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Os termos "vacina" e "vacinação" são derivados de Variolae vaccinae (varíola da vaca), o termo
inventado por Edward Jenner para denotar a varíola bovina.[6] Em 1881, para homenagear Jenner,
Louis Pasteur propôs que os termos fossem estendidos para cobrir as novas inoculações protetoras
então em desenvolvimento.[7]
História
Antes da introdução da vacinação com material de casos de varíola bovina (vacinação
heterotípica), a varíola poderia ser prevenida pela inoculação deliberada do vírus da varíola,
processo posteriormente referido como "variolação" para distingui-lo da vacinação contra a
varíola. As primeiras sugestões da prática de inoculação para a varíola vêm da China durante o
século X.[8] Os chineses também praticaram o mais antigo uso documentado da variolação, que
remonta ao século XV. Eles implementaram um método de "insuflação nasal" administrado por
sopro de material de varíola em pó até as narinas. Várias técnicas de insuflação foram registradas
ao longo dos séculos XVI e XVII na China.[9] Dois relatórios
sobre a prática chinesa de inoculação foram recebidos pela
Royal Society em Londres em 1700; um pelo Dr. Martin Lister,
que recebeu um relatório de um empregado da Companhia das
Índias Orientais estacionada na China e outro pelo Dr. Clopton
Havers.[10]
O século XX viu a introdução de várias vacinas bem sucedidas, incluindo as contra a difteria,
sarampo, caxumba e rubéola. As principais realizações incluíram o desenvolvimento da vacina
contra a pólio na década de 1950 e a erradicação da varíola durante os anos 1960 e 1970. Maurice
Hilleman foi o mais prolífico dos desenvolvedores das vacinas no século XX. À medida que as
vacinas se tornaram mais comuns, muitas pessoas começaram a tomá-las como garantias. No
entanto, as vacinas permanecem indescritíveis para muitas doenças importantes, como herpes,
malária, gonorreia e HIV/AIDS.[11][15]
Eficácia
Vacinas são, historicamente, o meio mais efetivo e seguro para se combater e erradicar doenças
infecciosas.[16] Limitações para sua eficácia, porém, existem.[17] Algumas vezes, a proteção
oferecida pela vacina falha porque o sistema imune humano não consegue responder
adequadamente ou não responde. A falta de resposta imune envolve muitos fatores, como
diabetes, uso de esteroides sintéticos ou HIV.[18] Pode também haver um fator genético para a
falha da vacina, se o sistema imune não possuir linhas de células B capazes de gerar anticorpos
específicos para se ligar a um determinado patógeno. Mesmo que o organismo desenvolva os
anticorpos, a proteção ainda pode não ser adequada, pois a imunidade pode se desenvolver muito
devagar para ser efetiva a tempo, os anticorpos podem não destruir o patógeno completamente ou
pode haver muitas cepas diferentes de patógenos, nem todos suscetíveis a uma resposta imune.
Porém, até mesmo a imunidade parcial, tardia ou fraca pode mitigar a infecção, resultando em
uma baixa taxa de mortalidade, baixa morbidade e total recuperação.[18]
Em 1958, existiam cerca de 763 094 casos de sarampo nos Estados Unidos, resultando em 552
mortes.[23][24] Após a introdução de novas vacinas, os casos caíram para pouco mais de 150 ao
ano, com média de 56 casos de sarampo anuais. No começo de 2008, havia 64 casos suspeitos de
sarampo, sendo que 54 deles estavam associados com viagens ao exterior. Sessenta e três dos
sessenta e quatro infectados nunca tinham sido vacinados contra o sarampo ou não tinham certeza
se tinham sido vacinados.[24]
No Brasil, o último diagnóstico de poliomielite foi em 1990. O último caso endêmico aconteceu no
Peru, em 1991. A Organização Mundial da Saúde declarou a pólio erradicada das Américas em
1994 e da Europa em 1999, depois de um programa regional ter sido iniciado em 1985, com a
criação dos dias nacionais de vacinação de crianças com menos de 5 anos de idade e supervisão
médica de todos os casos de paralisia em menores de 15 anos de idade, para poder identificar
novos surtos. Em 1988, a OMS lançou um programa global de erradicação da pólio, cujo objetivo
era a total erradicação até o ano 2000.[25] Até 2020, a pólio transmitida apenas entre humanos,
estava restrita a algumas partes no interior da Nigéria, Paquistão e Afeganistão.[26] Em 25 de
agosto de 2020 a Organização Mundial da Saúde anunciou a erradicação da poliomielite na
África.[27][28] Infelizmente, barreiras culturais e a dificuldade de alcançar todas as crianças nesses
locais estão impedindo a completa erradicação das doenças.
Vacinas têm contribuído para a erradicação não apenas da varíola e da pólio, como também da
caxumba, febre tifoide, sarampo e catapora, que era estão hoje muito menos comuns do que eram
100 anos atrás. Contanto que a população se vacine, é pouco provável que uma epidemia ocorra,
muito menos que se espalhe. Este é o efeito da imunidade herdada.
