HAMMER, M., CHAMPY, J. Reengenharia: revolucionando a empresa. Campus. Rio de
Janeiro, 1994.
HAMMER, M. Agenda: o que as empresas devem fazer para dominar esta década. Rio de
Janeiro: Campus, 2001.
HARRINGTON, H. J.; ESSELING, K; NIMWEGEN, V. Business process improvement
workbook: documentation, analysis, design, and management of business process
improvement. New York: McGraw-Hill, 1997.
INSTITUTE OF MANAGEMENT ACCOUNTANTS. Measuring and managing shareholder
value creation. In: STATEMENTS ON MANAGEMENT ACCOUNTING, 1997, Montvale.
Anais Eletrônicos… Montvale: IMA, 1997. Disponível em:
<http://www.imanet.org/docs/default-source/research/sma/measuring-and-managing-
shareholder.pdf?sfvrsn=2>. Acesso em: 13 dez. 2014.
MOHRMAN, S. et al. Designing team-based organizations. San Francisco: Jossey-Bass,
1995.
PETERS, T.; WATERMAN, R. Em busca da excelência. São Paulo: Harper & Row, 1983.
PINHO, B. et al. Estruturação de escritório de processos. Relatórios Técnicos do
DIA/UNIRIO. v. 2, p. 1-100, 2008.
PORTER, M. E. Competitive strategy. New York: Free Press, 1980.
PORTER, M. E. Vantagem competitiva: criando e sustentando um desempenho superior.
Rio de Janeiro: Campus, 1985.
PROJECT MANAGEMENT INSTITUTE. Sobre o PMI. 2015. Disponível em:
<https://brasil.pmi.org/brazil/AboutUS.aspx>. Acesso em: 11 dez. 2014.
RUMMLER, G. A.; BRACHE, A. P. Improving performance. San Francisco: Jossey-Bass,
1990.
SALERNO, M. S. Projeto de organizações integradas e flexíveis: processos, grupos e
gestão democrática via espaços de comunicação-negociação. São Paulo: Atlas, 1999.
SCHAELLER, R. V. Software engineering methods, models, and tools to support
business process reengineering. 1997, 127f. Tese (Mestre em Ciências Sociais) - University
of Houston-Clear Lake, Texas, 1997.
SMITH, H.; FINGAR, P. Business process management: the third wave. Florida: Meghan
Kiffer, 2003.
TAKEUCHI, H; NONAKA I. Gestão do conhecimento. 3. ed. Porto Alegre: Bookman,
2008.
VERNADAT, F. B. Enterprise modeling and integration: principles and applications.
London: Chapman & Hall, 1996.