Tipos
Vacinas são feitas com microrganismos mortos ou inativos, ou substâncias purificadas derivadas
dos mesmos. Existem vários tipos de vacinas em uso atualmente. Cada uma representa uma
estratégia diferente para reduzir o risco de doenças enquanto induz uma resposta imune benéfica
para o organismo vacinado.[29][30]
Inativada
Atenuada Vacina
Algumas vacinas contêm micro-organismos vivos e atenuados. Muitos destes são vírus ativos que
foram cultivados sob condições que desativam suas propriedades virulentas, ou que usam
organismos estreitamente relacionados, mas menos perigosos, para produzir uma ampla resposta
imune. Embora a maioria das vacinas atenuadas sejam virais, algumas são de natureza bacteriana.
Exemplos incluem as doenças virais febre amarela, sarampo, catapora, caxumba e rubéola e a
doença bacteriana tifo.
Vacinas atenuadas têm vantagens e desvantagens. Elas normalmente provocam uma resposta
imunológica duradoura e são as preferíveis para vacinar adultos. Mas podem não ser seguras para
indivíduos com imunidade comprometida e raramente podem sofrer mutação para a forma
virulenta e causar a doença.[31]
Toxoide
São vacinas feitas de compostos tóxicos inativos que causam doenças e não o micro-organismo.
Vacinas desses tipos incluem a de tétano e difteria. Conhecidas por sua eficácia, nem todos os
toxoides são de micro-organismos. O veneno da cascavel, por exemplo, é utilizado em vacinas para
cães contra picadas de cobras.[32]
Subunidade
Conjugada
Algumas bactérias têm revestimentos externos de polissacarídeos que são pouco imunogênicos.
Ligando estes revestimentos exteriores a proteínas (por exemplo, toxinas), o sistema imune pode
ser levado a reconhecer o polissacárido como se fosse um antígeno de proteína. Esta abordagem é
utilizada na vacina "Haemophilus influenzae" tipo B. São vacinas seguras, porém possuem baixa
imunogenicidade natural, para o qual é necessária a adição de adjuvantes.[32]
Experimental
Valência
A valência de uma vacina multivalente pode ser denotada a partir do prefixo em grego ou latim,
como no caso das vacinas tetravalente ou quadrivalente. Em alguns casos, a vacina monovalente
pode ser preferível por sua rápida resposta no sistema imunológico.[36]
Heterotípica
Também conhecida como vacina heteróloga ou "vacinas de jennerianas", são aquelas em que os
patógenos são oriundos de outros animais, que não causam a doença ou causam apenas sintomas
leves que podem ser tratados. Um exemplo clássico foi o uso da varíola bovina por Jenner quando
testou sua hipótese sobre a imunização das ordenhadeiras.[32]
Um exemplo mais recente, é a vacina BCG, feita a partir da bactéria bovina Mycobacterium bovis
que protege o corpo humano contra a tuberculose.[37]
Produção
A produção de vacinas possui vários estágios. Primeiro, o antígeno em si precisa ser produzido.
Vírus são cultivados em células primárias, como em ovos de galinhas ou em linhagens contínuas
de células, como aquelas em cultura.[38] Bactérias são cultivadas em um biorreator.
Em 2010, a Índia produziu cerca de 60% de todas as vacinas do mundo, num total de 900 milhões
de dólares.[41]
Sociedade e cultura
Oposição
A oposição à vacinação, de uma ampla gama de críticos de vacinas, existe desde as primeiras
campanhas de vacinação.[42] Embora os benefícios da prevenção de doenças infecciosas graves
superem largamente os riscos de efeitos adversos raros após a imunização,[43] disputas surgiram
sobre a moralidade, ética, eficácia e segurança da vacinação. Alguns críticos de vacinação dizem
que as vacinas são ineficazes contra a doença[44] ou que os estudos de segurança são
inadequados.[44] Alguns grupos religiosos não permitem a vacinação[45] e alguns grupos políticos
se opõem à vacinação obrigatória com base na liberdade individual.[42]
Em novembro de 1904, em resposta a anos de saneamento inadequado, seguidos por uma mal
explicada campanha de saúde pública liderada pelo renomado funcionário de saúde pública
Oswaldo Cruz, cidadãos e cadetes militares no Rio de Janeiro começaram um levante conhecido
como Revolta da Vacina. Os tumultos irromperam no dia em que a lei de vacinação entrou em
vigor; a vacinação simbolizava o aspecto mais temido e mais tangível de um plano de saúde
pública que incluía outras características, como a renovação urbana, que muitos haviam se oposto
durante anos.[52]
Ver também
Adjuvante imunológico Imunologia
Imunoprofilaxia
Antígeno
Doença infecciosa Medicina preventiva
Epidemia Pandemia
Vacina contra cocaína
Imunidade humoral
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Ligações externas
Portal de vacinação e imunização da Organização Mundial da Saúde (http://www.emro.who.in
t/entity/vpi/)
Artigos sobre vacinas da Organização Mundial da Saúde (http://www.who.int/immunization/do
cuments/positionpapers/en/)
«Sivac» (http://www.sivac.com.br). Sistema Web de Vacinação. Monitoramento efetivo da
cobertura vacinal (Brasil).
«PenseSUS» (http://pensesus.fiocruz.br/vacinas). Site brasileiro sobre vacinas no SUS.
«SUS» (http://www.brasilsus.com.br). Normas do Sistema Único de Saúde do Brasil.
«Vacinas.com.pt» (http://www.vacinas.com.pt). Site português sobre vacinas
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